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Se Maduro for reeleito, 'milhõesvenezuelanos vão fugir', diz líder da oposição na Venezuela:
Dias depois, a câmara eleitoral do Tribunal SupremoJustiça ordenou a suspensão dos resultados das primáriasdecorrênciaum recurso apresentado pelo deputado governista José Brito, que denunciou irregularidades, afirmando que era uma "grande farsa", sem apresentar provas.
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Machado está convencida, como disseentrevista ao programa Newsday, da BBC,que a proibição imposta a ela nada mais é do que uma demonstração do medo que o governo temsofrer "uma derrota esmagadora".
Em suas palavras, Maduro "está boicotando" as eleições, como mostra o fatonão ter cumprido o que foi estabelecido no acordoBarbados, firmado entre o governo, a oposição e os Estados Unidos.
Machado também se referiu às consequênciasMaduro continuar no poder, o que poderia causar, segundo ela, "a maior onda migratória que vimos até agora".
Além disso, ela deixou aberta a possibilidadealguém substituí-la como candidata da oposição nas eleições deste ano.
Confira a seguir a entrevista que Machado concedeu à BBC, poucos dias antes do prazo dado pelas autoridades eleitorais venezuelanas para a apresentação das candidaturas à Presidência (de 21 a 25março).
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BBC - Você acha que vai conseguir se registrar como candidata a tempo?
María Corina Machado - É difícil dizer. É óbvio que Maduro teme a possibilidadecompetir comigo porque sabe que teria uma derrota esmagadora.
Estão tentando me impedir porque é a primeira vez nos 25 anos que estamos sob um regime chavistaque disputamos uma eleição presidencial com mais80%apoio, por isso haviam dito claramente que não me deixariam correr.
BBC - Se você não puder se registrar como candidata, haverá um candidato da oposição? Você vai permitir que alguém possa representar seu nome?
Machado - Fui muito clara ao afirmar que não vão nos retirar das urnas. Nós vamos e estamos lutando por eleições livres, e é Maduro quem está boicotando.
Queremos uma transição, um caminho pacífico, enquanto Maduro está gerando violência, e o que estamos propondo é uma negociação séria para uma transição com garantias, e Maduro se nega.
BBC - Parece que ele vai permitir que outra pessoa se registre, para que aqueles que não quiserem apoiar Maduro tenham uma alternativa nas urnas.
Machado - Estamos lutando dia após dia, vocês podem imaginar que não vou fechar nenhuma possibilidade neste momento.
O importante é que o nosso apoio está crescendo dia a dia, e Maduro perdeu toda abase social e, inclusive, as possibilidades que tinha antes, o mecanismochantagear as pessoas, não funciona mais.
É por isso que espero que a comunidade internacional, o mundo que sabe o que estájogo neste momento, e o que significaria para a Venezuela e para a região se Maduro protelar uma transição pela força, [se junte] para manter uma posição unida e sólidatermos dos nossos direitos a uma eleição livre e justa na Venezuela, tal como o acordoBarbados tinha estabelecido claramente.
BBC - Se você tiver permissão para concorrer ou se uma figura da oposição puder concorrer no seu lugar. Serão eleições livres e justas?
Machado - Não necessariamente. Em primeiro lugar, quero insistir nisso, no acordoBarbados, que foi assinado pelo governo. Ele diz naprimeira cláusula, no seu primeiro ponto, que os partidos são livres para decidir o processo por meio do qual escolhem o seu candidato.
E foi justamente isso que as forças democráticas fizeram no dia 22outubro,um movimento cívicoque num único dia quase três milhõespessoas votaram e me elegeram como candidata legítima com mais92% dos votos. Eles tentam me impedir, me proíbemparticipar.
Em segundo lugar, estão impondo unilateralmente um calendário que torna quase impossível o enviouma missãoobservação internacional, e do pontovista interno, torna muito difícil para o povo venezuelano, para os jovens que não se registraram para votar, milhões, e também para milhõespessoas que se viram obrigadas a deixar o nosso país — lembrem-se, um quarto da população venezuelana foi forçada a sair — se registrar e votar.
E o governo também tem anulado nas últimas horas o direito dos partidos políticos que me apoiamapresentar candidatos, mas é Maduro quem bloqueia essa via.
BBC - Se você não tiver permissão para se candidatar. Você acha que os Estados Unidos deveriam restabelecer as sanções à economia venezuelana?
Machado - Isso fazia parte do acordo que o governo assinou com os Estados Unidos, no qual ambas as partes se comprometeram com diferentes ações.
Os Estados Unidos cumpriram o acordo e o que anunciaram que fariam, o governo (venezuelano) não — pelo contrário, violaram todos, cada um dos termos do acordoBarbados, e aumentaram drasticamente a repressão e a perseguição.
Inclusive enquanto conversamos, há quatro gestores da minha campanhaquatro estados diferentes da Venezuela que desapareceram pelas forças do regime, e estão agora detidos como prisioneiros numa prisão chamada El Helicoide, que é o maior centrotortura da América Latina.
Eles não gostam que eu viaje pelo paísavião, bloqueiam as rotas, nos atacam, e acredito que o mundo deve responsabilizar Maduro, porque as consequênciasMaduro permanecer no poder pela força seriam enormes.
Não só para a região, porque a região deveria se preparar para a maior onda migratória que vimos até agora.
Estou falandomilhõesvenezuelanos que vão fugir se perderem a esperançaliberdade e prosperidade empátria.
Também tenho que destacar como os vínculos bastante perigosos que Maduro tem com a Rússia e o Irã estão se intensificando, e o que significaria para as democracias ocidentais se Maduro permanecer no poder pela força.
Portanto, este é um momento crítico, horas muito delicadas, e o que tanto os venezuelanos quanto a comunidade democrática internacional fizerem nas próximas horas, acredito que será crucial para as próximas décadas.
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