Viagem no tempo: o que aconteceria se você se encontrasse com seu 'eu futuro'?:aposte ganhe

Legenda do áudio,

Esta é uma questão bastante estranha, mas acredito que vale a pena pensar mais sobre ela.

Sou psicólogo e professor e, por isso, reconheço que discutir as implicações hipotéticas das viagens no tempo pode parecer estranho, vindoaposte ganhealguém com esta especialização profissional. Mas minhas pesquisas ao longo dos últimos 15 anos não estão tão distantes assim deste tema.

Meus estudos se concentraram principalmenteaposte ganhecomo as pessoas pensam e se relacionam com seus "eus" futuros, e publiquei recentemente um livro sobre o assunto. Nele, exploro os motivos que nos levam a ter tanta dificuldade para tomar decisõesaposte ganhelongo prazo e como podemos fazer escolhas melhores, ampliando nossa conexão emocional com nosso eu futuro.

Minhas pesquisas me ensinaram que costumamos imaginar o nosso eu futuro como outra pessoa – e esta tendência pode nos criar problemas.

Crédito, Edouard Taufenbach/Bastien Pourtout

Legenda da foto, Imaginar uma conversa com seu 'eu' futuro pode trazer diversos benefícios para o seu bem-estar no presente
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Penseaposte ganhealguém naaposte ganhevida que você mal conhece: um vizinho ou um colegaaposte ganhetrabalho, por exemplo. Se esse estranho pedisse que você se privasseaposte ganhealgoaposte ganheseu benefício – que lhe emprestasse dinheiro, por exemplo – talvez você educadamente recusasse.

Se tratarmos o nosso eu futuro da mesma forma, faz sentido por que, às vezes, nós cedemos aos nossos desejos imediatos (como comprar uma TV ou um carro último modelo)aposte ganhevezaposte ganhefazer algo que nos traria um bem maior no longo prazo (como economizar para uma viagem no próximo verão).

Nós poderíamos pelo menos tentar fazer com que o nosso eu futuro se parecesse menos com estranhos e mais com pessoas próximas, como nossos parceiros, nossos entes queridos ou melhores amigos.

Uma formaaposte ganhepreencher esse fosso emocional é pensar no nosso eu futuroaposte ganheforma mais vívida e concreta. Afinal, o que é vívido é emocional e o emocional pode nos levar à ação.

Em um estudo recente, por exemplo, meus colaboradores e eu fizemos uma parceria com um banco e descobrimos que clientes que recebem imagensaposte ganhesi próprios com o avanço da idade, ao ladoaposte ganhemensagens incentivando que eles economizem para a aposentadoria, são 16% mais propensos a fazer uma contribuição para a aposentadoria do que as pessoas que receberam apenas as mensagensaposte ganheincentivo.

Outro estudo concluiu que escrever cartas para si próprio no futuro – e respondê-las – também pode fortalecer a conexão entre o eu atual e o do futuro.

Ajuda da tecnologia

Evidentemente, mostrar às pessoas imagens do seu rosto mais velho ou fazer com que elas iniciem uma conversa hipotética é muito diferenteaposte ganhelevá-las a realmente conhecer o seu eu futuro. Mas podemos imaginar que será possível manter interações muito mais ricas no futuro próximo, com o uso da inteligência artificial.

O que aconteceria se um modeloaposte ganheIA como o ChatGPT ou Bard pudesse ser treinado com as experiênciasaposte ganhevida dos indivíduos?

Estes modelos ficaram surpreendentemente inteligentes, aprendendo como os seres humanos se comunicam atravésaposte ganheimensos conjuntosaposte ganhedados – e trabalham essencialmente fazendo previsões.

Se esse modelo incorporasse informações como seu localaposte ganhenascimento, histórico escolar, personalidade, relacionamentos e hobbies (e os mesmos dadosaposte ganhemilhõesaposte ganheoutras pessoas), ele poderia ser capazaposte ganheprever a pessoa que você será daqui a 10 ou 20 anos.

É claro que o modelo não poderia prever exatamente quais decisões você iria tomar. Ele poderia mostrar o seu potencial, com base na vidaaposte ganhepessoas parecidas com você – não apenas uma vida possível, mas sim o caminhoaposte ganhevida mais provável que você seguiria.

Agora, imagine-se conversando com aaposte ganheversão do futuro, da mesma forma que você conversa com um amigo ou um ente querido. O que você perguntaria?

Minha reação imediata – e aaposte ganheoutras pessoas com quem conversei – éaposte ganheresistência.

Imagino que a fonte dessa resistência resida no desejoaposte ganhenos vermos como uma pessoa única. Como um algoritmo poderia fazer uma previsão sobre mim, com minhas características multicoloridas que me tornam único entre oito bilhõesaposte ganhepessoas?

Sim, eu preciso aceitar – ainda que relutantemente – que não sou tão único como gostoaposte ganhepensar. E os algoritmos já conseguem prever minha personalidade, desejos e escolhas regularmente. Sempre que ouço uma playlist personalizada no Spotify ou me interesso por uma recomendaçãoaposte ganhefilme na Netflix, alguma formaaposte ganheIA foi responsável por essa previsão.

À medida que os algoritmos ficarem mais poderosos, com maior acesso aos dados sobre nós e sobre outras pessoas similares, não há motivo que os impeçaaposte ganheir além dos detalhes superficiais, como as escolhasaposte ganheentretenimento do seu eu futuro. Eles poderão ser capazesaposte ganheprever como aaposte ganheversão mais velha e sábia poderá se sentir sobre as decisões que tomou ao longo da vida.

Oito perguntas para o seu 'eu futuro'

Voltando, então, à questão original: se você pudesse viajar no tempo para encontrar o seu eu futuro, quais aspectos daaposte ganhevida você gostariaaposte ganheconhecer melhor?

Quais você iria preferir que fossem mantidosaposte ganhesegredo? E, se você preferisse recusar o encontro, qual seria o motivo?

Pensei muito sobre o que eu faria. Meu primeiro instinto seria perguntar ao meu eu futuro coisas como... você é feliz? Os seus familiares são felizes e saudáveis? O ambiente àaposte ganhevolta é seguro para os seus netos e bisnetos?

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Reservar um tempo para imaginar o diálogo com seu eu do futuro pode ajudar a tomar decisões melhores no presente

Quanto mais analisava essas questões iniciais, mais percebia o quanto eu me preocupava com o que o futuro me reserva. E um levantamento muito informal com minha esposa e alguns amigos indicou que eu talvez não esteja sozinho nessa tendência.

Mas, refletindo um pouco mais, percebi que as perguntas mais poderosas seriam aquelas que me ajudassem a tomar decisões melhores hoje. Com este objetivo, eu poderia gerar diversos questionamentos para iniciar um diálogo entre meus dois eus. Por exemplo:

  • Do que você tem mais orgulhoaposte ganhemim e por quê
  • De que formas, positivas e negativas, você mudou ao longo do tempo?
  • Do que você sente mais falta nas épocas passadas da vida?
  • Quais ações você lamenta ter tomado?
  • Quais ações você lamenta não ter tomado?
  • Qual época da vida você mais gostariaaposte ganhepoder repetir?
  • No que eu deveria prestar mais atenção agora?
  • Com o que eu deveria me preocupar um pouco menos?

Imagine se você fizesse estas oito perguntas para o seu eu futuro. Que respostas poderiam modificar seu modoaposte ganhevida atual?

Provavelmente, este seria o diálogo mais importante daaposte ganhevida. Mas você não precisa esperar que surjam as viagens no tempo ou os avanços da IA para obter respostas que possam serviraposte ganhebase para suas ações.

Nas minhas pesquisas como psicólogo, aprendi que simplesmente reservar um tempo para imaginar este encontro pode ajudar você a tomar melhores decisões agora, preenchendo o espaço emocional entre quem você é hoje e quem você será amanhã.

Tudo o que você precisa éaposte ganheum poucoaposte ganheimaginação e disposição para se colocar no lugaraposte ganheuma pessoa que, hoje, você trata como um estranho.

* Hal Hershfield é professoraposte ganhemarketing, tomadaaposte ganhedecisões comportamentais e psicologia da Escolaaposte ganheAdministração Anderson da Universidade da Califórniaaposte ganheLos Angeles (UCLA), nos Estados Unidos, e autor do livro "Seu Eu Futuro: Como Melhorar o Amanhã, Hoje", publicadoaposte ganhejunhoaposte ganhe2023 (em inglês).