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O desconhecido fascínioapostas na bet365Freud pela América Latina :apostas na bet365
Uma nova exposição na Museu Freud, localizado no nordesteapostas na bet365Londres, onde o pai da psicanálise morreuapostas na bet365setembroapostas na bet3651939, fala sobre essa conexão.
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Fim do Matérias recomendadas
Por meioapostas na bet365cartas privadas, fotografias, esculturas e livros, a exposição explora o tremendo impactoapostas na bet365Freud na América Latina, a tal ponto que hoje a região é reconhecida como um importante centroapostas na bet365psicanálise.
Além disso, a mostra revela o fascínio do médico e pesquisador austríaco pelo continente, estabelecendo relações estreitas com cientistas brasileiros, peruanos e chilenos, entre outros.
'Sobre a coca'
Mas como começou a ligaçãoapostas na bet365Freud com a América Latina?
Segundo os pesquisadores, a resposta tem a ver com o uso da coca.
Como se sabe, na décadaapostas na bet3651880, o investigador interessou-se por esta droga — que na altura não era ilegal — e descobriu que a digestão e o humor melhoravam após beber água misturada com cocaína dissolvida.
As descobertasapostas na bet365Freud a esse respeito foram registradasapostas na bet365um artigoapostas na bet3651884 chamado Über Coca ("Sobre a Coca",apostas na bet365tradução livre), onde pela primeira vez a América Latina é mencionadaapostas na bet365umapostas na bet365seus escritos, ao explorar o uso tradicional da folha da planta coca no Peru e na Bolívia.
"A relaçãoapostas na bet365Freud com a América Latina começa com as pesquisas sobre o uso da coca como medicamento ritual no continente. Foi seu primeiro contato intelectual [com a região]", explica Mariano Ben Plotkin, especialistaapostas na bet365história da psicanálise e autor do livro Estimado doctor Freud: una historia cultural del psicoanálisis en América Latina (“Querido Doutor Freud: uma história cultural da psicanálise na América Latina”,apostas na bet365tradução livre).
O historiador acrescenta que para isso foi útil o domínio do espanhol, língua que ele aprendeu ainda criança, como autodidata, para poder ler Dom Quixote,apostas na bet365Miguelapostas na bet365Cervantes, no original.
"Freud fez um trabalho único sobre o uso anestésico da coca, que hoje é muito controverso", acrescenta Plotkin.
Anos depois desses estudos, o médico deixouapostas na bet365defender os benefícios estimulantes e analgésicos da coca, enquanto surgiam notícias sobre o nívelapostas na bet365dependência e mortes por overdose.
'Amigos' latinoamericanos
Mesmo ao abandonar a coca, ele não se esqueceu da América Latina.
A partirapostas na bet365Viena, Freud continuou a estreitar laços com importantes médicos, psiquiatras e intelectuais do continente.
Talvez o mais relevante deles tenha sido Honorio Delgado, um psiquiatra peruano com quem estabeleceu uma estreita relação na décadaapostas na bet3651920 (e a quem Freud descreveu como o "primeiro amigo estrangeiro").
"Delgado veioapostas na bet365Arequipa, da classe alta peruana. Ele liderou descobertas e ensaios muito relevantes para a época, tornando-se um dos psiquiatras mais importantes do continente", explica Mariano Ruperthuz, psicanalista e acadêmico da Universidade Andrés Bello do Chile, à BBC News Mundo, o serviço da BBCapostas na bet365espanhol para a América Latina.
Freud e Delgado trocaram cartas, artigosapostas na bet365jornais e presentes durante anos. O psiquiatra peruano, junto com a esposa alemã, chegou a visitar Freud várias vezesapostas na bet365Viena.
E, embora Delgado tenha posteriormente rejeitado a psicanálise, entre 1920 e 1930 ele foi muito ativo na expansão e na propagação das ideiasapostas na bet365Freud por toda a América Latina.
Tanto que ele escreveu a primeira biografiaapostas na bet365espanhol do médico austríaco no Peru.
Freud também estabeleceu relações com ilustres médicos brasileiros, como Durval Marcondes, que falava alemão e traduziu algumas das pesquisas do psicanalista para o português.
Marcondes foi um dos membros fundadores da Sociedade Brasileiraapostas na bet365Psicanálise.
O cientista Gastão Pereira da Silva também se correspondeu com Freud e ajudou a difundir a psicanálise no Brasil. Ele chegou a dirigir um programaapostas na bet365rádio no Rioapostas na bet365Janeiro sobre a análiseapostas na bet365sonhos.
Outros nomes — como os argentinos Jorge Thenon e Gregorio Bermann e o chileno Fernandoapostas na bet365Allende Navarro — também aparecem na lista dos que mantiveram algum tipoapostas na bet365relacionamento com o pai da psicanálise. Bermann foi visitá-loapostas na bet365Viena, assim como Honório Delgado.
Além disso, na exposiçãoapostas na bet365Londres há uma cartaapostas na bet365Freud dirigida a Juan Marín, poeta, romancista e diplomata chileno, e ao ganhador do Prêmio Nobelapostas na bet365Literatura, Pablo Neruda, após o psicanalista ter recido uma ofertaapostas na bet365asiloapostas na bet365Santiago, na esteira da perseguição nazista.
Embora Freud nunca tenha aceitado tal convite, para os pesquisadores esta trocaapostas na bet365cartas reflete, mais uma vez, a estreita ligaçãoapostas na bet365Freud com o continente.
Relação 'assimétrica'
Mesmo assim, Mariano Ben Plotkin explica que esses laços entre Freud e os intelectuais latino-americanos era "bastante assimétrico" e "desigual".
"Freud pouco se importava com o que diziam sobre a psicanálise. Isso pode ser percebido nas correspondências, onde não há discussões teóricas, mas, sim, gratidão e um interesse legítimo por aquele mundo", ressalta.
"Freud aceitou desvios da psicanálise na América Latina que seriam completamente inaceitáveis na Europa. Porque para Freud essa região era uma terraapostas na bet365missão, uma provaapostas na bet365que a psicanálise havia chegado a lugares distantes e exóticos", acrescenta o historiador.
Essa ampliaçãoapostas na bet365suas teorias pela América Latina foi tremendamente importante para o médico austríaco, dizem os pesquisadores.
Prova disso foi seu estranho interesseapostas na bet365levar consigo 34apostas na bet365seus 62 livros latino-americanos — muitos dos quais com dedicatórias — quando teve que fugirapostas na bet365Viena para Londres.
Como judeu não praticante e fundador da escola psicanalítica na Áustria, Freud era considerado inimigo pela Alemanha nazista. Os estudos dele foram queimados publicamente. A família toda do médico foi vítimaapostas na bet365intensa perseguição.
Segundo Mariano Ben Plotkin, dos 34 livros latino-americanos que chegaram a Londres, "Freud não leu nenhum".
"Metade deles está escritoapostas na bet365português, e ele não lia português. Então alguém se pergunta: por que ele se deu ao trabalhoapostas na bet365carregar consigo livros que nunca leu e nunca leria na vida? Eles deveriam mostrar à posteridade que a psicanálise havia chegado a países exóticos", afirma o especialista.
Antiguidadesapostas na bet365México e Peru
Mas o acervoapostas na bet365Freud não conta apenas com livros que vieram da América Latina.
O psicanalista também guardou antiguidades da América Central e do Sul.
Embora não se saiba quando ou como adquiriu estes objetos, acredita-se que esses objetos possam ser presentes, ou foram compradosapostas na bet365antiquários europeus.
Em exposição emapostas na bet365casaapostas na bet365Londres, há uma pequena estátuaapostas na bet365terracotaapostas na bet365um homem ajoelhado que vemapostas na bet365Nayarit, no oeste do México.
Além disso, existe uma embarcação Moche com um colar do Peru que os pesquisadores acreditam ter sido presenteado por Honório Delgado.
Para Jamie Ruers, curador da exposição Freud e a América Latina, essa foi mais uma das coisas que fascinaram o médico sobre o continente.
"Se olharmos para as antiguidadesapostas na bet365Freud, ele sempre foi fascinado pelas civilizações do passado. A maioria dos objetosapostas na bet365sua coleção são da Grécia Antiga, Roma, Egito… Acho que a ideiaapostas na bet365aprender sobre culturas e civilizações antigas incríveis sempre o fascinou", disse ele.
"E Freud via a América Latina como um lugar exótico, sem dúvida", acrescenta.
A influênciaapostas na bet365Freud na região
Tudo o que foi dito acima talvez explique por que as ideiasapostas na bet365Freud foram tão bem recebidas na América Latina, a tal ponto que hoje cidades como Buenos Aires abrigam o maior númeroapostas na bet365psicanalistas do mundo.
"Quando você pensaapostas na bet365psicanálise, lugares como Viena, Paris, Londres ou Nova York vêm à mente. Mas uma nova pesquisa (divulgada com a exposiçãoapostas na bet365Londres) desafia isso, porque há outro lugar no mundo onde ela foi realmente adotada: a América Latina”, diz Jamie Ruers.
Isto se reflete não apenas no grande númeroapostas na bet365médicos do continente que seguiram os passosapostas na bet365Freud — e divulgaram seus estudos — mas também na forma como essas ideias permearam a cultura popular latino-americana.
Por exemplo, na Buenos Airesapostas na bet3651930, foi criada uma seção especial na revista feminina Idilio chamada "A psicanálise vai te ajudar", que analisava e ilustrava os sonhosapostas na bet365leitores.
O psicólogo italiano Gino Germani esteve por trás do projeto. Antes da morte do especialista, Mariano Ben Plotkin conversou com ele.
"Perguntei por que ele pensavaapostas na bet365fazer aquela seção sobre psicanálise. E ele me respondeu: 'Porque ele estava vendendo.' Nada mais que isso", diz Plotkin.
O mesmo aconteceu com uma coleção do poeta e escritor peruano Alberto Hidalgo, por meio da qual ele divulgou a obraapostas na bet365Freud.
"A coleção foi extremamente popular, abordando temas como a histeria feminina ou a origem do sexo. Foi publicado primeiro na Argentina e depoisapostas na bet365outros países da América Latina, e chegou a ser traduzido para o português", diz Plotkin.
Para o historiador, a psicanálise atraiu tanto os latino-americanos porque lhes permitiu ver "que havia a possibilidadeapostas na bet365compreender o mundoapostas na bet365outro pontoapostas na bet365vista".
Esse "outro pontoapostas na bet365vista" continua, sem dúvida, a impactar muitos latino-americanos até hoje.
E, 84 anos apósapostas na bet365morte, Freud está presenteapostas na bet365uma região que nunca visitou pessoalmente, mas que é atormentada por traumas e sonhos como aquele método que o psicanalista criou — para ouvir os primeiros e interpretar os segundos.
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