Como briga por fatiamelancia levou à primeira intervenção dos EUA no Panamá:

Ilustraçãouma expedição naval dos EUA ao Panamá

Crédito, Getty Images

"Cuidado, aqui não estamos nos Estados Unidos", respondeu o panamenho ao insulto fácilOliver, que se recusou a pagar cerca5 centavosdólar pela fatiamelancia que comeu.

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For some historians, the Reign of Terror commenced with the execution of Louis XVI in January 1793. Others date it to the formation of the Revolutionary Tribunal (March 1793), the expulsion of Girondinist deputies from the National Convention (June 1793) or the murder of Jean-Paul Marat (July 1793).
The Great Terror  that followed, in which about 1,400 persons were executed, contributed to the fall of Robespierre on July 27 (9 Thermidor). During the Reign of Terror, at least 300,000 suspects were arrested; 17,000 were officially executed, and perhaps 10,000 died in prison or without trial.

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In general, "cartera" is used to refer to any small, handheld bag that is used to carry money and other personal items. However, in some Spanish-speaking countries, such as Spain, "cartera" is more commonly used to refer to a wallet, while a purse is typically called a "bolso".
Generally we use "bolso" for a "handbag" - bolsa is used to refer to a plastic bag, a paper bag... (not a handbag) - although you may hear it in some parts of Latin America, (probably in Mexico) as handbag as well, but I don't think that is a very extended use.

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Mas o que poderia ter sido um confrontorua irrelevante foi, na verdade, o reflexouma situação socialebulição.

"É preciso entender que o significado mais profundo do incidente da fatiamelancia é a manifestaçãoum primeiro movimento para dignificar um povo humilhado. Isso é o mais importante", explica à BBC News Mundo, o serviçoespanhol da BBC, Hermann Güendel, especialistaestudos latino-americanos da Universidade Nacional da Costa Rica e autoruma análise sobre o assunto.

A revolta desencadeada durou três dias, resultando na morte16 americanos e dois panamenhos, alémalgumas dezenasferidosambos os lados.

Mas daquele momentodiante, o chamado "incidente da fatiamelancia" foi capitalizado por Washington para iniciar uma ocupação da passagem estratégica entre o Pacífico e o Atlântico no futuro Canal do Panamá.

O que aconteceu antes do incidente?

Desde a década1840, os Estados Unidos tiveram uma presença estratégica no Istmo do Panamá, onde o rio Chagas era a passagem para atravessar do Pacífico ao Atlântico sem a necessidadecontornar todo o continente.

Os EUA assinaram o Tratado Mallarino-Bidlack com Nova Granada (que incluía Colômbia, Venezuela, Equador e Panamá)1846, garantindo a seus cidadãos e interesses econômicos um tratamento privilegiado ao passar pelo istmo.

Uma litografia da chegadapassageiros no Panamá

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Para ir da costa leste à oeste, os americanos optavam por viajarbarco pela rota que passava pelo Panamá
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"Em princípio, isso parecia à população panamenha naquela época uma oportunidadeouro para o crescimento econômico. Eles esperavam transporte, hospedagem, comida. Mas o fato foi que rapidamente tudo isso ficou nas mãos dos próprios americanos", explica Güendel.

A rotatrem da empresa Panama Canal Railway substituiu as viagensbarcos panamenhos. Os albergues e refeitórios que estavam abrindo nas cidadesColón e Cidade do Panamá também ficaram nas mãos dos americanos.

Além disso, os panamenhos começaram a notar atitudes arrogantes dos americanos, que se escondiam atrás do tratado1846 para agir com muitas liberdades.

"Nos EUA já se desenvolvia a filosofia do Destino Manifesto, pela qual eles são considerados os responsáveis ​​por trazer a civilização para a América", diz Güendel.

"Quando os americanos chegam, eles trazem essa concepção do mundo, da América Latina, e isso os levou a um tratamento arrogante e debochado da população,suas leis e das autoridadesNova Granada", acrescenta.

Como ocorreu a briga?

Em 15abril1856, entre os viajantes americanos que chegaram ao Panamá estava Jack Oliver.

O homem estava acompanhado por outros flibusteiros. Era comum que alguns deles "aproveitassemcurta estada para satisfazer seus vícioscasasjogo e tabernas", como descreveu o historiador Juan Bautista Sosaseu livro Compêndio da história do Panamá (1911).

Uma ilustração no jornal Illustrated sobre o incidente
Legenda da foto, O incidente foi noticiadojornais dos Estados Unidos

Em aparente estadoembriaguez, Oliver foi até a barracaJosé Manuel Luna e pegou um pedaçomelancia.

Depoiscomê-lo pela metade, jogou-o no chão e, ao tentar sair, o vendedor exigiu o pagamento. Mas Oliver recuou e ergueu a arma. Luna pegou uma facasua barraca, conta Sosa.

Um colegaOliver optou por pagar pela fatiamelancia, o que acabaria com o problema. Mas um homem, identificado como Miguel Abraham, aproveitou o momento para roubar a pistolaOliver, o que deu início a uma perseguição por parte dos americanos.

"Eles perseguiram o ladrão dando tiros", relata Sosa. Percebendo isso, os panamenhos próximos se envolveram na defesaAbraham e Luna e a briga virou generalizada. O confronto avançou na direção da estaçãotrem, onde Oliver se entrincheirou.

Coincidentemente, chegava um trem com mais900 passageiros, entre homens, mulheres e crianças.

A guarda panamenha entrouação por ordem do governador FranciscoFábrega. Eles abriram fogo para repelir os tiros vindos da estaçãotrem, que acabou sendo protegida. Mas a briga resultou na morte16 americanos e 2 panamenhos, alémferidosambos os lados.

Uma fatiaquase meio milhão

Washington não ficoubraços cruzados. O governo instruiu o diplomata e agente Amos B. Corwine a investigar o ocorrido.

Ele apresentou um relatório8julho1856, baseado"depoimentos coletadostestemunhas do ataque e outros documentosapoio", conforme registrado nos Arquivos Nacionais dos Estados Unidos.

Corwine, no entanto, não mencionou que a origem do incidente foi o delitoOliver. Pelo contrário, recomendou a ocupação militar dos pontos estratégicos na passagem do Istmo.

"Em seu relatório, ele aponta que tudo foi por causa da brutalidade dos negros, independentemente do que disseram os cônsules britânico, francês e equatoriano, que a culpa foi dos americanos", explica Güendel.

Ilustração do ocorrido no Illustrated
Legenda da foto, O Illustrated falava da briga entre os americanos e os 'nativos', uma forma pejorativafalar dos habitantes do Panamá

O pesquisador observa que nos EUA o incidente foi analisadoforma depreciativa, como na capa do jornal New York Illustrated, que relatou o ocorridoforma muito parcial.

"A ilustração mostra um gruposelvagens africanos, seminus, com facões, atacando cavalheiros americanos brancos, com suas famílias e filhos. Essa é a concepção, uma relação com os selvagens”, aponta.

Dois navios e 160 militares assumiram o controle do territórioNova Granada por três diassetembro1856, dando origem à primeirauma dezenaintervenções militares dos Estados Unidos no Panamá.

Para resolver as diferenças, os EUA e Nova Granada convocaram uma comissão mista para debater a situação. Um dos resultados foi o pagamentoUS$ 412.349ouro por Nova Granada, alémgarantias sobre os interesses americanos no Istmo.

"Isso obriga Nova Granada a declinar da autonomia do Panamá e Colónfavor dos americanos. E os cercaUS$ 400.000, cercaUS$ 2 bilhões agora, nunca chegaram às famílias dos americanos mortos. O grande vencedortudo isso foram os EUA graças à capacidadelidar com esta situação", diz Güendel.

No fundo, aponta o pesquisador, o acordo entre as partes não resolveu uma situaçãoopressão social que começou anos antes do incidente envolvendo a fatiamelancia.

"O incidente foi uma catarse para um povo que se sentia humilhado, maculado, como formase libertar daquele sentimento a que estava sendo submetido pela presença americana. Por isso o incidente foi uma causa nacional", afirma o acadêmico.

"E no final foi também uma justificativa para a ocupação militar que ao longo dos anos vai consolidar a presença dos EUA no canal e os 5 kmcada lado do canal que passaram a ser propriedade dos EUA", acrescenta.

O controle pelos americanos da passagem entre o Atlântico e o Pacífico duraria maisum século e meio, até o último dia1999, já quase um século após a inauguração do Canal do Panamá.