A verdade sobre a ligaçãoroleta de rifaCoco Chanel com os nazistas na 2ª Guerra:roleta de rifa
Mas um fato sobre ela é irrefutável: ela definitivamente colaborou com os nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. E pode também ter ajudado a Resistência Francesa.
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Fim do Matérias recomendadas
A mulher tão determinada a controlarroleta de rifaimagem e seu legado acabou deixando uma história emaranhada e confusa.
The New Look ("O novo visual",roleta de rifareferência ao movimento criado pelo estilista Christian Dior após a guerra) é a nova e vibrante sérieroleta de rifaTV sobre Coco Chanel e Christian Dior (1905-1957). Passada na Segunda Guerra Mundial, a série analisa a colaboraçãoroleta de rifaChanel com os nazistas, talvez oferecendo a interpretação menos desfavorável já feita sobre o tema.
The New Look é repletaroleta de rifadiálogos significativos, mas nenhuma fala é mais mencionada do que a respostaroleta de rifaDior (interpretado por Ben Mendelsohn) a um aluno da Universidade Sorbonneroleta de rifa1955. Dior era o maior astro da moda na época.
O estudante pede a ele que justifique por que ele desenhava para as esposas e namoradas dos nazistas durante a ocupação alemãroleta de rifaParis, na França, enquanto Chanel (Juliette Binoche) fechavaroleta de rifacasaroleta de rifamoda.
"Existe a verdade", ele responde, "mas sempre existe outra verdade por trás dela."
A série então retornaroleta de rifa1955 para os anosroleta de rifaguerra. Certamente, é uma obraroleta de rifaficção inspirada por fatos históricos. Mas ela indica com precisão a verdade sobre duas reações muito diferentes à mesma guerra.
As duas verdades
Uma toneladaroleta de rifacocaína, três brasileiros inocentes e a busca por um suspeito inglês
Episódios
Fim do Novo podcast investigativo: A Raposa
A verdaderoleta de rifaDior é mais simples. Ele era totalmente leal à França.
Dior continuou desenhando para os nazistas para manter e ganhar a vida. E usava o dinheiro para apoiar os heroicos esforçosroleta de rifasua irmã, Catherine (Maisie Williams), para a Resistência.
Catherine Dior (1917-2008) acabou capturada, torturada e aprisionadaroleta de rifaum camporoleta de rifatrabalhos forçados. Sua história pouco conhecida pode ser a grande descoberta da série e seu elemento mais comovente
Já os detalhes da realidaderoleta de rifaChanel são obscuros e interpretadosroleta de rifaformas muito diferentes até hoje.
Sabe-se que ela teve um longo caso amoroso com um agente nazista, Hans Günther von Dincklage (1896-1974), conhecido como Spatz (interpretado na série por Claes Bang).
Ele e outros contatos nazistas ajudaram o amado sobrinhoroleta de rifaChanel – André, que fazia parte do exército francês – a ser libertadoroleta de rifaum camporoleta de rifaprisioneiros alemão.
Também não há dúvidaroleta de rifaque ela se envolveu na chamada Operação Modelhut ("Chapéu Modelo",roleta de rifatradução livre), um esquema absurdo no qual um general nazista desonesto autorizou Chanel a viajar para Madri, na neutra Espanha.
A esperança era que ela levasse uma mensagem para seu velho amigo, o então primeiro-ministro britânico Winston Churchill (1874-1965), sugerindo a negociação do fim da guerra, ignorando Hitler sem qualquer preocupação.
O codinomeroleta de rifaChanel era Westminster, uma indicação das suas fortes ligações com o Reino Unido e, provavelmente, do seu caso amorosoroleta de rifadécadas com o duqueroleta de rifaWestminster, iniciado nos anos 1920.
A estilista também tentou fazer uso das leis arianas dos nazistas, que impediam que judeus fossem proprietáriosroleta de rifaempresas. Com base nelas, Chanel tentou retirar seus sócios judeus do controle daroleta de rifacompanhiaroleta de rifaperfumes, sem sucesso.
Coco Chanel (interpretada na série por Juliette Binoche) manteve um longo romance com o agente nazista Hans Günther von Dincklage (Claes Bang).
Alguns biógrafos e historiadores já difamaram Chanel por essas ações. Um deles foi o escritor americano Hal Vaughan (1928-2013), no seu chocante livro Dormindo com o Inimigo: A Guerra Secretaroleta de rifaCoco Chanel (Ed. Cia. das Letras, 2011).
Rhonda Garelick, uma das mais cuidadosas e astutas biógrafasroleta de rifaChanel, conclui no seu livroroleta de rifa2014 intitulado Mademoiselle: Coco Chanel and the Pulse of History ("Mademoiselle [senhorita]: Coco Chanel e o Pulso da História",roleta de rifatradução livre), que ela provavelmente acreditava na causa nazista e era motivada pela conveniência, interesse próprio e antissemitismo.
"O patriotismo sempre significou menos para ela do que o poder", escreve Garelick. "Ela nunca reconheceu as implicaçõesroleta de rifatentar invocar as leis hediondasroleta de rifaarianização dos nazistas contra seus próprios parceiros comerciais."
Mas a escritora Justine Picardie conta à BBC que "é fácil demais dizer que Chanel era nazista". Picardie é autoraroleta de rifauma biografiaroleta de rifaCatherine Dior intitulada Miss Dior (2021) e uma nova ediçãoroleta de rifainglês do seu livro Coco Chanel: A Vida e a Lenda (Ed. HarperCollins, 2011) foi publicada no ano passado.
A escritora acredita que Chanel era anglófila demais e acreditava muito na liberdade para aceitar o nazismo, ainda que fizesse uso conveniente das suas conexões nazistas. Para Picardie, a Operação Modelhut "é fascinante, mas realmente não a define".
Legado complexo
The New Look traz seu próprio ângulo da questão.
A série sugere que, exceto pelo uso das leis arianas, Chanel colaborava com os nazistas,roleta de rifagrande parte,roleta de rifaforma relutante. Afinal, ela é um dos personagens principais e os protagonistas raramente são completos vilões.
A primeira visão dela na época da guerra oferecida pela série éroleta de rifa1943, comroleta de rifadramática chegada no meio da noite para retirar André do camporoleta de rifaprisioneiros. Desamparada, frenética e desesperada para salvar o sobrinho, Coco Chanel evoca a solidariedade do público.
Nesse mundoroleta de rifaficção, a estilista confiouroleta de rifaum amigo colaborador dos nazistas, o barão Louisroleta de rifaVaufreland, para organizar a libertação, sem pensar totalmente nas consequências.
O barão logo insiste que ela precisa encontrar Spatz ou ele próprio ficarároleta de rifaperigo. Começa ali o caso amoroso entre Chanel e Spatz.
Ela está não apenas interessada nele, mas bastante apaixonada e curiosamente ingênua sobre suas intenções. Mas Chanel é cada vez mais encurralada, chantageada e ameaçada para participar da Operação Modelhut, apesar daroleta de rifaintensa resistência.
Na vida real, o relacionamento entre Chanel e Spatz começou muito antes,roleta de rifa1941. Provavelmente, era um esforço calculado e consciente para conseguir a libertação do seu sobrinho.
"Acho que ela teria feito qualquer coisa para salvá-lo", segundo Picardie. "E é quando ela começa a ter um caso [com Spatz]."
Foram necessários 18 meses para conseguir as conexões certas entre os nazistas para libertar André.
A maioria dos biógrafos concorda que a libertação do seu sobrinho provavelmente foi o motivo original para a colaboraçãoroleta de rifaCoco Chanel. Mas, ao longo do tempo, "Chanel foi além da convocação do dever familiar nos seus esforçosroleta de rifaprol dos nazistas", segundo Garelick.
O criador da série, Todd Kessler, contou à BBC que "o objetivo foi retratar o espíritoroleta de rifaCoco Chanel da forma mais precisa possível" – e, ao mesmo tempo, criar um dramaroleta de rifavários episódios que pudesse fazer os espectadores mudaremroleta de rifaopinião sobre ela, dependendo das suas ações.
Para ele, "não é inspirador escrever 'vilões' ou 'heróis'. O que é inspirador é explorar a zona cinza, que me traz mais próximo da compreensão dos personagens e das decisões que eles precisaram tomar."
O ator Ben Mendelsohn (na foto, com John Malkovich) interpreta o estilista Christian Dior, concorrenteroleta de rifaChanel.
Kessler e Picardie destacam a importânciaroleta de rifajulgar essas escolhas no angustiante contexto da época.
Kessler indica que, dois anos depois da ocupação, ninguém sabia que ela duraria apenas mais dois. Ela poderia ter permanecido indefinidamente.
"Todos os personagens tomavam decisões, às vezes várias decisões por dia, sobre como sobreviver e como chegar ao dia seguinte", destaca ele. "O medo, o terror diário que eles enfrentavam amplia a compaixão pelas decisões e escolhas que aquelas pessoas fizeram, como Coco Chanel, naquele período."
Entre as críticas da série, as mais intensas abordam a forma amenaroleta de rifaapresentação do trabalhoroleta de rifaChanel para os nazistas.
O jornal britânico The Guardian destaca que "o Holocausto é essencialmente eliminado da históriaroleta de rifatrocaroleta de rifauma rivalidade sobre tule" – uma observação justa sobre o Holocausto, embora, para mim, a série fale surpreendentemente pouco sobre vestidos.
Já o site RogerEbert.com chama a sérieroleta de rifa"completo tratamento revisionistaroleta de rifaChanel". Nela, "os roteiristas parecem dedicados a fazer todo o possível para minimizar ou restringir" a verdade sobre as ligaçõesroleta de rifaChanel com os nazistas, segundo o site.
E sobre a Resistência Francesa?
Se for verdade que Coco Chanel também ajudou a Resistência, seu envolvimento terá sido menos pessoal do que a colaboração com os nazistas.
Picardie afirma que a casaroleta de rifaChanel na Riviera escondia um transmissorroleta de rifarádio usado pela Resistência e também serviuroleta de rifarefúgio para judeus que tentavam fugir da França. E existem documentos dos arquivos franceses, que vieram recentemente a público, relacionando Chanel como membro da Resistência.
Há pelo menos um historiador que é cético quanto a essas afirmações. Mas uma exibiçãoroleta de rifacartaz no Museu Victoria & Albertroleta de rifaLondres, intitulada Gabrielle Chanel – Manifesto da Moda, exibe pela primeira vez ao público os documentos que mencionam Coco Chanel como membro da Resistência Francesa, ao ladoroleta de rifaevidências do seu envolvimento com os nazistas.
A curadora da exibição, Oriole Cullen, declarou ao The Guardian que "as novas evidências não a inocentam. Elas apenas tornam o quadro mais complicado".
O possível trabalho desempenhado por Coco Chanel para a Resistência Francesa não foi incluídoroleta de rifaThe New Look. Kessler afirma que queria encontrar pelo menos duas fontes estabelecidas para cada fato trabalhado e as evidências daroleta de rifaajuda à Resistência "não surgiram ao longo do tempo".
Talvez a estilista mais influente do século 20, Coco Chanel teve seu legado manchado pelas suas conexões com os nazistas.
Na verdade, pouco depois da libertaçãoroleta de rifaParis, Coco Chanel foi questionada pelas autoridades francesas sobre essas relações. Ela foi liberadaroleta de rifaquestãoroleta de rifahoras.
Os historiadores acreditam que, embora não haja evidências diretas,roleta de rifaamizade com Churchill,roleta de rifaalguma forma, foi responsável por ela ter escapado tão facilmente, seja por intervenção direta do primeiro-ministro ou não.
Chanel partiu rapidamente para a Suíça, para evitar eventuais represálias, e lá permaneceu por cercaroleta de rifauma década. Seu romance com Spatz prosseguiu por anos depois da guerra e ela nunca enfrentou nenhuma consequência oficial pelas suas atividades durante o conflito.
The New Look aborda esses anos, mas não daremos spoilers sobre episódios que ainda não foram apresentados. Podemos apenas dizer que parte do que é mostrado é verdade e muita coisa, incluindo a participaçãoroleta de rifaSpatz, está muito longe dos registros históricos.
A colaboraçãoroleta de rifaChanel pode ter manchado seu legado, mas ela ainda é considerada uma das estilistas mais influentes do século 20. E as verdades obscuras sobre pessoas criativas nunca serão coisas do passado.
High & Low, por exemplo, é um documentário novo, envolvente e fascinante. Produzido por Kevin Macdonald, o filme conta a história do aclamado estilista britânico John Galliano, cuja carreira relembra aroleta de rifaCoco Chanel.
Galliano se tornou diretorroleta de rifacriação da Casaroleta de rifaDior e perdeu o empregoroleta de rifa2011, depoisroleta de rifaaparecer embriagadoroleta de rifavídeos, gritando insultos antissemitas.
Mas ele se arrependeu e voltou a trabalhar. Sua mais recente exibição para a Casa Margiela,roleta de rifajaneiro, mereceu críticas arrebatadoras.
No documentário, o críticoroleta de rifamoda e cultura do jornal The Washington Post Robin Givhan, vencedor do prêmio Pulitzer, fala sobre Gallianoroleta de rifatermos que poderiam facilmente se aplicar a Coco Chanel.
Para Givhan, mesmo se você acreditar que Galliano merece uma segunda chance, você "ainda consegue sentir profundamente o que ele disse. É possível reter esses dois pensamentos contraditórios naroleta de rifamente ao mesmo tempo."
A série The New Look está disponível na Apple TV+.
Leia a versão original desta reportagem (em inglês) no site BBC Culture.