'Cidades inteiras do RS terão que mudarblackjack pixbetlugar', diz pesquisador que alertou para despreparo contra chuvas:blackjack pixbet

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Crédito, Amanda Perobelli/Reuters

Legenda da foto, Vistablackjack pixbetdrone mostra barco com voluntáriosblackjack pixbetbuscablackjack pixbetpessoas isoladasblackjack pixbetcasas no bairroblackjack pixbetMathias Velho,blackjack pixbetCanoas (RS)

Diante das cheias devastadoras que atingem o Rio Grande do Sul menosblackjack pixbetseis meses após enchentes que destruíram parte da serra gaúchablackjack pixbetnovembro do ano passado, o pesquisador defende que, desta vez, a resposta do poder público precisa mudar radicalmente.

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"Não adianta querer reconstruir tudo o que foi destruído nesse eventoblackjack pixbetagora tentando fazer como era antes. Isso já não dá mais".

A reconstrução do Rio Grande do Sul, diz o acadêmico, precisará ser planejada considerando quais as áreas mais seguras e resistentes às variações climáticas extremas, que vieram para ficar.

"Cidades inteiras vão ter que mudarblackjack pixbetlugar. É preciso afastar as infraestruturas urbanas desses ambientesblackjack pixbetmaior risco, que são as áreas mais baixas, planas e úmidas, as áreasblackjack pixbetencostas, as margensblackjack pixbetrios e as cidades que estão dentroblackjack pixbetvales", diz.

Tais mudanças envolverão o que ele chamablackjack pixbet"desedificar": remover as estruturas das cidades que estãoblackjack pixbetáreasblackjack pixbetrisco e recomeçarblackjack pixbetregiões mais seguras.

"Precisamos devolver para a natureza esses espaços que estão mais sensíveis ao alagamento", diz.

Onde está o maior perigo: vales e margens

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Grande parte do despreparo das cidades para a nova realidade climática se dá porque elas crescem sem considerar a geografia do Estado e seus níveisblackjack pixbetvulnerabilidade diante das previsões climáticas, bem como a preservação da natureza.

"Os municípios gaúchos vêm enfrentando um forte crescimento urbano sobre áreas úmidas remanescentes", explica.

Não se trata apenasblackjack pixbetretirar a população que morablackjack pixbetáreasblackjack pixbetencostas, mas todas as regiões sensíveis a situaçõesblackjack pixbetalagamento e deslizamento.

Em geral, as áreas mais valorizadas pelo setor imobiliário para grandes empreendimentos e pela própria população são justamente as mais vulneráveis a inundações: próximas a margensblackjack pixbetrios e lagos, oublackjack pixbetáreas planas, baixas e úmidas.

Alémblackjack pixbetmenos resilientes, as áreas úmidas têm papel importante na prevençãoblackjack pixbetenchentes, já que deveriam servir como "esponja"blackjack pixbetperíodosblackjack pixbetchuvas fortes, explica o pesquisador.

"Essas áreas são importantes porque tem o que chamamosblackjack pixbetefeito esponja: esse serviço dado pela natureza é justamente para que quando há uma grande carga d’água ela vá para lá, e as zonas mais altas fiquem seguras", diz.

Do pontoblackjack pixbetvista do risco ambiental, as decisõesblackjack pixbetexpansão urbana têm ido na contramão da segurança, diz o ecólogo.

"Estamos fazendo o contrário do que deveríamos: estamos indo para dentroblackjack pixbetonde não deveríamos ir, nos expondo ao risco, criando situações que colocam vidasblackjack pixbetperigo, e prejuízos recorrentes."

Tragédia repetida

Outro aspecto geográfico do Rio Grande do Sul que precisa ser considerado na adaptação à nova realidade climática é que há muitas cidades localizadas dentro dos valesblackjack pixbetrios, que são áreasblackjack pixbetbaixa altitude cercadas por áreas mais altas, como morros e montanhas, e próximos à água.

"Tem várias cidades inteiras que estãoblackjack pixbetregiãoblackjack pixbetvale: áreas sujeitas a receber grandes cargasblackjack pixbetáguablackjack pixbetum evento extremo como esse. E aí não adianta reconstruir aquela cidade dentro do vale, porque ela vai continuar ameaçada. Porque os eventos climáticos vão se repetir", afirma.

Ele cita o exemploblackjack pixbetMuçum, cidade no Vale do Rio Taquari.

Reportagem da BBC News Brasil mostrou que o município já havia sido afetado por inundações três vezes durante 2023 – a primeirablackjack pixbetjunho, que vitimou 16 pessoas no estado;blackjack pixbetsetembro, quando 53 pessoas morreramblackjack pixbetdecorrência da passagemblackjack pixbetum ciclone extratropical; eblackjack pixbetnovembro, quando maisblackjack pixbet700 mil pessoas foram afetadas por chuvas torrenciais.

"Temos exemplosblackjack pixbetcidades que foram atingidasblackjack pixbet22, 23, e as pessoas perderam as coisas pela quarta vez, como Muçum, Lajeado. Algumas pessoas já estão tão desalentadas que já dizemblackjack pixbetentrevistas que nem compraram mais móveis, mais carro, porque sabem que vão perderblackjack pixbetnovo”, diz, destacando que nesse caso, a falha do poder público foi permitir que as famílias reconstruíssem suas vidas no mesmo lugar, sem oferecer planosblackjack pixbetmoradia mais seguros.

"Esse novo planoblackjack pixbetreconstrução precisa vir com um planoblackjack pixbetadaptação às mudanças climáticas", afirma.

Nova lógica para a reconstrução

O acadêmico, que defende que todas as cidades atingidas revisem seus planos diretores antesblackjack pixbetreconstruir tudo o que foi perdido, diz que "não adianta mais querer construir, ou reconstruir tudo o que foi destruído nesse eventoblackjack pixbetagora tentando fazer como era antes".

Para o professor, tanto governo estadual quanto federal poderiam estimular tais revisões, talvez colocando-as como requisitos para que as prefeituras tenham acesso aos recursos para financiamento da reconstrução.

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), já declarou que o Estado vai precisarblackjack pixbetum "plano Marshall", fazendo referência ao planoblackjack pixbetreconstrução na Europa após a Segunda Guerra Mundial.

O planoblackjack pixbetreconstrução das cidades, alerta o pesquisador, não poderá mais se basearblackjack pixbetedificações nas áreas baixas, planas e úmidas e ambientesblackjack pixbetmargemblackjack pixbetrios, lagos e córregos, como aconteceblackjack pixbetmuitas cidades da costa, como Pelotas, e mesmoblackjack pixbetbairrosblackjack pixbetPorto Alegre próximos ao Lago Guaíba.

"O olhar daqui para a frente precisa ser mais técnico, e pensarblackjack pixbetadaptar a cidade para situações tão extremas".

"Críticos vão dizer que estamos preocupados só com a biodiversidade, e argumentam que é preciso pensar na vida das pessoas, no desenvolvimento. Se eu estivesse só preocupado com a biodiversidade tudo bem, mas nem estamos mais falando disso, neste caso", afirma. "Estamos falandoblackjack pixbetsobrevivência, porque significa você colocar lá um empreendimento e ele ficar debaixo d’água."

Mais resistência a extremos

Outro aspecto importante da reconstrução do Estado, que será longa e árdua, será investirblackjack pixbetestruturas mais preparadas para eventos climáticos.

"Vamos ter que reconstruir, sim, só que agora pensandoblackjack pixbetpontes que são muito mais elevadas e robustas, estradas que são muito mais preparadas e resilientes a processos tão extremosblackjack pixbetpresençablackjack pixbetágua".

Moradoresblackjack pixbetCanoas aguardam resgateblackjack pixbetárea alagada

Crédito, AMANDA PEROBELLI/REUTERS

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Tecnologias para alertar a populaçãoblackjack pixbetmaneira mais eficiente sobre potenciais desastres, na visão do professor, têm efeito limitado se não vierem acompanhadasblackjack pixbetmudanças mais drásticas.

"Quaisquer tecnologiasblackjack pixbetaviso serão inúteis se continuarmos mantendo as pessoas e as infraestruturas nos lugares que estarão sempreblackjack pixbetrisco. O que adianta avisar que as pessoas saiam se elas vão perder absolutamente tudo?", questiona.

"O investimento rápido vai ter que ser na correção dessas cidades, na atualização dessas cidades, para que a gente se torne mais adaptado a essa nova condição. Porque não é só alertar".

Homem foi resgatado por helicópteroblackjack pixbetCanoas no sábado (4/5)

Crédito, RENAN MATTOS/REUTERS

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Em outra frente, o pesquisador diz que é preciso investirblackjack pixbetformas menos centralizadasblackjack pixbetconstruir as cidades,blackjack pixbetmodo a permitir que a água flua com mais facilidade para o oceano.

"Precisamos permitir que a água passe, que a água flua,blackjack pixbetvezblackjack pixbettentar barrá-la. Temos que recuperar, por exemplo, a vegetação natural nas áreasblackjack pixbetpreservação permanente eblackjack pixbetprodução".

Outra recomendação, considerando que os eventos climáticos extremos também prevêem períodosblackjack pixbetintensa seca, é aproveitar os períodosblackjack pixbetchuva para armazenar águablackjack pixbetsistemasblackjack pixbetaçudes ou outros reservatórios hídricos.

"Boa parte dessa água toda chovendo agora está simplesmente sendo perdida eblackjack pixbetalgum momento vai fazer falta, porque está chovendo muito agora e vai chover muito pouco depois".

Convencer a populaçãoblackjack pixbetque a nova realidade climática veio para ficar, diz, é parte importante do trabalhoblackjack pixbetevitar novas tragédias ambientais.

"Infelizmente tem gente que acha que isso aconteceu, mas amanhã passou e vida que segue", lamenta. "Não é um momento; é um período que talvez será assim por muito tempo, e precisamos nos preparar para nos encaixar dentro dele".