Como colonos israelenses extremistas usam guerra para tomar terras na Cisjordânia:remo betnacional
Mas o Serviço Mundial da BBC teve acesso a documentos mostrando que organizações próximas ao governoremo betnacionalIsrael forneceram dinheiro para estabelecer novos postos avançados ilegais.
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A BBC também analisou inteligênciaremo betnacionalcódigo aberto (dados acessíveis a partirremo betnacionalfontes disponíveis publicamente) para checarremo betnacionalproliferação — e investigou o colono que Ayesha Shtayyeh diz tê-la ameaçado.
Especialistas dizem que os postos avançados são capazesremo betnacionaltomar grandes extensõesremo betnacionalterra mais rápido do que os assentamentos, e estão cada vez mais ligados à violência e perseguição contra comunidades palestinas.
Não há dados oficiais sobre o númeroremo betnacionalpostos avançados. Mas a equipe da BBC Eye Investigations analisou as listas e as localizações deles, compiladas pelas organizações israelenses Peace Now e Kerem Navot, que se opõem aos assentamentos — assim como pela Autoridade Palestina, que administra parte da Cisjordânia ocupada.
Analisamos centenasremo betnacionalimagensremo betnacionalsatélite para verificar se os postos avançados haviam sido construídos nestes locais — e para confirmar o anoremo betnacionalque foram instalados.
A BBC também verificou postagensremo betnacionalredes sociais, publicações do governo israelense e fontesremo betnacionalnotícias para corroborar as informações, e mostrar que os postos avançados ainda estavamremo betnacionaluso.
Nossa análise indica que quase metade (89) dos 196 postos avançados que verificamos foram construídos a partirremo betnacional2019.
Sanções internacionais
Uma toneladaremo betnacionalcocaína, três brasileiros inocentes e a busca por um suspeito inglês
Episódios
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Alguns deles estão ligados à crescente violência contra comunidades palestinas na Cisjordânia.
No início deste ano, o governo britânico impôs sanções a oito colonos extremistas por incitar ou perpetrar violência contra palestinos. Pelo menos seis haviam se estabelecido, ou estão vivendo,remo betnacionalpostos avançados ilegais.
Um ex-comandante do Exército israelense na Cisjordânia, Avi Mizrahi, diz que a maioria dos colonos são cidadãos israelenses que respeitam as leis, mas admite que a existênciaremo betnacionalpostos avançados torna a violência mais provável.
"Sempre que se coloca postos avançados ilegalmente na região, isso gera tensões com os palestinos... que vivem na mesma região", diz ele.
Um dos colonos extremistas alvoremo betnacionalsanções do Reino Unido foi Moshe Sharvit — o homem que Ayesha diz tê-la ameaçado com uma arma.
Tanto ele quanto o posto avançado que montou a menosremo betnacional800 metros da casaremo betnacionalAyesha também foram alvoremo betnacionalsanções pelo governo dos EUAremo betnacionalmarço. Seu posto avançado foi descrito como uma "base da qual ele perpetra violência contra palestinos".
"Ele tornou a nossa vida um inferno", diz Ayesha, que agora mora com o filhoremo betnacionaluma cidade pertoremo betnacionalNablus.
Os postos avançados não têm nenhuma aprovação oficialremo betnacionalplanejamento israelense — diferentemente dos assentamentos, que são enclaves judeus maiores, geralmente urbanos, construídos por toda a Cisjordânia, considerados legais pela legislação israelense.
Ambos são considerados ilegais no âmbito do direito internacional, que proíbe a mudançaremo betnacionaluma população civil para um território ocupado. Mas muitos colonos que vivem na Cisjordânia alegam que, como judeus, eles têm uma conexão religiosa e histórica com a terra.
Em julho, o Tribunal Internacionalremo betnacionalJustiça (TIJ),remo betnacionalum parecer histórico, disse que Israel deveria interromper todas as atividades relacionadas a novos assentamentos e retirar todos os colonos do Território Palestino Ocupado. Israel rejeitou o parecer, que classificou como "fundamentalmente errado" — e unilateral.
Apesar dos postos avançados não terem status legal, há pouca evidênciaremo betnacionalque o governo israelense esteja tentando impedir seu rápido crescimentoremo betnacionalnúmeros.
A BBC teve acesso a novas evidências mostrando como duas organizações próximas ao Estado israelense forneceram dinheiro e terras usadas para estabelecer novos postos avançados na Cisjordânia.
Terras e financiamento
Uma delas é a Organização Sionista Mundial (WZO, na siglaremo betnacionalinglês), uma organização internacional fundada há maisremo betnacionalum século e determinante no estabelecimento do Estadoremo betnacionalIsrael.
Ela tem um Departamentoremo betnacionalAssentamentos — responsável por administrar grandes áreasremo betnacionalterra ocupadas por Israel desde 1967. O departamento é financiado inteiramente por fundos públicos israelenses — e se descreve como um "braço do Estado israelense".
Contratos obtidos pela Peace Now, e analisados pela BBC, mostram que o Departamentoremo betnacionalAssentamentos destinou repetidamente terras nas quais postos avançados foram construídos.
Nos contratos, a WZO proíbe a construçãoremo betnacionalqualquer estrutura, e diz que a terra deve ser usada apenas para pastagem ou agricultura — mas imagensremo betnacionalsatélite revelam que,remo betnacionalpelo menos quatro casos, postos avançados ilegais foram construídos nelas.
Um destes contratos foi assinado por Zvi Bar Yosefremo betnacional2018. Ele, assim como Moshe Sharvit, foi alvoremo betnacionalsanções pelo Reino Unido e pelos EUA no início deste ano por violência e intimidação contra palestinos.
Entramosremo betnacionalcontato com a WZO para perguntar se ela estava cienteremo betnacionalque vários terrenos que havia destinado para pastagem e agricultura estavam sendo usados para a construçãoremo betnacionalpostos avançados ilegais. A organização não respondeu. Também fizemos perguntas a Zvi Bar Yosef, mas não recebemos resposta.
A BBC também descobriu dois documentos revelando que outra organizaçãoremo betnacionalcolonos importante — a Amana — emprestou centenasremo betnacionalmilharesremo betnacionalshekels, moeda israelense, para ajudar a estabelecer postos avançados.
Em um caso, a organização emprestou NIS 1 milhão (R$ 1,5 milhão) a um colono para construir estufasremo betnacionalum posto avançado considerado ilegal pela legislação israelense.
A Amana foi fundadaremo betnacional1978 e tem trabalhadoremo betnacionalperto com o governo israelense para construir assentamentosremo betnacionaltoda a Cisjordânia desde então.
Mas, nos últimos anos, tem havido evidências cada vez maioresremo betnacionalque a Amana também apoia postos avançados.
Em uma gravaçãoremo betnacionaluma reuniãoremo betnacionalexecutivosremo betnacional2021, vazada por um ativista, o CEO da Amana, Ze'ev Hever, pode ser ouvido afirmando que: "Nos últimos três anos... uma operação que expandimos é a fazendaremo betnacionalpastoreio [postos avançados]."
"Hoje, a área [que eles controlam] é quase o dobro do tamanho dos assentamentos construídos."
Neste ano, o governo canadense incluiu a Amanaremo betnacionaluma rodadaremo betnacionalsanções contra indivíduos e organizações responsáveis por "ações violentas e desestabilizadoras contra civis palestinos e suas propriedades na Cisjordânia". As sanções não mencionaram postos avançados.
Há também uma tendência do governo israelenseremo betnacionallegalizar retroativamente postos avançados — transformando-os efetivamenteremo betnacionalassentamentos. No ano passado, por exemplo, o governo iniciou o processoremo betnacionallegalizaçãoremo betnacionalpelo menos 10 postos avançados, e concedeu status legal pleno a pelo menos outros seis.
Em fevereiro, Moshe Sharvit — o colono que Ayesha Shtayyeh diz tê-la expulsadoremo betnacionalcasa — promoveu um diaremo betnacionalportas abertasremo betnacionalseu posto avançado, gravado por uma equiperemo betnacionalfilmagem local. Falando abertamente, ele explicou o quão eficazes os postos avançados podem ser na capturaremo betnacionalterras.
"O maior arrependimento quando nós [colonos] construímos assentamentos é que ficamos presos dentro das cercas, e não conseguimos expandir", ele disse à multidão.
"A fazenda é muito importante, mas a coisa mais importante para nós é a área ao redor."
Ele afirmou que agora controla cercaremo betnacional7 km²remo betnacionalterra — uma área maior do que vários assentamentos urbanos grandes na Cisjordânia, com populações na ordem dos milhares.
Ganhar o controle sobre grandes áreas, muitas vezes às custas das comunidades palestinas, é uma meta fundamental para alguns colonos que se estabelecem e vivemremo betnacionalpostos avançados, observa Hagit Ofran, da Peace Now.
"Os colonos que vivem no topo da colina [postos avançados] se consideram 'protetoresremo betnacionalterras', e seu trabalho diário é expulsar os palestinos da área", diz ela.
Ayesha afirma que Moshe Sharvit começou uma campanharemo betnacionalperseguição e intimidação praticamente assim que montou seu posto avançado no fimremo betnacional2021.
Quando o marido dela, Nabil, pastoreava suas cabrasremo betnacionalpastos que havia usado por décadas, Sharvit logo chegavaremo betnacionalum veículo 4x4, e afugentava os animais com jovens colonos.
"Eu respondia que iríamos embora se o governo, a polícia ou o juiz nos dissessem para fazer isso", lembra Nabil.
"Ele me disse: 'Eu sou o governo, eu sou o juiz e sou a polícia'."
Ao limitar o acesso a pastagens, colonosremo betnacionalpostos avançados como Moshe Sharvit conseguem deixar os fazendeiros palestinosremo betnacionalposições cada vez mais precárias, afirma Moayad Shaaban, chefe da Comissãoremo betnacionalResistência à Colonização e ao Muro da Autoridade Palestina.
"Chega num pontoremo betnacionalque os palestinos não têm mais nada. Eles não conseguem comer, não conseguem pastorear, não conseguem obter água", explica.
Após os ataques do Hamasremo betnacional7remo betnacionaloutubro no sulremo betnacionalIsrael, e a guerraremo betnacionalIsraelremo betnacionalGaza, a perseguição realizada por Moshe Sharvit se tornou ainda mais agressiva, diz Ariel Moran, que apoia comunidades palestinas que enfrentam a agressãoremo betnacionalcolonos.
Sharvit sempre havia levado uma pistola consigo para os campos, mas agora ele começou a abordar ativistas e palestinos com um rifleremo betnacionalassalto pendurado no ombro — e suas ameaças se tornaram mais ameaçadoras, diz Ariel.
"Acho que ele viu a chanceremo betnacionalpegar um atalho, e não ter que esperar mais um ou dois anos pelo desgaste gradual [das famílias palestinas]."
"Fazer isso da noite para o dia simplesmente. E funcionou."
Muitas das famílias, como aremo betnacionalAyesha, que dizem ter deixado suas casas após ameaçasremo betnacionalMoshe Sharvit, fizeram isso nas semanas seguintes a 7remo betnacionaloutubro.
Em toda a Cisjordânia, o Escritórioremo betnacionalCoordenaçãoremo betnacionalAssuntos Humanitários (Ocha, na siglaremo betnacionalinglês) da ONU diz que a violência dos colonos atingiu "níveis sem precedentes".
Nos últimos 10 meses, foram registrados maisremo betnacional1,1 mil ataquesremo betnacionalcolonos contra palestinos. Pelo menos 10 palestinos foram mortos, e maisremo betnacional230 foram feridos por colonos desde 7remo betnacionaloutubro.
Aindaremo betnacionalacordo com o Ocha, pelo menos cinco colonos foram mortos e pelo menos 17 foram feridos por palestinos na Cisjordânia no mesmo período.
Em dezembroremo betnacional2023, filmamos Ayesha e Nabil quando eles voltaram para coletar algunsremo betnacionalseus pertences, dois meses depoisremo betnacionalquando dizem terem sido forçados a sairremo betnacionalcasa.
Quando chegaram à casa, descobriram que ela havia sido saqueada. Na cozinha, as portas dos armários estavam penduradas pelas dobradiças. Na salaremo betnacionalestar, alguém havia cortado o estofamento dos sofás com uma faca.
"Eu não o machuquei. Não fiz nada a ele. O que eu fiz para merecer isso?", questionou Ayesha.
Quando eles começaram a vasculhar o que havia restado, Moshe Sharvit chegouremo betnacionalum buggy. Em pouco tempo, a polícia e o Exército israelenses chegaram. Eles disseram ao casal, e aos ativistas israelenses pela paz que os acompanhavam, que precisavam deixar o local.
"Ele não deixou nada para nós", contou Ayesha à BBC.
Entramosremo betnacionalcontato com Moshe Sharvitremo betnacionalvárias ocasiões para que respondesse às alegações feitas contra ele, mas ele não respondeu.
Em julhoremo betnacional2024, a BBC o abordou pessoalmenteremo betnacionalseu posto avançado para obterremo betnacionalresposta às alegações — e também para perguntar se ele permitiria que palestinos, como Ayesha, retornassem à região. Ele disse que não sabia do que estávamos falando, e negou que fosse Moshe Sharvit.
Os gráficos sãoremo betnacionalautoriaremo betnacionalKate Gaynor e da equiperemo betnacionalJornalismo Visual do Serviço Mundial da BBC.