Nós atualizamos nossa PolíticaacecasinoPrivacidade e Cookies
Nós fizemos importantes modificações nos termosacecasinonossa PolíticaacecasinoPrivacidade e Cookies e gostaríamos que soubesse o que elas significam para você e para os dados pessoais que você nos forneceu.
‘Vim para desaparecer’: a perigosa cidade subterrânea onde vivem centenasacecasinopessoasacecasinoLas Vegas:acecasino
Aqui é Las Vegas, nos Estados Unidos. Mas não a “fabulosa” Las Vegas do famoso cartaz, do neon, dos cassinos e das réplicasacecasinomonumentos famosos.
, ainda está sob o guarda-chuva Nike. O logotipo da Nike acecasino {k0} Jordans
os ajuda a manter a conexão com 👌 o legado da marca Nike e reforça a forte parceria entre
Fim do Matérias recomendadas
Esta é a Las Vegas subterrânea. E, para conhecer suas centenasacecasinohabitantes, é preciso descer às suas profundezas.
Rick, seus pesadelos e um plano
Rick tem 72 anosacecasinoidade. Ele é um dos moradores mais antigos do subsolo da chamada “capital mundial do vício”. Ele conta que mora aqui,acecasinoforma intermitente, há 35 anos.
Para chegar a este homemacecasinocabelos grisalhos, farto bigode e voz calma e profunda, é preciso descer pelo canal situadoacecasinofrente ao cassino Rio, desviar das pedras e do lixo acumulado pelas cheias e entrar por um dos túneis que deságuam ali.
Uma toneladaacecasinococaína, três brasileiros inocentes e a busca por um suspeito inglês
Episódios
Fim do Novo podcast investigativo: A Raposa
Os túneis fazem parte do sistemaacecasinocontroleacecasinoinundações da cidade – um intrincado labirinto que se estende através do vale,acecasinouma cordilheira até a outra. Sua missão é capturar e redirecionar a água da chuva.
As chuvas são poucas nesta cidade árida no meio do desertoacecasinoMojave. São apenas cercaacecasino100 mm por ano. Mas, quando elas vêm, são muito intensas.
As chuvas mais fortes ocorrem na estação que vaiacecasinojulho a setembro. É um período muito perigoso para morar nos túneis subterrâneos.
“Mesmo quando não está chovendo, não é um lugar para brincar”, adverte a página web do Distrito RegionalacecasinoControleacecasinoInundações do CondadoacecasinoClark – a entidade responsável pela manutenção e ampliação constante da infraestrutura composta por canais, piscinões e centenasacecasinoquilômetrosacecasinogalerias pluviais.
“A água pode correr por esta rede a qualquer momento. E, movendo-se a 48 km/h, 15 cm são suficientes para derrubar uma pessoa”, alerta a organização.
Diversos casos já comprovaram que a entidade tem razão. No dia 13acecasinoagostoacecasino2022, depoisacecasinouma das maiores tempestades registradas na mais recente estaçãoacecasinochuvas (a pior temporadaacecasinodécadas), os bombeiros não conseguiram salvar a vidaacecasinoum homem que foi arrastado pelas águas.
E eles ainda encontraram o corpoacecasinooutro homem enquanto retiravam os escombros acumuladosacecasinoum canal perto da Strip – o trechoacecasino6 km da Las Vegas Boulevard que concentra os cassinos e resortsacecasinoluxo que deram fama à cidade americana.
Algumas noites antes,acecasino29acecasinojulho, os bombeiros já haviam precisado resgatar sete pessoasacecasinoum alagamentoacecasinomenosacecasinotrês horas.
Em maisacecasinotrês décadas no sistemaacecasinoáguas pluviais, o próprio Rick viveu episódios parecidos.
“Vi a água chegar quase até o teto”, conta ele à BBC News Mundo (o serviçoacecasinoespanhol da BBC).
Ele se apoiaacecasinouma parede que parecia cinza – mas, agora, com a vista acostumada à luz tênue da lanterna, pode-se perceber que ela está cheiaacecasinografites.
Rick também recorda as vezesacecasinoque tentou ajudar alguém e acabou sendo ajudado. Ou uma ocasião (sua memória falha e ele não consegue se lembrar das datas)acecasinoque uma mulher tentou cruzar a correnteacecasinoum canal, sem conseguir.
“Nós gritamos. Ela levava uma criança nas costas e não conseguiu. Os dois morreram. É algo que você não esquece”, lamenta ele, pesaroso.
Rick afirma que, já há algum tempo, não tem presenciado inundações tão fortes. E relata outras questões mais preocupantes: os ratos “de um tamanho que assusta qualquer pessoa”, a polícia e um trânsitoacecasinopessoas cada vez maior.
“E, claro... os pesadelos. Não consigo tirá-los da cabeça”, ele conta.
Esses pesadelos se devem, segundo ele, ao seu passado como militar. Eles têm sido o seu maior obstáculo ao longo das décadas para tentar viver na superfície.
“Estive no Vietnã, passei três anos no inferno e isso me trouxe problemas mentais”, ele conta.
Rick disparou sem autorização e acabou sendo expulso dos fuzileiros navais por má conduta.
Ao retornar, fezacecasinotudo naacecasinovidaacecasinocivil. “Estive no sindicato dos advogados, trabalhei na construção, abri o Rio e o [cassino] New York New York, fiz ‘bicos’, dirigi táxi... Houve épocasacecasinoque conseguia trabalhar, mas a vida sempre me cobrava a conta e eu acabava desistindo.”
Rick sobrevive hoje com US$ 23 (cercaacecasinoR$ 114) que recebe no dia 3acecasinocada mês e com esmolas eventuais. Ele não consegue se acostumar com o aumento da quantidadeacecasinopessoas que procuram refúgio no seu túnel.
“O motivo por que fiquei tantos anos neste lugar é porque conhecia as pessoas”, ele conta. “Mas, agora, existem pessoas novas e, realmente, não me relaciono com eles... Não me relaciono com ninguém... Na verdade, sou um tipo solitário.”
“Sim, você é solitário!”, grita uma voz no escuro.
O susto nos faz apontar a lanterna na direção da voz. Lá está um homem muito magro, deitado sobre um papelão, a cercaacecasinoquatro metrosacecasinodistância.
“É Glenn. Deve ter uns 15 anos que nos conhecemos”, conta Rick.
Rick pensaacecasinoir com Glenn até as profundezas do túnel.
“Vamos nos perder.”
Jay, a identidade perdida
Nós nos despedimosacecasinoRick, passamos pelo seu companheiroacecasinoaventuras, que agora parece estar dormindo, e prosseguimosacecasinodireção às profundezas do túnel.
Cruzamos algumas partes encharcadas, embora faça semanas que não chove. Desviamos dos dejetos e encontramos estalactites no tetoacecasinocimento. Por sorte, não há sinal dos ratos do tamanhoacecasinogatos mencionados por Rick.
O ruído cada vez mais intenso do tráfego da superfície indica que já passamos por baixo da avenida Dean Martin, que cruza a cidade, e estamos nos aproximando da estrada interestadual n° 15.
Uma claraboia interrompe a escuridão por um momento e permite a entrada da poluiçãoacecasinouma das vias mais transitadasacecasinoLas Vegas.
Avançamos a passos firmes por mais 10 minutos, até chegar a um papelão dobradoacecasinoU apoiado na parede. Nele, estão pendurados um paracecasinomeias, um pano e um saco plástico preso com uma pinça.
“Estou indo. Estou amarrando os sapatos para ficar apresentável”, diz uma voz gentil no interior da estrutura improvisada.
A voz éacecasinoJay. Ele parece contente com a visita e disposto a ter seu perfil publicado. “Até coloquei maquiagem”, ele brinca.
Jay tem “uns 47 anos”acecasinoidade. Ele chegouacecasinoônibus a Las Vegas, há 14 anos, vindo do EstadoacecasinoNew Hampshire, no extremo nordeste dos Estados Unidos.
“Quem diria que, ao chegar aqui, roubariam meu passaporte, meu cartão da Segurança Social, tudo, e que eu ficaria com US$ 27 [cercaacecasinoR$ 134] no bolso?”, ele conta.
Jay afirma que tentou muitas vezes, mas não conseguiu obter um documentoacecasinoidentidade. Por isso, ele mora há nove anos no sistemaacecasinoáguas pluviais da Cidade do Pecado.
Esta é a versão resumidaacecasinoum relato repetitivo e emaranhado. Jay fala bastante. Acompanhar seu ritmo é tão difícil quanto deixaracecasinoolhar para seu olho faltante, o esquerdo, perdido depoisacecasinoser atingido por um tiro na cabeça.
“Não é uma grande história”, ele conta. “Se me contassem, eu não teria acreditado, porque não é realista. Mas é a verdade.”
Jay afirma que se diferencia dos outros moradores da Las Vegas subterrânea porque não consome drogas (embora tenha provado todas) e porque tenta se manter otimista. Do contrário, é “uma perdaacecasinotempo e energia”.
Seus pertences incluem, além das três paredesacecasinopapelão, uma almofada e alguns cobertores, um carrinhoacecasinosupermercado, vários galõesacecasinoágua, dois baldes para lavar roupa, sabão, desinfetante e uma escova.
Com isso e com a comida que consegue comprar vendendo sucata, ele sobrevive neste lugar que, segundo ele, é “assombrado”.
“Não é como na televisão, comoacecasinoOs Caça-Fantasmas”, afirma ele. “É outro nívelacecasinoanormalidade,acecasinocoisas que podem ser explicadas e outras, não.”
“Coisas que não podem ser explicadas?”, pergunto. “Sim, muito distantes, coisas que se movem.”
“Há alguns anos, era tão ruim que ninguém ficava aqui depoisacecasinoanoitecer. Era muito ruim, brutal. Definitivamente, vi algumas coisas por aqui... e elas perseguem você, apegam-se a você. Eu tento ignorar, porque já estavam aqui antesacecasinomim e aqui irão ficar”, explica ele.
Com este comentário entre a fantasia e a metáfora, nós nos despedimos, não sem antes ele receber um sanduíche, um saco com itens básicosacecasinohigiene e um cartão-presente do McDonald’s.
Joe, uma luz no fim do túnel
Na verdade, quem deu a comida foi Joe Riordan.
Este homem, com seu denso bigode e olhos azuis vivos, esteve “a dois passosacecasinose tornar Jay ou Rick”. Agora, ele trabalha como voluntário na organização Shine a Light, que ajuda as pessoas sem teto que moram neste mundo subterrâneo.
“Estamos cercaacecasino16 metros abaixo dos lugares onde um almoço custa US$ 1 mil [cercaacecasinoR$ 4,95 mil]”, afirma ele, apontando para o teto, à fotógrafa que nos acompanha.
Depoisacecasinosair, quando analisamos o Google Maps para entender nosso trajeto olhando o mapa do sistemaacecasinogalerias pluviaisacecasinoLas Vegas, percebemos como seu comentário era literal.
O túnelacecasinoJay e Rick passa perto do Caesars Palace, um dos hotéis-cassino mais conhecidos da Strip. Ele foi cenárioacecasinoinúmeros filmes e foi lá que Celine Dion e Elton John mantiveram residência permanente.
Um dos restaurantes daacecasinopraça central – o Hell’s Kitchen, do chef da TV Gordon Ramsay, que tem nove estrelas Michelin – chega a cobrar US$ 56 (cercaacecasinoR$ 277) por uma dúziaacecasinoostras.
E os preços disparam no restaurante Bedford, da não menos famosa Martha Stewart. Ele fica no cassino Bellagio, a apenas 10 minutos a pé do Caesars Palace.
Ali, um filé custa US$ 109 (cercaacecasinoR$ 540) e uma garrafaacecasinochampanhe Dom Pérignon rosé, safra 2008, custa US$ 1,5 mil (cercaacecasinoR$ 7,4 mil).
Entre almoços como estes, quartosacecasinohotel, táxis, lojas, concertos, pôquer, roleta e outros jogosacecasinoazar dos cassinos, os turistas gastaram,acecasino2022, US$ 44,9 bilhões (cercaacecasinoR$ 222,3 bilhões). Eles nem sequer suspeitavam que, embaixo dos seus pés, havia pessoas sobrevivendo com o que encontram no lixo e com sanduíches recebidos como doação.
Os dados, incluídos no relatório mais recente da AutoridadeacecasinoConvenções e VisitantesacecasinoLas Vegas, foram publicadosacecasinoabril e evidenciam o abismo existente entre os dois mundos.
Mas as duas realidades,acecasinoalguma forma, estão relacionadas, segundo o jornalista Matthew O’Brien, o primeiro a descer até as entranhas da cidade e escrever sobre os seus moradores.
Seus escritos foram publicados na revista local Las Vegas City Life e nos livros Beneath the Neon (“Abaixo do neon”,acecasinotradução livre),acecasino2007, e Dark Days, Bright Nights: Surviving the Las Vegas Storm Drains (“Dias escuros, noites luminosas: sobreviver nas galerias pluviaisacecasinoLas Vegas”,acecasinotradução livre),acecasino2021.
“Os moradores dos túneis sobrevivem dos restos, dos excessosacecasinoLas Vegas”, explica O’Brien. “Eles percorrem os cassinos, procuram o dinheiro que caiu no chão ou ficou nas máquinas e mendigam entre os turistas.”
Mas a relação vai além.
“Muitos dos que entrevistei nos túneis não eram pessoas sem teto quando chegaram a Las Vegas”, ele conta. “Eles se mudaram para ali pelas mesmas razões que eu: para mudar, para buscar uma nova vida, para perseguir outros sonhos.”
O’Brien fundou a organização Shine a Lightacecasino2009 como projeto comunitário. Ele agora conversa conosco por telefoneacecasinoEl Salvador, onde mora há alguns anos.
“Talvez eles não tenham conseguido encontrar trabalho ou talvez tenham criado dependência do jogo ou das drogas facilmente disponíveis nas ruas. E alguns acabaram morando debaixo daqueles mesmos cassinos que os atraíram a esta cidadeacecasinoNevada”, explica ele.
O’Brien conclui dizendo que Las Vegas, a cidade que nunca dorme, é, ao mesmo tempo, um ímã e uma fábricaacecasinopessoas sem teto.
Robert e a ‘mentalidadeacecasinotribo’
Os números da prefeitura indicam que maisacecasino6,5 mil moradoresacecasinoLas Vegas não têm moradia permanente e quase 65% deles dormem ao relento. Já as organizações que trabalham com as pessoas sem teto calculam que até 1,5 mil pessoas morem nos túneis.
Em novembroacecasino2019, o conselho municipal aprovou uma lei segundo a qual sentar-se, descansar ou “acampar” na calçada passou a ser considerado um delitoacecasinopouca gravidade, sujeito a até seis mesesacecasinoprisão ou multasacecasinoaté US$ 1 mil (cercaacecasinoR$ 4,95 mil).
Críticos descreveram a lei como sendo “a mais draconiana do país” contra as pessoasacecasinosituaçãoacecasinorua.
Ela começou a ser aplicadaacecasinofevereiroacecasino2020. Mas, antesacecasinoserem multadas ou presas, as pessoas são convidadas a ir até o Corredor da Esperança (“Corridor of Hope”,acecasinoinglês), um bairro que concentra serviços para as pessoas sem teto.
Ali, no CentroacecasinoRecursos aos Sem-Teto Courtyard, as pessoas podem tomar banho, comer e dormir. Elas também têm assistência médica eacecasinosaúde mental, alémacecasinoassessoria legal e trabalhista, entre outros serviços.
Segundo os dados do município, 6.081 pessoas recorreram a estes serviçosacecasino2021. E,acecasinomédia, 371 pessoas pernoitaram nas suas instalações, que agora estão sendo ampliadas.
Este serviço é complementado por outro programa, com equipes formadas por representantesacecasinodiferentes agências trabalhando diretamente nas ruas.
Segundo um porta-voz da prefeituraacecasinoLas Vegas, “o objetivo da cidade não é prender as pessoas sem teto. O procedimento na cidade é trabalhar com as pessoas sem teto para ajudá-las a manter a saúde, ter onde morar e para que possam ser contratadas.”
A cidadeacecasinoLas Vegas é apenas um dos diversos municípios que compõem a região metropolitanaacecasinoLas Vegas e fornecem serviços às pessoasacecasinosituaçãoacecasinorua.
Hoje, Robert Banghart é diretoracecasinodivulgação da Shine a Light, mas, antes, ele passou pelo que prefere chamaracecasino“corredor da desesperança”, alémacecasinoter também morado no subsolo.
“Decidi me mudar para as galerias pluviais por conviteacecasinoum conhecido que dormia ali”, ele conta, enquanto caminhamosacecasinovolta para a entrada do túnel do cassino Rio.
“Eu havia passado anos morando nas ruas, onde tudo é muito aleatório. Talvez um turista dê alguma coisa para você comer ou você consiga algo por conta própria, [mas] nunca se sabe onde irá terminar... Por isso, quando desci ali, senti algo parecido com o que sinto agora, quando chegoacecasinocasa.”
Mas Banghart salienta que está falandoacecasinouma vida “muito primária”, na qual só importava saciar as necessidades mais imediatas: “precisoacecasinoágua, preciso comer, preciso me drogar”.
Para as pessoas nesta situação, as galerias pluviais podem ser um refúgio pronto para ser usado. Elas têm um teto e paredesacecasinocimento que fornecem proteção contra as temperaturasacecasinoaté 40 °C no verão e os fortes ventos do Mojave.
“Além disso, ninguém vê nem perturba você”, prossegue Banghart.
Ele repete o que já ouvimosacecasinoRick e Jay. De fato, os moradores das galerias pluviais não são vigiados, nem patrulhados.
O Departamento da Polícia MetropolitanaacecasinoLas Vegas (LVMPD, na siglaacecasinoinglês) confirmou à BBC News Mundo que trabalha com organizações associadas, que são encarregadasacecasinoalertar aos moradores dos túneis sobre os perigosacecasinoviver ali e fornecer recursos para a transição para uma moradia.
Robert Banghart levou anos para dar este último passo. Ele se decidiu depoisacecasinouma surra que levouacecasinooutras três pessoas sem teto.
“Eles me atacaram e me deixaram jogado nos trilhos do trem. Dali, fui levado ao hospital, onde me ressuscitaram duas vezes”, ele conta, enquanto caminhamos e começamos a vislumbrar a saída do túnel.
Foi naquele momento que Banghart começou a se envolver com a organização na qual trabalha agora. Inicialmente, ele foi voluntário e, depois, assumiu seu cargo atual, para tentar ajudar outras pessoas a seguir o seu exemplo.
“Temos o que chamamosacecasino‘mentalidadeacecasinotribo’ e estabelecemos relações”, afirma ele.
Beverly eacecasinocomunidade
Observamos o trabalhoacecasinoBanghart quando saímos para o mundo exterior e encontramos Beverly na saída do túnel ao lado do nosso.
Magra e loira, com a pele queimada e alguns dentes faltando, ela acabaacecasinocolocar para correr algo que não identificamos e pendura algumas roupas – uma calça bege e um leve vestido branco com flores azuis –, depoisacecasinolavá-lasacecasinoum recipienteacecasinoplástico.
Beverly nos conta que é do EstadoacecasinoMississippi, mas que um dia conheceu um homem que disse a ela: “vamos viajar”. E, sem entraracecasinodetalhes, ela conta que eles acabaramacecasinoLas Vegas. Beverly tem 44 anosacecasinoidade e mora no túnel há seis.
– Querida, quando você vai sair? – pergunta Banghart.
– Não sei, não é fácil. Só posso dizer que não será hoje.
– Lembre-seacecasinoque podemos ajudar você. Se você conseguiu seguir com a vida aqui, pode conseguiracecasinoqualquer lugar.
Antesacecasinoprosseguirmos, Beverly conta que, ali, ela se sente parteacecasinouma comunidade.
“O primeiro túnel é bastante ativo”, ela conta, apontando para alguns vizinhos que fazem companhia uns aos outros e nos observam com o canto dos olhos a alguns metrosacecasinodistância.
“Cada túnel temacecasinoprópria personalidade”, Banghart nos explicaria mais tarde.
“Existem alguns mais organizados, com certas hierarquias”, prossegue ele. “E, sim, alguns são mais básicos. Mas,acecasinooutros, seus moradores construíram sistemasacecasinoarame, organizaram, colocaram móveis... Você se surpreenderia com o que existe ali embaixo.”
A ‘caverna’acecasinoSteve
Existe um lugar conhecido como o túnelacecasinoAli Babá,acecasinouma zona industrial a oeste da Strip. Mas a pessoa que ocupa aquela caverna chama-se Steve.
Ofuscado pela luz forte nas primeiras horas da manhãacecasinofinalacecasinoabril, Steve coloca imediatamente seus óculosacecasinosolacecasinoarmação bege e terminaacecasinoabotoaracecasinochamativa camisa azul.
Ele nos convida a sentar na entrada, onde tem uma mesa com cadeiras, uma poltrona e uma churrasqueira. Enquanto isso, ele fixa um canto da cortina preta que protege o resto da casa.
Uma vozacecasinomulher – a namoradaacecasinoSteve, que não se identifica – adverteacecasinoláacecasinodentro que não estamos convidados a cruzar aquele umbral.
Mas a cortina preta a meia altura nos permite observar que, no interior, existem tapetes, outra mesa, estantes repletasacecasinoutensíliosacecasinocozinha e outros objetos.
Steve tem 57 anos. Ele se levanta e, com a ajudaacecasinoum andador, oferece um passeio pelo pátio do seu lar subterrâneo, enquanto nos conta uma história parecida com a dos outros moradoresacecasinotúneis, mas com algumas diferenças.
Seus pais chegaram a Las Vegas “com grandes sonhos”acecasinoabrir um cassino. Steve cresceuacecasinomeio a esse setor, que acabou levando-o para o álcool e para as drogas.
Depoisacecasinopassar um tempo nas ruas da cidade, o casal mora ali há seis anos.
“Viemos para cá para ficar tranquilos e desaparecer do mundo”, ele conta. “Embora, antes do túnel, já fôssemos invisíveis,acecasinocerta forma.”
Com esta última frase retumbando na cabeça, demos por finalizada nossa visita à Las Vegas subterrânea.
À noite, com os luminosos já acesos, vou caminhar como turista pela Strip, sem deixaracecasinoobservar a mãe que pede dinheiro tocando violino, enquanto seu filhoacecasinonão maisacecasinoseis anos passa o tempo no celular.
Ou os jovensacecasinosunga que distribuem folhetosacecasinoum clubeacecasinostriptease aos pés da réplica da Torre Eiffel. Ou a mulher que vende globos “muito baratos”, falandoacecasinoespanhol,acecasinofrente à fonte do cassino Bellagio.
Vou observar o homem que pega as latasacecasinolixo e recolhe os galõesacecasinoágua e baldesacecasinoplástico para formar uma bateria e oferecer concertos improvisados na calçada.
Onde terminará o seu dia? Como será a casa onde eles irão dormir?
“Seteacecasinocada 10 pessoas deste país vivemacecasinofunçãoacecasinocada salário e algumas estão a um ou dois pagamentosacecasinoficar sem ter onde morar”, segundo Banghart. “Uma decisão ruim, uma desgraça, um erro e eles ficam na rua.”
Quando chegar ao Caesars Palace, lembrarei que,acecasinoalgum ponto abaixo dos meus pés, não muito longe dali, certamente estarão Rick, Jay, Beverly e os demais moradores da cidade subterrâneaacecasinoLas Vegas.
Principais notícias
Leia mais
Mais lidas
Conteúdo não disponível