EUA devem pedir desculpas pelo golpePinochet no Chile?:
“Mas, neste caso, a nossa mão não aparece”, comentou Nixon. Ao que Kissinger respondeu: “Nós não fizemos. Quero dizer, nós ajudamos.”
m aplicativo simples e é gratuito para usar, embora exija uma associação para
r recursos premium. A AZAR - Video Chat 👍 - Zift App Advisor -ZIFT TE Mail SinônimosPRES
o problema do PC. Portanto, quando O assunto sair com você deve verificar sua banda
a internet Também! Para 🏧 melhorar nossa rede até é tentar reiniciar seu roteador ou
roleta betpixNo cenário atual entretenimento online, jogos como o 24k DRAGON, da Play'n Go, se destacam por oferecerem uma experiência 🌻 emocionante e com grandes possibilidades ganhar. Licenciado e regulamentado pela Malta Gaming Authority, este
video slot
Fim do Matérias recomendadas
Este diálogo é um dos diversos registros que perderam o statusconfidencial ao longo dos anosWashington.
Ele é parte das evidências do papel desempenhado pelos Estados Unidos na deposição do presidente socialista do Chile Salvador Allende (1908-1973), e na ruptura social e institucional provocada pelo golpe militar1973 no país.
Uma toneladacocaína, três brasileiros inocentes e a busca por um suspeito inglês
Episódios
Fim do Novo podcast investigativo: A Raposa
Com a chegada do 50º aniversário deste trágico episódio, uma pergunta formulada há décadas volta a ser discutida: os Estados Unidos deveriam pedir desculpas por terem propiciado o golpe militar no Chile?
Fontes diplomáticas indicaram à BBC News Mundo — o serviçoespanhol da BBC — que membros do Congresso norte-americano,fato, estão considerando a possibilidadecriar uma resolução que sugira algum tipomea culpa por parteWashington.
Consultado a respeito, o embaixador chileno nos Estados Unidos, Juan Gabriel Valdés, afirma que a preocupaçãoseu país é obter acesso aos arquivos norte-americanos sobre o golpe que ainda permanecemconfidencialidade.
Mas ele diz que receberia com apreço um gestoarrependimento ou pedidodesculpasWashington, mesmo sem apresentar uma reivindicação formal.
“Eu diria que, para nós, um gesto desta natureza seria algo que apreciaríamos profundamente e teria um valor enorme para nossas relações”, afirma Valdés.
‘Nossa cumplicidade’
Meio século depois, a sociedade chilena ainda carrega opiniões divididas sobre o golpeEstado liderado por Augusto Pinochet (1915-2006), que governou o país com mãoferro entre 1973 e 1990.
Alguns condenam o levante armado e as violações dos direitos humanos que se seguiram. Outros acreditam que a intervenção militar salvou o país do rumo tomado com a eleiçãoAllende. E existem sinais claros que as feridas causadas por este capítulo da história chilena permanecem abertas.
No finalagosto, o atual presidente chileno, Gabriel Boric, lançou um plano para que o Estado chileno comece a procurar mais1.100 pessoas desaparecidas durante o regime militar e que não foram encontradas até hoje.
Ao longo dos anos, esta tarefa vem sendo conduzida unicamente pelas famílias das vítimas e por gruposdefesa dos direitos humanos.
Na mesma semana, sete ex-militares foram condenados pelo sequestro e brutal assassinato do cantor chileno Víctor Jara,16setembro1973 — mesmo dia da conversa entre Nixon e Kissinger — no Estádio Nacional do Chile,Santiago, que foi transformadocentrodetenção e tortura após a deposição e morteSalvador Allende.
Em paralelo, os Estados Unidos continuam gradualmente a retirar confidencialidade e publicar documentos sigilosos que registram o que aconteceu no Chile e demonstram como seu próprio aparato oficial atuou durante os anosAllende.
O governoBoric foi responsável por solicitar este material a Washington.
“É natural que um país que sofreu um trauma desta natureza possa tratarreconstituir como e por que este trauma aconteceu”, explica Valdés.
O embaixador destaca que o governo americano — que ele classifica como “amigo” — respondeu que iria trabalhar para extinguir a confidencialidade do material sobre o período do golpe militar no Chile que permanecesegredo.
“Queremos entender que, ao tornar públicos os documentos que nos serão entregues, os Estados Unidos estão declarando, na verdade, que isso nunca deveria ter acontecido”, afirma o diplomata.
“Pois todos os documentos que estamos lendo sãouma intervenção totalmente indevida, muitas vezes brutal, nos assuntos internos do Chile.”
Os arquivos revelados indicam que, no auge da Guerra Fria, a principal preocupação dos Estados Unidos sobre Allende era a possibilidadeque seu governo socialista (o primeiro a chegar ao poder pela via democrática) pudesse “consolidar-se e projetar ao mundo uma imagemsucesso”, segundo explicou o próprio Nixon ao seu ConselhoSegurança Nacional,novembro1970.
Para impedir esta situação, os arquivos demonstram que Washington boicotou a presidênciaAllende, desdeeleição naquele ano. Os Estados Unidos realizaram então operações sigilosas, tentando evitar que o Congresso chileno ratificassevitória.
Por meio da CIA,agênciainteligência, Washington apoiou um plano fracassadosequestrar o comandante-chefe do Exército chileno, René Schneider, que defendia o cumprimento da Constituição do país e acabou sendo assassinado.
Após a posseAllende, os Estados Unidos tentaram sufocar o governo, debilitando a economia chilena ou financiandooposição.
A documentação disponível também indica que Kissinger foi importante para que os Estados Unidos apoiassem o regimePinochet nos seus primeiros anos, apesar das preocupações com suas graves violações dos direitos humanos que surgiamtodo o mundo, incluindoalguns círculos políticosWashington.
Em resposta ao pedido chileno, o governo do presidente americano Joe Biden revelou, no finalagosto, mais dois arquivos secretos: os relatórios da CIA que foram recebidos por Nixon nos dias 8 e 11setembro1973.
O primeiro relatório advertia o presidente sobre uma possível tentativagolpe militarChile. Segundo a CIA, Allende acreditava que “a única solução é política”.
O segundo relatório, recebido no mesmo dia do golpe, indicava que os militares chilenos estavam “decididos a restabelecer a ordem política e econômica”, embora talvez não contassem com “um plano coordenado e eficaz que aproveitasse a ampla oposição civil”.
O DepartamentoEstado dos Estados Unidos afirma que a divulgação destes documentos, além dos milharesoutros papéis revelados anteriormente, demonstra seu compromissocolaboração com o Chile,forma coerente com os “esforços conjuntos para promover a democracia e os direitos humanos”.
Esta ação foi aplaudida pelos que defendem que Washington trate com mais abertura suas ações durante o golpe militar chileno, embora alguns considerem que ainda haja muito por fazer.
Joaquín Castro é o congressista democrata que ocupa o mais alto posto no subcomitêassuntos exteriores para o Hemisfério Ocidental da CâmaraRepresentantes dos Estados Unidos.
Ele acredita que é preciso identificar e revelar os registros restantes sobre o episódio para reconhecer o que aconteceu.
“Se os Estados Unidos quiserem ter relações honestas com a América Latina, precisamos ser honestos sobre nossa cumplicidade do passado e tomar medidas para não repetir nossos erros no futuro”, afirmou Castro à BBC.
Recentemente, Joaquín Castro visitou Santiago com uma delegaçãolegisladores norte-americanos.
O grupo incluiu a deputada Alexandria Ocasio-Cortez, que também pediu que Washington tire a confidencialidade dos documentos sobre o golpeEstado no Chile e assuma “plena e publicamente a responsabilidade” pelo seu papel histórico na região.
‘Criar as condições’
A questão sobre um possível pedidodesculpasWashington pela derrubada da democracia chilena foi apresentada pela primeira vez pouco depois do golpe militar.
Em 1977, o diplomata norte-americano Brady Tyson expressou, perante a ComissãoDireitos Humanos das Nações UnidasGenebra, na Suíça, o “mais profundo arrependimento” pelo papel do seu país na subversão do governoSalvador Allende.
Mas, horas depois, o então presidente dos Estados Unidos, Jimmy Carter, classificou a declaração como “inadequada”.
E o DepartamentoEstado americano afirmou que Tyson havia se pronunciadocaráter pessoal, sem aprovação prévia — e o chamouvolta para Washington.
Este episódio demonstrou como o assunto era delicado para a Casa Branca.
O próprio Carter, quando era candidato democrata à presidência, havia criticado o governo republicano que o precedeu por ter “derrubado um governo eleito e ajudado a estabelecer uma ditadura militar” no Chile.
E, para justificarposição enquanto presidente, Carter mencionou uma investigação realizada por um comitê do Senado americano,1975, sobre as ações sigilosas dos Estados Unidos no Chile.
Na ocasião, não foram encontradas provas do envolvimento diretoWashington no golpe militar.
O especialista do ArquivoSegurança NacionalWashington Peter Kornbluh passou décadas investigando o episódio.
Ele afirma que, embora “os documentos dos Estados Unidos não demonstrem papel direto do governo norte-americano e da CIA no golpe propriamente dito, eles evidenciam três anosesforços para desestabilizar o Chile”.
“Os registros desclassificados mostram que a intenção dessas operações era garantir o fracassoAllende e criar condições para que ele pudesse ser derrubado”, diz Kornbluh à BBC News Mundo. E acrescenta que “nos três primeiros anos da ditaduraPinochet, os mais sangrentos, os Estados Unidos forneceram ajuda econômica e militar”.
Mas os tempos mudaram desde aquela época. E, recentemente, diversos países e instituições vêm se desculpando por suas ações do passado.
Foi o casooutro ex-presidente americano, Bill Clinton, que se desculpou1999 pelo apoio fornecido pelo seu país a forças militares e unidadesinteligência da Guatemala, que mataram dezenasmilharespessoas na guerra civil travada no país entre 1960 e 1996. Ele destacou que Washington “não deve repetir este erro”.
Em 2010, já no governo Barack Obama, Washington também pediu desculpas à Guatemala por experimentos realizados na década1940. Na ocasião, cientistas dos Estados Unidos infectaram deliberadamente centenaspessoas do país centro-americano com doenças venéreas, como parteestudos médicos.
Mas os Estados Unidos “nunca assumiram o custo” causado pela ruptura democrática no Chile, segundo a premiada jornalista chilena Mónica González, autora do livro La Conjura: los mil y un días del golpe (“A conspiração: os mil e um dias do golpe”,tradução livre).
“Qual foi o custo?”, pergunta González. “Não só os mais3.000 detidos, desaparecidos e executados. São os 250 mil exilados, famílias que encontramos todos os dias, atingidas por bombasfragmentação, porque ficaram despedaçadas.”
Nem Clinton, nem Obama
No ano 2000, o governo Clinton anunciou a liberaçãomilharesdocumentos antes considerados confidenciais, defendendo que o público poderia “julgar por si mesmo até que ponto as ações dos Estados Unidos debilitaram a causa da democracia e dos direitos humanos no Chile”.
“As ações aprovadas pelo governo dos Estados Unidos durante aquele período agravaram a polarização política e prejudicaram a longa tradição chilenaeleições democráticas e respeito pela ordem constitucional e pelo Estadodireito”, indicou a Casa Branca na ocasião.
Quando Obama visitou Santiago2011, durante seu primeiro mandato presidencial, um jornalista perguntou se os Estados Unidos pediriam perdão pelo que fizeram no Chile nos anos 1970. O presidente americano respondeu que não podia “falar sobre todas as políticas do passado”.
“É importante aprender com a nossa história, compreender a nossa história, mas sem nos deixarmos capturar por ela, pois temos muitos objetivos pela frente”, defendeu Obama.
O conselheiroSegurança NacionalBarack Obama para a América Latina, Dan Restrepo, afirmou posteriormente aos jornalistas que algumas das ações norte-americanas na região foram “ruins”, mas evitou entrardetalhes sobre o Chile.
A BBC News Mundo tentou falar com o governo Joe Biden sobre o papel desempenhado pelos Estados Unidos no país sul-americano meio século atrás e sobre a possibilidadeapresentaçãoum pedidodesculpas pelo episódio.
Mas a Casa Branca não respondeu até a publicação desta reportagem.
“Os governos não gostamse desculpar, nemadmitir erros”, afirma Kornbluh. “Certamente, há uma posição nacionalista [ou] legal.”
Mas ele acrescenta que “50 anos depois, é o casoexpressar o profundo pesar pelas operações secretas para minar o processo constitucional no Chile” e “pelo papel dos Estados Unidos no apoio à estruturarepressão”Pinochet.
“Acredito que estes dois fatos violam os valores do povo norte-americano e são relevantes hoje, pois muitos países, incluindo os próprios Estados Unidos, enfrentam a ameaça do autoritarismo e a perdaforça das instituições democráticas”, conclui o analista.