A vida duplasite de aposta f1Dominique Pelicot: quem é o homem que dopou e estuprou a esposa, Gisèle Pelicot:site de aposta f1
Cada especialista estava procurando pistas para explicar como este aposentado aparentemente cordial poderia ter cometido crimes tão grotescos e enganadosite de aposta f1vítima indefesa por tanto tempo.
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Fim do Matérias recomendadas
Em todos os anossite de aposta f1que entrevistou centenassite de aposta f1estupradores e suspeitossite de aposta f1estuprosite de aposta f1nome da polícia esite de aposta f1promotores franceses, Layet nunca havia se deparado com alguém como este ex-eletricistasite de aposta f1cabelos grisalhos, que aguardava calmamente o julgamento por dopar a esposa, Gisèle Pelicot, e convidar dezenassite de aposta f1estranhos para estuprá-la enquanto ela estava deitada, inconsciente, no quarto do casal.
"Algo não estava batendo. Nunca havia me deparado com um caso tão excepcional", lembra-se Layetsite de aposta f1ter pensado na época.
Uma toneladasite de aposta f1cocaína, três brasileiros inocentes e a busca por um suspeito inglês
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Ao finalsite de aposta f1um julgamento exaustivosite de aposta f1quatro meses que causou revoltasite de aposta f1toda a França esite de aposta f1outros países — mesmo que as pessoas tenham sido inspiradas pela dignidade e coragemsite de aposta f1Gisèle —, o comportamento confiantesite de aposta f1Dominique Pelicot, uma presença imponente no tribunalsite de aposta f1Avignon, permaneceu intacto.
Ésite de aposta f1se esperar que um homem na posiçãosite de aposta f1Pelicot — um predador sexual e estuprador mundialmente odiado, enfrentando a perspectiva quase certasite de aposta f1morrer na prisão — tenha uma aparência deplorável. E houve um punhadosite de aposta f1breves momentossite de aposta f1que ele chorou, abertamente, no tribunal — geralmente para si mesmo.
Mas, na maior parte do tempo, ele fazia uma pose imperiosa, com o microfone do tribunalsite de aposta f1uma das mãos, o corpo curvadosite de aposta f1uma cadeira semelhante a um trono (para acomodar os problemassite de aposta f1saúde do réu), às vezes parecendo entediado, eventualmente intervindo como um mestresite de aposta f1cerimônias na tentativasite de aposta f1colocar um grupo indisciplinado — os outros 50 homens que estavam sendo julgados com ele — no seu lugar.
"Eu sou um estuprador, como os outros nesta sala. Eles sabiamsite de aposta f1tudo", ele afirmou, falando com a confiançasite de aposta f1um homem que presumia que suas palavras poriam fim a qualquer outra discussão.
Mas o que devemos pensar dessa performance dominadora? E o que realmente aprendemos sobre essa figurasite de aposta f1cabelos grisalhos, comsite de aposta f1bengala e cachecol pretos, sentadosite de aposta f1uma celasite de aposta f1vidro; este estupradorsite de aposta f1série cuja crueldade quase foi ofuscada no imaginário popular pela dignidade e coragem demonstradas porsite de aposta f1ex-esposa?
Layet encontrou Dominique pela primeira vez no fim do verãosite de aposta f12020site de aposta f1uma delegaciasite de aposta f1polícia na cidade vizinhasite de aposta f1Carpentras, logo apóssite de aposta f1prisão por filmar mulheressite de aposta f1um supermercado local por baixosite de aposta f1suas saias.
Chamado para avaliar Pelicot, Layet notou como ele rejeitou seu crime, como um avô refinado pego embolsando alguns cigarros.
Layet detectou uma "dissonância" no comportamento dele, e a forte sugestãosite de aposta f1que ele estava escondendo algo mais sério.
Ele disse à polícia que este caso merecia uma inspeção mais detalhada.
No tribunal, anos depois, após duas longas entrevistas na prisão com Pelicot e com maissite de aposta f120 dos outros acusados, Layet apresentou uma avaliação mais detalhada ao painelsite de aposta f1juízes.
Como uma testemunha especialista ponderada e eloquente, Layet enfatizou que Pelicot não apresentava sinaissite de aposta f1transtorno mental grave. Ele não poderia ser considerado um "monstro". Tampouco era psicótico — incapazsite de aposta f1distinguir a realidade da ficção.
Havia uma "fissura", uma divisão, na personalidadesite de aposta f1Pelicot.
Uma testemunha mais performática poderia ter se inspirado na cultura popular para compará-lo ao personagem atormentadosite de aposta f1O médico e o monstro, ou talvez a Hannibal Lecter, emsite de aposta f1celasite de aposta f1prisãosite de aposta f1O Silêncio dos Inocentes.
Em vez disso, Layet recorreu a uma imagem mundana.
"Quase como um HD (hard drive, disco rígido que guarda a memóriasite de aposta f1um computador)", ele sugeriu.
Uma metáfora adequada, já que Pelicot havia armazenado evidênciassite de aposta f1vídeosite de aposta f1seus crimessite de aposta f1um cartãosite de aposta f1memóriasite de aposta f1computador.
Mais tarde,site de aposta f1uma entrevista à BBCsite de aposta f1seu consultóriosite de aposta f1Carpentras, Layet explicou que a mentesite de aposta f1Pelicot havia se dividido, ao longo do tempo, como um discosite de aposta f1computador partido,site de aposta f1duas "partes estanques... sem qualquer vazamento entre elas. Sua personalidade dividida é muito eficaz e muito sólida. Ou temos o 'Sr. Pelicot normal' ou o outro Sr. Pelicot à noite, no quarto".
Solicitado no tribunal a explicar esse "outro" Pelicot, Layet disse que havia detectado uma sériesite de aposta f1anormalidades emocionais e sexuais. Elas são, talvez, mais claramente capturadas na versão originalsite de aposta f1francês,site de aposta f1um documento da acusação, ao qual a BBC teve acesso:
"Egocentrisme, fragilite narcissique, perturbations emotionnelles… une deviance paraphilique melant candaulisme, voyeurism et somnophilie."
Em tradução livre: "Egocentrismo, fragilidade narcisista, distúrbios emocionais... um desvio parafílico que combina 'candaulismo' [exporsite de aposta f1parceira a outras pessoas para obter prazer sexual], voyeurismo e sonofilia."
A própria advogadasite de aposta f1defesasite de aposta f1Pelicot, Beatrice Zavarro, abraçou com entusiasmo a teoria da "personalidade dividida"site de aposta f1seus argumentos finais no julgamento. Ela sugeriu que o jovem encantador por quem Gisèle Pelicot havia se apaixonado e com quem rapidamente se casou,site de aposta f11973, "não era o homem que a havia machucado".
Mas não foi isso que Layet — ou os outros psiquiatras que consultamos para esta reportagem — quis dizer.
Pode haver dois lados no comportamentosite de aposta f1Pelicot, mas há apenas um sistema operacional — para usar a metáforasite de aposta f1informáticasite de aposta f1Layet —, que controla seus impulsos cruéis e privados e seu comportamento público.
Uma maneira mais simplessite de aposta f1dizer isso é que Pelicot tem um transtornosite de aposta f1personalidade antissocial — termo preferido pelos psiquiatras atualmente,site de aposta f1vezsite de aposta f1psicopata ou sociopata. Vários especialistas concluíram que este é um diagnóstico razoável para ser usado no contexto da mente distorcidasite de aposta f1Pelicot.
Ele não é "louco" — não pode alegar o comprometimento do seu estado mental para reduzir a responsabilidade por suas ações. Mas ele apresenta traços bem estabelecidossite de aposta f1um transtornosite de aposta f1personalidade caracterizado pela faltasite de aposta f1empatia por outros seres humanos. Esses traços podem ter sido acentuados pelo abuso sexual que sofreu na infância.
O que nos leva a outra questão fundamental. Será que Pelicot só se tornou um estuprador quando se aposentou, ou ele já atacava mulheres muito antessite de aposta f1começar a drogar a esposa?
Sentada nos fundos do tribunalsite de aposta f1uma tardesite de aposta f1terça-feira, no fim do julgamento, cercada por jornalistas que usavam seus laptops, Florence Rault olhava para Dominique Pelicot com especial repulsa.
"Pode-se presumir que o que aconteceusite de aposta f1Mazan... é apenas o ponto culminantesite de aposta f1um longo processo", disse ela mais tarde,site de aposta f1uma entrevista à BBC.
Rault, uma advogada especializadasite de aposta f1casos criminais, sabiasite de aposta f1algo profundamente perturbador sobre Pelicot — denúnciassite de aposta f1crimes terríveis, possivelmente mais chocantes do que aqueles pelos quais ele estava prestes a ser condenado.
Durante muitos anos, ela lutou por justiça para duas mulheres que foram vítimassite de aposta f1provações violentas na décadasite de aposta f11990.
Maissite de aposta f120 anos antes dos estupros pelos quais foi condenado agora —site de aposta f11999 —, Pelicot foi acusadosite de aposta f1agredir e tentar estuprar uma agente imobiliáriasite de aposta f123 anos, conhecida pelo pseudônimosite de aposta f1Marion, nos subúrbiossite de aposta f1Paris. Ela conseguiu revidar e escapar do agressor.
Ele acabou admitindo que estava presente na cena do crimesite de aposta f12021, depois que o DNA dele foi finalmente encontrado —site de aposta f1uma manchasite de aposta f1sangue no sapato da vítima. Mas ele continua negando que tenha tentado estuprá-la, e a investigação continua.
"Quando disseram a ele que seu DNA havia sido encontrado na cena do crime, ele disse: 'Sim, sou eu'", recorda Rault.
E essa descoberta rapidamente levou à conexão com um caso ainda mais antigo. Em 1991, outra jovem agente imobiliária, Sophie Narme, havia sido estuprada e assassinada. Embora a evidência crucialsite de aposta f1DNA tenha desaparecido, as semelhanças entre as cenas são tão impressionantes que Pelicot está sendo investigado pelo crime, que ele nega. Uma busca por outras possíveis conexões com crimes mais antigos também estásite de aposta f1andamento.
Rault não está esperando mais nenhuma confissãosite de aposta f1Pelicotsite de aposta f1relação aos casos antigos.
"Até que ele seja confrontado com evidências incontestáveis, ele vai negar [tudo]", disse Rault, que uma vez sentou-se ao ladosite de aposta f1Pelicotsite de aposta f1uma audiência, e ficou impressionada, assim como Layet, com seu comportamento 'relaxado, bastante sereno'.
Rault agora o observou no tribunalsite de aposta f1Avignon, e notou o mesmo comportamento. Ela também viu como Pelicot negou enfaticamente,site de aposta f1meio a lágrimas, ter drogado e estuprado a própria filha, Caroline, apesarsite de aposta f1ter tirado fotos profundamente perturbadoras dela dormindo, e sem o seu conhecimento.
"Ela está convencidasite de aposta f1que ele também abusou sexualmente dela. Mas como não temos nenhuma evidência formal, como DNA, para apresentar a ele, é claro que ele vai continuar a negar", afirmou Rault, argumentando que, para Caroline, a agonia da incerteza era tão cruel e traumática quanto o sofrimentosite de aposta f1uma vítima que sabia exatamente o que havia acontecido com ela.
A atitudesite de aposta f1Pelicotsite de aposta f1relação à família no tribunal foi muitas vezes reveladora. Layet destacou que o acusado se concentrava narcisisticamente no amor quesite de aposta f1esposa e filhos sentiam por ele, e não emsite de aposta f1traição à confiança deles.
Para Pelicot, isso "começou como uma históriasite de aposta f1amor", e ele "não quer que isso seja ignorado", observou o psiquiatra.
Mas Rault tinha ido ao tribunalsite de aposta f1buscasite de aposta f1outros sinais. Acimasite de aposta f1tudo, ela queria confirmarsite de aposta f1sensaçãosite de aposta f1que os crimessite de aposta f1Pelicot foram altamente premeditados.
"Os estupradoressite de aposta f1série... geralmente têm um impulso. Eles cometem o estupro. Vão embora, e depois se esquecem. Este não é o casosite de aposta f1[Pelicot]site de aposta f1forma alguma", ela disse.
Rault relembrou as ações metódicas do agressorsite de aposta f1Marion dentro da agência imobiliáriasite de aposta f11999. A maneira como ele havia arrumado uma desculpa para voltar ao carro — quase certamente para pegar uma corda e um frascosite de aposta f1éter para dopá-la.
Em seguida, Rault observou que o homem na celasite de aposta f1vidro no tribunalsite de aposta f1Avignon demonstrou um autocontrole semelhante — e viu isso como mais uma provasite de aposta f1que se tratavasite de aposta f1um criminoso profundamente calculista.
"Quando ele diz que tem impulsos, e age por impulso, não é nada disso. Ele é muito calmo."
No mesmo diasite de aposta f1que Rault esteve no tribunalsite de aposta f1Avignon, eu estava sentado perto dela. Gisèle Pelicot estava a alguns metros à nossa direita. Dezenassite de aposta f1acusados estavam sentados à nossa frente. Dominique Pelicot estava no lado esquerdo da sala.
Durante um intervalo, fui até ele. De acordo com a lei francesa, os jornalistas não têm permissão para falar com o acusado. Em vez disso, fiqueisite de aposta f1pé por um tempo, e o observei sentado emsite de aposta f1cadeira, atrás da paredesite de aposta f1vidro, com uma mão na bengala.
Até que ele virou a cabeça na minha direção, e olhou fixamente para mim por 20 segundos, embora tenha parecido muito mais tempo.
Sua expressão não mudou. Ele não pareceu piscar. E então, como um homem entediado que troca canaissite de aposta f1televisão igualmente entediantes, ele desviou o olhar.