Lula na Guiana: o que estáonabet esta fora do arjogo para o Brasil na 'Dubai da América do Sul'?:onabet esta fora do ar

Crédito, Ricardo Stuckert/Presidência da República

Legenda da foto, Presidente da Guiana, Mohamed Irfaan Ali, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante a Caricom

No campo político, Lula chega ao país na condiçãoonabet esta fora do arum dos principais líderes da América do Sul e três meses depois ter colocado a diplomacia brasileira para tentar diminuir a temperatura na crise entre a Venezuela e a Guianaonabet esta fora do artorno da regiãoonabet esta fora do arEssequibo, uma área disputada há séculos pelos dois países e que é ricaonabet esta fora do arminérios e petróleo.

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Apesar disso, durante o discurso na Caricom, Lula não abordou diretamente a crise na regiãoonabet esta fora do arEssequibo.

Na sexta-feira (1/3), Lula participará da reunião da cúpula Comunidadeonabet esta fora do arEstados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac),onabet esta fora do arSão Vicente e Granadina. No evento, disse o presidente, ele agradecerá ao primeiro-ministro do país, Ralph Gonsales, por "coordenar as conversas entre Venezuela e Guiana".

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"Espero que a gente tenha uma reunião da Celac produtiva, harmoniosa, e que todos nós saiamosonabet esta fora do arlá falandoonabet esta fora do arpaz,onabet esta fora do arprosperidade,onabet esta fora do aralegria,onabet esta fora do aramor e nãoonabet esta fora do aródio", afirmou o presidente.

Sobre a visitaonabet esta fora do arLula à Guiana, especialistasonabet esta fora do arrelações internacionais e diplomatas ouvidos pela BBC News Brasil avaliam que a ida do presidente brasileiro ao país está longeonabet esta fora do arser uma mera formalidade ou apenas a retribuiçãoonabet esta fora do arum convite. Para eles, Lula chegou à Guianaonabet esta fora do arum momento crucial na relação entre os dois países.

A idaonabet esta fora do arLula ao país tem sido vista pela diplomacia brasileira como uma formaonabet esta fora do arconsolidar a posiçãoonabet esta fora do arliderança do Brasil na região e manter a tensão entre os dois paísesonabet esta fora do arsituação contornável.

No campo econômico, porém, a visita aconteceonabet esta fora do armeio ao boom econômico vivido pela Guiana desde 2019, quando começou a exploração petrolífera no país. Desde então, a Guiana saiu da condiçãoonabet esta fora do arum dos países mais pobres do hemisfério ocidental para aonabet esta fora do aruma das economias que mais cresce no mundo.

Entre 2019 e 2023, o Fundo Monetário Internacional (FMI) estima que o PIB do país tenha saídoonabet esta fora do arUS$ 5,17 bilhões (R$ 27,7 bilhões) para US$ 14,7 bilhões (R$ 68,2 bilhões), um saltoonabet esta fora do ar184%. Tanto crescimento é visto como uma oportunidadeonabet esta fora do arnegócios que o país não pode ignorar.

Nesse período, o fluxo comercial entre Brasil e a Guiana aumentou 2.700%.

E foi nesse cenário descrito comoonabet esta fora do ardesafios geopolíticos e oportunidades econômicas que Lula chegou ao país.

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Presidentes da Venezuela e da Guiana se reuniramonabet esta fora do ar14onabet esta fora do ardezembroonabet esta fora do arSão Vicente e Granadinas para discutir o conflitoonabet esta fora do arEssequibo

Essequibo, influência e liderança

A Guiana fica no norte da América do Sul e faz fronteira com o Suriname, Brasil e Venezuela. Ele tem aproximadamente 800 mil habitantes. Segundo o governo, 39,8% da população é composta por pessoasonabet esta fora do arorigem do leste indiano, 30% são negrosonabet esta fora do ardescendência africana, 10,5% são indígenas e 0,5% sãoonabet esta fora do aroutras origens como chineses, holandeses e portugueses.

Os especialistas ouvidos pela BBC News Brasil avaliam que a visitaonabet esta fora do arLula gera oportunidadesonabet esta fora do arganho político junto à Guiana e ao Caribe, uma região que é historicamente áreaonabet esta fora do arinfluênciaonabet esta fora do arpaíses como os Estados Unidos e Reino Unido, mas que, recentemente, também passou a ser alvoonabet esta fora do arnações como a China.

"A participação do presidente nas cúpulas da Caricom e da Celac mostra uma dinâmicaonabet esta fora do arreaproximação do país com o Caribe e com a América Latina. Nos últimos anos, houve fechamentoonabet esta fora do arembaixadasonabet esta fora do aralguns países caribenhos. Esse movimento demonstra que o Brasil tem, sim, um olhar especial para a região", disse à BBC News Brasil a secretáriaonabet esta fora do arAmérica Latina e Caribe do Ministérios das Relações Exteriores, Gisela Maria Figueiredo Padovan.

A menção à Celac acontece porque, após a visita a Georgetown, Lula deverá participar da cúpulaonabet esta fora do archefes-de-Estado da Celac, que aconteceráonabet esta fora do arSão Vicente e Granadinas. Na cúpula, o petista deverá se reunir com Nicolás Maduro, um dos convidados do evento.

Nos últimos meses, a Guiana passou a chamar atenção das autoridades brasileiras por conta da crise entre o país e a Venezuela.

Em meadosonabet esta fora do arnovembro, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, anunciou um referendo sobre a incorporação do território conhecido como Essequibo ao mapa do país. Maduro chegou a apontar um general para governar o futuro estado e determinou que agências e empresas estatais desse início ao processoonabet esta fora do arexploração e pesquisa petrolíferaonabet esta fora do aráreas atualmente exploradas por empresas autorizadas pela Guiana.

O governo da Guiana, poronabet esta fora do arvez, criticou a medida e levou a questão para a Corte Internacionalonabet esta fora do arJustiça, na Holanda, que emitiu uma decisão demandando que a Venezuela não tomasse nenhuma medida unilateral que resultasse na mudança das fronteiras do país.

A Venezuela rechaçou a decisão e não reconheceu a autoridade do tribunal para mediar a crise.

A regiãoonabet esta fora do arEssequibo é disputada pelos dois países há pelo menos 150 anos, mas a escaladaonabet esta fora do artensão entre os dois países gerou temor no governo brasileiroonabet esta fora do arque a crise poderia saironabet esta fora do arcontrole.

A tensão foi tanta que as Forças Armadas reforçaram a quantidadeonabet esta fora do artropas e blindadosonabet esta fora do arRoraima, Estado que faz divisa com a Guiana e com a Venezuela.

Em paralelo, o governo brasileiro enviou emissários como assessor especial para Relações Internacionais do presidente Lula, o embaixador Celso Amorim, à Venezuela para tentar dissuadir Maduroonabet esta fora do arrelação à escalada.

Em dezembro, os dois países concordaramonabet esta fora do arcessar as declarações hostis sobre o tema, diminuindo a tensão e voltar a dialogar. O Brasil chegou a se colocar como um dos intermediários dessa conversa.

Para o professoronabet esta fora do arRelações Internacionais da Universidade Federalonabet esta fora do arMinas Gerais (UFMG) Dawisson Belém Lopes, o principal "motor" dessa visitaonabet esta fora do arLula ao país é a tentativaonabet esta fora do arconsolidar o esfriamento da criseonabet esta fora do artornoonabet esta fora do arEssequibo.

"O que move o Brasil é a ameaçaonabet esta fora do arum conflito na nossa região. E um conflito aqui é tudo o que não se quer", disse o professor à BBC News Brasil.

O professor afirma que a atuação do Brasil na crise até o momento pode gerar dividendos políticos ao Brasil e a Lula.

"A capacidadeonabet esta fora do aro Brasil liderar os esforços para moderar essa crise sobre Essequibo pode se converteronabet esta fora do arcapital político. Isso significa liderança regional. A crise entre Guiana e Venezuela foi uma oportunidade para o Brasil se projetar como grande líder daonabet esta fora do arregião", afirmou Lopes à BBC News Brasil.

Na avaliação do professor, a crise ainda não está totalmente debelada e pode voltar a causar preocupação com a aproximação do período eleitoral na Venezuela. Há previsãoonabet esta fora do areleições presidenciais no país ainda neste ano.

"Não acho que a criseonabet esta fora do arEssequibo esteja definitivamente resolvida. É perfeitamente possível que o tema seja requentado e que Maduro resgate essa história para buscar legitimação e buscar os dividendos eleitorais fáceis. Todo cuidado é pouco", disse o professor.

A professoraonabet esta fora do arRelações Internacionais da Universidade Federalonabet esta fora do arSão Paulo (Unifesp) Carol Pedroso também avalia que a criseonabet esta fora do arEssequibo não está totalmente solucionada e que o Brasil ainda terá um papel importante nesse tema.

O entendimento éonabet esta fora do arque diante da imprevisibilidade sobre o cenário político venezuelano, o Brasil tenha um papel mais relevante na região.

"É preciso que a comunidade internacional, especialmente o Brasil que tem tomado à frente nesse processoonabet esta fora do ardiálogo entre Venezuela e Guiana, siga acompanhandoonabet esta fora do arperto a situação, até porque estamos falando tambémonabet esta fora do arum território fronteiriço e não nos interessa mais instabilidades que possam nos atingir", disse a professora à BBC News Brasil.

Gisela Padovan disse que um dos objetivos do Brasil na região é manter o diálogoonabet esta fora do artorno dessa crise aberto.

"Em relação a Essequibo, o objetivo é consolidar os termos da declaraçãoonabet esta fora do arArgyle e manter espaçosonabet esta fora do ardiálogo entre os dois países", disse a embaixadoraonabet esta fora do armenção à declaração conjunta entre Guiana e Venezuela assinadaonabet esta fora do arArgyle, capitalonabet esta fora do arSão Vicente e Granadinas,onabet esta fora do ar14onabet esta fora do ardezembro do ano passado e que foi responsável pela redução da temperatura da crise.

Crédito, Leandro Prazeres/BBC News Brasil

Legenda da foto, Marcasonabet esta fora do arluxo vendidasonabet esta fora do arshopping centeronabet esta fora do arGeorgetown, na Guiana. Dinheiro do petróleo transformou economia do país numa das que mais crescem no mundo

Negócios com a 'Dubai sul-americana'

No campo econômico, os especialistasonabet esta fora do arrelações internacionais ouvidos pela BBC News Brasil apontam que o crescimento da economia guianense representa uma sérieonabet esta fora do aroportunidades para o Brasil.

"Como a Guiana está no caminhoonabet esta fora do arse tornar uma potência petroleira, já sendo chamadaonabet esta fora do ar'Dubai sul-americana', as possibilidades comerciais já têm se ampliado bastante. Nos últimos anos, o comércio bilateral cresceu saindo da casa dos milhões e alcançando os bilhõesonabet esta fora do arreais", disse a professora Carol Pedroso.

Dados levantados pela BBC News Brasil junto ao Ministério da Indústria, Comércio, Desenvolvimento e Serviços (MDIC) mostram a evolução do fluxo comercial entre os dois países.

Em 2019, anoonabet esta fora do arque começou a exploraçãoonabet esta fora do arpetróleo na Guiana, a balança comercial entre o Brasil e a Guiana eraonabet esta fora do arUS$ 46,3 milhões.

Em 2023, esse valor saltou para US$ 1,313 bilhão. A explosão no fluxo comercial se deu, especialmente, pelo aumento das exportações da Guiana para o Brasil. Em 2023, por exemplo, o país exportou US$ 986 milhõesonabet esta fora do arprodutos para o país. Desse total, 99,7% era composto por petróleo que o Brasil passou a comprar do país vizinho.

Atualmente, o saldo dessa balança é favorável à Guiana. A diferença entre o que o Brasil exporta e o que importa do país éonabet esta fora do arUS$ 659 milhões. Dos US$ 327 milhões exportados pelo Brasil ao país, a maior parte era composta por produtos manufaturados como torneiras, tubulações e revestimentos.

Apesar disso, a professora Carol Pedroso avalia que há oportunidades a serem exploradas pelo Brasil no país.

"Países que passam a dedicar aonabet esta fora do areconomia ao petróleo tendem a abandonar outras pautas produtivas, o que também abre a possibilidade para que o Brasil se torne fornecedoronabet esta fora do aroutros bens e serviços [...] caso esse crescimento econômico espetacular seja traduzido tambémonabet esta fora do araumento do poderonabet esta fora do arcompraonabet esta fora do arsua população, o potencialonabet esta fora do arfortalecimento do comércio bilateral se torna ainda mais relevante", disse a professora.

A avaliação é parecida com a da embaixadora Gisela Padovan.

"Um dos nossos principais focos é a integração física entre o Brasil e a Guiana, especialmente pela estradaonabet esta fora do arterra que desejamos ver pavimentada entre Lethem e Linden. O outro foco é na oportunidadeonabet esta fora do arexpandir nossa presença comercial no país. O Brasil tem uma economia diversa e a Guiana está crescendo. Isso representa oportunidades para o país, sobretudo para a Região Norte", disse a diplomata.

Em meio ao crescimento sem precedentes da economia do país, a Guiana se transformouonabet esta fora do aruma espécieonabet esta fora do arcanteiroonabet esta fora do arobras global com obras públicas sendo disputadas por empreiteirasonabet esta fora do ardiferentes países. Entre eles estão a China, os Estados Unidos, Índia e o Brasil.

Éonabet esta fora do arolho nesse mercado que a diplomacia brasileira aponta que um dos focos comerciais do Brasil é a integração regional com o país.

Atualmente, uma das principais obrasonabet esta fora do arinfraestrutura da Guiana é tocada por uma empreiteira brasileira, a Álya Construções, novo nome da Queiroz Galvão.

A empresa já foi uma das maiores empreiteiras do Brasil, mas foi alvo da Operação Lava Jato.

A empresa é responsável pela construçãoonabet esta fora do arum trechoonabet esta fora do ar121 quilômetrosonabet esta fora do aruma rodovia que, quando concluída, deverá cruzar o país ligando as cidadesonabet esta fora do arLethem a Linden. A obraonabet esta fora do arUS$ 190 milhões (R$ 939 milhões) é financiada por entidades brasileiras, mas pelo Bancoonabet esta fora do arDesenvolvimento do Caribe.

Procurada pela BBC News Brasil, a Álya Construções informou que não iria fazer comentários sobre as perguntas feitas pela reportagem.

A rodovia é vista como importante para o Brasil porque Lethem fica na divisa com Roraima e poderá ser usada como viaonabet esta fora do arescoamentoonabet esta fora do arprodutos brasileiros para o país.

Alémonabet esta fora do arobrasonabet esta fora do arinfraestrutura, empresários brasileiros, especialmente os que vivemonabet esta fora do arRoraima, já passam a olhar para o país vizinho como um potencial mercado consumidor.

Em outubro, por exemplo, uma comitivaonabet esta fora do ar40 empresários brasileirosonabet esta fora do arRoraima foi a Georgetown para encontrar com executivos e possíveis clientes da Guiana.

Outro setor que aparentemente também estáonabet esta fora do arolho no crescimento da Guiana é o agropecuário. Roraima é conhecido pela produçãoonabet esta fora do arprodutos como arroz e sojaonabet esta fora do aráreas do chamado "lavrado", um bioma semelhante ao Cerrado e que também existe na Guiana. Em canais do YouTube, já há produtores roraimenses buscando parcerias com produtores guianenses para produzir commodities agrícolas no país vizinho.

Para além das oportunidades comerciais, tanto Dawisson Lopes quanto Carol Pedroso avaliam que uma maior atenção do Brasilonabet esta fora do ardireção à Guiana também teria o objetivoonabet esta fora do armelhorar as condições do país na competição global por negócios e influência na região.

"A Guiana e a Venezuela têm uma economia política do petróleo que é absolutamente pulsante e que tem uma escala muito importante e é claro que isso desperta interesse não só no Brasil, masonabet esta fora do aroutros atores regionais e extra-regionais. Não é à toa que os Estados Unidos e o Reino Unido se envolvem na criseonabet esta fora do arEssequibo. A aproximação brasileira pode ser reverteronabet esta fora do arganhos econômicos para o país", disse Lopes.

A avaliaçãoonabet esta fora do arCarol Pedroso é semelhante.

"Justamente pelo fatoonabet esta fora do arque a Guiana já ter as suas particularidades e possuir uma inserção internacional mais consolidada junto ao mundo anglo-saxão, isso reforça a importânciaonabet esta fora do arrecolocarmos este país no nosso radar diplomático, pois trata-seonabet esta fora do aruma oportunidade importante para nós no âmbito político, econômico e estratégico", disse a professora.