Kamala Harris: 5 momentos-chave da carreira da candidata democrata:bet z
1. O assassinato do policial Isaac Espinoza
Em 2003, Kamala Harris conquistou seu primeiro cargo eletivo como promotora distritalbet zSan Francisco.
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Fim do Matérias recomendadas
Pouco depoisbet zassumir o cargo, houve um caso que marcoubet zcarreira.
O policial Isaac Espinoza e seu parceiro estavam investigando um suspeitobet z10bet zabrilbet z2004. O homem sacou um fuzil AK-47 e atirou nos policiais.
Espinoza,bet z29 anos, foi atingido por vários disparos, e morreu. Seu companheiro levou um tiro na perna e foi atendidobet zum hospital local.
O suspeitobet z21 anos, identificado como David Hill, foi detido e colocado sob custódia.
Poucos dias depois, antes mesmo do funeral do policial, Harris anunciou que não pediria a penabet zmorte para Hill, como muitos esperavambet zum caso como esse.
Foi uma decisão que irritou muitos, especialmente os colegasbet zEspinoza.
"Isaac pagou o preço mais alto", afirmou Gary Delagnes, presidente da Associaçãobet zPoliciaisbet zSan Francisco, durante o funeral.
"E falobet znomebet ztodos os policiais ao exigir que seu assassino também pague o preço mais alto."
Em 1973, a Califórnia havia aprovado uma leibet z"circunstâncias especiais" que tornava o assassinobet zum policial elegível para a penabet zmorte.
Mas Harris permaneceu fiel àbet zoposição à pena máxima, posição que ela havia deixado clara durantebet zcampanha para promotora distrital.
Em seu livro Smart on Crime,bet z2009, Harris escreveu: "A suposição generalizadabet zque o simples aumento da pena para qualquer crime impedirá automaticamente que mais pessoas o cometam é um mito."
Seu raciocínio não repercutiu dentro da polícia e, desde então, o relacionamentobet zHarris com as autoridades policiais foi prejudicado.
Com o tempo, porém, o próprio inspetor Delagnes aprendeu a valorizar o fatobet zHarris ter honrado seus princípios com uma decisão que rendeu tantas críticas.
"Teria sido muito fácil para ela dizer: 'Ei, sou contra a penabet zmorte, mas esse cara matou um policial, e vou mudarbet zopinião sobre isso'. Há algo notável na convicção dela, ela foi coerente", afirmou o policialbet z2021.
2. O primeiro casamento legalizado entre duas mulheresbet zSan Francisco
Com a mesma convicção que manifestavabet zoposição à penabet zmorte, Harris foi como promotora uma defensora ferrenha dos direitos sociais.
E muito antesbet zo casamento gay ser legalizado e estabelecido nos EUA, a agora candidata à presidência estava na vanguarda da batalha pela união homoafetiva.
Ele demonstrou issobet zduas ocasiões importantes.
A primeira foibet z2004, durante o chamado Inverno do Amorbet zSan Francisco.
O prefeito da época, Gavin Newsom, ordenou a aprovaçãobet zvários casamentos entre pessoas do mesmo sexo, apesar do fatobet znão haver nenhuma lei que os reconhecesse.
Harris, que acabarabet zser nomeada promotora distritalbet zSan Francisco, não hesitou e oficializou vários casamentos, que logo depois seriam anulados.
Com esse gesto, ela se distanciou da maioria das figuras democratas da época, que levaram vários anos para apoiar estas uniões.
Barack Obama, por exemplo, fez issobet z2012; e Hillary Clinton,bet z2013.
Embet zautobiografia, As verdades que nos movem (Intrínseca, 2021), Harris explicou quebet zdecisãobet zoficializar os casamentos foi espontânea.
"Foi uma sensação maravilhosa quando recebemos a multidãobet zcasais apaixonados, um por um, para se casar naquele momento. Foi diferentebet ztudo que eu já tinha feito parte antes. E foi lindo."
A questão do casamento homoafetivo voltou a ter um significado importante embet zcarreira quando ela se tornou procuradora-geral da Califórniabet z2010.
Dois anos antes, os eleitores daquele Estado haviam decidido pela proibição da união entre pessoas do mesmo sexo ao aprovarem a chamada Proposta 8.
Ao assumir seu novo cargo, Harris disse que não defenderia a norma.
A Suprema Corte dos EUA finalmente derrubou a medida controversabet z2013, e Harris oficializou o primeiro casamento gay legalizado.
Ela foi à prefeitura, e casou duas mulheres, Kris Perry e Sandy Stier, que faziam parte do coletivo que apresentou o recurso contra a Proposta 8 à Suprema Corte.
Atualmente, o casamento homoafetivo é um dos pilares da plataforma do Partido Democrata — e conta até mesmo com o apoiobet zsetores republicanos.
Mas os ativistas ainda veem Harris como uma pioneira nesta questão devido ao seu compromisso inicial.
3. A sabatinabet zBrett Kavanaugh para a Suprema Corte
Após dois mandatos como procuradora-geral da Califórnia, à frente do segundo maior Departamentobet zJustiça do país, Harris decidiu dar uma guinada embet zcarreira e concorreu ao Senado nas eleiçõesbet z2016.
Abet zvitóriabet z8bet znovembro teve um sabor agridoce para a democrata: Donald Trump havia derrotado Hillary Clinton nas eleições presidenciais naquela mesma noite.
Jábet zseu primeiro discurso após a vitória, Harris se colocou no centro da resistência à presidênciabet zTrump.
Mas, sem dúvida, seu momento mais notável desta fase ocorreubet z2018, quando, como membro da Comissãobet zJustiça do Senado, ela participou das audiências para avaliar Brett Kavanaugh como indicadobet zTrump para ser juiz da Suprema Corte.
O conservador Kavanaugh, que estava sob escrutínio depois que uma mulher o acusoubet zestuprá-la na época da faculdade, tevebet zHarris uma inquisidora incisiva e implacável.
A senadora usou suas habilidadesbet zpromotora para questionar Kavanaugh sobrebet zposiçãobet zrelação ao direito ao aborto.
Harris tentou fazer com que o juiz dissesse abertamente se trabalharia ou não para derrubar a decisão histórica Roe x Wade, entãobet zvigor, que garantia proteção constitucional ao aborto nos EUA.
Em um momento chave, ela fez a pergunta a Kavanaugh que viria a representar aquelas audiências:
"Você se lembrabet zalguma lei que dê ao governo poder sobre o corpo dos homens?"
Hesitante, Kavanaugh acabou respondendo que não.
A sabatina veementebet zHarris se tornou viral nos dias que se seguiram — e fez com quebet zperspicácia e capacidadebet zenfrentar oponentesbet zalto nível se tornassem mundialmente conhecidas.
A partirbet zentão, Harris se tornou uma estrelabet zascensão entre as fileiras democratas e ganhou destaque nacional.
Por isso,bet z2019, o anúnciobet zsua candidatura à indicação do Partido Democrata para as eleições presidenciaisbet z2020 não foi tão surpreendente.
4. 'Você planeja viajar para a fronteira?': a entrevista fatídica
Mas essa aventura presidencial não durou muito para Harris.
Embora ela tenha começado com força, com uma boa participação no primeiro debate entre os vários candidatos à indicação democrata,bet zcampanha foi perdendo força — e ela não chegou a disputar as primárias que começaram no iníciobet z2020.
Meses depois,bet zum gesto que demonstroubet zfaltabet zressentimento pela tenacidade que Harris havia demonstrado contra ele, Biden a escolheu comobet zcompanheirabet zchapa e candidata a vice-presidente para a eleiçãobet z3bet znovembrobet z2020.
E com a vitória da chapa democrata, Harris ocupou o segundo cargo mais importante na política dos EUA.
Poucos meses depoisbet zassumir a vice-presidência, Harris concedeu uma entrevista que representou um divisorbet záguasbet zseu relacionamento com a imprensa — e expôsbet zdificuldadebet zlidar com situações desconfortáveis.
Biden a havia encarregadobet zgerenciar as relações diplomáticas com o México e a América Central, a fimbet zcombater a raiz do problema migratório.
Em uma viagem à Guatemala,bet zjunhobet z2021, Harris pronunciou seu famoso "Não venham para os EUA" para os migrantes, uma mensagem que gerou críticas porbet zasperezabet zum contextobet zque se esperava uma maior disposição para cooperar.
Foi durante esta mesma visita que ocorreu a entrevista que deixou transparecer a irritação da vice-presidentebet zrelação a uma das questões mais importantes para seu governo.
Com uma voz calma, o âncora da rede NBC News, Lester Holt, perguntou a ela por que não visitar a fronteira, argumentando que esta seria uma maneirabet zver pessoalmente o que estava acontecendo lá.
Ela ficou na defensiva e não respondeu diretamente, então Holt insistiubet zperguntar se ela tinha planosbet zir à fronteira.
"Em algum momento, iremos à fronteira. Já estivemos na fronteira. Então, com toda essa questão da fronteira, estivemos na fronteira. Estivemos na fronteira", repetiu Harris.
"Você não esteve na fronteira", respondeu Holt.
"E não estive na Europa", exclamou Harris com uma certa irritação. "E quero dizer, não entendo o que você está sugerindo. Não estou menosprezando a importância da fronteira."
A vice-presidente se esquivou da imprensa por cercabet zum ano após esta entrevista, que foi classificada como "desastrosa".
Suas aparições na mídia eram escassas e intermitentes, o que rendeu a ela a reputaçãobet znão saber lidar com a imprensa, excetobet zambientes controlados, sem espaço para improvisos.
Uma faceta que melhorou notavelmente no último ano, especialmente durante a acelerada campanha presidencialbet zapenas quatro meses, na qual os especialistas reconhecem ter visto uma Harris mais acessível e espontâneabet zvários meiosbet zcomunicação.
5. A defesa do direito ao aborto
Voltemos a 2022 por um momento.
Enquanto a popularidadebet zHarris diminuía e suas aparições públicas se tornavam escassas, a Suprema Corte dos EUA estava discutindo uma questão que, paradoxalmente, acabaria trazendo a vice-presidentebet zvolta aos holofotes.
Foi o caso Dobbs x Jackson Women's Health Organization, no qual a Suprema Corte dos EUA acabou derrubando o direito nacional ao aborto, devolvendo aos Estados o poderbet zlegislar sobre a questão.
Faltando apenas alguns meses para as eleiçõesbet zmeiobet zmandatobet z8bet znovembro, Harris retomou um papelbet zliderança na cena política do país.
A vice-presidente se tornou porta-voz da batalha pelo direitobet zescolha e expandiu seu discurso para além da causa do aborto, passando a defenderbet zforma abrangente o conceitobet zliberdade.
"Esta é a primeira vez na história da nossa nação que um direito constitucional foi retirado do povo dos Estados Unidos: o direito à privacidade", disse elabet zuma reação inicial à decisão da Suprema Corte.
Estas palavrasbet zdois anos atrás estão fortemente refletidas nos discursosbet zcampanha atuaisbet zHarris.
Em cada umbet zseus comícios, a candidata democrata defende os direitos reprodutivos, enfatizando a liberdade das mulheresbet ztomar decisões sobre seus corpos "sem que o governo diga a elas o que fazer".
Suas promessasbet zmudança ebet zvirar a página, e seu slogan "não podemos voltar ao passado" são, até certo ponto, inspirados nessa decisão judicial.
Uma decisão que foi um grande revés para os democratas, que confirmou os temores que Harris manifestou naquela sabatinabet zBrett Kavanaugh, quando ela era senadora, e que acabou por catapultá-la para a disputa eleitoral mais importante dabet zvida.