Os riscos da CPI do 8arbety logojaneiro para governo e oposição :arbety logo

Justamente por isso o governo vinha tentado adiar seu início, mas após a queda do ministro há uma percepçãoarbety logoque a comissão será necessária para combater a narrativaarbety logoparlamentares bolsonaristasarbety logoque o governo não teria protegido adequadamente o Palácio do Planalto para, supostamente, facilitar a atuação dos invasores.

O governo argumenta que o ataque aconteceu quando a nova gestão ainda tinha poucos dias,arbety logomodo que muitos integrantes do GSI ainda eram remanescentes da gestão Bolsonaro. Dias, porém, havia sido nomeado por Lula no dia 1ºarbety logojaneiro para comandar o órgão.

"Essa CPI vai engolir as pautas prioritárias e urgentes do governo. Que situação: precisam fazê-la mas não poderiam fazê-la", notou a cientista política Beatriz Rey, pesquisadora sênior no Núcleoarbety logoEstudos sobre o Congresso da Universidade do Estado do Rioarbety logoJaneiro (UERJ),arbety logoum post no Twitter.

Por outro lado, o cientista político Antonio Lavareda também vê riscos para a oposição. Naarbety logovisão, é difícil a base bolsonarista conseguir usar a CPI para comprovararbety logonarrativaarbety logoque os ataques aos Três Poderes não partiramarbety logoapoiadores radicais do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), masarbety logoinfiltrados da esquerda.

Os vândalos que invadiram o Palácio do Planalto, o Congresso, e o Supremo Tribunal Federal (STF) vieramarbety logodiferentes partes do país e, antes dos ataques, se concentraram no acampamentoarbety logoapoiadoresarbety logoBolsonaro que ficavaarbety logofrente ao Quartel-General do Exército, a cercaarbety logoquatro quilômetros da Praça dos Três Poderes.

"CPIs, na maioria das vezes, são palco para a oposição e não costumam ser boas para o governo. Mas, nesse caso, é um procedimento arriscado para a oposição. O que foi uma tentativaarbety logogolpearbety logosetoresarbety logoradicaisarbety logodireita dificilmente poderá ser debitado ao governo ou às forças que apoiam o governo. É uma narrativa demasiadamente fantasiosa", afirma.

"A base governista pode aproveitar a CPI para mostrar, mais uma vez, o comprometimentoarbety logosegmentos radicais da direita, que apoiaram, participaram e instigaram (os ataques). Pode ser um excelente momento para discutir a autoria intelectual do 8arbety logojaneiro, que até agora ainda não foi suficientemente iluminada", acrescentou.

Para Lavareda, porém, governo e parlamentares da base terão o grande desafioarbety logoevitar que a CPI drague suas energias e seu foco no Congresso.

Isso porque, segundo ele, será inevitável que deputados e senadores aliados do Planalto gastem tempo participando da comissão e respondendo à oposição, ao invésarbety logopriorizarem apenas as propostas da administração Lula que vão à votação.

O professor ressalta que, embora a apuração dos ataques aos Três Poderes seja muito importante para a democracia brasileira, não é um assunto que está no topo das prioridades da população.

Uma pesquisa realizadaarbety logofevereiro pelo Institutoarbety logoPesquisas Sociais Políticas e Econômicas (Ipespe), do qual é presidente do conselho científico, indicou saúde como a área que mais deveria receber atenção do governo, segundo 23% dos entrevistados.

O tópico emprego e renda veioarbety logoseguida, com 20%, e educação logo depois, com 18%. Já o item "combate a atos golpistas" teve apoioarbety logoapenas 2% dos que responderam ao levantamento.

'Não fomos os algozes, somos as vítimas', diz líder do governo

Os atosarbety logo8arbety logojaneiro já vêm sendo investigados pela Polícia Federal e pela Procuradoria-Geral da República. Alguns processos criminais, inclusive, já foram abertos no STF.

Em viagem oficial a Londres, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD) defendeu nesta quinta-feira (20/04) a legitimidade da apuraçãoarbety logoresponsabilidades também no Congresso.

"O governo devia ter tido essa postura (de defender a CPI) desde o início. Eu disse desde o início que era legítimo o Parlamento fazer as investigações. O governo se colocou contraarbety logoum primeiro momento", disse, após fazer uma palestra para empresários do Lide Brazil Conference.

Como já há assinaturas suficientesarbety logodeputados e senadores apoiando a CPI mista, seu início só dependearbety logoum ato formalarbety logoPacheco, a leitura do requerimento da comissão.

"Nós queremos a leitura desse requerimento. Vamos para essa investigação e vamos com força", afirmou o líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), no plenário do Senado, após a divulgação das imagens pela CNN Brasil.

"Queremos (a instalação da CPI) porque no 8arbety logojaneiro tivemos três vítimas nesse país: a República, a democracia e o atual governo. Não fomos os algozes do 8arbety logojaneiro, nós somos as vítimas", acrescentou.

Já o senador Ciro Nogueira (PP-PI), que chefiou a Casa Civil no governo Bolsonaro, disse que as explicações do Palácio do Planalto sobre o que ocorreu no 8arbety logojaneiro são "desculpas esfarrapadas".

"A realidade é uma só: se um presidente não pode governar o palácioarbety logoque despacha, poderá governar um país? Claro que não. Então, é óbvio que se não houve cuidado para evitar a invasão foi algo deliberado e o governo é o responsável pelo que governa. E mais ninguém", acusou.

A demissão do ministro

Segundo a reportagem da CNN Brasil, imagens inéditasarbety logocâmerasarbety logosegurança do Palácio do Planalto mostram o general Gonçalves Dias tendo uma postura amigável com os invasores no terceiro andar do palácio, onde fica o gabinete presidencial. As imagens ainda mostram um dos funcionários do GSI dando água mineral para os invasores.

"Inicialmente, ele caminha sozinho no terceiro andar do palácio, na antessala do gabinete do presidente da República. Gonçalves Dias tenta abrir duas portas e depois entra no gabinete", relata reportagem da emissora.

"Após alguns minutos, o ministro aparece caminhando pelo mesmo corredor com alguns invasores. As imagens sugerem que ele indica a saídaarbety logoemergência ao grupoarbety logocriminosos. Em seguida, surgem nas imagens outros integrantes do GSI, que parecem indicar também o caminhoarbety logosaída para os invasores que estavam no terceiro andar do Palácio do Planalto", relatou ainda a CNN Brasil.

O terceiro andar é onde fica o gabinetearbety logoLula, que não estava no local no momento da invasão, realizadaarbety logoum domingo.

Dias se defendeuarbety logoentrevista ao canal GloboNews dizendo que colocou seu "cargo à disposição do presidente da República para que toda a investigação seja feita".

Ele alegou que suas ações e da equipe tiveram o objetivoarbety logotirar os invasoresarbety logolocais sensíveis e levá-los ao segundo andar para serem presos.

"Eu entrei no palácio depois que o palácio foi invadido e estava retirando as pessoas do terceiro piso e do quarto piso para que houvesse a prisão no segundo", afirmou.

"Na sala ao lado do presidente, eu retirei três pessoas que estavam lá dentro e mandei descer para o segundo. Eu fui verificar se as portas estavam fechadas e se não houve nenhuma depredação lá dentro", disse ainda.

Ricardo Cappelli, que foi interventor na segurança pública do Distrito Federalarbety logojaneiro e até o momento ocupava o cargoarbety logosecretário-executivo do Ministério da Justiça, assumirá interinamente o comando do GSI.

Dias foi escolhido para comandar o GSI porque contava com a confiançaarbety logoLula. Ele chefiou a segurança do petistaarbety logoseus dois primeiros mandatos (2003-2010), quando recebeu o apelidoarbety logo"sombra", porarbety logoproximidade constante com o presidente.

Apesararbety logoDias ter sido nomeado por Lula, a Secretariaarbety logoComunicação da Presidência da República (Secom) destacouarbety logonota divulgada na quarta-feira (19/04) a presençaarbety logooficiais remanescentes do governo Bolsonaro na equipe do GSI, quando houve a invasão.

"A violência terrorista que se instalou no dia 8arbety logojaneiro contra os Três Poderes da República alcançou um governo recém-empossado, portanto, com muitas equipes ainda remanescentes da gestão anterior, inclusive no Gabinetearbety logoSegurança Institucional (GSI), que foram afastados nos dias subsequentes ao episódio", disse o comunicado.

A Secom ressaltou ainda que a PF tem as imagens da invasão e está "investigado e realizado prisõesarbety logoacordo com ordens judiciais (do STF)".

"Dessa forma, todos os militares envolvidos no dia 8arbety logojaneiro já estão sendo identificados e investigados no âmbito do referido inquérito. Já foram ouvidos 81 militares, inclusive do GSI", acrescenta a nota.