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Crédito, Edu Luz

Legenda da foto, Lua Bernardo descobriu ser negra só depois dos 25 anos

Em um livro intitulado Quando me descobri negra, a escritora Bianca Santana narra agalera bet como se cadastrardescoberta. "Tenho 30 anos, mas sou negra há dez. Antes era morena", inicia ela, ao contar experiências que viveu ou ouviugalera bet como se cadastraroutras mulheres e homens sobre a forma como se descobriram negros.

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Fim do Matérias recomendadas

Mais recentemente, o assunto se tornou notícia após uma participante do reality show Big Brother Brasil se descobrir negra durante a atração exibida pela Rede Globo.

Na competição, a participante Paula Freitas disse que soube disso durante o confinamento. "Juro, descobri que era preta aqui. Foi naquela hora que ele disse 'vem os pretos tirar foto'", disse.

Durante o diálogo no programa, o médico Fred Nicácio, o responsável por chamar Paula para a foto, comentou que "vários pretos descobrem que são pretos na faculdade".

Essas diferentes maneirasgalera bet como se cadastrardescobrir sobre o tema, aponta a pesquisadora Daniela Gomes, fazem parte da históriagalera bet como se cadastrarmuitas pessoas negras.

“Uma pessoa branca não tem dúvidas do que ela é, ela se olha no espelho e se reconhece. Agora uma pessoa negra, que teve agalera bet como se cadastrarnegritude negada ou questionada, se olha no espelho e não se vê como negra, porque o negro é outro”, afirma Daniela, que é professoragalera bet como se cadastrarestudos da Diáspora Áfricana na Universidade Estadual da Califórniagalera bet como se cadastrarSan Diego (SDSU).

Crédito, TV Globo

Legenda da foto, Paula Freitas disse que se descobriu negra durante o BBB

Após a descoberta

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É a partir dessa descoberta que muitas coisas vividas no passado começam a fazer sentido para essas pessoas, aponta Daniela.

“Não é algo como acordeigalera bet como se cadastrarmanhã e sou preta. É que você passa a entender que agressões que sofreu, pequenas ou grandes, ocorreram por causa do racismo, entende oportunidades que perdeu e até então isso não tinha nome (até se reconhecer como uma pessoa negra). A partir dessa tomadagalera bet como se cadastrarconsciência, isso passa a ter nome: racismo”, diz a pesquisadora.

No casogalera bet como se cadastrarLua, essa descoberta a levou a recordar situações do passado que hoje avalia como episódiosgalera bet como se cadastrarracismo.

“Entendi que alguns comentários, como ogalera bet como se cadastrarque o meu cabelo estava muito crespo e precisavagalera bet como se cadastrarchapinha, já apontavam para isso, mas nunca relacionei isso com questãogalera bet como se cadastrarraça por estar nesse contexto familiar bem branco”, diz a musicista.

“Mesmo com meu cabelo e alguns traços negróides, eu nunca havia parado pra pensar nisso. O contexto familiar (composto por pessoas brancas) nunca me fez pensar sobre isso”, acrescenta.

A descobertagalera bet como se cadastrarque é uma mulher negra foi fundamental para a vida, avalia Lua.

“Essa descoberta me impactou num lugargalera bet como se cadastrarpertencimento,galera bet como se cadastrarentender esse lugargalera bet como se cadastrarestargalera bet como se cadastraruma família branca.”

“Passei a me sentir pertencente a uma comunidade negra, com pessoas negras. Tanto que hoje naturalmente a maioria dos meus amigos são pessoas pretas, porque fui buscando essa ligação”, diz Lua, que considera que o ingresso na universidade também a ajudou a entender melhor a importância da luta contra o racismo.

Crédito, Edu Luz

Legenda da foto, Lua afirma que passou a entender melhor as suas origens após se descobrir negra

'Processo doloroso, mas necessário'

Segundo a última Pesquisa Nacional por Amostragalera bet como se cadastrarDomicílios do IBGE (Instituto Brasileirogalera bet como se cadastrarGeografia e Estatística),galera bet como se cadastrar2021, a população negra soma 56,1% no Brasil. Isso inclui aquelas pessoas que se “autodeclaram pretas e pardas", segundo definição do Estatuto da Igualdade Racialgalera bet como se cadastrar2010.

De acordo com essa pesquisagalera bet como se cadastrar2021, os pardos somam cercagalera bet como se cadastrar100 milhõesgalera bet como se cadastrarbrasileiros. Eles respondem por 47% da população brasileira, à frentegalera bet como se cadastrarbrancos (43%), pretos (9,1%) e da soma entre indígenas e amarelos (0,9%).

A professora Daniela Gomes afirma que o Brasil tem uma mentalidade racial construída para clarear as pessoas, “um processogalera bet como se cadastrarembranquecimento da população construído para negar negritude e racismo”.

“Lá atrás, esse embranquecimento da população, construía uma mentalidadegalera bet como se cadastrarnação onde por um lado quanto mais escuro mais é afetado pelo racismo e por outro lado o racismo não existe na cabeça da grande maioria da população”, pontua.

“No país há um inconsciente coletivo onde a mentalidade racial aponta para fazer com que as pessoas entendam que ser negro não é legal. Por isso, podem tentargalera bet como se cadastraralguma forma não ser negro. Isso vai desde não se entender com pessoas negras até ao pontogalera bet como se cadastrarnão se envolver com elas”, declara Daniela.

A estudiosa afirma que o processogalera bet como se cadastrartomadagalera bet como se cadastrarconsciência racial é fundamental.

“Isso envolve muitas coisas, a partirgalera bet como se cadastrarum espaço social. É partegalera bet como se cadastraruma retomadagalera bet como se cadastrarconsciência que pode envolver situações como acessar outros espaços, fazer partegalera bet como se cadastrargrupos ativistas ou se ver isoladogalera bet como se cadastrarum ambiente predominantemente branco no qual você é o único negro”, diz.

Ela frisa que essa descoberta pode ser um processo doloroso, que demanda apoio emocional e que pode precisargalera bet como se cadastraracolhimento por parte da família e atégalera bet como se cadastrarmovimentos ativistas.

“Isso demanda estudar sobre si e o povo. Ninguém quer ficar do lado da história que perdeu. No caso, a população negra foi vitimizada pela escravidão e sofre racismo desde que esse país existe. Então quem quer se identificar com a negritude? Ninguém quer estar do lado que está sendo destruído e massacrado. Por isso, é um processo doloroso, mas necessário”, afirma.