19 paíseswsop livestream8 meses: por que Lula viaja tanto?:wsop livestream

Crédito, Ricardo Stuckert/Presidência da República

Legenda da foto, África do Sul foi uma das 19 nações visitadas por Lula nos 8 primeiros meseswsop livestreamseu governo

E agora, assim como naquela época, a quantidadewsop livestreamviagens feitas por Lula virou alvowsop livestreamcríticas tantowsop livestreamintegrantes da oposição quanto dentro do governo e levanta a seguinte questão: por que Lula tem viajado tanto?

Especialistas ouvidos pela BBC News Brasil avaliam que a quantidadewsop livestreamviagenswsop livestreamLula ao exterior nesses primeiros oito meses é resultadowsop livestreamuma somawsop livestreamfatores que incluem: uma espéciewsop livestreamdemanda reprimidawsop livestreamrelação à atuação do Brasil na esfera internacional durante o mandato do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o perfil pessoalwsop livestreamLula, que demonstraria mais interesse no assunto.

Eles ponderam, no entanto, que sewsop livestreamum lado as viagens do presidente podem "abrir portas" e gerar oportunidades no exterior, por outro elas podem dar margem a críticas internas e externas.

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Levantamento feito com base na agenda públicawsop livestreamLula mostra que, entre janeiro e o fimwsop livestreamagosto, ele visitou 19 países. Entre eles, estão nações como Argentina, Estados Unidos, China e países do continente africano como Angola e África do Sul.

Com basewsop livestreamdados da Presidência da República, a BBC News Brasil verificou que esse é o maior númerowsop livestreampaíses visitados por um presidente nos oito meses do seu primeiro anowsop livestreammandato desde a redemocratização do país,wsop livestream1985.

Aindawsop livestreamacordo com o levantamento, o número foi o mesmo registrado para o período no primeiro ano do segundo mandato,wsop livestream2007.

Em 2003, quando assumiu o governo pela primeira vez, Lula visitou 13 países no período.

Entre os presidentes que mais viajaram nos primeiros oito meseswsop livestreamseus primeiros anoswsop livestreammandato estão Dilma Rousseff (PT), que presidiu o Brasil entre 2011 e 2016, e Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que comandou o país entre 1995 e 2002. Nenhum dos dois, no entanto, atingiu as marcaswsop livestreamLula.

Entre janeiro e agostowsop livestream1995, Fernando Henrique Cardoso viajou a nove países. No mesmo períodowsop livestream1999, jáwsop livestreamseu segundo mandato, o então presidente viajou para oito países.

Dilma Rousseff, porwsop livestreamvez, foi a menos destinos que Lula e Fernando Henrique Cardoso. Entre janeiro e agostowsop livestream2011, ela viajou para seis países. Em 2015, ela foi a nove.

Desculpe, mas não é possível exibir esta parte da história nesta páginawsop livestreamacesso resumidowsop livestreamcelular.

Demanda reprimida e 'diplomacia presidencial'

Especialistas ouvidos pela BBC News Brasil avaliam que o volumewsop livestreamcompromissos internacionaiswsop livestreamLula pode ser explicado por dois fatores principais:

  • A necessidade, segundo alguns analistas,wsop livestreamreposicionar o Brasil no cenário internacional após a gestãowsop livestreamBolsonaro;
  • O perfil do presidente Lula, que demonstra mais interesse na política externa que algunswsop livestreamseus antecessores.

"Uma das razões para que ele (Lula) faça tantas viagens está relacionada à necessidadewsop livestreamrecolocar o Brasil no mapa do mundo após quatro anoswsop livestreamuma política externa errática e com algumas questões problemáticas como awsop livestreamBolsonaro", diz Fernanda Magnotta, professorawsop livestreamRelações Internacionais na FAAP.

A política externawsop livestreamBolsonaro foi marcada por fatos como o fechamento do acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia,wsop livestream2019, um alinhamento político intenso com a administração do agora ex-presidente norte-americano Donald Trump e por polêmicas na relação do presidente com países como a França e a China.

"Qualquer outra liderança sem ser Lula teria que ir nessa direção porque era uma necessidade do Brasil", afirma Magnotta.

O diplomata Rubens Barbosa segue a mesma linhawsop livestreamMagnotta e diz que as viagenswsop livestreamLula nos primeiros meseswsop livestreamseu mandato precisa ser colocadawsop livestreamcontexto.

"É preciso contextualizar e ver que Bolsonaro, por exemplo, fez o caminho inverso. Ele não viajou, não se inseriu internacionalmente. Vejo esse movimentowsop livestreamLula como normal, especialmente nesse iníciowsop livestreamgoverno", afirmou.

Diplomatas ouvidos pela BBC News Brasilwsop livestreamcaráter reservado apontam ainda que haveria uma espéciewsop livestream"demanda reprimida" entre os países da comunidade internacional interessadoswsop livestreamse aproximar do Brasil que não havia sido atendida nos últimos anos.

Um dos dados que corroboraria essa tese é a quantidadewsop livestreamlíderes internacionais com quem Lula se encontrou nos primeiros oito meseswsop livestreamseu novo mandato.

Até agosto, Lula já teve reuniões bilaterais com 48 chefeswsop livestreamEstado ouwsop livestreamgoverno, segundo dados do Ministério das Relações Exteriores (MRE).

Segundo um levantamento feito pelo jornal O Globo publicadowsop livestreammaio, Bolsonaro se reuniu com 31wsop livestreamseus quatro anoswsop livestreamgoverno.

Crédito, Ricardo Stuckert/Presidência da República

Legenda da foto, O presidente chinês, Xi Jinping, e o presidente Lula durante visita do brasileiro à China,wsop livestreamabril deste ano

Diplomacia presidencial

O outro ponto citado pelos especialistas ouvidos pela BBC News Brasil para explicar a quantidadewsop livestreamviagenswsop livestreamLula nos primeiros meseswsop livestreamseu novo governo é o que os estudiososwsop livestreampolítica externa chamamwsop livestreamdiplomacia presidencial.

"A diplomacia presidencial é aquela marcada pela pretensão do líderwsop livestreamse envolver diretamentewsop livestreamnegociações internacionais com outras lideranças sem utilizar, necessariamente, o intermédiowsop livestreamministros e diplomatas", explica Fernanda Magnotta.

Cientistas políticos e acadêmicos do campo das relações internacionais também ponderam que o exercício da diplomacia presidencial pode refletirwsop livestreamforma mais ou menos acentuada características ou interesses pessoais do governante.

Dessa forma, líderes mais interessadoswsop livestreampolítica externa tenderiam a ter uma atuação mais fortewsop livestreamfóruns multilaterais, enquanto outros, mais preocupados com questões domésticas, adotariam um perfil diferente.

Os acadêmicos avaliam também que a diplomacia presidencial pode,wsop livestreamalguma medida, gerar descontinuidadewsop livestreamprojetos ou mudanças abruptaswsop livestreamprioridade a cada mudançawsop livestreamgoverno, especialmentewsop livestreampaíses nos quais os poderes do governante são maiores, como normalmente acontece nos regimes presidenciais.

"Isso (relações internacionais) é visto por líderes, e Lula é um deles, como uma formawsop livestreamaumentar a visibilidade do país e do seu governo no cenário internacional para defender os interesses da nação com a máxima efetividade simbólica", diz Magnotta.

Especialistas ouvidos pela BBC News Brasil apontam que Lula já havia demonstrado interessewsop livestreampolítica externa nos seus dois primeiros mandatos (2003 a 2006 e 2007 a 2010). Por isso, o focowsop livestreamLulawsop livestreamuma agenda repletawsop livestreamcompromissos internacionais não chegou a surpreender os analistas ouvidos.

"Lula já havia feito isso no passado. Essas viagens todas são uma decorrência da forma como o presidente vê qual é o papel que o país deve desempenhar. Ele está aproveitando a visibilidade internacional que tem", afirmou o diplomata Rubens Barbosa.

Segundo Fernanda Magnotta, a intensidade das viagenswsop livestreamLula também têm relação com awsop livestreamvisãowsop livestreammundo.

"Lula parece acreditar que é do interesse do Brasil se colocar como um ator global e não apenas uma potência média ou regional. Um ator global interessadowsop livestreamrever a ordem internacional", diz a professora.

Em entrevista à BBC News Brasilwsop livestreamagosto, o professorwsop livestreamRelações Internacionais da Fundação Getulio Vargas (FGV) Oliver Stuenkel disse ver que há um esforçowsop livestreamcurso do governo brasileiro para aumentar a influência global do país.

"Há um esforço clarowsop livestreamquerer ampliar a visibilidade e influência do Brasil sobretudo depoiswsop livestream10 anos que inviabilizaram uma atuação do Brasil na arena internacional", disse Stuenkel.

Com esse objetivowsop livestreammente, as viagenswsop livestreamLula ao exterior seriam uma formawsop livestreamatingir essa meta.

Crédito, Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

Legenda da foto, Governo tem sido criticado por não conseguir formar uma base sólida no Congresso Nacional

Oportunidades, críticas e riscos

Fernanda Magnotta aponta que a presençawsop livestreamLulawsop livestreamtantos eventos internacionais pode representar algumas oportunidades ao Brasil.

"A principal vantagemwsop livestreamuma agenda tão intensa é o aumento da visibilidade global. Quando temos um presidente ativo internacionalmente, isso pode atrair investimentos, oportunidades e aumentar as chanceswsop livestreamhaver articulações políticas com outros países", disse a professora.

A quantidadewsop livestreamviagenswsop livestreamLula, no entanto, passou a ser alvowsop livestreamcríticaswsop livestreamoposicionistas poucos meses após ele iniciar o seu mandato.

Uma das críticas éwsop livestreamque Lula estaria supostamente mais interessadowsop livestreamtemas internacionais como a guerra na Ucrânia (suas intervenções sobre o assunto geraram polêmica) do quewsop livestreamquestões domésticas, como a dificuldade do governowsop livestreammontar uma base parlamentar sólida ou a política econômica.

"Um foco excessivo na política externa traz consigo alguns riscos. Muita gente vai dizer, por exemplo, que a agenda externa gera uma desatenção para as questões internas do país", explica Fernanda Magnotta.

E Rubens Barbosa diz: "Até agora, o governo conseguiu aprovar seus projetos, mas se alguma reforma importante empacar, o presidente poderá ser alvowsop livestreamcríticas mais pesadas por conta dessa agenda internacional".

Um dos problemas mais recorrentes do atual governo éwsop livestreamsustentação parlamentar no Congresso Nacional.

Apesarwsop livestreamo governo vir conseguindo aprovar a maior parte dos seus projetos como o novo arcabouço fiscal e a primeira parte da reforma tributária, analistas políticos avaliam que Lula ainda não tem uma base sólida e que dependewsop livestreamnegociações pontuais para conseguir fazer avançar awsop livestreamagenda.

Na tentativawsop livestreamampliarwsop livestreambase, o governo vem promovendo mudanças no comandowsop livestreamministérios. Nos últimos meses, o deputado federal Celso Sabino (União Brasil-PA) assumiu a pasta do Turismo após a saídawsop livestreamDaniela Carneiro.

Há ainda a expectativawsop livestreamuma reforma ministerial nos próximos dias, mas que vem sendo adiada e parte desse atraso vem sendo atribuído à agenda internacionalwsop livestreamLula nos últimos meses.

O deputado federal Rogério Correia (PT-MG), um dos vice-líderes do governo na Câmara dos Deputados, admitiu à BBC News Brasil que houve, nos primeiros meses do governo, certa preocupação com relação a como as viagenswsop livestreamLula poderiam afetar a capacidadewsop livestreamarticulação política da atual administração.

Ele diz que um pontowsop livestreamatenção foi a tramitação da medida provisória que determinou a atual organização dos ministérios do governo Lula.

Em maio, a tramitação da MP começou a preocupar o governo depois que membros do chamado Centrão, que lideravam esse processo, inseriram mudanças como a retiradawsop livestreampoderes dos ministérios dos Povos Indígenas (MPI) e do Ministério do Meio Ambiente (MMA).

Em meio ao impasse, os dias foram se passando sem que o governo conseguisse chegar a um acordo. O risco era que, se a MP não fosse votada e convertidawsop livestreamlei até os primeiros diaswsop livestreamjunho, ela perderia validade e a estrutura dos ministérios do governo Lula teria que ser a mesma herdade do governo Bolsonaro.

O problema é quewsop livestreammaio, enquanto as negociações no Congresso Nacional iam a todo vapor e o governo encontrava resistências, Lula cumpria uma intensa agenda internacional visitando o Reino Unido, Japão, Itália e Vaticano.

Nos bastidores, até mesmo integrantes do governo reclamaram da dificuldadewsop livestreamalinhar os termos da negociação com o Centrão enquanto o presidente estava fora do país.

A MP acabou sendo aprovada no último dia anteswsop livestreamperder a validade e com a perdawsop livestreamatribuições do MPI e do MMA.

"Ali, a gente ficou um pouco preocupado", lembra o deputado. "O problema não eram as viagens, mas a qualidade do tempo que se dedicava à articulação. Mas isso já foi resolvido. Quando estáwsop livestreamBrasília, o presidente tem se dedicado mais à articulação. E quando está fora, os temas domésticos também são repassados a ele diretamente", diz o parlamentar.

Fernanda Magnotta diz que outro pontowsop livestreamtensão quando um governo assume uma política externa tão movimentada é com relação à expectativa do seu resultado e o potencialwsop livestreampolarização política.

"Na medidawsop livestreamque há um aumento desses compromissos, também aumentam as expectativas e, por consequência, as cobranças e as frustrações. O risco dessa diplomacia intensiva está ligado às entregas que ela será capazwsop livestreamfazer e da possibilidadewsop livestreamuso políticowsop livestreamtudo o que é decidido como elemento que incentive a polarização política que já existe no país", diz a professora.

O senador e líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN), critica, por exemplo, a condução da política externawsop livestreamLula.

"Durante o governo Bolsonaro, nós fechamos o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia e, agora, o acordo está parado. Além disso, o presidente Lula vem dando declarações equivocadas sobre a guerra na Ucrânia", diz Marinho.

Freio

Integrantes do governo apontam que o ritmowsop livestreamviagenswsop livestreamLula nos próximos meses deverá diminuir. Após as idas à Índia para a reunião do G20, grupo das 20 maiores economias do mundo, Cuba e Estados Unidos (para a Assembleia Geral da ONU), Lula fará uma pausa para se submeter a uma cirurgia no quadril.

Há meses, o presidente vem sofrendo com dores crônicas na região. A cirurgia está prevista para acontecer no finalwsop livestreamsetembro ou iníciowsop livestreamoutubro e deverá lhe obrigar a ficarwsop livestreamrecuperação por algumas semanas.

A possível próxima viagem internacionalwsop livestreamLulawsop livestream2023 é a ida para a COP-28 (Conferência das Nações Unidas para o Clima), entre novembro e dezembro, nos Emirados Árabes Unidos.