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A megaestrada que ligará Brasil e Chile cruzando 'inferno verde' no Paraguai:cbet model
Cercacbet model525 quilômetros dessa nova rodovia passam pela região conhecida como Gran Chaco, uma das principais reservas ambientais do país, povoada por cerrados e zonas úmidas.
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Fim do Matérias recomendadas
É o larcbet modelonças, onças-pardas, tamanduás e milharescbet modelespéciescbet modelplantas, um dos lugarescbet modelmaior biodiversidade do planeta.
Esse lugar nem sempre foi amado por aqueles que quiseram se estabelecer nessas terras.
Quando os menonitas, uma comunidade cristã protestante, desembarcaram ali no início do século 20, eles o chamaramcbet model"inferno verde".
O avôcbet modelNeufeld foi um dos menonitas que se estabeleceram no Chacocbet model1930, depoiscbet modelescapar da perseguição na Ucrânia.
Quase 100 anos depois, seu neto continua lutando contra o ambiente hostil.
O que é o corredor bioceânico?
Uma toneladacbet modelcocaína, três brasileiros inocentes e a busca por um suspeito inglês
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O corredor bioceânico é um projetocbet modelinfraestrutura desenvolvido desde 2015 pelos governos da Argentina, Brasil, Paraguai e Chile para ligar quatro portos localizados no Oceano Pacífico – sendo eles Antofagasta, Mejillones, Tocopilla e Iquique – ao porto da cidade brasileiracbet modelSantos.
Estima-se que a rodovia terá cercacbet model2.200 quilômetroscbet modelextensão e o custo aproximado do investimento total écbet modelUS$ 10 bilhões.
A rodovia cruzará as regiões do Mato Grosso do Sul no Brasil, Gran Chaco no Paraguai, as provínciascbet modelSalta e Jujuy na Argentina e as regiõescbet modelAntofagasta e Tarapacá no Chile.
Cada país tem a responsabilidadecbet modelcumprir alguns trechos e prazos, porém não está claro qual é o prazo final para a conclusão do projeto.
De fato,cbet modeljaneiro deste ano, os presidentes do Brasil e do Chile, Lula e Gabriel Boric, confirmaram que iriam acelerar a construção dos trechos que correspondem aos seus territórios.
Talvez um dos países que está mais avançado na execução dos projetos seja o Paraguai, que já tem um dos três trechoscbet modelseu território pronto.
"O trecho um do corredor bioceânico, que está pronto, já permitiu um acesso muito mais fácil para os comércios, porque antes a estrada eracbet modelterra e quando chovia era difícil transitar. Agora você pode chegar facilmente às diferentes cidades menonitas e suas colônias", disse à BBC o engenheiro Alfredo Sánchez, porta-voz do governo para a questão do corredor.
“Para nós, o maior problema é que temos que retirar o mato dos campos. Se você não cuidar, esse mato volta e toma contacbet modeltudo”, explicou.
Para Neufeld, a rodovia dará mais oportunidadescbet modeltrabalho que atrairão pessoascbet modeloutras partes do Paraguai.
Sua comunidade conseguiu se estabelecer com sucessocbet modelalgumas seções do "inferno verde", especialmente eles conseguiram construir uma lucrativa indústriacbet modelgado e laticínios, que agora são transportadoscbet modelcaminhões 4x4 e nãocbet modelcarroças puxadas por cavalos comocbet modeloutras comunidades
Mas o que para alguns é atrativo, para outros é preocupante.
Taguide Picanerai, um jovem líder da comunidade indígena Ayoreo, uma das primeiras a habitar o Chaco, a comunidade já está sofrendo os efeitos do desmatamento, porque milharescbet modelárvores foram derrubadascbet modelrazão da pecuária.
Cercacbet model20% da floresta do Gran Chaco, o equivalente à área do estadocbet modelNova York, foi convertidacbet modelterras para pastagemcbet modelgado e produção agroindustrial desde 1985, segundo fotografiascbet modelsatélite da NASA.
“A nova rodovia vai significar mais criaçãocbet modelgado, o que leva a uma grande perdacbet modelbiodiversidade”, diz Picanerai, acrescentando que também está preocupado com a perdacbet modelterritório dos Ayoreo.
Ele explica que no passado os produtores se mudaram para os territórios ancestrais dos Ayoreo, impediram o acesso à água e restringiram o espaçocbet modelcaça para as comunidades indígenas.
A vida dos Ayoreo mudou significativamentecbet modelapenas uma geração. Os paiscbet modelPicanerai viviam na floresta impenetrável, onde caçavam javalis e tartarugas.
A comunidade foi convencida por missionários americanos que vieram para o Paraguai na décadacbet model1960 a abandonar a vidacbet modelcaçadores, vestir roupas e se estabelecer com outras comunidades indígenas.
E grande partecbet modelsuas terras foi vendida a fazendeiros e pecuaristas, o que levou a batalhas legaiscbet modelanos para recuperar parte dessas terras para que a comunidade pudesse se restabelecer.
"Esse território é vital para nós", declarou Picanerai.
A ameaça ambiental
O presidente Abdo reconhece que a nova rodovia “aumentará a população no Chaco” e gerará “mais atividade comercial”. Mas ele acredita que, desde que as leis sejam cumpridas, o impacto será positivo.
Ele disse à BBC que já existiam regras rígidas para os proprietárioscbet modelterras, incluindo uma cláusula que estipulava que "o máximo que as pessoas podem desmatar no Chaco é 50%cbet modelseu latifúndio, e menos se a biodiversidade da área for considerada mais delicada”.
Para o ambientalista Miguel Lovera, essas medidas não são suficientes.
“A construçãocbet modelnovas estradas leva a um maior desmatamento e derrubadacbet modelflorestascbet modelpequenos trechos, o que coloca uma enorme pressão sobre o frágil ecossistema”, disse Lovera, que dirige uma organização que luta pela proteçãocbet modelgrupos indígenas no Chaco.
Por outro lado, para Bianca Orqueda, jovem cantora e compositora do grupo indígena Nivaclé, a estrada tem alguns aspectos positivos.
Orqueda, que dirige uma escolacbet modelmúsica infantil na periferia da cidade menonitacbet modelFiladelfia, divide seu tempo entrecbet modelcomunidade e a capital do Paraguai, Assunção.
E a rodovia a ajudará a encurtar os temposcbet modelviagem.
Ela não está convencidacbet modelque seja possível quecbet modelcomunidade continue vivendo isolada, acrescentando que os Nivaclé precisam "progresir", o que para alguns pode significar deixar o Chaco e seu modocbet modelvida para trás.
"Eu digo às crianças que, se quiserem ser médicas, arquitetas, dentistas ou musicistas, terão que sair assim que terminarem a escola e irem para outra cidade."
"Aqui na Filadélfia não há universidades, não há nada a menos que você queira ir para a agricultura", disse Orqueda.
Para Picanerai, a conservação do Chaco é mais do que apenas o modocbet modelvidacbet modelsua comunidade indígena.
“A rica biodiversidade do Chaco significa que é um problema global que deveria preocupar a todos”, comentou ele, acrescentando que está determinado a protegercbet modelterra dos recém-chegados que se mudarem para a região após o fim das obras da nova rodovia.
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