Morre Ziraldo, o pai do Menino Maluquinho e um dos maiores cartunistas do país:fortaleza novibet
Em um vídeo gravadofortaleza novibet2019 para divulgaçãofortaleza novibetuma exposição dedicada a ele, Ziraldo comentou que não estava triste, ao se desculpar pela voz um tanto abatida. Era a idade que havia chegado.
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"Vocês podem achar que eu estou um pouco triste, falando devagar, porque não é meu estilo. Acontece que eufortaleza novibetrepente fiquei velho. Foi outro dia. Eu acordeifortaleza novibetmanhã e estava velho", disse ele, vestindo umfortaleza novibetseus indefectíveis coletes. "Mas eu estou alegre, estou feliz da vida."
No mesmo ano, negou ele mesmo um boatofortaleza novibetque teria morrido ao publicar uma foto emfortaleza novibetconta no Instagram, dizendo estar “firme e forte”. Ao ser procurado por jornais para comentar o boato, disse estar “ocupado demais celebrando a vida”.
De Caratinga para o mundo
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Ziraldo Alves Pinto nasceufortaleza novibet24fortaleza novibetoutubrofortaleza novibet1932fortaleza novibetCaratinga, Minas Gerais. Mais velhofortaleza novibetsete irmãos, seu nome é a combinação dos nomes da mãe, Zizinha, com o do pai, Geraldo, como é comum no interior do Brasil.
O cartunista passou a infânciafortaleza novibetCaratinga, onde cedo reveloufortaleza novibetpaixão pelo desenho e pela leitura, principalmentefortaleza novibetrevistasfortaleza novibetquadrinhos.
O menino Ziraldo, dizfortaleza novibetpágina oficial, desenhavafortaleza novibettodos os lugares: na calçada, nas paredes, na salafortaleza novibetaula. Em 1939, com apenas 6 anos, viu seu primeiro desenho ser publicado no jornal Folhafortaleza novibetMinas.
Adolescente, mudou-se com o avô para o Riofortaleza novibetJaneiro, onde viveu por dois anos. Retornou a Minas para terminar o curso científico (atual ensino médio) e,fortaleza novibet1957, formou-sefortaleza novibetdireitofortaleza novibetBelo Horizonte. Nessa época, no entanto,fortaleza novibetcarreira já estava totalmente voltada para o desenho.
Ziraldo começou a colaborar mensalmente com a revista Era uma Vez. Em 1954, passou a publicar uma páginafortaleza novibethumor na Folhafortaleza novibetMinas, o mesmo jornal que havia veiculado seu primeiro desenho ainda criança.
Ao terminar a faculdade, começou a publicar suas criaçõesfortaleza novibetrevistas nacionais como O Cruzeiro, publicação dos Diários Associados, e no Jornal do Brasil, veículos que ficavam no Riofortaleza novibetJaneiro, onde voltou a morar.
Charge política
Se 1968 ficou conhecido como “o ano que não acabou”, nas palavras do contemporâneo Zuenir Ventura, ofortaleza novibet1969 marcaria para sempre a carreirafortaleza novibetZiraldo.
Em meio a prisões e perseguições, o artista foi contemplado com o principal prêmio do 32º Salão Internacionalfortaleza novibetCaricaturasfortaleza novibetBruxelas, considerado o Oscar do humor, depoisfortaleza novibetter trabalhos publicadosfortaleza novibetrevistas na Europa e Estados Unidos.
Foi tambémfortaleza novibet1969 que recebeu o Merghantealler, prêmio que homenageia o trabalho pela imprensa livre na América Latina dado pela Associação Internacionalfortaleza novibetImprensa.
Ziraldo ainda se tornaria o primeiro artista latino convidado a desenhar o cartaz da campanha anual do Unicef.
Antes do fim daquele ano, publicaria ainda seu primeiro livro infantil, Flicts. A históriafortaleza novibetuma cor que não encontrava seu lugar no mundo, contada como um poema gráfico, com o mínimofortaleza novibetpalavras, encantou crianças e adultos.
Dadofortaleza novibetpresente pela Embaixada dos Estados Unidos no Brasil aos astronautas americanos que fizeram parte da primeira expedição à lua nafortaleza novibetvisita ao país, o livro comoveu Neil Armstrong, que escreveu ao autor: “A lua é Flicts”.
O pai do Menino Maluquinho
Nas décadas seguintes, Ziraldo passaria a se dedicar mais afortaleza novibetoutra grande paixão, as histórias para crianças, que devorava desde meninofortaleza novibetCaratinga. Em 1980, lançou O Menino Maluquinho, sucessofortaleza novibetvendas e ganhador do prêmio Jabuti, o principal das nossas letras.
O menino com uma panela na cabeça efortaleza novibetcapa e espada improvisadas se converteu num dos maiores fenômenos editoriais da literatura infantil, com maisfortaleza novibet4 milhõesfortaleza novibetexemplares vendidos até hoje e adaptações para o teatro, cinema, sériefortaleza novibetTV e até ópera.
Desde então, foram maisfortaleza novibet100 livros publicados como autor, colaborador ou ilustrador, e muitos outros best-sellers.
Uma Professora Muito Maluquinha,fortaleza novibet1995, já vendeu maisfortaleza novibetmeio milhãofortaleza novibetexemplares. O Bichinho da Maçã,fortaleza novibet1982, maisfortaleza novibet300 mil. As históriasfortaleza novibetZiraldo também chegaram a crianças do mundo todo, traduzidasfortaleza novibetespanhol, italiano, inglês, alemão e francês, entre outras línguas.
Atuação política
Figura sempre ligada à esquerda, o artista foi membro do Partido Comunista Brasileiro. Em 2005, se filiou ao recém-criado Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), para o qual desenhou o logo.
Nas eleições, declarou apoio público a candidatos do Partido dos Trabalhadores (PT), como nas duas vezesfortaleza novibetque Dilma Rousseff ganhou a eleição efortaleza novibet2018, quando Fernando Haddad ficoufortaleza novibetsegundo lugar.
Em 2008, Ziraldo e mais vinte jornalistas que foram perseguidos durante a ditadura, entre os quais o colega Jaguar, tiveram seu processofortaleza novibetindenização aprovado pela Comissãofortaleza novibetAnistia do Ministério da Justiça.
O cartunista foi indenizadofortaleza novibetmaisfortaleza novibetR$ 1 milhão, alémfortaleza novibetreceber uma pensão vitalíciafortaleza novibetcercafortaleza novibetR$ 4 mil reais. Criticado por alguns colunistas na época, disse que o Brasil lhe devia indenização.
“Eu quero que morra quem está me criticando. Porque é tudo cagão e não botou o dedo na seringa. Enquanto eu estava xingando o [ex-presidente João] Figueiredo e fazendo charge contra todo mundo, eles estavam servindo à ditadura e tomando cafezinho com o Golbery [do Couto e Silva, general chefe da Casa Civil no governo Geisel]. Então, qualquer crítica que se fizerfortaleza novibetrelação ao que está acontecendo conosco eu estou me lixando”, disse na época ao jornal O Globo.
Ao longo dos anos 1960, expandiu seus talentos como chargista, caricaturista e artista gráfico, criando cartazes para filmes hoje considerados clássicos do cinema nacional, como Os Cafajestes e Os Fuzis,fortaleza novibetRuy Guerra.
Foi também a épocafortaleza novibetque se consagrou com seus cartuns e charges políticas na revista O Cruzeiro e no Jornal do Brasil. Personagens como Jeremias, o Bom, a Supermãe e o Mineirinho tornaram-se populares.
Em paralelo, o artista realizava um antigo sonhofortaleza novibetinfância: se tornava o primeiro autorfortaleza novibetuma revistafortaleza novibetquadrinhos brasileirafortaleza novibetum só criador, reunindo personagens da turma do Saci Pererê, importante personagem do folclore brasileiro, que já publicava nas páginasfortaleza novibetO Cruzeiro.
Com personagens como uma criança indígena, e animais típicos da nossa fauna, como a onça, o jabuti e o tatu, a Turma do Pererê marcou época na história dos quadrinhos no país, apesarfortaleza novibetter circulado só até 1964.
Em 1973, a editora carioca Primor reeditou uma seleçãofortaleza novibetsuas melhores histórias, que passaram a fazer partefortaleza novibetvários livros didáticos.
Combate à ditadura e prisões
Durante a ditadura militar (1964-1985), Ziraldo continuou a publicar suas charges e cartuns políticos e, mais do que isso, tornou-se uma das grandes vozes da resistência ao autoritarismo e da defesa da democracia.
Seu engajamento o levou a ser preso três vezes durante o período, a primeira delasfortaleza novibetdezembrofortaleza novibet1968, apenas um dia após a decretação do Ato Institucional Número 5, o AI-5, que deu início ao momento mais duro do regime.
No ano seguinte, fundou junto com o colega Jaguar e os jornalistas Tarsofortaleza novibetCastro e Sérgio Cabral O Pasquim, semanáriofortaleza novibethumor que virou um fenômeno editorial brasileiro ao se tornar o veículo da contracultura da época (abordando temas como sexo, drogas, feminismo e divórcio) efortaleza novibetoposição ao regime militar. O jornal foi também, na descriçãofortaleza novibetZiraldo, o grande celeirofortaleza novibethumoristas do pós-1968.
No ano seguinte, ele e toda a equipe do jornal seriam presos, na primeirafortaleza novibetmuitas perseguições que O Pasquim sofreu.
Até o fim da ditadura, houve ainda ataques a bomba à redação e a algumas bancas onde o jornal era vendido. "Ter podido atravessar os anosfortaleza novibetchumbo fazendo o Pasquim foi uma dádiva. Morríamosfortaleza novibetmedo, mas fazíamosfortaleza novibettudo", disse Ziraldo à Folhafortaleza novibetS.Paulofortaleza novibet2007.
Na ocasião, o cartunista também comentou sobrefortaleza novibettentativafortaleza novibetressuscitar o jornalfortaleza novibet2002, como “O Pasquim 21”. Apesarfortaleza novibetter durado até 2004, o projeto se somaria à listafortaleza novibetfiascos editoriaisfortaleza novibetque investiu, como as revistas "Palavra" e "Bundas", uma sátira ao sucesso da “Caras”,fortaleza novibet1999. Depois dessas experiências, disse ter desistido do jornalismo. "Canseifortaleza novibetlevar porrada. Eu sou o rei dos bons projetos e dos fracassos econômicos."
Reconhecimento internacional
Dois anos depois, o cartunista, seu irmão, Zélio Alves Pinto, e outras dez pessoas foram condenadas pela Justiça Federal do Paraná por improbidade administrativa e registro indevidofortaleza novibetmarca durante a realização do Festival Internacional do Humor Gráfico das Cataratas do Iguaçu (Festhumor),fortaleza novibet2003.
Ziraldo foi condenado a dois anos, dois meses e 20 diasfortaleza novibetreclusão, além do pagamentofortaleza novibetmulta. Mas o juiz trocou a prisão por prestaçãofortaleza novibetserviço à comunidade ou entidades públicas, e o pagamentofortaleza novibetum salário mínimo mensal pelo mesmo período da pena. "É uma dessas desgraças que acontecem na vida. Um sujeito com a minha biografia temfortaleza novibetenfrentar uma praga dessas", disse ele ao G1.
Legado
Ziraldo foi casado com Vilma Gontijo Alves Pinto, com quem teve os três filhos: a cenógrafa e cineasta Daniela Thomas, o músico e compositor Antônio Pinto e a também cineasta Fabrizia Alves Pinto, alémfortaleza novibetquatro netos. Desde 2002, estava casado com a produtora Márcia Martins.
Recluso nos últimos anos, o cartunista chegou aos 90fortaleza novibet2022 cercadofortaleza novibethomenagens àfortaleza novibetobra. O Menino Maluquinho se tornou sériefortaleza novibetanimação da Netflix e doisfortaleza novibetseus livros ganharam relançamentofortaleza novibetedições especiais: O Bichinho da Maçã e Menina Nina.
Um livro-homenagem foi lançado pelo cartunista Edra, com 45 cartuns e 45 depoimentosfortaleza novibetpessoas que foram influenciados por Ziraldo: 90 Maluquinhos por Ziraldo - Histórias e Causos.
Seus personagens e histórias também ganharam a exposição Mundo Zira – Ziraldo Interativo, que teve curadoria da filha Daniela Thomasfortaleza novibetparceria com umafortaleza novibetsuas sobrinhas, Adriana Lins.
A mostra, que teve iníciofortaleza novibetBrasília, é uma celebração à carreira dele e deve permanecer em cartaz no Riofortaleza novibetJaneiro até 13fortaleza novibetmaio.
"O Ziraldo afetou e moldou cinco gerações. Afetivamente e com relação a infância, todo Brasil cresceu junto com as criações do meu pai", disse Daniela durante o lançamento. "Não queremos deixar esse espírito morrer, ele envelheceu, claro. Mas a obra está muito viva."
Autorfortaleza novibetbest-sellers infanto-juvenis, Pedro Bandeira definiu Ziraldo à época como “um mestre, mas não imitável". "Ninguém pode ser Ziraldo. Quando ele ilustra, o livro inteiro cresce, explode e se magnifica”.
Homenagens
Nas redes, inúmeras pessoas prestaram homenagem a Ziraldo neste sábado.
O presidente Lula classificou Ziraldo como um dos "maiores expoentes da cultura, da imprensa, da literatura infantil e do imaginário do país".
"São inúmeras e diversas as contribuiçõesfortaleza novibetZiraldo, seja com a turma do Pererê,fortaleza novibetseu trabalho à frente do Pasquim, nos anos da ditadura,fortaleza novibetlivros inesquecíveis, como Flicts, e num extenso trabalhofortaleza novibetrevistas e jornais brasileiros. Na defesa da imaginação,fortaleza novibetum Brasil mais justo, com democracia e liberdadefortaleza novibetexpressão", escreveu o presidente.
O criador da Turma da Mônica, Mauríciofortaleza novibetSouza, também lamentou a mortefortaleza novibetZiraldo. “Perdi mais que um grande amigo. Perdi um irmão. Das letras, dos traços e da vida! Mas ele estará sempre aquifortaleza novibetmeu coração. E nos coraçõesfortaleza novibetmilhõesfortaleza novibetbrasileiros maluquinhos,fortaleza novibettodas as idades, que seguirão apaixonados porfortaleza novibetobra. Viva, Ziraldo!", escreveu.
Alguns timesfortaleza novibetfutebol do país também prestaram homenagem ao cartunista nas redes sociais, como Corinthians, Palmeiras e São Paulo, clubes para os quais Ziraldo fez trabalhos pontuais como escritor ou cartunista.