Conar analisa anúncio da Volks com Elis Regina: os dilemasfiorentina palpite hojeusar inteligência artificial para recriar pessoas mortas:fiorentina palpite hoje
A entidade, cujas decisões costumam ser seguidas pelos anunciantes, afirmou que o caso deve ser julgado nas próximas semanas.
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Fim do Matérias recomendadas
Serão avaliados, entre outros pontos, se é ético recriar a imagemfiorentina palpite hojeuma pessoa já morta e se a peça cria confusão entre ficção e realidade, principalmente para espectadores menoresfiorentina palpite hojeidade.
A reportagem aguarda posicionamento da Volkswagen sobre o processo no Conar.
Ao portal G1, a empresa afirmou por meiofiorentina palpite hojenota que "a utilização da imagemfiorentina palpite hojeElis Regina na campanha foi acordada com a família da cantora".
"A intenção da Volkswagen com a campanha foi destacar a transição das gerações e a renovação da marca", continuou a empresa.
"A Volkswagen se orgulhafiorentina palpite hojeser uma marca presente na vida dos brasileiros, com maisfiorentina palpite hoje25 milhõesfiorentina palpite hojeveículos produzidos no País, e reforça seu compromisso, seguindofiorentina palpite hojeestratégia mundial,fiorentina palpite hojeser uma empresa cada vez mais humana e próxima das pessoas, promovendo inclusive ações como esta, que possibilitou o encontrofiorentina palpite hojemãe e filha, duas estrelas da música que estão presentes nos corações dos brasileiros", concluiu a nota.
À BBC News Brasil, o sociólogo e coordenadorfiorentina palpite hojeimpacto do Centrofiorentina palpite hojeInteligência Artificial da Universidadefiorentina palpite hojeSão Paulo (USP) Glauco Arbix afirmou que o assunto éfiorentina palpite hojefato controverso, seja porque suscita debates sobre os efeitos psicológicosfiorentina palpite hojetrazer pessoas mortas à vida usando tecnologia ou porque tocafiorentina palpite hojequestões como consentimento, veracidade e finitude da vida.
Para Arbix, há muitos riscosfiorentina palpite hojeusar IAfiorentina palpite hojeforma não transparente, informada ou consciente, especialmente quando há um deslocamento espacial ou atribuiçãofiorentina palpite hojedeclarações inverídicas à pessoa retratada.
"Não é porque você pode fazer que deve fazer", diz. "Uma coisa é você guardar nafiorentina palpite hojegaveta um filmefiorentina palpite hojealguém que morreu para assistir algumas vezes, outra coisa é recriar (a imagem dela)fiorentina palpite hojecondições novas, como se ela ainda estivesse viva."
Segundo o professor da USP, nossa sociedade não está pronta para lidar com esse deslocamento espacial e circunstancialfiorentina palpite hojefiguras já falecidas e fazer isso pode ser "perturbador" para algumas pessoas.
"A finitude da vida está sedimentada na história social. Mesmo para aqueles que creemfiorentina palpite hojevida após a morte, é algo sempre mais inacessível e distinto do que vemos agora, para o que não estamos prontos como sociedade."
'Pode destruir nome e reputação'
A campanha da Volkswagen não foi a primeira a usar a inteligência artificial para encenar realidades com pessoas já mortas.
No filme Rogue One: Uma História Star Wars, a atriz Carrie Fisher também foi recriada digitalmente para aparecer como a jovem Princesa Leia.
Em junho, o músico Paul McCartney disse que a inteligência artificial havia sido usada para que a vozfiorentina palpite hojeJohn Lennon - mortofiorentina palpite hoje1980 efiorentina palpite hojequem ele foi parceiro na banda Os Beatles - pudesse ser usada numa nova música.
A tecnologia, também conhecida como deepfake, é usada com frequência ainda para criar vídeos falsos envolvendo celebridades e figuras políticas.
No caso da propaganda da montadora, a inteligência artificial foi treinada especificamente para reconhecimento facialfiorentina palpite hojeElis Regina, diferentemente do que é feitofiorentina palpite hojeprojetosfiorentina palpite hojeIA que utilizam tecnologia pré-treinada a partirfiorentina palpite hojedados genéricos.
Segundo a empresa, a IA recebeu extensivos treinamentos com diferentes tecnologias, combinando a atuação da dublê com os movimentos e imagensfiorentina palpite hojeElis, para chegar ao resultado do rosto da cantora na propaganda.
Para Arbix, apesar do vídeo da Volkswagen ter sido feito com autorização e participação da filhafiorentina palpite hojeElis Regina, essa tecnologia também pode ser usada para fins perigosos, distorcendo fatos, e até na indústria da pornografia ou pedofilia.
"A pessoa pode ficar sujeita a uma recriação que pode acabar destruindo o seu nome efiorentina palpite hojereputação", diz. "Mas também suscita questões do pontofiorentina palpite hojevista da integridade da vida familiar."
Segundo o sociólogo, ainda não há um consenso entre a comunidade médica sobre os efeitos psicológicosfiorentina palpite hojever ou até conversar por meio da IA com entes queridos que já faleceram.
Diversas empresasfiorentina palpite hojetecnologia, entre elas a americana HereAfter AI, têm desenvolvido tecnologias para criaçãofiorentina palpite hojeuma versão digitalfiorentina palpite hojealguém. Dessa forma, seria possível criar um diálogo artificial com uma pessoa falecida usando informações pessoais, ferramentasfiorentina palpite hojevoz e inteligência artificial avançada.
"Do pontofiorentina palpite hojevista da psicologia, há quem diga que pode ajudar a manter a memória e trazer conforto para a família. Mas há também quem seja totalmente contra", diz Glauco Arbix.
E há até quem já esteja tentando se proteger disso. O ator Robin Williams, que morreufiorentina palpite hoje2014, impôs uma restrição ao usofiorentina palpite hojesua imagem por 25 anos após seu falecimentofiorentina palpite hojeseu testamento.
Segundo as informações divulgadas, o americano queria evitar quefiorentina palpite hojefigura fosse reproduzida por meiofiorentina palpite hojehologramas ou outras tecnologias para fins comerciais.
Direitofiorentina palpite hojeimagem e consentimento
Quando se trata do direitofiorentina palpite hojeimagem ou do consentimento, o sociólogo Glauco Arbix afirma acreditar que a lei brasileira já tem todos os conflitos bem resolvidos.
"A legislação e a maneira como nossa sociedade vê isso atualmente já dão conta do dilema. As famílias têm os direitos autorais", afirma.
"Discutir se, por exemplo, a Elis Regina autorizaria o uso da imagem dela nessa propaganda é ingênuo, porque ela também não autorizou a divulgaçãofiorentina palpite hojefotos, mas essa questão está prevista na legislação."
Já para Sara Suárez-Gonzalo, professora da Universidade Aberta da Catalunha e pesquisadora do tema, o debate deve ir mais além. Para ela, o consentimentofiorentina palpite hojefamiliares não é suficientefiorentina palpite hojecasos como esse.
"Mesmo quando morrem, as pessoas não são meras coisas com as quais os outros podem fazer o que quiserem. É por isso que nossas sociedades consideram errado profanar ou desrespeitar a memória dos mortos. Em outras palavras, temos certas obrigações morais para com os mortos, na medidafiorentina palpite hojeque a morte não implica necessariamente que as pessoas deixemfiorentina palpite hojeexistirfiorentina palpite hojeforma moralmente relevante", afirmoufiorentina palpite hojeum artigo publicado no site The Conversation.
Segundo Suárez-Gonzalo, o debate é ainda mais complexo quando envolve bots que coletam dados pessoais para reproduzir conversar com pessoas falecidas, pois replicar a personalidadefiorentina palpite hojealguém "requer grandes quantidadesfiorentina palpite hojeinformações pessoais, como dadosfiorentina palpite hojeredes sociais que revelam características altamente sensíveis".
A pesquisadora afirma ainda que outra questão ética envolvida no uso da IA é a responsabilização pelos resultados da tecnologia, especialmente no casofiorentina palpite hojeefeitos nocivos.
Se um bot, vídeo ou imagem criado com a tecnologia, por exemplo, causar danos à saúde mentalfiorentina palpite hojeum familiar, quem se responsabiliza?
"É essencial abrir um debate público que possa informar melhor os cidadãos e nos ajudar a desenvolver medidas políticas para tornar os sistemasfiorentina palpite hojeIA mais abertos, socialmente justos e compatíveis com os direitos fundamentais", diz no artigo.