10 mil mortos e torturados: o brutal legado colonial britânico no Quênia:sportingbet cadastro

O chefesportingbet cadastroEstado queniano disse ao rei que o regime colonial foi "brutal e atroz para o povo africano" e que "ainda há muito a ser feito para alcançar a reparação completa".

Antes da visitasportingbet cadastroEstado do rei ao Quênia — a primeira a um país da Commonwealth (a Comunidade Britânicasportingbet cadastroNações) desde o iníciosportingbet cadastroseu reinado — houve especulações sobre um pedidosportingbet cadastrodesculpas por parte do rei.

No entanto, mesmo sem um pedido formalsportingbet cadastrodesculpas, o discurso do rei na Câmara Estatal do Quênia representou um reconhecimento significativo e contundente dos erros cometidos durante o período colonial.

Neste momentosportingbet cadastroque o Quênia comemora o seu 60º aniversáriosportingbet cadastroindependência, o rei afirmou àsportingbet cadastroaudiência:

"Ésportingbet cadastroextrema importância para mim aprofundar minha própria compreensão desses erros e encontrar alguns daqueles cujas vidas e comunidades foram tão profundamente afetadas."

Maissportingbet cadastro10 mil pessoas foram mortas e outras torturadas durante a brutal repressão da revolta Mau Mau na décadasportingbet cadastro1950, uma das insurgências mais sangrentas do Império Britânico.

Em 2013, o Reino Unido expressou arrependimento e pagou 20 milhõessportingbet cadastrolibras (cercasportingbet cadastroR$ 144 milhões) a maissportingbet cadastro5 mil pessoas — mas alguns acham que isso não foi o suficiente.

Uma dessas pessoas é Agnes Muthoni,sportingbet cadastro90 anos.

Com passos firmes apesar da idade, ela nos leva ao localsportingbet cadastrosepultamento emsportingbet cadastrocasasportingbet cadastroShamata, no Quênia central.

Ela arranca as ervas daninhas que cresceram ao lado do túmulosportingbet cadastroseu marido. Elijah Kinyua faleceu há dois anos, aos 93 anos. Ele também era conhecido como General Bahati e, comosportingbet cadastroesposa, foi um combatente durante a violenta revolta contra o governo colonial do Império Britânico na décadasportingbet cadastro1950.

Ela tinha a patentesportingbet cadastromajor no Exército da Terra e Liberdade do Quênia — mais conhecido como Mau Mau.

A senhora Muthoni sorri radiante ao nos mostrar seu anelsportingbet cadastrocasamento. Eles só se conheceram depois que a revolta terminou e ele foi libertado da detenção.

"Ele disse que se houvesse mulheres combatentes sobreviventes, gostariasportingbet cadastrose casar com uma delas porque ela entenderia seus problemas e não o chamariasportingbet cadastroMau Mau."

A luta os uniu. Mas mesmo depois que o Quênia conquistou a independência do domínio colonial britânico, o casal continuou a viver às sombras, como muitos ex-combatentes do Mau Mau.

O gruposportingbet cadastroresistência permaneceu proibido. Foi designado como organização terrorista pelo governo colonial e administrações subsequentes no Quênia independente não revogaram a proibição. "Três membros do Mau Mau não podiam se encontrar; era um crime", diz o advogado e político queniano Paul Muite. "Foi atroz."

Somentesportingbet cadastro2003 a lei foi alterada e os membros do Mau Mau finalmente foram reconhecidos como combatentes da liberdade.

Mas isso também significou que as gerações pós-independência sabiam pouco sobre o passado.

"Tantos filhos e netos não tinham ideia das raízes do sofrimento do país que deu origem à independência", diz a historiadora Caroline Elkins, que conduziu entrevistas sobre o assunto na décadasportingbet cadastro1990.

Suas observações ecoam nas ruassportingbet cadastroNairóbi hoje. Muitos jovens mal sabem sobre a detenção e tortura do Mau Mau. Eles estão mais preocupados com a economia e se perguntam se a visita do rei Charles terá algum impacto.

O neto da senhora Muthoni, Wachira Githui,sportingbet cadastro36 anos, é um dos poucos que ouviu falar dissosportingbet cadastroprimeira mão. Mas ele também está à vontade com vários dos impactos duradouros do colonialismo na vida social, política e econômica do Quênia. "Eu falo inglês e tenho orgulho disso", diz ele, acrescentando que é fã do clubesportingbet cadastrofutebol Chelsea.

As redes sociais quenianas ganham vida quando um jogo importante da Premier League Inglesa estásportingbet cadastroandamento.

Das ruas aos escritórios, o legado do império é inconfundívelsportingbet cadastroNairóbi.

Um manto preto cuidadosamente passado a ferro com golas brancas está pendurado atrás da mesasportingbet cadastroPaul Muitesportingbet cadastroseu escritório no bairrosportingbet cadastroKilimani. Ele também usa uma peruca quando comparece ao tribunal, uma tradição britânica. Muitas das estruturas legais,sportingbet cadastrogovernança e educacionais britânicas foram herdadas não apenas no Quênia, massportingbet cadastrogrande parte do antigo império.

No entanto, o conhecimentosportingbet cadastromuitos aspectos do "passado mais doloroso" não foi transmitidosportingbet cadastrogeraçãosportingbet cadastrogeração e permanece oculto do público.

Muite está pedindo a criaçãosportingbet cadastrouma comissãosportingbet cadastroinquérito a ser estabelecida pelos governos do Quênia e do Reino Unido para percorrer todos os cantos do Quênia e documentar detalhadamente o período colonial.

Ele fez parte da equipe jurídica que levou um casosportingbet cadastroteste aos tribunais britânicossportingbet cadastro2009, que terminou com um acordo quatro anos depois.

Mas Muite afirma que apenas aqueles combatentes ainda vivos, que puderam ser examinados por médicos e confirmados como vítimassportingbet cadastrotortura, receberam pagamentos. Aqueles que forneceram serviços e mantiveram as linhassportingbet cadastrosuprimento para os combatentes, assim como quenianos fora do centro do país que lutaram contra o colonialismo, não foram incluídos, diz ele.

Entre eles estão membros do clã Talai, que recentemente renovaram seus apelos para que o governo britânico devolva o crâniosportingbet cadastroseu líder, Koitalel arap Samoei. Ele liderou a resistência da comunidade Nandi ao assentamento colonial, interrompendo os planossportingbet cadastroocupação das terras altas do Vale do Rift por maissportingbet cadastrouma década. Eventualmente, ele foi atraído para uma reuniãosportingbet cadastropaz onde foi mortosportingbet cadastro1905.

Muite argumenta que reconhecer "aqueles que foram mortos, aqueles que prestaram serviços, incluindo refeições aos combatentes do Mau Mau, e aqueles que foram vítimassportingbet cadastroestupro, e fornecer-lhes alguma compensação" ajudaria a trazer um encerramento.

A historiadora Caroline Elkins diz que o anúncio esperado pelo monarca será "um momento extraordinário", mas acrescenta que o correto seria "insistirsportingbet cadastroinvestigações adequadas, realizadas pelo governo, para alterar livrossportingbet cadastrohistória, modificar museus no Reino Unido e fornecer financiamento ao Quênia para estabelecer seus próprios museus e artefatos culturais".

Ela diz que as atrocidades cometidas durante o estadosportingbet cadastroemergência - declarado pelo governo colonialsportingbet cadastrooutubrosportingbet cadastro1952sportingbet cadastroresposta à revolta Mau Mau - foram feitassportingbet cadastronome da monarca. A Rainha Elizabeth 2ª ascendeu ao trono apenas oito meses antes, enquanto visitava o Quênia central, onde a rebelião estava se formando.

"Foi Sua Majestade a Rainha cuja imagem pendurava nos campossportingbet cadastrodetenção e, enquanto eram torturados e forçados a trabalhar, eles tinham que cantar Deus Salve a Rainha."

Os ataques do Mau Mau podiam ser brutais e muitas vezes ocorriam à noite. Imagenssportingbet cadastroMichael Ruck,sportingbet cadastroseis anos, esquartejado juntamente com seus pais e um ajudante da fazenda, e seus ursinhossportingbet cadastropelúcia ensanguentados, foram publicadassportingbet cadastrojornais no exterior e não despertaram simpatia pelos combatentes.

O governo colonial usousportingbet cadastroforça aérea e forças terrestres, incluindo muitos quenianos - conhecidos como guardas locais - para realizar uma repressão brutal contra o Mau Mau.

Elkins estima que até 320 mil pessoas foram internadassportingbet cadastrocampossportingbet cadastrodetenção ou concentração. Relatos indicam que prisioneiros foram castrados, açoitados até a morte e até mesmo incendiados.

Maissportingbet cadastromil pessoas foram executadas por enforcamento durante o períodosportingbet cadastroemergência. O número totalsportingbet cadastromortes é estimadosportingbet cadastromilhares. Historiadores descreveram as operações para sufocar a revolta como o conflito pós-guerra mais sangrentosportingbet cadastroque o Reino Unido esteve envolvido no último século.

"Não tínhamos casas para morar", diz a veterana Agnes Muthoni sobre as condições na floresta durante o períodosportingbet cadastroemergência. "Havia hienas, fome e chuva."

Hoje, ela vivesportingbet cadastrouma casasportingbet cadastrotelhado azul feitasportingbet cadastrochapassportingbet cadastroferro onduladas e madeira, que se sobressai sobre as colinas verdes ondulantes da cordilheirasportingbet cadastroAberdare.

A vasta e fértil terra que se estende pelo Quênia central até o Vale do Rift era conhecida como as "Terras Altas Brancas". Quase toda ela era exclusivamentesportingbet cadastropropriedadesportingbet cadastrofazendeiros colonos. Os habitantes locais, como a senhora Muthoni, foram empurrados para as margens para abrir caminho para que fazendeiros europeus ocupassem as melhores terras.

Após a independência, grande parte dessas terras foi para os guardas locais, já que o Mau Mau continuava a ser considerado uma organização terrorista.

Mas a senhora Muthoni está pronta para deixar o passado para trás. "Não guardamos ressentimentossportingbet cadastronossos corações, porque o passado já se foi", diz ela. "Os seres humanos se perdoam e continuam a viver juntos, mas eu gostariasportingbet cadastroreceber terras."