Tim Vickery: Em vezno pixbetbater continência ou reverenciar intervenção militar, temosno pixbetrepudiar velhos erros:no pixbet

Tim Vickery

Crédito, Eduardo Martino

Foi pego pelas forçasno pixbetrepressão locais, confundido com um "elemento subversivo". Passou os dias seguintes sendo torturado pela ditadura argentina e também por representantes da ditadura militar brasileira, conforme admitiu um representante do Serviçono pixbetInformação Naval argentino.

Tenório Júniorno pixbet1974

Crédito, Reprodução TVE-RJ, 1974

Legenda da foto, Pianista brilhante, Tenório Júnior foi 'desaparecido' pelas forças repressivas durante turnê na Argentina

Segundo o livro A Onda que se Ergueu no Mar,no pixbetRuy Castro, a inocência do pianista era clara, mas, àquela altura, ele já tinha virado um perigo. Sabia demais, tinha visto e sofrido demais a respeito das ligações entre os governos vizinhosno pixbetultradireita. Portanto, Tenório Júnior foi "desaparecido".

Enquanto eu escutava a canção que Tenório Júnior toca tão cheiono pixbetvida, era impossível escaparno pixbetum pensamento: quatro décadas depoisno pixbetseu trágico fim, qual seria a reação dos cinco filhos dele ao assistir, durante a Olimpíada, aos atletas brasileiros batendo continência no pódio?

Fiquei surpreso pela pouca repercussão gerada por esse gesto incomum nos Jogos - um gesto que, se não violava, testava os limites da proibição às manifestações políticas naquele momento. A judoca Rafaela Silva, por exemplo, declarou que não bateu a continência com medono pixbetperderno pixbetmedalhano pixbetouro.

Muitos argumentam que se trata simplesmenteno pixbetuma obrigaçãono pixbetum militar diante da bandeira. Mas não é tão simples assim.

Não se veem atletas da grande maioria dos países fazendo isso, militares ou não. E parece que muitos desses atletas militares brasileiros não são militares na plenitude da palavra. São patrocinados pelas Forças Armadas, sem ter uma vida no quartel.

Na verdade, então, parece que o gestono pixbetbater continência se tratano pixbetum atono pixbetrelações públicas. É uma maneirano pixbetos militares chamarem atenção pelo apoio,no pixbetR$ 18 milhões, dado ao esporte nacional.

Felipe Wu bate continência ao ouvir hino brasileiro

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, O fatono pixbetatletas militares baterem continência no pódio após receberem suas medalhas despertou polêmica na Rio 2016

Há aqui uma polêmica óbvia. Porque a verba utilizada na verdade sai dos cofres públicos. É, como escreveu o especialistano pixbetfinanças esportivas Amir Somoggi, "dinheirono pixbettodos os brasileiros".

Ele chamou a continênciano pixbet"um precedente absurdo, revoltante e inaceitável. (...) Nosso país é uma nação totalmente desmilitarizada e o mundo nos vê incrédulo, como se fôssemos uma Coreia do Norte".

De fato, vários países (como aquele onde nasci) têm um passado - ou até mesmo um presente - muito mais militarizado, com históricono pixbetguerras agressivas. Mas também não tem como negar que historicamente o Exército brasileiro tem sido um ator importante na política doméstica, culminando no capítulo infeliz da ditadurano pixbet1964-85.

E diante da turbulência atual, tem até alguns extremistas se manifestando a favorno pixbetmais uma intervenção militar.

No ano passado, um general se encrencou ao convocar a juventude para "despertar para a luta patriótica". Nesse contexto, talvez o gestono pixbetrelações públicas mais eficaz - melhor do que o usono pixbetatletas olímpicos - seria um repúdio aos erros do passado.

*Tim Vickery é colunista da BBC Brasil e formadono pixbetHistória e Política pela Universidadeno pixbetWarwick

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