As novas revelações que põema2sport betdúvida açãoa2sport betautoridades gregasa2sport betnaufrágio que matou 600 imigrantes :a2sport bet

Crédito, GUARDA COSTEIRA DA GRÉCIA

O BBC Verify — um timea2sport betinvestigações jornalísticas da BBC — confirmou que a filmagem foi realizada quando a guarda costeira alegava que o barco não precisavaa2sport betresgate. O vídeoa2sport betfato é da própria guarda costeira.

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A reportagem também confirmou que a embarcação maior ao fundo no vídeo é o navio petroleiro Faithful Warrior, que foi até o local para fornecer suprimentos ao barco cheioa2sport betimigrantes.

A versão oficial da guarda costeira grega já havia sido contestadaa2sport betoutra reportagem da BBC Verify.

Agora, a equipe teve acesso a documentos judiciais que mostram sérias discrepâncias entre as declarações dos sobreviventes registradas pela guarda costeira e as evidências posteriormente apresentadas a um juiz.

Um intérprete também apresentou um relato sobre uma investigaçãoa2sport bettráficoa2sport betpessoas no ano passado, depois que outro grupoa2sport betmigrantes foi resgatado pela guarda costeira da Grécia.

Ele descreve como as testemunhas daquele incidente foram intimidadas pela guarda costeira. O processo jurídico se encerrou antes que pudesse chegar a um julgamento.

As revelações levantam novas questões sobre como as autoridades gregas lidam com tais desastres.

Tanto a guarda costeira grega quanto o governo grego não comentaram e recusaram os pedidosa2sport betentrevista para a reportagem.

Sobreviventes 'silenciados e intimidados'

Logo após o naufrágioa2sport bet14a2sport betjunho, nove homens egípcios foram detidos e acusadosa2sport bethomicídio culposo e tráficoa2sport betpessoas.

Mas dois sobreviventes do desastre dizem que os sobreviventes foram silenciados e intimidados pelas autoridades gregas, após os imigrantes sugerirem que a guarda costeira pode ter sido a culpada pela tragédia.

Legenda da foto, Ahmad e Musaab falaram com o repórter Nick Beake (ao centro). Eles dizem que temem a guarda costeira grega
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No mês passado, foram feitas alegaçõesa2sport betque a guarda costeira usou uma corda para rebocar o barco, fazendo-o afundar.

Os dois sobreviventes com quem a reportagem faloua2sport betAtenas, capital grega — cujos nomes foram modificados para Ahmad e Musaab, para proteger as identidades deles —–, dizem que foi exatamente isso que aconteceu.

"Eles amarraram uma corda pela esquerda. Todos foram para o lado direito do nosso barco para equilibrá-lo", relata Musaab.

"A embarcação grega se afastou rapidamente, fazendo com que nosso barco virasse. Eles continuaram arrastando-o por uma boa distância."

Os dois homens descreveram como passaram duas horas na água antesa2sport betserem apanhados pela guarda costeira.

Quando questionados sobre como eles sabiam que se passou esse tempo, Musaab diz que o relógio dele ainda estava funcionando.

Uma veza2sport betterra firme, na cidadea2sport betKalamata, eles afirmam que representantes da guarda costeira disseram aos sobreviventes para "calarem a boca" quando eles começaram a falar sobre como as autoridades gregas causaram o desastre.

"Quando as pessoas responderam dizendo que a guarda costeira grega era a causa [do naufrágio], o oficial encarregado do interrogatório pediu ao intérprete que dissesse aos entrevistados para pararema2sport betfalar", disse Ahmad.

Ahmad diz que os resgatados foram instruídos a agradecer por não terem morrido.

Ele diz que ouviu gritos de: "Você sobreviveu à morte! Parea2sport betfalar sobre o incidente! Não faça mais perguntas sobre isso!"

Crédito, Guarda Costeira da Grécia

Legenda da foto, Uma foto sem data fornecida pela guarda costeira grega mostra migrantes a bordo do navioa2sport betpesca lotado

Os dois sobreviventes dizem que têm medoa2sport betfalar publicamente, porque temem que também sejam acusados, como os egípcios.

"Se houvesse um sistema justo, nós contribuiríamos", confessa Ahmad.

Os homens disseram que pagaram US$ 4,5 mil (R$ 21 mil) por uma vaga no barco.

O irmão mais novoa2sport betAhmad também estava a bordo. Ele ainda está desaparecido.

Processos judiciais

Para além do testemunho que foi dado pelos dois sobreviventes, a reportagem teve acesso a documentos judiciais que levantam questões sobre a forma como as provas foram recolhidas e apresentadasa2sport bettribunal.

Nas declarações iniciaisa2sport betcinco sobreviventes, nenhum mencionou que a guarda costeira tentou puxar o navio migrante com uma corda. Mas dias depois, diantea2sport betum juiz, todos explicaram que houve uma tentativa frustradaa2sport betreboque.

A declaração iniciala2sport betuma das testemunhas diz:

“Um barco da guarda costeira veio nos ajudar e,a2sport betrepente, nosso barco virou e todos fomos parar na água. Eles então nos resgataram com botes infláveis.”

Mas a mesma testemunha afirmou mais tarde a um juiz:

“O barco grego amarrou uma corda na frentea2sport betnosso barco e tentou nos puxar lentamente, mas a corda arrebentou. Na segunda vez que eles amarraram, sentimos inicialmente que estávamos sendo puxados, mas nosso barco colapsou. O barco grego acelerou e nós gritamosa2sport betinglês: Parem!”

O BBC Verify não falou com essas testemunhas e, portanto, não pode dizer por que os relatos mudaram.

A guarda costeira grega inicialmente negou o usoa2sport betuma corda — mas depois voltou atrás, admitindo que o equipamento havia sido usado.

Representantes da corporação afirmaram que a corda serviu apenas para tentar avaliar a situação do barco. Eles reforçaram que isso aconteceu pelo menos duas horas antes do navioa2sport betpesca virar.

Até o momento, foram confirmadas 82 mortes no naufrágio, mas a Organização das Nações Unidas (ONU) estima que maisa2sport bet500 perderam a vida.

As autoridades gregas dizem que os homens egípcios acusados fazem partea2sport betuma quadrilhaa2sport betcontrabando e foram identificados por outros passageiros. Eles enfrentarão prisão perpétua se forem considerados culpados.

Alguns sobreviventes alegam que alguns dos nove suspeitos maltrataram as pessoas a bordo — enquanto outros testemunhos apontam que esses homens estavam tentando ajudar.

Mas Ahmad e Musaab disseram que a guarda costeira instruiu todos os sobreviventes a dizerem que os nove homens egípcios eram os culpados pelo tráfico.

"Eles foram presos e acusados injustamente pelas autoridades gregas, como uma tentativaa2sport betencobrir o crime", disse Musaab.

Um vice-promotor da Suprema Corte Criminal da Grécia está conduzindo uma investigação, mas os pedidos — inclusive da ONU — para um inquérito internacional e independente foram até agora ignorados. A Comissão Europeia indicou que confia na investigação grega.

Mas Ahmad e Musaab não estão sozinhos nas preocupações sobre a guarda costeira grega.

Intérprete se apresenta à BBC

Quando os nove homens egípcios foram presos horas após o naufrágio, a notícia foi amplamente divulgada como um exemploa2sport bettrabalhoa2sport betinvestigação eficiente das autoridades gregas.

Mas, para Farzin Khavand, o fato soou como um alarme. Ele temia que a história estivesse se repetindo.

Legenda da foto, Farzin Khavand

Ele diz que testemunhou a guarda costeira grega acusar dois iranianos inocentesa2sport bettráficoa2sport betpessoas no ano passado, após o resgatea2sport bet32 migrantes cujo barco teve problemas ao cruzar o mar a partir da Turquia.

Khavand, um cidadão britânico que fala persa e vive na áreaa2sport betKalamata há 20 anos, atuou como tradutor durante a investigação da guarda costeira à época.

Ele diz que os migrantes — 28 do Afeganistão e quatro do Irã — explicaram que partiram da Turquia e ficaram no mar por oito dias antesa2sport betserem resgatados.

Os migrantes disseram a ele que, durante esse tempo, a guarda costeira grega se aproximou do barco partir, mas depois partiu.

Dois homens que falavam árabe abandonaram o barco depois que o motor explodiu, segundo Khavand foi informado pelos imigrantes afegãos.

Eles disseram que a maioria das pessoas se revezou para tentar conduzir o barco atingido para um local seguro — incluindo os dois iranianos acusados, que pagaram para estar a bordo, como todos os outros.

"Eles [os homens iranianos] ficaram muito traumatizados", aponta Khavand.

Um dos dois acusados — um homem chamado Sayeed, que enfrenta uma longa sentençaa2sport betprisão — foi resgatado com o filho, explicou Khavand.

“Eu perguntei a ele 'Por que você levou uma criançaa2sport betseis anosa2sport betum barco?' E ele disse que os contrabandistas haviam dito que seriam apenas duas horasa2sport betviagem."

Khavand retransmitiu os relatos para a guarda costeira, exatamente como havia ouvido — porém, quando viu as transcrições, o testemunho dos afegãos havia mudado. Ele teme que os relatos tenham sido alterados após a pressão das autoridades gregas.

Ele diz que os iranianos lhe contaram que alguns dos afegãos foram persuadidos pela guarda costeira a chamá-losa2sport betcontrabandistasa2sport betpessoas — para evitar serem "tratadosa2sport betforma desagradável", ameaçadosa2sport betprisão e "devolvidos ao Talibã".

O caso acabou não seguindo adiante nos inquéritos. Khavand diz que não está disposto a ajudar a guarda costeira grega novamente.

Ele também relatou que quando Sayeed e o filho foram libertados da custódia, os € 1.500 (R$ 8 mil) que haviam sido confiscados não foram devolvidos a eles.

"Pensei, então, que não quero fazer issoa2sport betnovo, porque eles [as autoridades gregas] não estavam tentando chegar ao fundo da verdade. Eles estavam tentando pegar alguns caras e acusá-losa2sport betcontrabandistasa2sport betpessoas."

Todas as acusações citadas foram feitas às autoridades gregas pela BBC — mas foram enviadas respostas. Um pedidoa2sport betentrevista com o ministroa2sport betassuntos marítimos da Grécia — que supervisiona a guarda costeira — também foi rejeitado.

Grécia já foi acusadaa2sport betviolaçõesa2sport betdireitos humanos

A advogada Chrysanthi Kaouni,a2sport betKalamata, diz que viu outros casos criminais movidos contra supostos contrabandistasa2sport betpessoas que a incomodaram.

Ela esteve envolvidaa2sport betmaisa2sport betdez desses casos, conta.

Legenda da foto, A advogada Chrysanthi Kaouni

"Minhas preocupações são sobre as traduções, a forma como as evidências são reunidas e — mais tarde — a capacidade dos réusa2sport betcontestar essas evidências", listou ela.

"Por causa desses três pontos, não acho que existam salvaguardas suficientesa2sport betacordo com o direito internacional e, no final, não acredito que a Justiça seja feita."

Um novo estudo descobriu que o julgamento médio para migrantes acusadosa2sport bettráficoa2sport betpessoas na Grécia durou apenas 37 minutos, e a sentença médiaa2sport betprisão dada foia2sport bet46 anos.

O estudo, encomendado pelo grupo The Greens/European Free Alliance do Parlamento Europeu, analisou 81 processosa2sport bet95 pessoas — todas julgadas por contrabandoa2sport betoito áreas diferentes da Grécia entre fevereiroa2sport bet2020 e marçoa2sport bet2023.

O estudo afirma que os veredictos foram emitidos frequentemente com base no testemunhoa2sport betum único policial ou oficial da guarda costeira e,a2sport betmaisa2sport bettrês quartos dos casos, essas autoridades não compareceram ao tribunal para que as evidências fossem examinadas.

Ahmad diz que ele e os outros sobreviventes querem que as autoridades investiguem o naufrágio e recuperem as pessoas que afundaram com a embarcação, mas as autoridades dizem que isso é difícil, pois a água é muito profunda.

Ele compara o argumento com as vastas quantiasa2sport betdinheiro e recursos gastos na busca por cinco pessoas no submersível Titã no Atlântico Norte no mesmo mêsa2sport betjunho.

"Mas nós éramos centenas", diz ele.

"Não se trata apenasa2sport betum navio. São nossos amigos e familiares."

*Com reportagem adicionala2sport betNikos Papanikolaou, Daniele Palumbo, Kayleen Devlin e Joshua Cheetham