Os ilustradores que já têm empregos e criações 'roubados' por IA: 'Medonão conseguir me sustentar':

A ilustradora Lúcia Lemos, mulher jovempele clara posa atrásestande. na frente, livros e desenhospersonagens

Crédito, Acervo Pessoal

Legenda da foto, Ilustradora Lúcia Lemos tem vendido seu trabalhofeirasartistas independentes

Em 2021, no melhor mêssua carreira, ela conta que chegou a faturar R$ 7 mil —uma renda que, somada à do marido programador, conseguia manter bem a casa dos dois no RioJaneiro.

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No mundo dos cassinos, há um certo ar misticismo {k0} torno jogos clássicos como o Blackjack. Além disso, algumas celebridades ficaram conhecidas por serem boas jogadoras, como lembramos aqui o Rei do Blackjacke! Neste post falaremos sobre as regras do jogo e seus elementos peculiares. Adentraremos neste mundo conhecendo mais sobre os nossos ousados jogadores famosos, e descobriremos o que isso tem a ver com a mecânica desse jogo popular {k0} cassino ao redor do mundo.

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No Blackjack, todo sandálias são avaliadas {k0} seu valor nominal, exceto por K, Q e J, que contam como 10.

  • UmÁsterá um valor 11 a menos que o total seja superior a 21. Se for, seu valor será 1.

Vitória {k0} Qualquer Par

Se as duas cartas iniciais do Blackjack formarem um par, você vence! Conforme as regras, um par é definido como uma mão onde as primeiras duas cartas entregues (na primeiro distribuição, somente) possuam o mesmo número: um, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9 ou 10 ou do mesmo tipo figura: J, Q ou K.

Rei do Blackjack

No encante cassino, o Blackjack tornou-se proeminente através celebridades alardeadas dezenas à mesa. Não pela própria jogatina, mas ao som dos pontos e bandidos das notícias que se difundem dentre as celebridades. Na história "Rei do Blackjacker – A Batalha Azanjian e Capone", seu autor nos leva {k0} uma viagem na década 1930 nos {href} e seus mestres rivais.{href {, também descobrimos a inexorável ascensão e a queda dos valentes do crime organizado nesse período.

Estrategiacas para Ganhar no Blackjack

Algumas dicas valem a letra para quien quiser se destravar no pouco convencional jogo do Blackjack nos casinos reais: fixe um limite inicial ou um orçamento, não cometa misses e arrisque numa estratégia mais calculista! Use seu dinheiro inteligentemente e preOCUPE! Não se esqueça do prazer ao jogar, venHA valioso ao troco apenas alguns jogatinas no jogo sem descartar a empolganção que o bom ganhador vencedorrira.

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Fim do Matérias recomendadas

Quando a BBC News Brasil conversou com Lúcia, a expectativa dela era ganhar menosR$ 300 no mês com os trabalhos encomendados.

O exemploLúcia e o relatooutros profissionais mostram que os ilustradores são um dos gruposprofissionais da indústria criativa que estão na linhafrente do impacto da popularização da inteligência artificial (IA) generativa, aquela que cria novos conteúdos, como texto, imagens, música, áudio e vídeos, a partirum bancodados.

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"A gente já está perdendo emprego, tendo nosso trabalho roubado para treinar essas ferramentas", reclama Lúcia, que tem reunido relatosoutros profissionais que, como ela, precisaram migrarárea ou atuação.

O diretor criativo e ilustrador Wagner Loud,33 anos, conta que tem ouvido o mesmoex-colegastrabalhoSão Paulo. Em algumas empresas, diz ele, setoresilustração já foram fechados ou reduzidos ao mínimo.

"Quem antes sentava e pensavauma arte, com ideias novas, agora senta e coloca palavras-chave no sistema para gerar um desenho novo. Isso é triste", comenta Wagner.

A situação alarmante tem levado à criaçãogruposartistas que discutem o novo cenário e propõem buscar saídas por meiopropostaslei.

A cantora e compositora Marisa Monte é uma das que tem usadovoz para dar visibilidade à causa dos artistas, especialmente músicos.

Ela participouuma sessão na comissão do Senado que discute o projetolei que regulamenta inteligência artificial no Brasil, o PL 2338.

A artista pediu uma "legislação que acompanhe essas mudanças para proteger os direitos dos criadores e garantir um ambiente justo e equilibrado para todos".

A votação do PL sobre IA na comissão do Senado (que trata não apenas da questãoartistas, mastodos os produtos envolvendo a tecnologia) já foi adiada três vezes,meio a divergências entre setores e categorias que buscam proteger as suas atividades.

Na internet, artistas digitais, entre ilustradores, designers e dubladores, têm tentando fazer barulho com mobilizações mais frequentes nas redes sociais.

"Os artistas já vinham sentindo que estavam ganhando menos, com menos oportunidadesfreelancers, menos vagas. Mas começou a tomar uma proporção grande", diz Carlos Ryal, diretor da União DemocráticaArtistas Digitais (Unidad), grupo criado2024 para discutir a proteção do trabalho autoral.

Uma pesquisa recente sobre IA da Society of Authors, um sindicato do Reino Unido para escritores, ilustradores e tradutores literários profissionais, mostrou que 26% dos ilustradores e 36% dos tradutores afirmaram que já perderam empregos para máquinas.

Já uma análise do Fundo Monetário Internacional (FMI)2024 estimou que a inteligência artificial está prestes a afetar quase 40%todos os empregos.

Ilustraçãopapagaio colorido com quadro mostrando um rastreamentoseu bico
Legenda da foto, IAs leem imagens para treinar seus sistemas generativos. Reportagem mostra como

'Meu desenho era minha formasobreviver'

Desde os 7 anosidade, o talentoLúcia Lemos para o desenho representava uma saída para uma vida apertada financeiramente quefamília levava na Zona Norte do RioJaneiro.

Ela conta que vendia a arte aos colegas na escola por R$ 2, o que dava para comprar um lanche ou remédios. Aos 16 anos, já fazia trabalhos freelancers criando logotipos, retratos e tatuagens.

"Sempre usei meu desenho como forma sobreviver, para comprar pão. E isso está acabando."

Formadacomunicação visual na Universidade Federal do RioJaneiro (UFRJ), Lúcia se especializouilustrações para livros e para personagensjogos.

"Tem muito estudocor,anatomia,luz,percepção visual, para que as pessoas se identifiquem com aquilo", diz a ilustradora.

Durante a pandemia, Lúcia viveu um boom nas encomendas. Mas,2022, percebeu que alguma coisa começava a mudar.

"Fui sentindo que havia algo erradorelação aos freelas estrangeiros. Nos fóruns onde pessoas pedem caricaturas, ilustrações, personagens, os trabalhos sumiram. Quando aparecia um anúncio, eram 200 pessoas brigando para ver quem pegava", relata.

Em 2024, para Lúcia, as perdas são palpáveis e diretamente relacionada à IA. "Colegastrabalho foram demitidos, outros agora trabalham apenas 'corrigindo' desenhos feitos por IA."

Wagner Loud, há dez anos no mercadodesignersSão Paulo, conta que tem visto departamentosilustradores acabandoempresas no Brasil.

"Eram pessoas que estudaram e que sempre estavam evoluindo, trazendo coisas novas."

A partirrelatos dos artistas, o grupo Unidad, que se formou da uniãocoletivosilustradores e artistas digitais, tem identificado no mercado formal que a maioria dos cortesvagas acontece nos cargos iniciantes.

"Está se diminuindo a entrada para os trabalhosjuniors. Quem fica, que seriam os plenos e sêniors, os mais experientes, acaba sendo mais precarizado, porque se vende a ideiaque a IA vai te entregar um trabalho pronto, mas isso não é verdade", diz o diretor Carlos Ryal.

Wagner Loud ressalta que a IA comete erros grotescos: "Personagem com seis dedos, coisas que a gente que trabalha com arte há muito tempo não deixaria passar. E o cliente também acaba ficando com um nívelexigência mais baixo. Então, no fim, não está prejudicando só a gente, mas também o consumidor, emburrecendo o crivo estético da população".

Hoje, Lúcia tem buscado alternativas para se sustentar. Em vezilustrações, vende seus desenhosfeirasartistas independentes.

"Faço bóton, cartelas adesivas, chaveiros, e vendo. É o que tem me salvado. Quem vai a esses eventosfato está interessadoadquirir um trabalhoum artista, nãoIA."

Mas a renda é mais instável e menor do que antes, erenda varia conforme a frequência e o movimento das feiras.

"Estou com medonão conseguir mais me sustentar", diz Lúcia.

Apesarprevisões sobre o corteempregos com o advento da IA, alguns especialistas têm defendido que a tecnologia pode ser aliada no aumento da produtividade.

Para Maurício Veneza, ilustrador e conselheiro da AssociaçãoEscritores e Ilustradores Infantil e Juvenil (Aeilij), a IA pode permitir ao profissional,tempo bem menor, uma variedade maiorexperimentações.

"O que o artista não pode fazer é virar mero compilador e recombinadorobras alheias", diz.

Veneza avalia que há atualmente um achatamento nos valores pagos a profissionaisilustraçãolivros, mas que seria precipitado atribuir isso à IA.

"Já existe um ou outro deslumbrado com a possibilidadecriar um livrominutos sem pagar a um escritor e a um ilustrador. Mas é algo incipiente, o impacto maior ainda está por vir."

Homem desenhando um boneco num tablet

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Artistas digitais querem ter seus direitos autorais preservados

Direito autoral e PL 2338

Se a perdatrabalho é o efeito imediato, o que tem irritado e preocupado mais ainda os artistas é a discussão sobre o direito autoral.

Para uma IA generativa existir, ela passa por um "treinamento", a partirum bancodados com informaçõestextos (como no caso do ChatGPT, por exemplo) ouimagens, vídeos.

A partircomandos do usuário, a ferramenta, com base no que acumulouinformação, produz um conteúdo.

"A IA não cria nada. Ela tem que puxar os recursosalgum lugar, o que são nosso traços e desenhos. Isso é o mais urgente", diz o diretor criativo Wagner Loud.

Os artistas dizem que se sentem roubados. "Usam nosso trabalho para treinar aquilo que está tirando nosso trabalho", resume Lúcia Lemos.

Recentemente, a empresasoftwares Adobe, detentoraprogramas como Photoshop, causou polêmica ao lançar novos termosuso que deixaram dúvidasusuários sobre a possibilidadeusar o trabalho das pessoas para treinar inteligência artificial.

Após a repercussão negativa nas redes, a empresa disse que "refletiu sobre o uso da linguagem no documento" e esclareceu que não irá treinar sistemas generativosIA a partirconteúdo produzido pelos clientes.

A demanda sobre o direito autoral é o que levou à mobilização dos profissionais da indústria criativa na discussão na Comissão Temporária sobre Inteligência Artificial (CTIA) do Senado sobre o PL 2338.

Segundo o professor e advogado AllanSouza, da Universidade Federal do RioJaneiro (UFRJ) e diretor do Instituto BrasileiroDireitos Autorais, o tópico é "um dos pontos mais tensos e mais problemáticos políticamente e economicamenteser resolvido".

"Em tudo que envolve arte e cultura, o debate é mais intenso", diz Souza.

O projeto inicialmente apresentado pelo presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), é relatado pelo senador Eduardo Gomes (PL-TO), que apresentou um texto alternativo.

Em relação ao direito autoral dos artistas, após idas e vindas, a versão atual do projeto estabelece que desenvolvedoresIA precisam informar quais conteúdos protegidos foram utilizados nos processostreinamento dos sistemas.

Também estabelece que os sistemasIA "devem remunerar os respectivos titulares desses conteúdosvirtude dessa utilização".

Para os artistas, a inclusão do direito autoral na proposta representa um avanço na discussão.

Andrea Viviana Taubman, presidente da AssociaçãoEscritores e Ilustradores Infantil e Juvenil (Aeilij), participou das discussões no Congresso defendendo que "autores possam optar por dizer 'não quero' que utilizem meu texto".

"Se for para ser utilizado, que seja com permissão e mediante remuneração justa", diz Taubman.

"É uma grande vitória, mas a legislação acaba sendo muito mais generalista", diz a advogada YdaraAlmeida, diretora jurídica da Unidad.

"Agora, é preciso saber como instrumentalizamos isso, qual é a viabilidade real disso na prática."

Cantora Marisa Monte participareuniao via zoom

Crédito, Reprodução/TV Senado

Legenda da foto, Marisa Monte foi porta-vozartistas no Senado para discutir os direitos autoraissistemasinteligência artificial

Como artistas vão ganhar dinheiro?

A votação do PL 2338 estava prevista para julho, mas foi adiada por suposta pressão da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Segundo reportagem do jornal FolhaS.Paulo, a CNI dá apoio às big techs, as grandes empresastecnologia que são contra a cobrançadireitos autorais para treinamentosistemasIA.

No estágio atual, o próprio projeto estabelece ainda que a regulação mais detalhada deve ser feita posteriormente por um novo órgão, o Sistema NacionalRegulação e GovernançaInteligência Artificial (SIA).

Mas,acordo com AllanSouza, do IBDAutoral, embora o projeto trate da remuneração para o usoobrastreinamentosIA, não há nada ainda que assegure que o artista vaifato receber dinheiro.

"O que está sendo colocado é se vai ser a indústriaconteúdo, como grandes gravadoras, editoras, produtoras audiovisuais, ou a grandes empresastecnologia, como Meta e Google", diz Souza.

"Quem provavelmente será remunerado são os grandes titularesdireitos autorais, que já detêm os direitosuma imensa quantidadedados e obras, como uma editora para quem ilustradores já transferem os direitossua arte."

O professor explica que, como a quantidadeobras que um sistemaIA precisa para ser treinada é imensa, ter um trabalho seu utilizado nesse treinamento deve render muito pouco. Isso quer dizer que, caso um artista venha a ser remunerado por uma obrautilizada para treinar IA, o valor pago tende a ser irrisório.

Souza avalia ainda que pagar pelos direitos autorais no treinamentoIAs também pode impedir que sejam desenvolvidos sistemasIA nacionais oupequenas empresas, já que o investimento exigido seria muito alto.

Ele defende que a legislação contemple o pagamentodireitos autorais diretamente aos artistas, mas só após o sistemaIA passar a ter faturamento.

Souza também torce para a criaçãoum sistema globalque os artistas, na horaque criarem obras digitais, possam sinalizar que não querem que o material seja usado para treinamentoIA.

YdaraAlmeida, da Unidad, acredita que, mesmo no exterior, a repercussão sobre como seria a remuneração ainda é muito incipiente.

"Como isso vai se dar na prática, a gente ainda não sabe. Tudo é muito novo", diz Almeida.

Para o futuro, os ilustradores com quem a reportagem conversou acreditam que a nova realidade já se impôs, mas que as pessoas que "sempre gostaramarte continuarão apoiando artistas".

"Como tudo que aparece, a gente precisa se adaptar. Uma IA regulamentada já ajuda na questãoproteger nosso trabalho. Usar a IA como aliadaalgumas situações, vamos ter que fazer, mas não pode ser o carro chefe. Se tudo começar a ficar com a mesma cara, uma hora cansa", diz Wagner Loud.

Andrea Viviana Taubman, presidente da AssociaçãoEscritores e Ilustradores Infantil e Juvenil, avalia que a eventual exclusãoempregos convencionais não vai ocorrer apenas por causa da popularizaçãoIA.

"Ela ocorre se o país não investireducação, não formar leitores, não promover a formação artística, não proteger os direitos autorais das criadoras e criadores literários, artísticos e científicos", diz Taubman.

A ilustradora Lúcia Lemos defende que os direitos destes profissionais devem ser protegidos como osqualquer trabalhador.

"Não é porque estou desenhando na frente do computador que sou menos trabalhadora que um pedreiro."