Por que cientistas estão sendo presos na Rússia?:bitbet

Ilustração com cientistas e caças russos

O repórter fez uma piadabitbetresposta, parafraseando Chekhov: "Sempre que uma arma hipersônica aparece pendurada na parede no primeiro atobitbetuma peça, ela será disparada no segundo".

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Fim do Matérias recomendadas

Dois anos depois, a Rússia iniciou a guerra na Ucrânia e colocoubitbetuso esses mísseis hipersônicos.

Putin falou pela primeira vezbitbet2005 sobre armas que "operariambitbetvelocidade hipersônica". Em 2018, ele as reveloubitbetseu discurso à Assembleia Federal. Foi apresentado aos parlamentares e VIPs um vídeobitbetsimulação,bitbetque esses mísseis foram simuladosbitbetvoobitbetdireção aos EUA.

"Eles serão virtualmente invulneráveis, e a velocidade será hipersônica. Será como um meteorito", declarou.

O novo silo e o sistemabitbetmísseis estratégicos baseadosbitbetterra foram denominados 'Avangard', e o sistemabitbetaviação foi denominado 'Kinzhal' ou 'Dagger'. Putin encerrou seu discurso com uma ameaça ao Ocidente: "Ninguém nos ouviu. Ouçam agora!"

Ele também agradeceu aos desenvolvedoresbitbetarmas: "Eles são realmente todos os heróis do nosso tempo".

Putin mencionou armas hipersônicasbitbetdiscursos pelo menos 70 vezes desde então. No mesmo período, desde 2018, 12 cientistas russos associados ao trabalho hipersônico estão atrás das grades. Todos eles são acusadosbitbettraição.

Fachadabitbetprédio

Crédito, TsAGI

Legenda da foto, Instituto Aerohidrodinâmico Central nos subúrbiosbitbetMoscou
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Novo podcast investigativo: A Raposa

Uma toneladabitbetcocaína, três brasileiros inocentes e a busca por um suspeito inglês

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Fim do Novo podcast investigativo: A Raposa

Vários foram presos ao mesmo tempo pelo FSB no Instituto CentralbitbetPesquisabitbetConstruçãobitbetMáquinas (TsNIIMash) e no Instituto Aerohidrodinâmico Central (TsAGI) nos subúrbiosbitbetMoscou, e também no InstitutobitbetMecânica Teórica e Aplicada (ITPM), que faz parte da filial da Sibéria da Academia RussabitbetCiênciasbitbetNovosibirsk.

Alexander Kuranov, um cientistabitbet76 anos que contribuiu para um projetobitbetavião hipersônico, recebeu uma sentençabitbetsete anosbitbetprisãobitbetum julgamento a portas fechadas realizadobitbetapenas duas sessõesbitbet18bitbetabrilbitbet2024. O FSB prendeu o cientistabitbetagostobitbet2021.

"Com esta abordagem, outras áreas da ciência também serão afetadasbitbetbreve", diz um colegabitbetum dos cientistas detidos sob acusaçãobitbettraição. "Por enquanto, eles escolheram uma das linhasbitbetinvestigação mais 'frutíferas'. Mas eles realmente não entendem isso e confundem 'hipersônico' com algo completamente diferente."

“A hipersônica é um tema pelo qual agora somos obrigados a colocar pessoas na prisão”, diz Yevgeny Smirnov, da organização jurídica ebitbetdireitos humanos First Division, que apoia pessoas que enfrentam acusaçõesbitbetespionagem.

O próprio Smirnov, antesbitbetser forçado a deixar a Rússiabitbet2021, costumava defender casosbitbettraiçãobitbettribunal, incluindobitbetcientistas. Ele diz quebitbetconversas privadas, os oficiais do FSB admitiam frequentemente que os casos sobre a vendabitbetsegredos hipersônicos no exterior foram abertos "para satisfazer os desejos dos superiores".

"Os documentos do caso afirmam que a Rússia possui tecnologias altamente avançadas no domínio do armamento hipersônico que não têm equivalentebitbetqualquer outro lugar do mundo", diz Smirnov. "E supostamente oficiaisbitbetinteligência estrangeiros estão à caça deles."

Os investigadores, diz ele, não escondem que reportam a Putin todos os casosbitbettraição que envolvem cientistas.

Vladimir Lapygin

Crédito, Memorial

Legenda da foto, Vladimir Lapygin

"Os físicos presosbitbetNovosibirsk nunca tiveram nada a ver com 'Kinzhal'", diz Vladimir Lapygin, um ex-funcionário do TsNIIMash que foi condenado por traição e libertado no iníciobitbet2020. "Eles estavam envolvidosbitbetpesquisas e desenvolvimento teórico. Todos que foram presos por conexão com armamento hipersônico estavam muito longebitbettratar desse tema."

Yevgeny Smirnov também afirma que nenhum dos doze cientistas detidos nos últimos anos por revelarem "os segredos da arma hipersônica russa" tinha qualquer relação com o setorbitbetdefesa. Os cientistas envolvidos no "caso Novosibirsk" eram simplesmente especialistas na aerodinâmica dos fluxos hipersônicos.

"Os cientistas estudam processos físicos. Digamos que seja dado a eles um temabitbetpesquisa: como certos metais poderiam se deformarbitbetvelocidades hipersônicas, ou como seriam as zonasbitbetturbulência. Não se tratabitbet'fazer um foguete', masbitbetestudar a física dos processos", explica Smirnov.

Depois que eles fazem alguma descoberta, qualquer pessoa pode fazer uso delas, diz ele: incluindo instituições militares envolvidas na fabricaçãobitbetarmas. Mas nos processosbitbettraição, os réus estavam envolvidosbitbetinvestigação primária e ciência fundamental, e não no desenvolvimentobitbetarmas.

Smirnov diz que o objetivo do FSB é provar que os espiões estrangeiros estão à caça dos segredos dos mísseis russos: "Para massagear o seu ego, mostrando que os mísseis russos são os melhores e que [agentes do exterior] estão tentando roubá-los."

Anatoly Maslov

Crédito, Itam.nsc.ru

Legenda da foto, Anatoly Maslov

Artigos com fórmulas científicas confiscados

Na primaverabitbet2023, quando um terceiro cientista do InstitutobitbetMecânica Teórica e Aplicada (ITPM, na siglabitbetinglês) foi preso sob acusaçãobitbettraição, os pesquisadores do centro decidiram escrever uma carta abertabitbetseu apoio.

Foi só graças a esta carta que seu nome se tornoubitbetconhecimento público: Valery Zvegintsev estava detidobitbetprisão domiciliar, enquanto seus outros dois colegas do ITPM ​​que trabalhavam com aerodinâmica, Anatoly Maslov e Alexander Shiplyuk, estavambitbetprisão preventiva desde o verão anterior.

"Sua experiência e reputação profissional teriam permitido que conseguissem empregosbitbetprestígio e bem remunerados no exterior. Mas eles não deixaram a pátria. Eles dedicaram suas vidas à ciência russa", escreveram os autores na carta aberta.

Equipesbitbetresgate ucranianas no localbitbetum ataque com míssil ‘Kinzhal’bitbetKiev

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Equipesbitbetresgate ucranianas no localbitbetum ataque com míssil 'Kinzhal'bitbetKiev

Mas a carta não mencionava outro físico, detido por um tribunalbitbetNovosibirsk no mesmo dia que Zvegintsev. Vladislav Galkin, um professor do departamentobitbetpetróleo e gás do Instituto PolitécnicobitbetTomsk, também tinha sido preso sob acusaçãobitbettraição.

Sua detenção foi noticiada pela primeira vez somentebitbetmeadosbitbetdezembro — embora ele estivesse atrás das grades desde 7bitbetabril. Galkin não trabalhava no ITPM, mas, assim como os outros três cientistas que haviam entrado no radar do FSB, trabalhava na áreabitbettecnologia hipersônica.

"Homens armados usando máscaras pretas chegaram para revistar a casa às 4h da manhã", disse um parente próximobitbetGalkin, que pediu para permanecer anônimo por temer porbitbetsegurança. "Eles vasculharam tudo o que puderam, e disseram que também levantariam as tábuas do chão, se estivessem procurando drogas. Todos os artigos que tinham fórmulas científicas foram confiscados, junto a uma montanhabitbetarquivos."

As mesmas cenas foram presenciadas na casabitbetoutro cientista, Vladimir Kudryavtsev, que foi preso sob acusaçãobitbettraiçãobitbet2018. Ele morreu antes do seu caso ser levado a julgamento.

"Eles chegaram às 5h ou 6h da manhã", recordabitbetviúva, Olga. "Foi engraçado: não temos nada a esconder. Eles levaram o computador, mas não havia mais nada. Eu tinha cartas, que havíamos escrito um para o outro quando éramos jovens, e um oficial do FSB passou muito tempo estudando-as cuidadosamente. Cheguei por trás dele, e perguntei: 'E aí, encontrou alguma coisa interessante?' Ele corou na hora."

Ela se lembra dos agentesbitbetsegurança perguntando "onde estavam escondidos o ouro e os diamantes". Eles até escavaram um montebitbetareia que estava na garagem.

Um dos parentesbitbetVladislav Galkin conta que, inicialmente, ele passou três mesesbitbetconfinamento solitáriobitbetum centrobitbetdetenção provisóriabitbetNovosibirsk. O cientistabitbet68 anos foi então colocadobitbetuma cela com outros quatro presos. Agora, ele está detido ao ladobitbetdez companheirosbitbetcela.

A esposabitbetGalkin, Tatyana, diz que o FSB a proibiubitbetcomentar sobre o processo enquanto estiverbitbetandamento. "Não vou arriscar, porque fazemos nossas orações todos os dias", afirma. "Não conheço a áreabitbetatuação dele. Não sou física por formação. Sou historiadora."

Até ser preso, ela conta que ele escrevia e reescrevia artigos constantemente.

"Ele terminava um, e logo algum outro pensamento surgia — 'E se eu tentar desta forma?’ É assim que funciona a mentebitbetum aficionado por tecnologia", diz ela.

E, quando ele não estava trabalhando, organizava competiçõesbitbetxadrez com os netos.

"Não sei jogar. Só damas", afirma Tatyana Galkina, que disse aos netos que o avô estava viajando a trabalho.

"Eles perguntam: 'Onde está o vovô, por que ele não voltou para casa?' E eu digo que é por causa da viagem."

Valery Zvegintsev

Crédito, YouTube

Legenda da foto, Valery Zvegintsev

Progressão criminal hipersônica

Galkin é autorbitbetcercabitbet100 artigos científicos, incluindo maisbitbetuma dúzia publicadosbitbetrevistas estrangeiras entre 2002 e 2021. Valery Zvegintsev foi coautor com Galkinbitbetnove deles. Sua pesquisa mais recente foi sobre métodos numéricosbitbetmecânicabitbetfluidos, gases e plasma.

O arquivo online da Universidade PolitécnicabitbetTomsk, onde Galkin trabalhou até recentemente, lista maisbitbet20bitbetseus trabalhos, incluindo aqueles que escreveu com Zvegintsev e com Alexander Shiplyuk, do ITPM.

Uma fonte do ITPM ​​disse à agênciabitbetnotícias estatal TASS que o processo contra Zvegintsev pode ter sido motivado por um artigo publicadobitbetuma revista científica iranianabitbet2021. Galkin também foi publicado pela revista. E tanto o seu trabalho quanto obitbetZvegintsev foram impressosbitbetinglês nos anais da Conferência Internacional sobre MétodosbitbetPesquisa Aerofísica, realizada anualmentebitbetNovosibirsk desde 1996.

O evento está previsto para acontecer novamente neste ano.

"Vamos ver quantos participantes estrangeiros vão participar da conferência desta vez", comentaram os parentesbitbetShiplyuk, quando questionados sobre as perspectivasbitbetcooperação internacional com o ITPM.

Os cientistas trabalharam juntosbitbetestreita colaboração. Em 2001, Zvegintsev fundou e dirigiu o laboratóriobitbetAerodinâmicabitbetFluidosbitbetAlta Velocidade do instituto. Shiplyuk, que seria o futuro diretor do instituto, assumiu a liderança do laboratóriobitbet2006. O departamentobitbetaerodinâmica como um todo era supervisionado por Maslov, que foi vice-diretor do instituto por duas décadas.

"Alexander Nikolaevich [Shiplyuk] recebeubitbetforma muito dura a notícia da prisãobitbetMaslov. Ele era seu professor favorito, orientador científico e chefe do seu laboratório mais estimado", disseram membros da famíliabitbetShiplyuk,bitbetresposta a perguntas enviadas por escrito.

Mikhail, filhobitbetShiplyuk, é um estudantebitbetpós-graduação que também trabalhou no ITPM — ​​ele agora estábitbetlicença acadêmica. O filhobitbetMaslov aparentemente também trabalhou no instituto,bitbetacordo combitbetlistabitbettelefones, pelo menos até 2020.

Os três homens detidos estavam ligados não só pelo localbitbettrabalho, mas também porbitbetparticipação no “FP7”, Sétimo ProgramabitbetEstrutura para Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico da União Europeia, que financia pesquisa espacial. É gerido pelo Instituto von KarmanbitbetDinâmicabitbetFluidos, com sede na Bélgica.

Além do ITPM, participaram do programa as outras duas organizações científicas mencionadas acima — TsAGI e TsNIImash. O FSB também fez uma visita a eles, e seis dos seus funcionários acabaram atrás das grades — mais uma vez, sob a acusaçãobitbettraição.

Todos os físicos se conheciam. "Eu conhecia todos eles: Zvegintsev, Shiplyuk, Maslov", conta Vladimir Lapygin, o cientista do TsNIIMash que foi preso por traição e posteriormente libertado. A viúvabitbetKudryavtsev diz que o marido também era amigobitbetMaslov, do ITPM.

"Levaram os mais decentes, os que tinham melhor reputaçãobitbettoda a história deste instituto", afirmou um funcionário do ITPM, sob condiçãobitbetanonimato parabitbetsegurança.

Alexander Kuranov no tribunal

Crédito, Divulgação do tribunal

Legenda da foto, Alexander Kuranov no tribunal

A famíliabitbetShiplyuk recebeu apoio do instituto, que arrecadou dinheiro para pagar os advogados. "No início, estávamos preocupados que os outros funcionários atravessassem a rua quando nos vissem. Mas isso não aconteceu até agora. Tem havido um interesse sincero e profundo no caso dele, que não diminuiu — nem sequer um ano e meio apósbitbetprisão."

Eles dizem que,bitbetuma carta que escreveubitbetjaneiro, Shiplyuk contou ter recebido "tantas cartas e cartões postaisbitbettanta gente diferente que não dava para mantê-los na cela, por causa das regras do serviço penitenciário estadual".

Muitas vezes, os acusados ​​em processosbitbettraição são interligados entre si pelo FSB,bitbetacordo com a prática habitual dos investigadores. O jornalista Ivan Safronov, preso sob acusaçãobitbettraição e condenado a 22 anosbitbetprisão, explicou a razão — o agente do FSB precisa construir uma "progressão criminal" que garanta que o acusado não só confesse abitbetculpa, mas também comprometa outros. Isso permite que os investigadores iniciem novos processos.

A viúvabitbetKudryavtsev lembra que os agentes responsáveis ​​pela investigação ofereceram ao seu marido uma espéciebitbetdelação premiada, na qual ele admitiriabitbetculpa e também acusaria outra pessoa. Ele recusou o acordo.

Outros se declararam culpados, como Roman Kovalyov, discípulobitbetKudryavtsev, que deu um depoimento ao FSB incriminando seu antigo mentor. Kuranov, condenadobitbet18bitbetabrilbitbet2024 a sete anosbitbetprisão por traição, também optou por colaborar. De acordo com o jornal Kommersant e uma fonte da BBC familiarizada com o processo, Kuranov testemunhou contra Alexander Maslov,bitbet77 anos, cujo processobitbettraição estava sendo julgado simultaneamente no mesmo tribunal.

Professorbitbetfísica, Kuranov foi diretor da EmpresabitbetPesquisa Científica para Sistemas HipersônicosbitbetSão Petersburgo. Seu processo é sigiloso, masbitbet2021 a agênciabitbetnotícias Interfax informou que,bitbetacordo com a investigação, Kuranov "esteve envolvido com tecnologias hipersônicas por muitos anos, e havia entregado a um cidadão estrangeiro informações confidenciais sobre esses desenvolvimentos científicos".

Kevin Bowcutt

Crédito, Universidade do Colorado

Legenda da foto, Kevin Bowcutt

Em 2001, como CEObitbetuma empresabitbetpesquisabitbetsistemas hipersônicos baseadabitbetSão Petersburgo, Kuranov falou abertamente sobre os testes do avião hipersônico "Ajax" e seu trabalho com parceiros americanos. O projeto foi desativadobitbetmeados da décadabitbet1990, mas foi retomado quando a Força Aérea dos EUA decidiu apoiá-lo.

O jornal Kommersant observa que os desenvolvedores russos da época estavam competindo por financiamento com seus homólogos dos EUA e da França,bitbetparte devido aos orçamentos mais baixos disponíveis para esse tipobitbettrabalho no país. Representantes dos EUA que participarambitbetuma conferênciabitbetSão Petersburgo, naquele ano, disseram que Kuranov não escondeu seu objetivobitbetgarantir milhõesbitbetdólaresbitbetinvestimento dos militares americanos para o seu projeto.

Kommersant cita Kevin Bowcutt, principal especialista da Boeingbitbetsistemas hipersônicos na época, dizendo que a cooperação internacional era essencial para tais projetos, dados os recursos humanos e financeiros que esse trabalho exige. Ao ser questionado pela BBC sobrebitbetreação à sériebitbetdetenções recentes, Bowcutt optou por não responder às nossas perguntas. A Boeing disse "não temos nenhum comentário neste momento".

Kuranov esperava ser capazbitbetdesenvolver um protótipo funcional dabitbetaeronave dentrobitbetuma década. Ele falou sobre planosbitbetiniciar negociações com os chineses, que demonstraram interessebitbetutilizar a pesquisa hipersônica russa para aeronaves civis. Um acordo com a China para reunir recursos para o trabalho foi assinadobitbetabrilbitbet2001 (por Anatoly Turchak, que chefiava a holding Leninets, e é pai do atual líder do partido governista Rússia Unida, Andrei Turchak).

Duas décadas depois, aqueles que haviam colaborado abertamente (e mediante incentivo oficial) com os EUA, a China e outros países estrangeiros, como Kuranov, foram acusados ​​de traição. Entre eles, apenas Kuranov falou publicamente sobre estar envolvido na aplicaçãobitbetpesquisas hipersônicasbitbetarmamentos. "Nos próximos 10 a 15 anos, a principal tarefa (da pesquisa) hipersônica será a criaçãobitbetum míssilbitbetcruzeiro hipersônico", disse Kuranov ao jornal Izvestiabitbet2011. Dez anos depois, ele estava atrás das grades.

"Parece que só por fazer o seu trabalho você pode se tornar um traidor da Pátria!", exclama um dos parentesbitbetGalkin. "Ele tem um contrato na Universidade Politécnica. (O documento) afirma que ele é obrigado a realizar trabalhos científicos. E as publicações estrangeiras sempre foram muito valorizadas. O tempo passa, a 'operação militar especial' na Ucrânia começa e,bitbetrepente, 'ah, acontece que você foi publicado no exterior!' Mas foram eles que queriam que a ciência russa fosse internacional. Ele fez o que pediram a ele. Se tivessem proibido publicações estrangeiras, ele não teria escrito para eles. Primeiro, eles foram varridos para as publicações acadêmicas estrangeiras com uma vassoura, e depois foram presos por isso."

 Johan Steelant

Crédito, TsAGI

Legenda da foto, O cientista belga Johan Steelant, da Agência Espacial Europeia, coordenou o trabalho que levantou suspeitas do FSB

Os autores da carta abertabitbetapoio aos cientistas do ITPM ​​observam que a presunçãobitbetculpa se baseou nas apresentaçõesbitbetrelatórios dos cientistasbitbetseminários e conferências internacionais, na publicaçãobitbetartigosbitbetpublicações científicasbitbetalto nível no exterior e nabitbetparticipaçãobitbetprojetos científicos internacionais.

"O Ministério da Educação e da Ciência, seguindo as ordens do presidente, instrui diretamente os institutos a se envolverembitbetestudos para fortalecer a cooperação no exterior", diz a famíliabitbetShiplyuk. "Da parte dele, ele cumpriu conscientemente esta instrução. A avaliaçãobitbetriscos não era trabalho dele."

A família dele afirma que representar o ITPM ​​internacionalmente fazia parte da descrição básica do cargobitbetShipluk.

Na carta aberta, os autores do ITPM ​​afirmaram que o trabalho dos físicos detidos havia sido repetidamente verificado pela comissãobitbetespecialistas do instituto quanto à presençabitbetinformações confidenciais, e nenhuma havia sido encontrada. O advogadobitbetdefesa Yevgeny Smirnov confirma que o mesmo se aplica aos trabalhos publicados no exterior pelos presos por traição do TsAGI e do TsNIIMash.

Em nenhum dos casos, isso impediu o FSBbitbetapresentar acusações criminais com base nos projetos internacionais dos cientistas. No caso do TsAGI, os oficiais do serviço secreto se basearam na conexão com o projeto HEXAFLY-INT para desenvolver aeronaves civis hipersônicas. O trabalho foi coordenado pelo cientista belga Johan Steelant, da Agência Espacial Europeia (ESA, na siglabitbetinglês). O FSB decidiu que ele era um espião.

Johan Steelant não respondeu um e-mail com nossas perguntas, nem no LinkedIn. Mas a Agência Espacial Europeia nos enviou este comentário sobre o projeto HEXAFLY.

"HEXAFLY foi um projetobitbetpesquisa sobre transporte aéreo civilbitbetalta velocidade, com velocidades até Mach 8, criadobitbet2012 e patrocinado na época pela Comissão Europeia, e um consórcio europeu liderado pela ESA composto por várias companhias e instituiçõesbitbetpesquisa francesas, alemães, italianas e britânicas foi estabelecido. O projeto foi concluído há muito tempo. Houve também um acordobitbetcooperação internacional separado entre o consórcio e as entidades russas TsAGI, o InstitutobitbetFísica e TecnologiabitbetMoscou, o InstitutobitbetPesquisabitbetVoo e o Instituto CentralbitbetMotoresbitbetAviação."

"Todas as contribuições técnicas e intercâmbios foram acordados e previstos no acordobitbetcooperação entre o Consórcio Europeu e as entidades russas."

"Johan Steelant liderou e coordenou o envolvimento da ESA e os esforços do Consórcio Europeu. A ESA está ciente dos eventos subsequentes. Estamos igualmente cientesbitbetque o nomebitbetJohan Steelant foi incluído neste processo. Johan Steelant é um membro valioso da ESA, e durante o seu mandato como coordenador do HEXAFLY, desempenhou seu papelbitbetacordo com os termos mutuamente acordados do acordobitbetcooperação, ebitbetprol dos interessesbitbettodos os membros desta cooperação internacional na época."

"Meus sentimentos pessoais são totalmente negativos", diz um dos colegasbitbetVladislav Galkin que preferiu permanecer anônimo. "Durante anos, o ministério nos obrigou a publicarbitbetrevistas científicas estrangeiras e a trabalhar ao ladobitbetcientistas estrangeiros, e a obrigação ainda não foi revogada. No entanto, o FSB considera que manter contato com cientistas estrangeiros e escrever para revistas estrangeiras é uma traição à Pátria. Há um conflito dentro do sistema."

Ele contou que o Ministério da Educação e da Ciência não está fazendo nada para resolver a questão: "Nas listas ministeriais, 60% das publicações ainda são destinadas a revistas científicas estrangeiras".

Ele diz que o ITPM encerrou o contato e a cooperação com institutos e periódicos estrangeiros, e também interrompeu suas pesquisas na área hipersônica. "É difícil trabalhar nessas condições. Não tanto pelas restrições, mas pela ausênciabitbetdiretrizes detalhadas e leis claras. Estamos aguardando pacientemente, mas acreditamos que o bom senso vai prevalecer", acrescentou o cientista.

Após a publicação da carta aberta do ITPM, o Kremlin emitiu um comentário. "Vimos o apelo deles, mas os serviços especiais estão trabalhando e cumprindo seu dever. As acusações são graves", afirmou Dmitry Peskov, o porta-voz da presidência. Mas se resumiu a um breve furor na imprensa, dizem os parentesbitbetShiplyuk. Desde então, não houve mais nenhuma reação.

A carta foi uma rara manifestaçãobitbetapoio público aos cientistas presos sob acusaçãobitbettraição. O FSB conseguiu assustar os físicos russos — assim como seus colegas no exterior. Advogados tentaram, sem sucesso, convencer estes últimos a serem testemunhasbitbetdefesabitbetprocessosbitbettraição, e a ajudar seus colegas russos a provar que estavam se comunicando com cientistas, e não com espiões. Segundo Smirnov, "eles estão totalmente aterrorizados desde o envenenamentobitbetSergei Skripal [um agente duplo que os russos tentaram matarbitbetSalisbury, no Reino Unido,bitbetmarçobitbet2018]".

Os colegas russos dos réus, ele acrescenta, também costumam se recusar a ser testemunhasbitbetdefesa no tribunal e evitam comentar as acusações. "Todo mundo está assustado e recolhidobitbetseu canto", diz a viúvabitbetKudryavtsev.

Os cientistas têm medo até hoje. "Assumi um compromisso com uma determinada organização, por isso não posso comentar", afirmou um funcionário do ITPM ​​quando contatado, dizendo temer a perseguição do FSB. Outro funcionário disse para entrarbitbetcontato com elebitbetum mês. Outros três não atenderam ligações, nem responderam mensagens. "Eles vão me colocarbitbetvolta na prisão depoisbitbetfalar com você", declarou Vladimir Lapygin, o ex-cientista do TsNIIMash.

'Se eu enfiar um lápis no seu olho, vira uma arma'

Quase todos os processosbitbettraição contra cientistas abertos recentemente seguiram um caminho semelhante, diz Smirnov: agentes do FSB foram aos institutos e buscaram projetos internacionais realizados nos últimos 10-15 anos para o que "for mais conveniente para eles".

"A missão não era encontrar culpados, mas prender várias pessoasbitbetcada instituto", afirma Smirnov. O FSB pediu então a especialistas que verificassem os projetos e apresentaçõesbitbetseu interesse quanto à presençabitbetsegredosbitbetEstado.

Vladimir Lapygin

Crédito, Bauman Moscow State Technical University

Legenda da foto, Vladimir Lapygin, o ex-cientista do TsNIIMash

"A raiz do problema está nas conclusões tiradas pelos especialistas que descobrem os 'segredos'", explica Smirnov. Os especialistas são frequentemente engenheiros militaresbitbetum dos vários institutos da agência espacial russa, Roskosmos. "Se você tem um cientista civil e um cientista militar olhando para o mesmo trabalho, o cientista militar vai ver naturalmente um segredobitbetEstado ou outro para onde quer que olhe, embora a física na engenharia militar e civil seja exatamente a mesma", acrescenta.

A comissãobitbetespecialistas vai chamar até mesmo as informações dos livros didáticosbitbetsegredobitbetEstado, afirma Smirnov. "Digamos que você precisebitbetuma tabelabitbetmultiplicação ao redigir uma apresentação, e também ao construir um foguete Burevestnik. Você está usando a mesma tecnologia." É assim que um cientista que apresenta o seu trabalho no exterior, ou participabitbetum projeto internacional, é acusadobitbettraição.

Lapygin concorda que a lógica das investigações é exatamente a descrita acima, e lembra do seu próprio interrogatório: "Tínhamos alguns modelos para testarbitbettubos aerodinâmicos que pareciam com ogivasbitbetmísseis ou com as formas da carenagembitbetmísseis. As formas das coisasbitbetsi não são um segredo. O investigador me disse: 'Isto aqui são ogivasbitbetfoguetes!' Peguei um lápis e disse: 'Aqui está um lápis — não é um segredo, nem está escondido, nem é uma arma. Mas se enfiar no seu olho, ele se torna uma (arma). Mas não estou cutucando você com isso. Portanto, o lápis não pode ser considerado uma tecnologia secreta'. O fatobitbeta carenagembitbetum míssil ter um formato elíptico não faz da elipse uma fórmula secreta."

Os investigadores do FSB também encontraram o formatobitbetum foguete na pesquisa que Kudryavtsev enviou ao Instituto von Karman, na Bélgica. Como lembrabitbetviúva, o instituto foi encarregadobitbetestudar o comportamentobitbetfluxos turbulentosbitbetum modelobitbetformabitbetcone pontiagudo. O experimento não funcionou, então os físicos arredondaram o cone para alcançar o fluxo turbulento que precisavam. O estudo foi um sucesso, mas o FSB descobriu nele informações secretas: o cone com ponta arredondada lembrava agora um foguete. Especialistasbitbetengenharia militar concordaram que o comportamentobitbettal modelobitbetfluxos turbulentos seria útil a eles — e que, portanto, constituía um segredobitbetEstado.

"Fique na sua, não publique artigos, e não encontre com estrangeiros", diz Lapygin.

"Escreva artigosbitbetsegredo, e você vai receber seu salário e uma boa avaliação."

Na opinião dele, esta é a única formabitbetum cientista se salvar da acusaçãobitbettraição.

"Mas é ruim para o nosso país porque significa que não haverá progresso. O lance é que nem todo mundo se incomoda com isso. Eles acham que você pode viver assim, e que não é tão terrível."

Ao falar sobre o FSB hoje, Lapygin lembra como, na era soviética, havia um agente da KGBbitbetTsNIIMash encarregadobitbetguardar segredosbitbetEstado.

"Ele copiava as fórmulas para um caderno selado, o que as tornava confidenciais. Isso não fez bem à mente dele."

Lapygin está convencidobitbetque o que hoje o FSB chamabitbettraição ao Estado, um cientista na era soviética teria se safado com uma reprimenda ou, na pior das hipóteses, perdido o emprego. "De maneira alguma, haveria um processobitbettraição contra ele."

Centenasbitbetcientistas russos deixaram o país desde o início da guerrabitbetgrande escala na Ucrânia. Mas mesmo antes da invasão, a fugabitbetcérebros era surpreendente: um estudo oficialbitbet2018 mostrou que 800 mil russos com ensino superior tinham ido para o exterior.

No total, os órgãosbitbetsegurança pública da Rússia prenderam 12 cientistas sob a acusaçãobitbettraição. Todos eles estavambitbetuma forma oubitbetoutra ligados ao estudo da físicabitbetvelocidades hipersônicas. Três já morreram.

Dmitry Kolker

Crédito, Kremlin.ru

Legenda da foto, Em uma ironia do destino, o cientista Dmitry Kolker foi um dos escolhidos para participarbitbet2001bitbetuma sessãobitbetperguntas e respostas com o presidente Putin transmitida pela televisão . Ele morreu logo apósbitbetprisão, maisbitbet20 anos depois

AlémbitbetKudryavtsev, havia seu colega do TsNIIMash Roman Kovalev —bitbetesposa faleceu quando ele estava detido, e ele próprio morreu um mês depoisbitbetser libertado da prisão. Dmitry Kolker, chefe do LaboratóriobitbetÓptica Quântica do InstitutobitbetFísica do Laser, foi detido no hospital, apesarbitbetter câncerbitbetpâncreasbitbetestágio quatro. Ele morreu dois dias depois.

Há maisbitbet20 anos, Putin já era presidente, enquanto Kolker trabalhava no InstitutobitbetFísica do Laser. Eles conversaram na televisão estatal durante a primeira maratona anualbitbetperguntas e respostas aberta ao públicobitbetPutin.

"O que vai acontecer com a ciência fundamental, e o financiamento para a pesquisa fundamental vai aumentar?", perguntou Kolker, na ocasião. Putin garantiu a ele que a ciência é mais importante que o petróleo e o gás, "e, claro, o Estado deve prestar a atenção necessária à ciência". O Estado realmente prestou atenção aos cientistas — o FSB, ainda mais.

Dois cientistas do TsAGI, Anatoly Gubanov e Valery Golubkin, foram condenados a 12 anosbitbetprisão numa colônia penalbitbet"regime rigoroso". Gubanov recorreu da decisão, ebitbetadvogada, Olga Dinze, espera obter uma redução da pena.

Em 17bitbetabril, o Supremo Tribunal da Rússia anulou a decisão do processobitbetGolubkin, e ordenou uma revisão. Golubkin participou pessoalmente da audiência, sendo transferidobitbetuma colônia penalbitbetPetrozavodsk para Moscou.

Ele está detido agora na prisãobitbetLefortovo, na capital russa, onde as condições são melhoresbitbetcomparação com a colônia penal, segundo Maria Eismont, advogadabitbetdireitos humanos.

"Esperamos que os médicos o examinem, realizem examesbitbetmarcadores tumorais, e que ele fique mais próximo dos seus familiares, que vão poder visitá-lo regularmente", explicou Eismont. Golubkin foi submetido a uma cirurgia para câncerbitbetcólon há vários anos.

Sergei Meshcheryakov, do TsNIIMash, recebeu uma sentençabitbetsuspensão condicional da penabitbetsete anosbitbet2021. "Ele tinha câncer. Queria rejeitar a pena suspensa e lutar contra o processo", lembra Lapygin.

Valery Zvegintsev, do ITPM, permanecebitbetprisão domiciliarbitbetNovosibirsk.

O diretor do ITPM, Alexander Shiplyuk, está no centrobitbetdetenção do FSBbitbetLefortovo,bitbetMoscou. "Ele nunca reclamou das condiçõesbitbetlá, e nos últimos 18 meses nos acostumamos com a situação", dizbitbetfamília.

"Ele estábitbetuma cela para dois homens, com boa ventilação e sem problemasbitbetaquecimento. Levamos regularmente cestasbitbetcomida ou enviamos coisas para ele manterbitbetsaúde e força. Nem sempre é fácil fazer isso a partirbitbetNovosibirsk, mas estamos gratos aos parentes e às pessoasbitbetMoscou que se preocupam com ele."

No ano passado, Shiplyuk só obteve permissão para ver a esposa três vezes, e os filhos, uma vez. Ele foi autorizado a dar dez telefonemas para parentes.

Seu filho Mikhail diz que o pai vivia para o trabalho. "Ele essencialmente dedicoubitbetvida a isso." Shiplyuk gostavabitbetpraticar snowboard, mas mesmo nestas ocasiões, ele combinava a atividade com a participaçãobitbetconferências sobre física.

Mikhail conta que os livros que ele lê na prisão agora não têm nada a ver com ciência. Ele está mais interessadobitbetfilosofia, e decorou o poema Eugene Onegin,bitbetPushkin.

"Um pai dá uma sensaçãobitbetconstância. Sem ele, isso desaparece, e você tem que se virar sozinho, sem um ombrobitbetpai para se apoiar", diz ele. "Sinto falta do apoio e dos conselhos dele. Escrevemos cartas um para o outro, mas não sobre tudo. Só sobre as coisas essenciais."

O advogadobitbetShiplyuk, que tem medobitbetrevelar seu nome, diz que o cientista insiste nabitbetinocência. A investigação preliminar está agora chegando ao fim. "Isso é tudo que posso dizerbitbettermos processuais, já que não aborda os autos do processo. Assumi um compromissobitbetconfidencialidade porque, segundo os investigadores, os autos do processo contêm informações confidenciais."

Anatoly Gubanov (à esquerda) ao ladobitbetoutra pessoa

Crédito, TsAgi

Legenda da foto, Anatoly Gubanov (à esquerda)

Anatoly Maslov,bitbet77 anos, colegabitbetShipluk no ITPM, também foi detidobitbetLefortovo, mas a investigação está agora concluída, e seu caso está sendo apresentado nos últimos sete mesesbitbetum tribunalbitbetSão Petersburgo. Ele não admitiu culpa. Mikhail, filhobitbetShiplyuk, também conhece Maslov, e estábitbetcontato com ele. "Ele não é tão emocionalmente estável e positivobitbetsuas cartas quanto meu pai", afirma.

Maslov também está sendo defendido por Olga Dinze. Ela diz que o julgamento dele está sendo realizado separadamente dos outros casos do ITPM. "Sua área da ciência sempre foi turbulência, e não tinha nada a ver com (a área) hipersônica", explica. "Mas ele foi envolvido nisso, e alguns morreram, e outros tiveram que responder."

A defesa também precisa provar que Maslov não possui conhecimento especializadobitbetum campo científico específico — Dinze não pôde especificar qual, já que os autos do processo são confidenciais.

"Ele não admite culpa; não há nada a admitir aqui. O processo é baseado nas fantasias da promotoria", afirma Dinze. "Quando ele percebeu o que estava acontecendo, ficou consternado e apáticobitbetparticipar da audiência", diz ela. "Estamos tentando encorajá-lo, dizendo que precisamos pelo menos tornar o processo embaraçoso para nossos oponentes."

Vladislav Galkin só consegue ver seus familiares por meiobitbetuma divisóriabitbetvidro no centrobitbetdetençãobitbetque está presobitbetNovosibirsk. "Ele segura o telefonebitbetum lado, e nós seguramos do outro", dizbitbetesposa, Tatyana.

"Estava pensando outro dia que poderia escrever uma carta. Não sei para quem, talvez para o promotor. Obviamente não para Putin", afirma. "Eu poderia pedir que me colocassem no mesmo centrobitbetprisão preventiva. Seria bastante fácil — você só precisa suspeitarbitbetalguém por alguma coisa. Porque ele só fica sentado ali, dia após dia."

Ela está falando sério. Já se passou quase um ano exatamente desde que seu marido foi preso.

"O FSB está a todo vapor. 'É preciso quebrar ovos para fazer um omelete', como dizem. É assim que as coisas estão no país agora."