'Por quê?': a pergunta que vítimasplacar esporte betviolência sexual não ouvem da polícia na Inglaterra:placar esporte bet

Funcionária e policial no St Mary's
Legenda da foto, Médicos e polícia trabalham juntosplacar esporte betcentroplacar esporte betreferência para vítimasplacar esporte betviolência sexual
Salaplacar esporte betatendimento

Crédito, Divulgacao

Legenda da foto, Salaplacar esporte betatendimento no St Mary's; ideia é evitar ambienteplacar esporte betdelegacia

No ano passado, foram 103 mil casos no país - cercaplacar esporte bet35 mil estupros e 68 mil outros tiposplacar esporte betviolência sexual. No Brasil, há um casoplacar esporte betestupro a cada 11 minutos, mas não é possível fazer uma comparação direta porque as leis sobre estupro nos países são diferentes.

Os centrosplacar esporte betreferência britânicos são uma espécieplacar esporte betmistura entre hospital, delegacia e IML: ali as vítimas recebem atendimento médico, fazem exames para coletaplacar esporte betevidências forenses e prestam depoimentos. Também recebem aconselhamento psicológico do momento que chegam até o final das investigações.

Cada centro ficaplacar esporte betum complexo hospitalar mas tem uma entrada separada, sem nome na porta, para não expor a vítima.

Ao chegar, o paciente é recebido por uma profissional especializadaplacar esporte betlidar com vítimasplacar esporte betagressão, que explica todos os procedimentos que irão ocorrer. A equipe é composta apenasplacar esporte betmulheres.

A vantagemplacar esporte bethaver um centro unificado é que evita-se o ambiente da delegacia, que pode intimidar a vítima, e ela não precisa repetir o doloroso relato várias vezes (para polícia, médicos, psicólogos, etc.).

Bernie Ryan

Crédito, Divulgacao

Legenda da foto, Bernie Ryan coordena centroplacar esporte betreferência

Além disso, os policiais e outros profissionais são treinados pelo centro para que saibam lidar com este tipo específicoplacar esporte betviolência.

As vítimas, porém, não têm obrigaçãoplacar esporte betprestar queixa - se não quiserem, recebem atendimento do mesmo jeito. As provas recolhidas ficam disponíveis por sete anos para o casoplacar esporte betela mudarplacar esporte betideia e decidir levar o caso à polícia.

Rio

Mas um dos motivos pelos quais os centros foram criados é para tentar incentivar as vítimas a denunciar casosplacar esporte betviolência sexual no Reino Unido.

Segundo a ONG Rape Crisis, apenas 15% dos casosplacar esporte betestupro são denunciados. Um dos motivos seria o histórico da polícia e da Justiçaplacar esporte bettratamento hostil às vítimasplacar esporte betestupro - o que, segundo ativistas, ainda é frequenteplacar esporte betmuitos casos.

Esse motivo foi apontado também na recente discussão sobre o tratamento dado pela polícia no Brasil após a denúncia do estupro coletivoplacar esporte betuma adolescenteplacar esporte bet16 anos no Rioplacar esporte betJaneiro. O caso veio à tona por causaplacar esporte betum vídeo postadoplacar esporte betredes sociais por um dos acusados.

Protesto

Crédito, AFP

Legenda da foto, Protestoplacar esporte betSão Paulo após estupro no Rio

A jovem teria passado por constrangimento na delegacia: segundo a vítima, o delegado que investigava o caso - agora afastado - duvidouplacar esporte betsuas informações e colheu seu depoimentoplacar esporte betuma salaplacar esporte betvidro,placar esporte betque todo mundo, inclusive os suspeitos do crime, podiam vê-la.

Ele também teria exibido o vídeo que mostra a violência sexual que ela sofreu e levado atéplacar esporte betnamorada para acompanhar o depoimento.

Segundo especialistas, este tipoplacar esporte betatitude desencoraja vítimas a denunciar seus agressores.

Júri

O modeloplacar esporte betcentro único do Reino Unido já foi levado para outros países. O St Mary's, por exemplo, colabora com autoridadesplacar esporte betEgito, Índia, Nigéria, Arábia Saudita e Paquistão.

Segundo Ryan, ter um centro único faz com que mais pessoas denunciem crimesplacar esporte betviolência sexual. Mas isso não resulta, necessariamente,placar esporte betmais condenações.

Ryan acredita que isso pode estar ligado ao fatoplacar esporte beto vereditoplacar esporte betculpado ou inocente ser proferido por um júri (no Brasil, o veredito cabe ao juiz).

Juliet no St Mary's
Legenda da foto, Juliet foi vítimaplacar esporte betestuproplacar esporte bet2013

"Podemos treinar profissionais, mas o júri é composto por membros da sociedade e pode tomarplacar esporte betdecisão baseado nas provas ou ser influenciado pelos seus estereótipos sobre estupro", afirma Ryan. Por isso, segundo ela, é importante fazer campanhaplacar esporte betconscientização na sociedade sobre violência sexual.

'Eu nem me lembro'

Um bom exemplo para a funcionalidade desses centros é o casoplacar esporte betJuliet, estuprada no Ano Novoplacar esporte bet2012 e atendida no St Mary's.

Ela havia bebido e estava sozinhaplacar esporte betum bar - a pessoa que iria encontrá-la no lugar não pôde ir.

Decidiu ir para casa porque percebeu que estava bêbada, mas depois dissoplacar esporte betmemória falha: ela diz se lembrarplacar esporte betestarplacar esporte betum beco com um homem forçando-a a fazer sexo oral nele.

Mas não se lembra do momentoplacar esporte betque houve penetração vaginal - o que descobriu por meioplacar esporte betexamesplacar esporte betSt Mary's.

"Estou tentando entender uma coisaplacar esporte betque eu nem me lembro. Não está ali (na memória), isso que é horrível. Eu só tenho as provas forenses que dizem que alguém fez sexo comigo sem que eu soubesse. E isso é estupro. Eu não disse que tinha sido estuprada, me contaram por meioplacar esporte betexames", disse ela ao documentário Rape: The Unspeakable Crime, exibido pela BBCplacar esporte bet2013.

"Espero que o júri entenda que eu não fiz nada, que eu não tive culpa", dizia ela antes do julgamento. O criminoso acabou sendo condenado por unanimidade.

Culpa

Segundo a polícia, cercaplacar esporte bet60% dos casos levados a julgamento no Reino Unido terminamplacar esporte betcondenação.

Assim como no Brasil, a maior parte dos estupros no Reino Unido são cometidos por pessoas que a vítima conhece. Mas, segundo Ryan, também há casosplacar esporte betpessoas atacadas por estranhos - como Juliet - eplacar esporte betestupros coletivos.

"Uma das coisas mais importantes do centro é que não julgamos a vítima, não estamos aqui para dizer se (o crime) aconteceu ou não, para provar o crime. É para ajudar a investigaçãoplacar esporte bettermosplacar esporte betevidências forenses mas também dar atendimento imediato à vítima", explica.

"As vítimas falam o tempo todo que não achavam que isso iria acontecer com elas e que, se aconteceu, elas devem ter feito alguma coisa, porque isso não acontece com 'gente do bem'. Temos que acabar com esses mitos. As vítimasplacar esporte betviolência sexual já se culpam muito - e nós estamos aqui para quebrar esta barreira."