Tim Vickery: Limitar mulheres à maternidade é desperdiçar 50% ou mais do nosso potencial:carlinhos maia aposta esportiva

Tim Vickery

Crédito, Eduardo Martino

Se, entre outras opções, a mulher quer ter filhos cedo, perfeito. Mas se ela não tiver outras opções que não essa, temos um problema que pode se tornar algo grave.

"Ninguém quer tratar da natalidade", declarou o excelente e sábio médico Drauzio Varellacarlinhos maia aposta esportivauma entrevista recente. "Mais da metade da natalidade brasileira vem das classes D e E."

Issocarlinhos maia aposta esportivasi não é necessariamente um problema, mas se torna um dentro da realidade do país. "Nasce hoje", diz Varella, "uma massacarlinhos maia aposta esportivacrianças que encontrará escolascarlinhos maia aposta esportivamá qualidade, habitação inadequada, estrutura familiar desorganizada e que conviverá com pessoas sem estudo. É uma guerra perdida. A desigualdade só vai piorar".

Podemos adicionar mais dois fatores.

Um é global: o capitalismo estácarlinhos maia aposta esportivauma fase perigosa. É sempre instável, e a inquietude do sistema é um dos seus pontos fortes. Sempre destruiu meioscarlinhos maia aposta esportivavida, mas historicamente os substituiu com empregos que pagam mais do que os antigos.

Mulher com bebê

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Se não dermos oportunidades além da maternidade para nossas mulheres, desperdiçaremos ao menos 50%carlinhos maia aposta esportivanosso potencial

Agora, pela primeira vez, isso não acontece. A revolução digital simplifica e barateia a produção, destruindo valor porque não precisacarlinhos maia aposta esportivatanta gente. Como, então, o mercadocarlinhos maia aposta esportivatrabalho vai absorver essas pessoas?

O segundo fator é local: o avanço da precariedade dos postoscarlinhos maia aposta esportivatrabalho. A reforma trabalhista foi comemorada pelo setor empresarial brasileiro, agindo com uma miopia preocupante, privilegiando facilidades no curto prazo sobre a estabilidade no longo.

Uma consequência das mudanças é que mais jovens mulheres das classes D e E serão relegadas à precariadade, a empregos não somentecarlinhos maia aposta esportivabaixa renda, mas sem garantiascarlinhos maia aposta esportivahorários e sem qualquer vínculo fixo.

Elas vão formar um exércitocarlinhos maia aposta esportivareservacarlinhos maia aposta esportivamãocarlinhos maia aposta esportivaobra, para serem aproveitadas ou abandonadas conforme as circunstâncias.

A mulhercarlinhos maia aposta esportivaclasse média consegue se proteger disso, investindocarlinhos maia aposta esportivaestudos ou treinamento para se desenvolver profissionalmente. A jovem das camadas mais modestas não tem as mesmas chances.

Ela busca a própria identidade, uma formacarlinhos maia aposta esportivase afirmar,carlinhos maia aposta esportivadar sentido à vida - e,carlinhos maia aposta esportivamuitos casos, na ausênciacarlinhos maia aposta esportivaopções, a biologia vai ganhar.

Ela vai engravidar - é um modocarlinhos maia aposta esportivase sentir importante.

Já que não se pode, e nunca se deve, negar a ela esse direito, resta somente uma saída: uma restruturação socialcarlinhos maia aposta esportivatal maneira que os benefícios e a capacidade produtivacarlinhos maia aposta esportivauma economia moderna ficassem ao alcancecarlinhos maia aposta esportivatodos.

Vai ser o grande desafio que a geração do meu recém-nascido neto, e dos netos dos outros, terá que enfrentar.

*Tim Vickery é colunista da BBC Brasil e formadocarlinhos maia aposta esportivaHistória e Política pela Universidadecarlinhos maia aposta esportivaWarwick.

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