Como o maior peixe da Amazônia foi parar nos rios do interiorvbet betci1 comSão Paulo:vbet betci1 com

Izael com pirarucuvbet betci1 com113 quilos

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Izael com pirarucuvbet betci1 com113 quilos

O tamanho do onívoro também chamou a atençãovbet betci1 comIzael Gonçalvesvbet betci1 comMoraes, 41 anos, que pescou um exemplar da espécie com 2,2 metrosvbet betci1 comcomprimento, pesando 113 quilos, justamente no dia do seu aniversário. "Foi a primeira vez que pesquei um peixe desse tamanho. Fiquei até emocionado, pois levei quase uma hora para conseguir tirar da água."

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Natural da região da Amazônia, o pirarucu pescado por Izaelvbet betci1 comoutubrovbet betci1 com2022 foi encontrado no trecho do rio Grande, próximo do distritovbet betci1 comSão João do Marinheiro,vbet betci1 comCardoso (SP). "Depois dessevbet betci1 com113 quilos, peguei umvbet betci1 com90 quilos e outrovbet betci1 com50 quilos. É um peixe que está se reproduzindovbet betci1 commaneira extremamente rápida pelo rio."

Segundo Rogerio Machado, ecólogo e analista ambiental do Centro Nacionalvbet betci1 comPesquisa e Conservaçãovbet betci1 comPeixes Continentais (CEPTA), órgão ligado ao Instituto Chico Mendesvbet betci1 comConservação da Biodiversidade (ICMBio), o rompimentovbet betci1 comtanquesvbet betci1 compisciculturavbet betci1 comcriadouros particulares, às margens do rio Grande, possibilitou que os primeiros peixes da espécie pirarucu tivessem acesso ao rio Grande. "Foi quando a espécie encontrou ambiente favorável para se reproduzir, pois não tem predadores naturais", explicou Machado.

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Lilian Casatti, pesquisadora do Laboratóriovbet betci1 comIctiologia da Unesp (Universidade Estadual Paulista)vbet betci1 comSão José do Rio Preto, é uma das cientistas brasileiras que estuda os impactos do pirarucu nos rios do interiorvbet betci1 comSão Paulo.

Ela aponta que a espécie encontrou no trecho do rio Grande, entre a Usina Hidrelétricavbet betci1 comÁgua Vermelha e a Usina Hidrelétricavbet betci1 comMarimbondo, um ecossistema muito parecido com seu habitat natural na Amazônia, principalmente por conta das águas sem correnteza.

"Os rios dessa região estão muito modificados e para pior. Assim, enquanto as espécies nativas demonstram ser mais sensíveis a essas alterações e por isso estãovbet betci1 comdeclínio; as espécies não nativas, como o pirarucu, são mais resistentes, não demonstram muitas exigências e conseguem aproveitar os poucos recursos que ainda existem", elencou Casatti.

Os primeiros pirarucus foram avistados no trecho do rio Grande, entre a Usina Hidrelétricavbet betci1 comMarimbondo e a Usina Hidrelétricavbet betci1 comÁgua Vermelha, na divisa entre São Paulo e Minas Gerais,vbet betci1 com2010. Porém, foi apenasvbet betci1 com2015 que pesquisadores conseguiram fazer o primeiro registro científico da introdução da espécie no local.

"Mesmo sendo um peixe da Bacia Amazônica, o pirarucu se adaptou bem a Bacia Paraná, consequentemente a cada ano que passa estão sendo mais comunsvbet betci1 comserem pescados. Inclusive, temos relatosvbet betci1 compescadores que já estão encontrando exemplares pesando até 150 quilos", disse Emerson Mioransi, capitão da Polícia Ambiental da regiãovbet betci1 comSão José do Rio Preto.

Izael Gonçaves e a esposa Cintia Moraes com o pirarucu pescado no rio Grande

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Izael Gonçaves e a esposa Cintia Moraes com o pirarucu pescado no rio Grande

Impactos ambientais

A introduçãovbet betci1 comuma espécie não nativa que se alimentavbet betci1 comoutros animais aquáticos é a grande preocupação dos pesquisadores que estudam os impactos da reprodução do pirarucu no rio Grande.

"Estamos falandovbet betci1 comuma espécie predadoravbet betci1 comtopovbet betci1 comcadeia alimentar, e um animalvbet betci1 comgrande porte, que consome outras espéciesvbet betci1 compeixesvbet betci1 commenor porte", apontou Igor Paiva Ramos, pesquisador da Unespvbet betci1 comIlha Solteira.

Para Lidiane Franceschini, pesquisadora da Unesp, a reprodução rápida da espécie pode desestruturar as comunidades aquáticas. "O pirarucu no rio Grande pode causar a diminuiçãovbet betci1 comespécies nativas importantes da pesca regional."

Estudos apontam que, até o momento, o pirarucu apenas habita o trecho entre a Usina Hidrelétricavbet betci1 comMarimbondo e da Usina Hidrelétricavbet betci1 comÁgua Vermelha – duas barragens construídas na décadavbet betci1 com1970 para a produçãovbet betci1 comeletricidade - que corresponde a uma distânciavbet betci1 comaproximadamente 120 quilômetrosvbet betci1 comque o rio Grande divide os territóriosvbet betci1 comSão Paulo e Minas Gerais.

Contudo, o receio é que nos próximos anos a espécie ganhe os afluentes do rio Grande e comprometa as relações ecológicasvbet betci1 comoutros rios do interiorvbet betci1 comSão Paulo.

"A introdução do pirarucu, alémvbet betci1 compoder causar a extinção localvbet betci1 comespéciesvbet betci1 compeixes e invertebrados que são utilizados como alimento por meio da predação, também pode ajudar na introduçãovbet betci1 comparasitas que podem parasitar as próprias espéciesvbet betci1 compeixes nativas", apontou Lidiane.

Lucio Omar Pereira com pirarucuvbet betci1 com110 quilos pescado no rio Grandevbet betci1 com2019

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Lucio Omar Pereira com pirarucuvbet betci1 com110 quilos pescado no rio Grandevbet betci1 com2019

Pirarucu aquece turismo

Ao mesmo tempo que o pirarucu representa um perigo para o ecossistema aquático do rio Grande, também impulsiona o turismovbet betci1 compescavbet betci1 comcidades do interiorvbet betci1 comSão Paulo.

Desde que pescou o primeiro pirarucu,vbet betci1 com2018, o guiavbet betci1 compesca Odair Camargo viu crescer a procuravbet betci1 compescadores interessadosvbet betci1 compescar no trecho do rio Grande entre Cardoso (SP) e Mira Estrela (SP). "Muita gente vê os vídeos na internet e vem tentar pescar. Além disso, quando você consegue pegar um pirarucu, consegue garantir o sustento da família. Recentemente, peguei umvbet betci1 com107 quilos que me rendeu R$ 2,5 mil. Mas é difícil tirar ele da água."

Dificuldade que não impediu o pescador Lucio Omar Pereira, 49 anos,vbet betci1 compescar três exemplares nos últimos meses. "O primeiro que pesquei pesou 110 quilos. Estavavbet betci1 comum barranco, ele puxava o anzol tão forte que digo que foi Deus me ajudou a tirar ele do rio."

O termo pirarucu advém davbet betci1 comcoloração, sendo "pira"vbet betci1 compeixe e "urucu"vbet betci1 comreferência avbet betci1 comcoloração vermelha. O gigante da Amazônia também é conhecido por suas grossas escamas que são capazesvbet betci1 comimpedir a penetraçãovbet betci1 commordidasvbet betci1 compiranha.

Segundo Levi Francisco dos Santos, diretor do departamento do meio ambientevbet betci1 comCardoso (SP), o município projeta nos próximos meses realizar um campeonato para incentivar a pesca da espécie. "É uma formavbet betci1 comconseguirmos diminuir a incidênciavbet betci1 compirarucu no rio e incentivar o turismo local."

Em Mira Estrela, município do interiorvbet betci1 comSão Paulo que também é banhado pelo rio Grande, o diretor do departamentovbet betci1 commeio ambiente, Antônio Cesar Zanzarin, diz que pescadores já relatam o desaparecimentovbet betci1 comalgumas espéciesvbet betci1 compeixes a partir da reprodução massiva do pirarucu. "É um peixe carnívoro que está causando a diminuição do númerovbet betci1 compeixes nativos e consequentemente o ganhovbet betci1 compescadores."

Izael Gonçalves com pirarucu pescado no rio Grande

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Izael Gonçalves com pirarucu pescado no rio Grande

Possíveis soluções

Estímulo à pesca, manejo da espécie e novas pesquisas científicas são apontados por especialistas como possíveis soluções para remediar os problemas que o pirarucu pode gerar no rio Grande nos próximos anos.

Para o ecólogo Rogerio Machado, dificilmente será possível acabar com a espécie na região. "O que pode ser feito é o manejo da espécie e estimular a pesca esportiva para tentar diminuir o númerovbet betci1 compeixes. É uma formavbet betci1 comter controle do pirarucu no rio Grande e evitar mais impactos ambientais."

Já Igor Paiva Ramos, pesquisador da Unespvbet betci1 comIlha Solteira, defende uma maior mobilização sobre a importância da educação ambiental no Brasil. "Dependevbet betci1 comeducarmos ambientalmente e sensibilizarmos a sociedade e políticos, sobre os riscos e prejuízos ambientais e econômicos que a introduçãovbet betci1 comespécies não-nativas pode causar."

A pesquisadora Lidiane Franceschini ressalta a importância da fiscalização e do monitoramento das comunidades aquáticas, para rápida detecçãovbet betci1 comespécies não-nativas, como formavbet betci1 comevitar novas invasões nos rios brasileiros. "Contudo, o que temos atualmente são leis que protegem essas espécies, como por exemplo a limitação da quantidadevbet betci1 comanimais não-nativos que podem ser capturados e limitação do tamanho. Do pontovbet betci1 comvistavbet betci1 comcontrole dessas espécies não-nativas, essas medidas são equivocadas."

Por ser uma espécie não-nativa, mesmo durante o período da piracema o pirarucu pode ser pescador no rio Grande. "Por ser um peixe invasor, a pesca dele é liberada, mas o pescador precisa ficar atento se não está descumprindo outras normas", afirmou Emerson Mioransi, capitão da Polícia Ambiental da regiãovbet betci1 comSão José do Rio Preto.

Além do pirarucu, outros peixes como a tilápia também foram introduzidos nos rios do interiorvbet betci1 comSão Paulo por meio do escapevbet betci1 comtanquesvbet betci1 compsicultura. A tilápia - Oreochromis niloticus -, por exemplo, chegou ao Brasil para ser criadavbet betci1 comcativeiro, mas atualmente é frequentemente encontradavbet betci1 comrios brasileiros.

"Mas com o pirarucu o problema é maior, pois é um peixe que consome a maioria dos peixes. Talvez daqui 15 anos, as próprias espécies nativas mostrem os primeiros sinaisvbet betci1 comadaptaçãovbet betci1 comvivência com o pirarucu no rio Grande, mas até lá é necessário um manejo e controle do númerovbet betci1 comexemplares", afirmou Rogerio.

Os impactos da presença do pirarucu no rio Grande estão sendo pesquisados por cientistas da Universidade Estadual Paulista (Laboratóriovbet betci1 comIctiologia da Unespvbet betci1 comSão José do Rio Preto; Laboratóriovbet betci1 comEcologiavbet betci1 comPeixesvbet betci1 comIlha Solteira e Laboratóriovbet betci1 comGenéticavbet betci1 comPeixesvbet betci1 comBauru); Universidade Federal do Paraná (Laboratóriovbet betci1 comEcologia e Conservação do Setorvbet betci1 comTecnologia da UFPR); Universidade Estadualvbet betci1 comLondrina (Laboratóriovbet betci1 comEcologiavbet betci1 comPeixes e Invasões Biológicas, Laboratóriovbet betci1 comGenética e Ecologia Animal da UEL); e do Instituto Cavanillesvbet betci1 comBiodiversidade e Biologia Evolutiva da Universidadevbet betci1 comValência (Espanha).

Este texto foi originalmente publicadovbet betci1 comhttp://vesser.net/articles/ckmd4pd4d6ko