Guerras, eleições e 'fim da luagalera bet não pagamel': os obstáculos à relevânciagalera bet não pagaLula no G7:galera bet não paga
Neste ano, o “fator novidade” já não é mais um benefício extra para Lula, que tem a missãogalera bet não pagaencontrar holofotes para assuntosgalera bet não pagainteresse do Brasil – quegalera bet não paganovembro sedia a cúpula do G20, no Riogalera bet não pagaJaneiro –, ao mesmogalera bet não pagaque uma sériegalera bet não pagadoresgalera bet não pagacabeça o aguardam no Brasil.
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Na Itália, os principais obstáculos na disputa por atenção internacional estão no volume e na urgênciagalera bet não pagatemas que preocupam os países do G7.
Ou seja, como competir por atenção internacionalgalera bet não pagaum contexto que inclui: anogalera bet não pagaeleição nos Estados Unidos e no Reino Unido, recente avanço dos partidosgalera bet não pagadireita radical pela Europa, dissolução do parlamento francês – além, é claro, principalmente, das guerras na Ucrânia egalera bet não pagaGaza.
Uma toneladagalera bet não pagacocaína, três brasileiros inocentes e a busca por um suspeito inglês
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“O Lula teve muita visibilidade no ano passado, e terá hoje uma participação menos visível”, afirma Rubens Barbosa, ex-embaixador do Brasilgalera bet não pagaLondres (1994-99) egalera bet não pagaWashington (1999-2004), antesgalera bet não pagaelencar os temas mais urgentes para países do grupo.
A cientista política Fernanda Nanci Gonçalves, professoragalera bet não pagaRelações Internacionais na Universidade do Estado do Riogalera bet não pagaJaneiro (UERJ), diz que Lula segue com “prestígio internacional” e “é uma liderança carismática”. Aponta, no entanto, que o Brasil “não é o mesmo paísgalera bet não pagasuas primeiras gestões, não tem a mesma pujança econômica e a região está desorganizada, sem que o país se apresente como uma liderança regional forte, com capacidadegalera bet não pagaarticulação”.
Diz, ainda, que o “o papel do país como mediadorgalera bet não pagaconflitos internacionais também não está forte nesse momento”.
Tudo isso, diz a professora, atrapalha “a capacidadegalera bet não pagainfluenciar os rumos das discussões internacionais”.
Procurado pela reportagem, o Palácio do Planalto reforçou que “o Brasil vai sediar o G20 e está participando [do G7] nesse contexto”.
Nesse cenário, quais assuntos Lula deve levar ao G7 – e com quais tópicos o presidente deve tomar cuidado, segundo analistas?
Taxaçãogalera bet não pagasuper-ricos, clima e combate à fome
A previsão é que Lula fale no G7 sobre redução da fome e da desigualdade; transição energética e mobilização contra mudança do clima; alémgalera bet não pagataxação dos super-ricos.
A criaçãogalera bet não pagauma taxação global sobre a riquezagalera bet não pagabilionários vem sendo defendida pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad – que já apresentou a ideia inclusive para o papa Franciscogalera bet não pagavisita no iníciogalera bet não pagajunho. A ideia é destinar os recursos para medidasgalera bet não pagacombate à fome e às mudanças climáticas.
Fernanda Gonçalves considera um “tema sensível e difícilgalera bet não pagaendereçar” e diz que não é um consenso, embora alguns países tenham sinalizado positivamente com o interessegalera bet não pagadiscuti-lo.
Nesse ponto, Casarões diz que Lula tentará “alavancar partes importantes da pauta econômica do governo junto aos seus interlocutores ocidentais”.
O professor avalia que a ideia do governo brasileiro é buscar apoio a temas “que são caros ao governo Lula, mas que não gozamgalera bet não pagatanto apoio interno”.
“Acho que o governo vai tentar fazer uma espéciegalera bet não pagamanobra internacional para legitimar certas pautas – principalmente no campo econômico – que sãogalera bet não pagainteresse do governo e para as quais não há consenso interno muito bem definido. Pode ser que o uso dessa plataforma internacional sirva, para o governo legitimargalera bet não pagamaneira mais claragalera bet não pagaagenda”.
A participação no encontro do G7, segundo Casarões, gera para o Brasil uma “expectativa importantegalera bet não pagaalavancar a posição da política externa brasileira, principalmente tendogalera bet não pagavista reunião do G20, egalera bet não pagacolocar o Brasil como um país responsável economicamente, uma espéciegalera bet não pagaliderança do Sul Global também no campo econômico”.
Durante os encontros no âmbito do G7, há também previsãogalera bet não pagaque Lula fale sobre a proposta do governo brasileirogalera bet não pagacriar uma Aliança Global contra a Fome e a Pobreza no âmbito do G20, com lançamento previsto para novembro, quando o Brasil sedia a cúpula, no Riogalera bet não pagaJaneiro.
Para Rubens Barbosa, ex-embaixadorgalera bet não pagaLondres e Washington, o Brasil deve estar focadogalera bet não pagareafirmar seu papel no G20 e na COP 30, que o país sediará. “Esses dois encontros projetam o Brasil no cenário global.”
A viagemgalera bet não pagaLula à Europa, que começou com uma participação no fórum da Coalizão Global pela Justiça Social,galera bet não pagaGenebra, é a primeira saídagalera bet não pagaLula do Brasil desde as inundações que afetam o Rio Grande do Sul.
Para analistas ouvidos pela reportagem, Lula deve destacar o ocorrido. Casarões diz que dar ênfase na tragédia é uma formagalera bet não paga“chamar atenção do mundo para a urgênciagalera bet não pagauma pauta climática unificada”.
Na volta ao Brasil, Lula também terágalera bet não pagalidar com uma sériegalera bet não pagareveses domésticos importantes para seu governo.
Elas incluem a anulaçãogalera bet não pagaum leilão para compragalera bet não pagaarroz após suspeitasgalera bet não pagafraude, paralisações e grevesgalera bet não pagaservidores, a devolução pelo Congressogalera bet não pagauma medida considerada fundamental no esforço para equilibrar as contas federais, além da decisão da Polícia Federalgalera bet não pagaindiciar o ministro das Comunicações, Juscelino Filho (União Brasil), pelos crimesgalera bet não pagacorrupção passiva, fraudegalera bet não pagalicitações e organização criminosa, sob a suspeitagalera bet não pagater desviado recursosgalera bet não pagaemendas parlamentares, quando era deputado federal.
Reuniõesgalera bet não pagaLula na Itália
Na tardegalera bet não pagasexta-feira (14/6, horário local), Lula e outros líderesgalera bet não pagapaíses convidados participamgalera bet não pagareunião com lideranças do G7, e com o papa Francisco, cujo tema determinado pelo G7 inclui inteligência artificial, energia, África e Mar Mediterrâneo.
O encontro ocorregalera bet não pagaBorgo Egnazia, na região italiana da Puglia, um resort onde Madonna passou férias e o cantor Justin Timberlake e a atriz Jessica Biel se casaram.
O acesso da imprensa ao local é muito restrito, e a estrutura para jornalistas fazerem a cobertura do evento foi montadagalera bet não pagaum centrogalera bet não pagaconvençõesgalera bet não pagaBari, a cercagalera bet não paga60 km do local onde estão os líderes.
Entre os países convidados, além do Brasil, estão Índia, Quênia, Tunísia e Argentina. Não há previsãogalera bet não pagareuniãogalera bet não pagaLula com Milei, segundo o Itamaraty.
Além da reunião entre países-membro do G7 e líderes convidados, Lula terá encontro bilateral com o papa Francisco – pedido pelo governo brasileiro.
Também terá encontros bilaterais, na sexta e no sábado (15/6), com líderes da Índia (Narendra Modi), da França (Emannuel Macron), e da Comissão Europeia, (Ursula von der Leyen), Turquia (Recep Tayyip Erdoğan), Alemanha (Olaf Scholz) e Itália (Meloni).
A previsão é que o presidente retorne ao Brasil no sábado.
No primeiro dia da cúpula do G7, na quinta-feira, foi anunciado um acordo para criaçãogalera bet não pagaum fundogalera bet não pagaUS$ 50 bilhões utilizando lucrosgalera bet não pagaativos russos congelados para ajudar a Ucrânia.
No mesmo dia, os presidentes dos EUA, Joe Biden, e da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, assinaram acordogalera bet não paga10 anos para reforçar as defesas ucranianas contra a Rússia.
'Lula versus Lula'
Lula foi convidado para reunião do G7 pela primeira vezgalera bet não paga2003 e, desde então, o Brasil soma oito participações.
Isso, segundo Casarões, reflete um interesse “do mundo ocidentalgalera bet não pagater o Brasil ao seu lado”
O que, então, torna a participaçãogalera bet não pagaLula neste ano diferentegalera bet não paga2023?
“No ano passado, a intenção dos membros do G7 ao trazer o Brasil era demarcar uma diferença entre Bolsonaro, um presidente que teve ele muitas rusgas com o Ocidente – brigou com a Alemanha, brigou com a França, brigou com Biden – e um Lula muito mais afeito a ter um bom relacionamento com o mundo ocidental”, diz.
Em 2024, continua Casarões, existe outra percepção.
“Não é o Lula versus o Bolsonaro – que é uma comparação, aliás, muito fácil – mas é Lula versus Lula. É o Lula pós guerragalera bet não pagaGaza,galera bet não pagaque o Brasil aparenta estar se posicionandogalera bet não pagamaneira muito mais contundente, aberta e vocal, no sentidogalera bet não pagaapoiar a Rússia, a China, a condenaçãogalera bet não pagaIsrael como um país que está cometendo um genocídio na Faixagalera bet não pagaGaza”, afirma. “Então parece que é uma inflexão da política externa brasileira para longe do ocidente”.
Por isso, diz o professor, o mais recente convite do G7 a Lula também é “uma formagalera bet não pagacortejar o Lula egalera bet não pagatentar forçá-lo a uma posição mais equilibrada entre o ocidente e os atuais inimigos do ocidente, notadamente Rússia e China –, mas também esse pedaço do Sul Global que vem se posicionandogalera bet não pagamaneira cada vez mais contundente e crítica contra Israel também".
No atual contexto, Rubens Barbosa considera que o Brasil “não pode ser ignorado” pelos países mais ricos. “É a oitava economia do mundo, tem uma posição muito importante no G20, na COP, nos Brics. É normal que eles convivem o Brasil”, diz.
“No ano passado, foi simbólica a volta do Brasil. Este ano o Brasil foi convidado porque os temasgalera bet não pagameio ambiente e transição energética e segurança alimentar não podem acontecer sem a presença do Brasil.”
Barbosa acrescenta que o governo brasileiro “deveria se limitar a esses temasgalera bet não pagaque o Brasil tem uma contribuição a dar”.
E quais temas poderiam colocar o Brasil numa posição difícil no G7?
Avanço da direita radical na Europa e a guerragalera bet não pagaGaza
O recente resultado das eleições para o Parlamento Europeu, que mostrou um avanço da direita radical, é um tema que Lula deve evitar discutir na Itália, segundo os analistas ouvidos pela reportagem.
“Um pronunciamento descuidado do presidente sobre esse tópico pode trazer repercussão negativa”, diz Gonçalves.
Em entrevista no Itamaraty sobre a viagemgalera bet não pagaLula à Itália, o embaixador Maurício Carvalho Lyrio, secretáriogalera bet não pagaAssuntos Econômicos e Financeiros do Ministério das Relações Exteriores, foi questionado sobre o tema e disse que “a atmosfera política na Europa é uma questão europeia”. “Não é um tema previsto na discussão dos líderes do G7 com os demais países.”
Casarões também aposta que Lula evitará entrar nesse tema porque “não vai querer jogar mais gasolina nessa fogueira”.
“Ele tem demonstrando um senso muito apurado, nesse sentido,galera bet não pagasó falar sobre esse tema quando o contexto é favorável – por exemplo, nos encontros dele com Biden falou-se do combate à extrema direita porque bolsonarismo e trumpismo são fenômenos muito próximos”, disse.
A reunião do G7 ocorre dias após o resultado da eleição para o Parlamento Europeu, que revelou o avanço da direita radical europeia. O resultado fortalece o destaque da anfitriã do encontro deste ano, a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, que se elegeu com uma plataforma consideradagalera bet não pagadireita radical.
Em Genebra, Lula disse na quinta-feira que a democracia como é conhecida atualmente está sob risco, ao comentar as eleições na Europa.
“O negacionista nega as instituições, nega aquilo que é o Parlamento, aquilo que é a Suprema Corte, aquilo que é o Poder Judiciário, aquilo que é o próprio Congresso. Ou seja, são pessoas que vivem na base da construçãogalera bet não pagamentiras”, afirmou.
Outros temas sensíveis que Lula deve evitar nesta viagem ao exterior, segundo os entrevistados, é Israel e Gaza – sem esquecer, ainda, da guerra na Ucrânia.
Lula hoje é considerado "persona non grata" pelo governogalera bet não pagaIsrael, depoisgalera bet não pagater feito uma comparação entre a guerragalera bet não pagaGaza e o Holocausto durante a cúpula da União Africana, no início deste ano. A falagalera bet não pagaLula repercutiu internacionalmente e gerou críticas, sobretudogalera bet não pagagrupos judeus, com acusaçõesgalera bet não pagaque a comparação feita pelo presidente brasileiro se tratougalera bet não pagaantissemitismo.
Casarões diz que Lula, se pressionado a falar sobre o tema, terá que “ser muito sereno e medirgalera bet não pagaalguma forma as palavras – não mudando a posição no Brasil a essa altura, mas certamente evitando o usogalera bet não pagapalanques internacionais como no caso da União Africana, que fez comparação com o Holocausto”.
“Essas coisas deram muita munição para o bolsonarismo taxar o Lulagalera bet não pagaantissemita e criar uma polarização ainda mais acentuadagalera bet não pagacima desse posicionamento a respeito do conflito entre Israel e palestinos”, disse Casarões.
Em Genebra, na quinta-feira, Lula disse que a faltagalera bet não pagadiálogo entre as autoridades da Ucrânia e da Rússia sinaliza que eles "estão gostando da guerra".
"Tem que ter um acordo. Agora, se o Zelensky diz que não tem conversa com Putin, Putin diz que não tem conversa com Zelensky, é porque eles estão gostando da guerra. Senão, já tinham sentado para conversar e tentar encontra uma solução pacífica", afirmou.
O que é o G7?
O G7 – originalmente G6 – foi criadogalera bet não paga1975, como uma iniciativa do presidente francês Valéry Giscard d’Estaing. Além da França, incluía EUA, Reino Unido, Alemanha, Japão e Itália. O Canadá entrou para o grupogalera bet não paga1976.
Naquele momento, depois da crise do petróleogalera bet não paga1973, o objetivo era reunir os países mais industrializados do mundo à época para tratargalera bet não pagaquestõesgalera bet não pagapolítica econômicagalera bet não pagainteresse comum.
De 1997 a 2013, a Rússia também fez parte, mas foi suspensa após a invasão da Crimeia.
O grupo hoje não reúne mais as sete maiores economias do mundo. China e Índia são, respectivamente, a segunda e a quinta maiores economias do mundogalera bet não pagaPIB nominal, segundo dados compilados pelo FMI no ano passado.
Com o passar dos anos, o G7 ampliou seu foco. Se inicialmente estava concentrado só nos desafios econômicos, hoje também tratagalera bet não pagaoutros assuntos que considera questões globais.
A presidência do grupo é rotativa entre as nações que compõem o G7 e muda anualmente. O país que preside o G7 recebe a cúpula e define agendas e prioridades. Depois da Itália, neste ano, o próximo será o Canadá.