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Por que viajarsportmarket betavião está tão caro no Brasil:sportmarket bet
O preço médio foi R$ 649,14 — o maior valor desde 2009, quando o bilhete custousportmarket betmédia R$ 742,89.
metropolitanas costeiras, embora o próprio sertão também seja frequentemente usado em
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“Ao menos desde 2019, as companhias aéreas têm subido os valores das passagens acima da inflação. Isso indica que as companhias estão elevando os preços mais do que a capacidadesportmarket betrenda da população, que tem enfrentado mais dificuldade para comprar passagens”, diz o economista Alexandre Jorge Chaia, do Insper
Mas por que viajarsportmarket betavião no Brasil está tão caro?
Especialistas ouvidos pela BBC News Brasil apontam que o preço das passagens subiu por uma combinaçãosportmarket betfatores, como a pandemiasportmarket betcovid-19, a alta do dólar nos últimos anos e o aumento do preço do combustível das aeronaves.
O setor afirma ainda que atravessa uma crise e tenta se reestruturar.
Enquanto isso, o governo federal estuda lançar um programa para vender passagens a preços populares, alémsportmarket betoutras medidas para tentar reduzir o valor dos bilhetes.
Ao mesmo tempo, além do valor das passagens, viajarsportmarket betavião ficou mais caro porque muitos consumidores têm agora que arcar com cobranças extras, como a tarifa para despachar bagagens,sportmarket betvigor desde 2017, que se tornou parte importante da receita das empresas aéreas.
O avanço das viagenssportmarket betavião no Brasil
Até o início dos anos 2000, o valor das passagens aéreas era regulado pelo governo federal. O controlesportmarket betpreços gerava ineficiências, reduzindo o investimento das empresas e a ofertasportmarket betvoos, o que mantinha o valor das passagens elevado.
Desde 2001, as empresas aéreas passaram a ter liberdade para determinar as tarifas cobradas nas rotas domésticas.
A concorrência ganhou força a partirsportmarket bet2005, com a criação da Agência Nacionalsportmarket betAviação Civil (Anac), estimulando investimentos e a expansão do setor, com crescimento da malha aérea, aumento da ofertasportmarket bettrechos e da quantidadesportmarket betvoos.
Essa expansão fez o valor das passagens cair bastante, segundo analistas, o que levou muito mais brasileiros a viajarsportmarket betavião.
O efeito dessa mudança pode ser medido pelo chamado RPK (Revenue Passenger‐Kilometers,sportmarket betinglês, ou Passageiros‐Quilômetros Pagos transportados).
Essa medida, usada pelo setor para apontar a demanda por voos, é calculada ao se multiplicar o númerosportmarket betpassageiros pagantes por quilômetros voados.
Em 2000, o índice foisportmarket bet25,2 bilhõessportmarket betquilômetros. Uma década depois, quando o avião se tornou oficialmente o meiosportmarket bettransporte mais usado por brasileiros para viagens longassportmarket betvez do ônibus, já eram 69,8 bilhões.
O RPK continuou a crescer na década seguinte, até sofrer uma queda vertiginosa na pandemiasportmarket betcovid-19 por causa das restriçõessportmarket betcirculação.
Em 2019, ano imediatamente anterior à pandemia, eram 96,4 bilhõessportmarket betquilômetros. No ano seguinte, caiu para quase a metade: 49,5 bilhões.
A aviação comercial doméstica começou a se recuperar desde então. Em 2022, o RPK subiu para 89,3 bilhõessportmarket betquilômetros.
Segundo a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), que representa companhias do setor, o índice do ano passado foi correspondente a 86,5% do registradosportmarket bet2019.
Essa recuperação foi melhor do que assportmarket betviagens internacionais,sportmarket betacordo com a Abear, que estão hojesportmarket bet64,7% do registrado no ano anterior à pandemia.
Apesar da recente recuperação, a Abear avalia que as empresas aéreas brasileiras ainda enfrentam uma situação difícil.
A associação estima que as companhias tiveram prejuízosportmarket betR$ 46,39 bilhões, acumuladossportmarket bet2016 até o terceiro trimestre do ano passado.
Diante desse cenário, um dos reflexos para o consumidor foram passagens cada vez mais caras.
Como é calculado o preço da passagem
O valorsportmarket betuma passagem levasportmarket betconsideração fatores como a oscilaçãosportmarket betpreço internacional do barrilsportmarket betpetróleo (a partir do qual é produzido o combustível para as aeronaves), a taxasportmarket betcâmbio, as estratégiassportmarket betconcorrência entre as empresas, a distância que será percorrida e a demanda por um determinado trecho.
Há outros fatores também, segundo a Anac, como a antecedência da compra da passagem, o dia da semanasportmarket betque isso é feito, se é um trecho com escalas e conexões, se serão oferecidas refeições a bordo, a posição do assento na aeronave e o meio pelo qual a passagem é vendida.
Há casos inclusivesportmarket betque bilhetes nacionais custam mais do que viagens para outros países, principalmente aqueles que são vizinhos do Brasil.
Isso ocorre, segundo especialistas, por causa da dimensão continental do Brasil, o que torna algumas viagens bem longas, e tambémsportmarket betrazão do Imposto sobre Circulaçãosportmarket betMercadorias e Serviços (ICMS), tributo cobrado pelos Estados sobre vários setores econômicos, como osportmarket bet combustível – o que encarece os custossportmarket betalguns pontos do país.
Além disso, o preçosportmarket betuma passagem aérea é dinâmico, ou seja, ele variasportmarket betacordo com esses fatores a qualquer momento.
Isso significa que,sportmarket betum mesmo voo, passageiros podem pagar diferentes valores por assentos semelhantes.
Em fevereiro deste ano, por exemplo, segundo a Anac, 30% dos bilhetessportmarket betviagens no Brasil foram vendidos abaixosportmarket betR$ 300.
Já a média geral do valor da passagem nacional nesse período foi bem maior,sportmarket betR$ 576,19 – o maior desde fevereirosportmarket bet2014, quando ficousportmarket betR$ 598,53.
“Muitos outros serviços também têm preços dinâmicos, como atrações culturais, transportes e hotelaria”, argumenta Jurema Monteiro, presidente da Abear.
Monteiro reconhece que as passagens ficaram mais caras nos últimos anos no Brasil, mas ela diz que isso que ocorreu com outros serviços e setores no pós-pandemia, com inflaçãosportmarket betalta e um aumentosportmarket betcustossportmarket betgeral.
Ela acrescenta que o valor do dólar mais que dobrou nos últimos dez anos e que isso impactou diretamente os preços das passagens no Brasil.
“O preço [das passagens] já foi menor, massportmarket betcondições nas quais os custos eram diferentes. O dólar era mais baixo e o preço do combustível era mais competitivo. 60% dos custos estão atrelados ao dólar, como o combustível, o arrendamentosportmarket betaeronave, a manutenção… tudo isso é dolarizado”, diz.
Ex-diretor da Anac, o advogado Ricardo Fenelon Júnior, especialistasportmarket betDireito Aeronáutico, afirma que as companhias aéreas continuam tendo dificuldades mesmo com o aumento do preço das passagens aplicado para compensar os prejuízos dos últimos anos e a alta dos custossportmarket betprodução.
“Os custos das empresas aéreas no Brasil subiramsportmarket betforma exponencial. As companhias só não sobem mais os preços porque não conseguem, porque há liberdade tarifária no Brasil e precisa aumentar o preço e regular a oferta conforme concorrência e demanda”, diz.
“Essas empresas ainda continuam tendo prejuízo porque não podem cobrar o máximo que poderiam, porque o consumidor é sensível a preço. Esses prejuízos dos últimos anos, como as dívidas criadas na pandemia, continuam gerando aumentosportmarket betcustos hoje. Mesmo com o preço das passagens mais alto, essas companhias não conseguem cobrir os prejuízos dos últimos anos”, acrescenta.
Outro problema que prejudica o segmento, avalia Fenelon, é relacionado ao alto númerosportmarket betprocessos contra empresas aéreas no Brasil.
“Isso faz parte dos custos estruturaissportmarket betuma empresa. O Brasil é o país com o maior númerosportmarket betpassageiros contra companhias aéreas”, diz o advogado.
Nem mesmo as novas cobranças como pelo despachosportmarket betbagagens, marcaçãosportmarket betassentos e serviçosportmarket betbordo, que hoje representam cercasportmarket bet20% da receita das companhias com as tarifas cobradas, amenizou a crise do setor, diz Marcus Quintella, diretor do centrosportmarket betestudos da áreasportmarket betTransporte da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
"No mundo, essa cobrança já é uma práticasportmarket betmuitos anos e no Brasil acontece desde 2017. Hoje é uma receita acessória muito importante, e tudo isso faz parte dessa estratégia das empresas”, afirma Quintella.
O especialista diz que essas novas cobranças não foram suficientes para reverter os prejuízos do setor nos últimos anos. E avalia que, se esses valores voltassem a ser incluídos no preço da passagem, os bilhetes ficariam ainda mais caros.
"Muita gente começaria a levar bagagem desnecessariamente e isso interfere no custo do voo, no peso da aeronave, no combustível e na ocupação”, acrescenta Quintella, que frisa que essas novas cobranças são permitidas pela Anac.
O combustível
Uma das principais dificuldades alegadas pelas empresas aéreas é o preço do querosenesportmarket betaviação (QAV), o maior custosportmarket betoperação das aeronaves.
O valor do produto é tabelado pela Petrobras, que definesportmarket betpolíticasportmarket betpreços.
Segundo a Abear, o preço do QAV começou a pressionar os custos das passagens aéreas no país por voltasportmarket bet2018, e a situação piorousportmarket betmeio à pandemia.
De acordo com a estimativa da associação, o preço do produto aumentou 129%sportmarket bet2020 a 2022, ajustado pela inflação.
“O QAV oscilou muito para cimasportmarket bet20 anos, especialmente nos últimos quatro anos", diz Jurema, da Abear.
"Isso faz com que o preço da passagem também oscile como um todo. Mas a tarifa média do bilhete aéreo oscilou muito menos do que o aumentosportmarket betcustos no último período: enquanto o bilhete aéreo aumentou 26%sportmarket bet2019 a 2023, o QAV aumentou maissportmarket bet120% [valores ajustados pela inflação].”
O conflito causado pela invasão da Ucrânia pela Rússia, segundo os especialistas, também elevou o valor do querosenesportmarket betaviação.
Nos primeiros meses deste ano, segundo o governo federal, o preço do QAV teve uma reduçãosportmarket bet35%. O setor, porém, cobra uma redução ainda maior,sportmarket betrazão dos aumentos consecutivos nos últimos anos.
Para a Abear, uma das medidas mais urgentes para reduzir os custos dos bilhetes aéreos é reavaliar a forma que o QAV é cobrado no Brasil.
“Hoje, mesmo que 90% da produção do combustível seja nacional, o item é cobrado como se viesse do exterior. Além disso, o Brasil é o único país que tributa o QAV (com ICMS, por exemplo), tornando o preço efetivo pago nas refinarias brasileiras um terço superior ao valor cobrado das aéreas nos Estados Unidos”, aponta a associaçãosportmarket betum comunicado enviado à BBC News Brasil.
O Ministériosportmarket betPortos e Aeroportos (MPor) dizsportmarket betnota à BBC News Brasil que reduzir ainda mais o preço do combustível é um dos principais caminhos para diminuir os custos das passagens.
Em razão disso, afirma que mantém diálogo frequente sobre o tema com os órgãos competentes para “encontrar soluções para a redução dos preços”.
O MPor afirma ainda que há outras alterações estruturais na aviação civil que também são importantes para baratear as passagens, como “a diminuição do excessosportmarket betjudicialização das relaçõessportmarket betconsumo; a redução da tributação incidente sobre a aviação civil e a atraçãosportmarket betmais empresas aéreas para aumento da concorrência”.
As medidas do governo federal
O setor aéreo pede mais apoio do poder público. A Abear aponta que enquanto outros países deram suporte ao segmento no auge da pandemia, o governo brasileiro não concedeu nenhum tiposportmarket betajuda financeira no período.
“Mesmo com uma parada quase total dos voos, o setor brasileiro se mantevesportmarket betpé sem nenhum subsídio público, diferentemente do que aconteceusportmarket betpaíses como Estados Unidos (US$ 50 bi), França (US$ 16,4 bi), Alemanha (US$ 9,8 bi) e Holanda (US$ 3,8 bi)”, diz comunicado da Abear.
“Isso faz com o que o custo financeiro dessa recuperação seja mais intenso e duradouro do quesportmarket betoutros setores e países. Fora este cenário atípico, impactos do Custo Brasil,sportmarket betR$ 1,7 tri para todos os setores brasileirossportmarket bet2022, mostram o quanto o modal aéreo é impactado pela alta carga tributária. Somente o setor aéreo pagou R$ 20,5 bisportmarket bettributossportmarket bet2021”, acrescenta a associação.
Já o governo federal afirma que foram tomadas medidas para auxiliar o segmento durante o auge da pandemia. O Ministério do Turismo diz,sportmarket betnota, que apoiou uma sériesportmarket betações para fortalecer o setor aéreo no período.
Entre as medidas, a pasta cita medida provisória que flexibilizou a jornada e permitiu suspensão dos contratossportmarket bettrabalho; regulamentação da remarcação e do cancelamentosportmarket betvoossportmarket betfunção da pandemia; introdução do combustível JET-A; e diminuição do imposto sobre arrendamentosportmarket betaeronaves.
A pasta afirma ainda que foram feitas reuniões com as empresas aéreas e associações do setor para discutir ações que possam ajudar a reduzir custos operacionais e “dar oportunidadesportmarket betmais brasileiros voarem".
Programa 'Voa Brasil'
Uma das medidas mais recentes do governo federalsportmarket betrelação ao barateamentosportmarket betpassagens foi o anúncio do programa “Voa Brasil”.
A iniciativa promete abaixar os custos das passagens aéreas nacionais para alguns públicos específicos para cercasportmarket betR$ 200 por trecho voado.
De acordo com o que foi divulgado até agora pelo governo, servidores públicos com saláriosportmarket betaté R$ 6,8 mil, aposentados, pensionistas e estudantes do Fies (Fundosportmarket betFinanciamento Estudantil) podem estar entre os beneficiados.
Segundo as informações iniciais, cada pessoa deve ter direito a duas passagens por ano, alémsportmarket betum acompanhante por trecho. Essas passagens devem ser vendidassportmarket betperíodos fora da alta temporada.
Azul, Gol e Latam, as três principais empresas do setor, anunciaram que aceitam participar do projeto.
A previsão ésportmarket betque o programa comece no segundo semestre deste ano.
No fimsportmarket betmaio, o presidente Lula sancionou uma Lei que concede isençãosportmarket bettributos às empresas aéreas. O texto zera as alíquotas do PIS e da Cofins (impostos federais) sobre a receitas obtidas pelas empresssportmarket bettransporte aéreo pelo períodosportmarket bet1ºsportmarket betjaneiro deste ano a 31sportmarket betdezembrosportmarket bet2026.
O governo federal estima que essa medida deve reduzirsportmarket betcercasportmarket betR$ 500 milhões nos custos operacionais da aviação civil brasileira nos próximos anos.
Apesarsportmarket betrepresentar alívio, o setor aéreo tem argumentado que dificilmente a medida irá impactarsportmarket betmodo imediatosportmarket betuma possível redução nos preços das passagens,sportmarket betrazão dos prejuízos enfrentados nos últimos anos.
Preços das passagens podem cair?
No mês passado, houve quedasportmarket bet17,73% nos preços das passagens aéreas, segundo a inflação calculada pelo Instituto Brasileirosportmarket betGeografia e Estatística (IBGE). Mas no acumulado dos últimos 12 meses, conforme o IBGE, os preços das passagens subiram 4,31% -sportmarket betcomparação, a inflação no mesmo período foisportmarket bet3,94%.
“Isso indica quesportmarket betmaio talvez houvesse mais ofertasportmarket betpassagens e também o preço do combustívelsportmarket betaviação caiu no período recente. Talvez a tendência seja estabilizar nesse preço (atual) das passagens, mas uma redução muito grande neste momento acho difícil”, avalia Alexandre Jorge Chaia, do Insper.
“As empresas ainda estão desequilibradas financeiramente e acabam tendo que repor esse prejuízo. Então as passagens devem continuar caras, ao menos até que as empresas equilibrem as contas”, acrescenta.
Os especialistas afirmam que não há, ao menos por ora, como preversportmarket betmodo geral quando as passagens aéreas terão quedasportmarket betpreço considerável no país.
“É um cenário muito complexo. A aviação depende da macroeconomia. Se analisarmos, desde 2014, a gente andasportmarket betlado porque não tem crescimento significativo no país. Infelizmente, os últimos dez anos não foram fáceis para o Brasil", aponta Fenelon, ex-diretor da Anac.
"O cenário deve continuar complexo enquanto o dólar estiversportmarket betalta e o combustível nesse valor”, acrescenta.
Segundo especialistas, a melhor formasportmarket betcomprar passagens aéreas mais baratas no atual momento é se planejar.
“Essa é a grande diferença, porque as empresas concorrem muito entre si. Não existe outra dica além da antecedência”, afirma Jurema Monteiro, da Abear.
Mas quanto tempo seria o suficiente?
“Até três mesessportmarket betantecedência é um bom período”, diz Marcus Quintella.
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