Bolsonaro, Hezbollah no Brasil e brasileirospay4fun betwayGaza: os pontos que elevam tensão entre governo Lula e Israel:pay4fun betway

Bandeiraspay4fun betwayIsrael e Brasil

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Diplomatas ouvidos pela BBC News Brasil descartam, pelo menos por ora, a adoçãopay4fun betwaymedidas consideradas drásticas do pontopay4fun betwayvista diplomático contra o governo israelense

A resolução, no entanto, não foi aprovada.

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Em meio à possibilidadepay4fun betwayescalada no conflito, pelo menos três eventos vêm criando tensão entre os dois países: o encontro entre o embaixador do país no Brasil, Daniel Zonshine, com parlamentarespay4fun betwayoposição e com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL); a demora na liberação pelo governo israelensepay4fun betwaybrasileiros e seus familiares que tentam deixar a Faixapay4fun betwayGaza para fugir do conflito; e as declaraçõespay4fun betwayautoridades israelenses sobre uma operação da Polícia Federal que prendeu dois brasileiros suspeitospay4fun betwayfazerem parte do Hezbollah e planejarem uma sériepay4fun betwayataques no Brasil.

Diplomatas ouvidos pela BBC News Brasil admitem que esses episódios afetaram as relações entre os dois países, mas descartam, pelo menos por ora, a adoçãopay4fun betwaymedidas consideradas drásticas do pontopay4fun betwayvista diplomático contra o governo israelense.

Confira abaixo os detalhes dos episódios que vem abalando as relações entre Brasil e Israel.

Encontro entre Bolsonaro e embaixadorpay4fun betwayIsrael

Várias pessoaspay4fun betwaymesapay4fun betwayreunião

Crédito, Reprodução/Twitter

Legenda da foto, O embaixadorpay4fun betwayIsrael, Daniel Zonshine e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), ambos ao centro da mesa, participarampay4fun betwayreunião no Congresso na quarta-feira (8/11)
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Um dos episódios que, aparentemente, gerou mais estresse nas relações entre os dois países foi o encontro entre o embaixadorpay4fun betwayIsrael, Daniel Zonshine, com parlamentarespay4fun betwayoposição e com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), na quarta-feira (8/11), no Congresso Nacional,pay4fun betwayBrasília.

Ao longo do encontro, os parlamentares usaram o evento para tecer críticas ao governo Lula. Bolsonaro, porpay4fun betwayvez, ficou conhecido nos últimos anos por ser um apoiador do Estadopay4fun betwayIsrael. Desde o início do conflito, ele fez críticas à atuação do governo Lulapay4fun betwayrelação à crise na Faixapay4fun betwayGaza e associou o Hamas a Lula citando uma nota divulgada pelo grupo palestino parabenizando a vitória do petista nas eleiçõespay4fun betway2022.

Em entrevista ao portal UOL, Zonshine disse, no entanto, que a ideia original do encontro não era transformá-lopay4fun betwayum evento político, mas mostrar imagens referentes aos ataques praticados pelo Hamas a alvos israelenses no dia 7pay4fun betwayoutubro.

"A ideia do evento era demonstrar para representantes do governo brasileiro o que aconteceu no dia 7pay4fun betwayoutubro. Convidamos parlamentarespay4fun betwayvários partidos, incluindo o PT, para participar e para ver. Não era intenção fazer isso como um evento político", disse o embaixador ao UOL.

Em nota divulgadapay4fun betwaysuas redes sociais, a Embaixadapay4fun betwayIsrael diz que "a presença do ex-presidente não foi coordenada pela Embaixadapay4fun betwayIsrael e não erapay4fun betwayconhecimento antes do evento, ocorrendopay4fun betwayforma fortuita".

A versão foi a mesma dada pelo advogado e ex-secretáriopay4fun betwaycomunicaçãopay4fun betwayJair Bolsonaro, Fabio Wajngarten. Em seu perfil no X (antigo Twitter), o advogado disse que o encontro entre os dois aconteceu "de surpresa".

Um diplomata ouvido pela BBC News Brasilpay4fun betwaycaráter reservado, no entanto, classificou o episódio como "grave" e disse que, na avaliação do governo, Zonshine já vinha "inviabilizando"pay4fun betwayposição como representante do governo isralense no Brasil com atitudes como essa.

A presidente nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PT) criticou a postura do embaixador e classificou o encontro com Bolsonaro como uma intromissão indevida na política brasileira.

"Mais uma vez o embaixadorpay4fun betwayIsrael no Brasil intrometeu-se indevidamente na política internapay4fun betwaynosso país, num ato público com o inelegível Jair Bolsonaro, realizadopay4fun betwaypleno Congresso Nacional", disse a deputadapay4fun betwayseu perfil no X.

No início do mês, Zonshine já havia se reunido com parlamentares do Grupo Parlamentarpay4fun betwayAmizade Brasil-Israel, composto por diversos deputados federaispay4fun betwayoposição que criticaram a resposta do Brasil ao conflito na Faixapay4fun betwayGaza como o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro (PL-SP).

Fotos do encontro chegaram a ser divulgadas no perfil da Embaixadapay4fun betwayIsrael no X, antigo Twitter.

Tambémpay4fun betwayoutubro, o embaixador criticou uma resolução do PT sobre o conflito que disse que o governopay4fun betwayIsrael realizava um "genocídio" contra a população da Faixapay4fun betwayGaza. Em entrevista ao portal Poder 360, Zonshine disse que o partido havia perdido a "noçãopay4fun betwayhumanidade".

Na ocasião,pay4fun betwaymeio a esses episódios, o embaixador israelense foi convidado para uma reunião no Itamaraty, o que na linguagem diplomática significa um estremecimento nas relações entre os países.

A BBC News Brasil questionou a Embaixadapay4fun betwayIsrael sobre as motivações do encontro entre Bolsonaro e Daniel Zonshine, mas nenhuma resposta foi enviada até o fechamento desta reportagem.

Em meio às críticas, um diplomata ouvido pela BBC News Brasilpay4fun betwaycaráter reservado disse nesta semana que a orientação no governo brasileiro é evitar "ruídos" nas relações entre os dois países e que o foco, agora, seria garantir a repatriação dos brasileiros e seus familiares que aguardavam, na Faixapay4fun betwayGaza, autorização para irem ao Egito.

Segundo ele, o Brasil não tomaria nenhuma medida contra o embaixador antespay4fun betwayesse assunto estar resolvido.

A situação dos brasileiros na Faixapay4fun betwayGaza, aliás, vinha sendo outro pontopay4fun betwaytensão nas relações entre os dois países.

Demora na liberaçãopay4fun betwaybrasileiros

Imagem aérea da passagempay4fun betwayRafah

Crédito, Maxar Technologies/Handout via REUTERS

Legenda da foto, Imagempay4fun betwaysatélite mostra a passagempay4fun betwayRafah, por onde alguns estrageiros e feridos já foram liberadospay4fun betwayGaza

Um outro ponto indicado por fontes diplomáticas ouvidas pela BBC News Brasil como complementar ao tensionamento das relações entre Brasil e Israel foi a demora do governo israelense para liberar o grupopay4fun betway34 brasileiros e seus familiares que aguardam uma autorização do governo israelense para deixar a Faixapay4fun betwayGaza pela fronteira com o Egito.

Um diplomata ouvido pela BBC News Brasil disse que o país não tomaria nenhuma medida diplomática mais drástica contra Israel como convocar seu embaixador o país enquanto o grupo ainda não tiver retornado ao Brasil.

Segundo ele, o Brasil não "brigaria com o dono da fila",pay4fun betwaymenção à filapay4fun betwaypalestinos querendo deixar a Faixapay4fun betwayGaza.

A evacuaçãopay4fun betwayestrangeiros e palestinos feridos para o Egito pela cidade palestinapay4fun betwayRafah foi uma das consequências dos intensos bombardeios israelenses à Faixapay4fun betwayGaza.

A fronteira, no entanto, vem sendo mantida fechada pelas autoridadespay4fun betwayIsrael e Egito e a saída da Faixapay4fun betwayGaza só vem ocorrendo por meiopay4fun betwaylistas elaboradas pelo governo israelense.

A primeira liberação ocorreu no dia 1ºpay4fun betwaynovembro. Havia a expectativapay4fun betwayque o grupopay4fun betwaybrasileiros seria liberado até quarta-feira (8/11), mas isso não aconteceu.

Na quinta-feira, o Itamaraty divulgou um comunicado afirmando que o ministro das Relações Exteriorespay4fun betwayIsrael, Eli Cohen, teria garantido ao ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, que os brasileiros seriam liberados a atravessar a fronteira nesta sexta-feira (9/11).

Até o momento da publicação desta reportagem, ainda não tinha sido confirmado se os brasileiros já atravessaram a fronteira.

No Brasil, começaram especulações sobre uma possível retaliaçãopay4fun betwayIsrael ao Brasil por contapay4fun betwaysua atuação na presidência do Conselhopay4fun betwaySegurança da ONU durante o mêspay4fun betwayoutubro, quando o país tentou aprovar uma resolução prevendo um cessar-fogo. A proposta brasileira foi rejeitada com o veto dos Estados Unidos, principal aliadopay4fun betwayIsrael.

Outro motivo para a suposta retaliação seria o fatopay4fun betwayo Brasil não classificar o Hamas como uma entidade terrorista, ao contrário do que fazem países como os Estados Unidos.

Oficialmente, o Itamaraty afirma que o Brasil segue a classificação feita pela ONU, que apesarpay4fun betwaycondenar os ataques praticados pelo Hamas, não classifica o grupo como terrorista.

Em comunicado divulgado pela Embaixadapay4fun betwayIsrael na quinta-feira, o país nega ter imposto dificuldades para liberar os brasileiros.

"Se afirma que o governo israelense jamais criou obstáculos ou preteriu a saída dos brasileirospay4fun betwayGaza. Brasil e Israel têm laços fortes e fraternos desde a fundação do Estadopay4fun betwayIsrael e nosso esforço é para fortalecer cada vez mais essa amizade", disse um trecho do comunicado.

Na nota divulgada pelo Itamaraty na quinta-feira, a justificativa dada pelo governopay4fun betwayIsrael para a demora na liberação dos brasileiros seria os "fechamentos inesperados na fronteira".

Durante uma reunião convocada pelo governo francês,pay4fun betwayParis, para garantir ajuda humanitária à população da Faixapay4fun betwayGaza, Celso Amorim usou o termo genocídio para se referir às mortespay4fun betwaycrianças causadas pelas ações militares israeleneses na região.

"A mortepay4fun betwaymilharespay4fun betwaycrianças é chocante. A palavra genocídio inevitavelmente vem à mente", disse Amorim durante um discurso.

De acordo com o Ministério da Saúde da Faixapay4fun betwayGaza, administrado pelo Hamas, pelo menos 10,5 mil pessoas morreram desde o início das ações militares israelenses na região. Desse total, aproximadamente 4,3 mil seriam crianças.

Nota do Mossad e a respostapay4fun betwayFlávio Dino

Dino gesticulando enquanto falapay4fun betwayfrente a bandeiras

Crédito, Andre Borges/EPA-EFE/REX/Shutterstock

Legenda da foto, 'Apreciamos a cooperação internacional cabível, mas repelimos que qualquer autoridade estrangeira cogite dirigir os órgãos policiais brasileiros', escreveu o ministro Flávio Dino na rede social X

No mesmo diapay4fun betwayque Bolsonaro e o embaixadorpay4fun betwayIsrael se encontravam, um outro episódio ajudava a complicar as relações entre Brasil e Israel: a Operação Trapiche, da Polícia Federal.

A PF prendeu dois suspeitospay4fun betwayterem ligação com o grupo islâmico Hezbollah no Brasil que teriam planejado uma sériepay4fun betwayataques a alvos ligados à comunidade judaica brasileira.

A operação contou com o apoiopay4fun betwayserviçospay4fun betwayinteligência dos Estados Unidos e do Mossad, o serviçopay4fun betwayinteligência israelense. Ao longo do dia, o Mossad divulgou uma nota parabenizando a PF brasileira, mas seu conteúdo gerou desconforto no governo brasileiro.

Em nota atribuída ao Mossad e enviada à imprensa pelo gabinete do primeiro-ministropay4fun betwayIsrael, Benjamin Netanyahu, os israelenses dizem que a ação "frustrou um ataque terrorista no Brasil, planejado pela organização terrorista Hezbollah, dirigida e financiada pelo regime iraniano".

No texto, o Mossad "agradece" a Polícia Federal e, sem dar nomes, cita que outros agentespay4fun betwaysegurança internacional também se envolveram na investigação que levaram às prisões.

A BBC News Brasil apurou que agentes americanos do Federal Bureau of Investigation (FBI) também tomaram parte na investigação. O Departamentopay4fun betwayEstado, no entanto, afirmou à BBC News Brasil via porta-voz que "sua política é não comentar investigações brasileiraspay4fun betwayandamento" e que, para mais informações, a Polícia Federal deveria ser consultada.

Em contraste, a nota do Mossad diz ainda que no Brasil, a “célula terrorista” teria como alvos instituições judaicas e israelenses. Ainda sobre o assunto, o embaixador israelense Daniel Zonshine disse ao jornal O Globo que "se (integrantes do Hezbollah) escolheram o Brasil, é porque tem gente que os ajuda (no país)".

Sob intensa pressão doméstica por não ter antecipado os ataques do grupo palestino Hamas que,pay4fun betway7pay4fun betwayoutubro, mataram 1,4 mil pessoaspay4fun betwayterritório israelense, os serviçospay4fun betwayinteligência do país já vieram a público se desculpar junto à população. O próprio governo Netanyahu enfrenta forte pressão da opinião pública pelas falhaspay4fun betwaysegurança.

As manifestações dos israelenses sobre a operação da PF geraram extensa cobertura do caso pela imprensa do país. E causaram mal-estar nas autoridades brasileiras.

Uma fonte da Polícia Federal com quem a BBC News Brasil faloupay4fun betwaycaráter reservado disse que a instituição e membros do governo não gostaram do que chamarampay4fun betwayinstrumentalização política da operação.

A interpretação, segundo essa fonte, épay4fun betwayque o governo israelense, que enfrenta críticas internas intensas desde os ataques do Hamas, teria usado a operação para desviar as atenções e dar a impressãopay4fun betwayque o Brasil seria um aliadopay4fun betwayIsrael no combate ao grupo libanês.

A BBC News Brasil questionou a Embaixadapay4fun betwayIsrael sobre as alegaçõespay4fun betwayque a operação da PF estaria sendo politicamente instrumentalizada por autoridades israelenses, mas até o fechamento desta reportagem, nenhuma resposta foi enviada.

Em nota, sem citar o Mossad, a Polícia Federal "repudiou" comentários feitos por autoridades estrangeiras no caso da Operação Trapiche.

"A PF se utiliza da cooperação internacional como instrumento para combaterpay4fun betwaymaneira eficaz a criminalidade organizada transnacional e para preservar a segurança interna. Para isso, todas as suas ações são técnicas, balizadas na Constituição Federal e nas leis brasileiras. Não cabe à PF analisar temaspay4fun betwaypolítica externa. Contudo, manifestações dessa natureza violam as boas práticas da cooperação internacional e podem trazer prejuízos a futuras ações nesse sentido", diz a nota da instituição.

Ao mencionar o Irã empay4fun betwaynota, rival históricopay4fun betwayIsrael no Oriente Médio, o Mossad causou uma saia justa diplomática ao Brasil.

O Itamaraty sequer havia sido avisadopay4fun betwayantemão da Operação Trapiche, tratada estritamente como uma ação policial, e não diplomática.

A diplomacia brasileira, porpay4fun betwayvez, viu a notapay4fun betwayIsrael como pressão indevida.

Uma fonte da cúpula do Itamaraty afirmou à BBC News Brasil que houve a sensaçãopay4fun betwayque "foram colocados os pingos nos is" quando o ministro da Justiça, Flávio Dino, veio a público, na manhãpay4fun betwayquinta-feira, por meio da rede social X, para dizer que "apreciamos a cooperação internacional cabível, mas repelimos que qualquer autoridade estrangeira cogite dirigir os órgãos policiais brasileiros, ou usar investigações que nos cabem para finspay4fun betwaypropagandapay4fun betwayseus interesses políticos".

Dino reafirmou que as investigações estãopay4fun betwayandamento e que nenhuma conclusão pode ainda ser tomada. Segundo o ministro, as provas do caso serão exclusivamente avaliadas pelas autoridades brasileiras para decidir como procederpay4fun betwayrelação ao caso junto à Justiça brasileira.

A Polícia Federal trata o assunto com sigilo, sem divulgar sequer os nomes dos suspeitos presos e procurados.