A megaoperação para recuperar tesourobet386navio que afundou há 300 anos no Caribe:bet386
Em 2015, quando o Estado colombiano encontrou os destroços a 600 metrosbet386profundidade, o então presidente Juan Manuel Santos descreveu o fato como "uma das maiores descobertasbet386patrimônio, se não o maior, dizem alguns, na história da humanidade".
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Fim do Matérias recomendadas
Com basebet386documentos históricos, presume-se que o galeão transportava toneladasbet386mercadorias, ouro, prata e pedras preciosas.
"O galeão havia passado pelo portobet386Portobelo, no Panamá, onde ocorriam as trocasbet386mercadorias vindas do Vice-Reino do Peru e do Caribe", explica Alhena Caicedo, diretora do Instituto Colombianobet386Antropologia e História (ICANH).
"Sabemos que parte do tesouro tinha sido arrecadado nos vice-reinados. Outras linhasbet386pesquisa apontam que o comércio ilegal também participava deste carregamento, com contrabando e outras coisas", acrescenta.
O galeão foi declaradobet3862020 como um bembet386interesse cultural da Colômbia, razão pela qual o governo defende que o seu valor não deve e não pode ser contabilizadobet386termos monetários.
"Entendo que para boa parte das sociedades ocidentais o valor foi equiparado ao preço. Mas há questões, como a que hoje nos une (o galeão), a meu ver, têm um valor imenso que não tem preço", disse o ministro da Cultura, Juan David Correa, na última sexta-feira,bet386Cartagena.
Em todo caso, uma empresa americanabet386"caça ao tesouro" afirma possuir parte do galeão. A companhia afirma que o espólio do navio poderia ser avaliadobet386cercabet386U$ 20 milhões (cercabet386R$ 99 milhões).
O que se sabe sobre a carga que o galeão transportava, porém, vembet386fontesbet386arquivo e não pôde ser confirmadobet386primeira mão no local do naufrágio.
Em 2022, a Marinha Nacional e a Direção Marítima Nacional da Colômbia realizaram a primeira exploração não intrusiva do galeão. As imagens da expedição mostram vários canhões, algumas moedas e talheres chineses.
"O que conseguimos identificar são potes, vasilhas, seringas, copos, porcelanas, algumas moedas, esses tiposbet386materiais que falambet386como era vida a bordo", explica Caicedo.
Um dos objetivos do novo projetobet386pesquisa é ter mais certeza e detalhes sobre o que existe no galeão a 600 metrosbet386profundidade.
A tecnologiabet386operação
Uma toneladabet386cocaína, três brasileiros inocentes e a busca por um suspeito inglês
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Segundo o ministro da Cultura, Juan David Correa, a operação vai acontecer entre abril e maiobet3862024. Um robô operado remotamente, desenvolvido na Suécia e fabricado na Inglaterra, vai até o navio para recuperar algumas peças que estão mais visíveis.
O objetivo é observar como essas peças reagem ao sair da água, segundo os pesquisadores.
"Uma vez retirados da água, são materiais muito vulneráveis, porque estiveram sujeitos a pressões muito significativas durante 300 anos e depois podem se decompor rapidamente", explicou Alhena Caicedo à BBC News Mundo, serviçobet386espanhol da BBC.
"Precisamos garantir que sabemos manusear este tipobet386materiais, como estabilizá-los, como preservá-los para que, sebet386algum momento quisermos fazer uma exposição, tenhamos peças que não se desmanchem", diz.
As peças serão estudadasbet386um laboratóriobet386Cartagena e, a médio prazo, está prevista a construçãobet386um museu.
Por enquanto, as autoridades colombianas descartam a retiradabet386grandes quantidadesbet386ouro e prata do galeão.
O robô submarino será operado a partir do ARC Caribe, navio que o governo comproubet386um estaleiro chinêsbet3862017 por U$ 13 milhões (cercabet386R$ 64 milhões,bet386valores atuais).
"Nosso navio tem a capacidadebet386enfrentar as ondas, o vento e todos os movimentos nas seis direções que existem no oceano para conseguir se segurarbet386um ponto preciso. A exploração exige que o robô vá até uma profundidadebet386600 metros para que ele seja ligado à mão e ao olho do operador que está no navio", explicou o almirante Hermann León à agência EFE.
A operação vai ser um esforço coordenado do Ministério da Cultura, do Instituto Colombianobet386Antropologia e História, da Marinha Nacional (ICANH) e da Direção Marítima Nacional, todas instituições públicas.
Isso representa uma mudançabet386relação aos planos iniciais que o Estado colombiano tinha durante o governobet386Juan Manuel Santos.
Inicialmente, foi divulgado que o projeto seria uma parceria público-privada que contemplaria dividir o tesouro do galeão e pagar à empresabet386exploraçãobet386espécie, ou seja, com parte do tesouro.
A primeira fase da pesquisa, que será realizadabet3862024, custará ao Estado cercabet386U$ 4,5 milhões (R$ 22 milhões).
Alémbet386detalhar a informação sobre as peças que estão no galeão e extrair da água os primeiros objetos, a exploração procura ser um pontapé inicial para definir um planobet386gestão arqueológicabet386longo prazo. A ideia dos pesquisadores é declarar a área como uma reserva arqueológica
Segundo Caicedo, isso é importante pelo riscobet386saque, ou seja, que pessoas não autorizadas, como piratas ou caçadoresbet386tesouros, cheguem até o navio e o saqueiem.
Desde que os destroços foram encontrados, as coordenadas do galeão são consideradas um segredo do Estado na Colômbia.
Com base nas novas informações que se conhecem sobre o que existe no fundo do mar, "a Colômbia espera obter respostas a múltiplas questõesbet386pesquisa científica sobre a história submersa do comércio marítimo entre a América e a Europa no início do século 18", diz o Ministério da Cultura,bet386comunicado.
Arqueólogos criticam projeto
Uma dezenabet386especialistas agrupados na Rede Universitária do Patrimônio Cultural Submerso criticou o governo por considerar que o planobet386gestão arqueológica do galeão apresenta importantes "lacunas" e "inconsistências".
Segundo os acadêmicos, não existe "a devida justificação científica" para a extraçãobet386pedaços do galeão, o que iria contra o princípio da conservação in situ que a própria ICANH já sugeriu aplicar.
Os pesquisadores afirmam que atualmente existe um "imperativo"bet386extração dos destroços do galeão que "prevalece sobre qualquer procedimento científico, técnico ebet386gestão, sendo o planobet386gestão arqueológica uma mera formalidade a cumprir, face a decisões tomadas antecipadamente pelo atual governo."
Além disso, os pesquisadores salientam que "não são mencionados detalhes, nem são apresentados dados das temporadas realizadas entre 2015 e 2016 pela empresabet386caça ao tesouro Maritime Archaelogy Consultants, o que teria implicado também uma possível intervenção nos destroços."
Essa foi a empresa que assinou um contrato com o governo colombiano durante a gestão do presidente Juan Manuel Santos para extrair os restos do galeão, embora o governo subsequentebet386Iván Duque tenha decidido que não iria avançar com o acordo.
A diretora da ICANH, Alhena Caicedo, esclareceu à BBC News Mundo que, a conselho da Agênciabet386Defesa Legal do Estado, o atual projetobet386pesquisa não pode levarbet386conta nenhum relatório sobre o galeão produzido pela empresa naquele momento.
As disputas pelo galeão
Ao mesmo tempo que o governo anunciou esta ambiciosa pesquisa científicabet386águas profundas, o Tribunal Permanentebet386Arbitragembet386Haia iniciou formalmente um litígio internacional entre a Colômbia e a Sea Search Armada, uma empresa norte-americana. O assunto é justamente o galeão.
A Sea Search Armada afirma ter encontrado os destroços antes da Colômbia e exige U$ 10 milhõesbet386indenização, metade do valor estimado do tesouro do galeão.
O diretor da Agência Nacionalbet386Defesa Legal do Estado, instituição que deve assumir a defesa da Colômbia no caso, qualificou esta afirmaçãobet386“grotesca” e "frívola" e afirmou que "as coordenadas fornecidas pelo demandante não “são as coordenadas onde está o galeão".
As leis colombianas dizem que o navio é “inalienável, imprescritível e não pode ser apreendido”. Mas isso não evitou disputas sobre quem é o proprietário desde abet386descoberta.
Em 2015, o Ministro dos Negócios Estrangeiros espanhol disse que "a Espanha não desistirá do galeão porque é um navio estatal". No entanto, ambos os governos mantiveram a intençãobet386alcançar uma resolução amigável e diplomática do litígio.
No dia 23bet386fevereiro, o embaixador espanhol na Colômbia disse ter instruções do governo do seu país para oferecer à Colômbia "a possibilidadebet386trabalhar num acordo bilateral para criar um novo paradigmabet386termosbet386proteção do patrimônio submerso".
Embora reitere que o galeão pertence à Colômbia, Alhena Caicedo, diretora do Instituto Colombianobet386Antropologia e História, afirma que "o patrimônio tem outras dimensões que também devem ser consideradas, como a dimensão simbólica".
"Reconhecemos e queremos reconhecer que partilhamos a história com muitos outros, partilhamos essa história do galeão especificamente com Espanha, com a Bolívia, com pessoas do que foi o antigo Novo Reinobet386Granada, com muitos atores sociais que queremos reconhecer", explica.
A comunidade indígena boliviana Qhara Qhara também reivindica parte do galeão, alegando que o ouro e a prata transportados foram obtidos nas minasbet386Potosí por meio da violência e da exploração.
"Este é um patrimônio que todos temosbet386olhar com curiosidade. Todos estão convidados", concluiu o ministro Juan David Correa.