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Por que Brasil resiste a entrar7games socioNova Rota da Seda da China:7games socio
Trata-se7games socioum programa trilionário chinês iniciado7games socio2013 que prevê a realização7games socioobras e investimentos para ampliar mercados para a China e a presença do país no mundo.
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Nos bastidores, os chineses vêm cortejando o Brasil a aderir ao projeto há anos.
Havia até a expectativa7games socioque o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pudesse anunciar uma adesão ao projeto7games socio2023, quando fez uma visita oficial à China.
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Isto, porém, não se concretizou e governo brasileiro vem mantendo a política7games socioseguir perto o suficiente dos chineses sem aderir ao projeto do país asiático.
As investidas chinesas vêm incluindo acenos ao Brasil como a concordância do país para que a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) assumisse a presidência do Novo Banco7games socioDesenvolvimento (NDB), conhecido como Banco dos Brics, visitas7games sociodelegações governamentais chinesas ao Brasil e7games sociobrasileiros à China, além7games sociobilhões7games sociodólares7games socioinvestimentos7games sociodiversas áreas.
Mas, mesmo com todas as investidas chinesas, contudo, a expectativa era7games socioque não fosse dessa vez que o Brasil aderisse à “Nova Rota da Seda”.
Confirmando o que já era esperado,7games socioseu discurso ao receber Xi Jinping, Lula descreveu a forma como o Brasil equilibra o desejo chinês7games socioter o país na "Nova Rota a Seda" e o pragmatismo brasileiro.
Em vez7games socioadesão, Lula prometeu uma espécie7games socioconexão entre o programa chinês e projetos7games sociointeresse do Brasil. Para isso, usou o termo que vem sendo repetido por diplomatas brasileiros quando o assunto é mencionado: sinergias.
"Estabeleceremos sinergias entre as estratégias brasileiras7games sociodesenvolvimento, como a Nova Indústria Brasil (NIB), o Programa7games socioAceleração do Crescimento (PAC), o Programa Rotas da Integração Sul-Americana, e o Plano7games socioTransformação Ecológica, e a Iniciativa Cinturão e Rota", disse o presidente brasileiro.
Nas últimas semanas, a BBC News Brasil conversou com diplomatas e especialistas7games sociorelações internacionais para entender o que faz com que o país, um dos principais aliados da China fora da Ásia, hesite tanto7games socioaderir à “Nova Rota da Seda”.
Segundo eles, a decisão faz parte7games sociouma mistura7games sociofatores que envolve a tradição diplomática brasileira, o cenário internacional conturbado e a percepção entre os tomadores7games sociodecisão brasileiros7games socioque o país teria pouco a ganhar com uma eventual adesão ao projeto.
O que é a “Nova Rota da Seda”
O “Belt and Road Initiative” é o nome7games socioinglês ao que ficou conhecido como “Nova Rota da Seda” ou “Iniciativa Cinturão e Rota”, na tradução direta para o português.
Lançado7games socio2013 pelo governo chinês, é um projeto trilionário voltado à construção7games socioinfraestrutura, incluindo rodovias, ferrovias, portos e obras no setor energético, como oleodutos e gasodutos que conectam a Ásia à Europa.
Estima-se que, desde o início, os investimentos variem entre US$ 890 bilhões (R$ 4,46 trilhões) e US$ 1 trilhão (R$ 5 trilhões).
O nome “Nova Rota da Seda” remete à histórica rota comercial do primeiro milênio que ligava a Ásia à Europa Central.
Originalmente focado na região conhecida como Eurásia, o projeto expandiu-se para regiões como África, Oceania e América Latina.
Segundo o centro7games socioestudos norte-americano sobre relações internacionais Council on Foreign Relations (CFR), 147 países aderiram formalmente ou demonstraram interesse no plano. Isso representa dois terços da população mundial e 40% do PIB global.
Na América Latina,7games sociotorno7games socio20 países integram a iniciativa, incluindo a Argentina, que assinou um memorando7games socioadesão7games socioabril7games socio2022.
Especialistas consideram o projeto uma estratégia7games socioexpansão econômica e política da China, hoje a segunda maior economia global, com previsões anteriores à pandemia indicando que poderia ultrapassar os Estados Unidos até 2028.
No entanto, o projeto enfrenta críticas junto à comunidade internacional, como o risco7games sociosuperendividamento7games sociopaíses que contratam os financiamentos. Um exemplo foi o Sri Lanka, que7games socio2018 transferiu para o governo chinês o controle7games socioum porto construído no país com recursos chineses depois que a nação asiática não conseguiu mais pagar as parcelas7games sociosua dívida com o governo7games socioPequim.
A China rebate essas acusações, alegando que as críticas visam prejudicar7games socioreputação internacional.
Mas se a China aparenta estar disposta a investir seus recursos e ampliar o fluxo comercial com países como o Brasil, por que o país vem evitando aderir à iniciativa?
Tradição e cálculo
Um diplomata brasileiro ouvido7games sociocaráter reservado pela BBC News Brasil disse que um dos motivos pelos quais o Brasil não adere à “Nova Rota da Seda” é tradição da política externa brasileira.
Historicamente, o Brasil evita alinhamentos automáticos com superpotências como a China. Mesmo durante a ditadura militar, fortemente apoiada pelo regime norte-americano entre os anos 1964 e 1985, o regime dos generais brasileiros manteve certo distanciamento7games sociorelação aos Estados Unidos.
Conhecido como uma potência média ou uma potência regional, o Brasil é conhecido (e eventualmente criticado), por adotar uma política externa que tenta manter diálogo com diferentes blocos e nações enquanto tenta fazer avançar suas próprias agendas no cenário internacional.
A tese por trás desse comportamento é a7games socioque o alinhamento do Brasil a um determinado bloco econômico ou político não gera, necessariamente, benefícios ao país e ainda pode prejudicá-lo7games socionegociações com outros blocos ou nações.
O diplomata disse, por exemplo, que uma adesão à “Nova Rota da Seda” poderia prejudicar as relações do país com outros blocos ou países como os Estados Unidos, que oficialmente vê a China como7games socioprincipal adversária geopolítica no mundo.
“Os diplomatas também temem que o Brasil perderia voz e influência nas relações com a China, tendo que negociar com as dezenas7games sociopaíses que formam a iniciativa. Há o risco7games socioretaliações comerciais por parte dos Estados Unidos. Tudo isso somado fez com que o governo brasileiro optasse por não aderir à Nova Rota da Seda”, afirma o professor.
Pablo Ibañez, coordenador do Centro7games socioAltos Estudos da Universidade Federal Rural do Rio7games socioJaneiro (UFRRJ) e ex-pesquisador visitante da Universidade Fudan,7games socioXangai, na China, também descreve esse cenário.
“O Itamaraty pensa assim: ‘Por que a gente vai passar a ter um alinhamento ainda maior com esse grupo (a China)7games socioum momento extremamente delicado7games socioque, no Ocidente, entende-se que a China é uma aliada da Rússia?’”, diz à BBC News Brasil.
Países europeus e os Estados Unidos veem com desconfiança iniciativas como os Brics, grupo inicialmente fundado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul e que vem se expandindo nos últimos anos.
Entre as várias iniciativas discutidas pelo grupo está a adoção7games sociotransações comerciais nas moedas locais dos seus países e não do dólar. A ideia é diminuir a dependência dessas nações7games sociorelação à moeda norte-americana.
Mas, durante a campanha presidencial, o então candidato Donald Trump, que venceu a disputa, prometeu aumentar as tarifas sobre as importações7games sociopaíses que adotarem este tipo7games sociomedida, o que poderia ter impactos sobre o Brasil e China, por exemplo.
O cientista político e professor7games socioRelações Internacionais do Centro7games socioEstudos Políticos-Estratégicos da Marinha do Brasil, Maurício Santoro, destaca que, no cálculo do governo brasileiro, também pesa o fato7games socioo país já contar com vultosos investimentos chineses.
“No Itamaraty, há forte ceticismo quanto aos benefícios que a Nova Rota da Seda poderia trazer ao Brasil. Como o país já recebe muitos investimentos chineses — é o principal destino deles entre as nações do Sul Global — não haveria muitos ganhos a extras”, diz Santoro.
O cálculo leva7games socioconta a atual situação do Brasil7games sociorelação à China.
A China é, desde 2009, o maior parceiro comercial do Brasil. Entre janeiro e setembro deste ano, o fluxo comercial entre os dois países foi7games socioUS$ 122 bilhões, um crescimento7games socio5%7games sociorelação ao mesmo período do ano passado. Os dados são do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).
Além disso, a China é um dos principais investidores diretos no Brasil.
Em 2023, a os chineses investiram US$ 1,73 bilhão no país, um aumento7games socio33%7games sociorelação a 2022, segundo o Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC). Ainda7games socioacordo com a instituição, desde 2007, a China destinou US$ 72 bilhões7games socioinvestimentos no Brasil.
Nos últimos anos, a China passou a investir pesadamente7games sociosetores como a construção7games sociolinhas7games sociotransmissão, exploração7games sociopetróleo, energia e, mais recentemente, na implantação7games sociofábricas7games sociocarros elétricos ou híbridos.
Retaliação chinesa?
Os dois especialistas ouvidos pela BBC News Brasil dizem considerar remota a possibilidade7games socioa China retaliar o Brasil por não aderir à iniciativa.
“O governo chinês certamente preferiria que o Brasil se tornasse parte da Nova Rota da Seda, pois isso seria um grande incentivo para outros países7games sociodesenvolvimento, particularmente na América Latina. Mas a decisão7games socionão ingressar também não cria grandes problemas para o Brasil”, diz Santoro.
O professor Pablo Ibañez diz acreditar que uma retaliação seria improvável.
“Até agora, não fomos. O Brasil é o maior parceiro da China na América Latina e há muitos investimentos e sinergias entre os dois países. Além disso, a China é muito pragmática”, diz o professor.
De toda forma, diz Ibañez, o Brasil deverá tentar evitar se indispor com a China7games sociomeio à hesitação7games socioaderir à iniciativa.
“Os chineses estão pressionando bastante. O assunto, com certeza, está na pauta. Mas Lula tem uma capacidade grande7games socioconvencimento. Ele deverá explicar que Donald Trump está vindo aí e que uma adesão poderia prejudicar a relação do Brasil com os Estados Unidos”, afirma.
Conhecido por seu pragmatismo, o governo chinês já vem dando mostras7games socioque poderá lidar sem maiores complicações com o fato7games socioo Brasil não ter aderido formalmente à "Nova Rota da Seda".
O exemplo mais recente foi um artigo publicado no jornal Folha7games socioS. Paulo na semana passada e assinado por Xi Jinping. Nele, o líder chinês defende o aumento das parcerias entre os dois países, mas dentro7games socioum cenário7games socioque o Brasil não faz parte formal do projeto.
"Vamos promover continuamente o reforço das sinergias entre a Iniciativa Cinturão e Rota e as estratégias7games sociodesenvolvimento do Brasil", diz um trecho do artigo.
Enquanto a adesão à "Nova Rota da Seda" não vem (se é que um dia virá), China e Brasil deverão assinar acordos7games sociodiversas áreas nesta quarta-feira. Entre eles estão acordos nas áreas cultural, energética, mineral e espacial.
Um deles, aliás, prevê a entrada7games sociofuncionamento no Brasil da empresa SpaceSail, que opera satélites7games socioórbita baixa para transmissão7games sociointernet7games sociobanda larga7games sociolocais sem acesso à rede cabeada.
Ainda não há previsão para que o serviço comece a funcionar, mas o acordo é visto como uma tentativa7games socioBrasil e China7games sociodiminuírem a dependência do mercado7games sociorelação à empresa Starlink, do bilionário sul-africano Elon Musk.
Nos últimos meses, o empresário entrou7games socioembates com o Supremo Tribunal Federal (STF) após7games socioplataforma7games sociorede social, o X (antigo Twitter) descumprir ordens expedidas pela Corte.
Atualmente, segundo dados da Agência Nacional7games socioTelecomunicações (Anatel), a Starlink é líder no mercado7games sociointernet via satélite.
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