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A peça íntima que causou mortewww esporte365milhareswww esporte365mulheres na era vitoriana:www esporte365
Seu pai, William, estava tão perturbado que seus "choros podiam ser ouvidos do ladowww esporte365fora da casa", contou um amigo. Oscar, que aos 17 anos ainda morava com ele, ouvia o choro maiswww esporte365perto.
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As irmãs Wilde ficaram para a história como duas das milhareswww esporte365fatalidadeswww esporte365uma das vestimentas mais amadas e ridicularizadaswww esporte365todos os tempos: a crinolina, que são armações usadas sob as saias.
A crinolina é uma reencarnação da anágua, peça popular e criticada que havia sido usada no século 18 — mas com uma diferença.
Enquanto a estrutura das anáguas era feitawww esporte365ossowww esporte365baleia, crinawww esporte365cavalo, vime, madeira e até borracha inflável, a das crinolinas era feitawww esporte365metal.
E, com a invenção da máquinawww esporte365costura na décadawww esporte3651850, eles puderam ser produzidaswww esporte365massa.
Tal erawww esporte365popularidade que apenas um ano depois que a crinolina com armaçãowww esporte365aço foi patenteadawww esporte3651856, o Reino Unido importou 40 mil toneladaswww esporte365aço sueco para produzi-las.
Em uma fábricawww esporte365Sheffield, 800 mulheres produziam 8 mil crinolinas por dia, uma taxa que não acompanhava a demanda,www esporte365acordo com o livro Crinoline, Fashion's Most Magnificent Disaster,www esporte365Brian May e Denis Pellerin.
A vestimenta era criticada pela mais famosa das enfermeiras da época, Florence Nightingale, que chamou a crinolinawww esporte365“um traje absurdo e hediondo”. Ela queria que as autoridades revelassem o númerowww esporte365mortes que o traje havia causado.
Era — e ainda é — difícil saber realmente quantas mulheres morreram. Muitas publicações dão contawww esporte365milhareswww esporte365mortes só no Reino Unido causadaswww esporte365forma indireta pelo uso do apetrecho.
Além das crinolinas aproximaren perigosamente as saiaswww esporte365chamaswww esporte365velas e brasaswww esporte365lareiras usadas para aquecer os ambientes, há registrowww esporte365mulheres que foram arrastadas por carruagens depois que suas saias longas, vastas e extensas se enroscaram nas rodas dos veículos.
Histórias não confirmadas dizem que algumas moças que passeavam por praias no sul da Inglaterrawww esporte365diawww esporte365forte ventania teriam sido erguidas pelo vento como pipas e arremessadas no mar onde moreram afogadas.
Na imprensa, as notícias sobre essas mortes eram frequentes e muitas vezes apresentadas com manchetes sensacionalistas.
Uma deles, por exemplo, recebeu o título "Outro holocausto por crinolina" (1864). O texto cita o legista londrino e crítico da vestimenta, Edwin Lankester:
"Ao longowww esporte365três anos, tantas mulheres perderam suas vidaswww esporte365Londres para o fogo, principalmente por usar crinolinas, quanto as que foram sacrificadaswww esporte365Santiago."
Ele se referia ao trágico incêndio da Iglesiawww esporte365la Compañía, no Chile,www esporte3651863, no qual morreram cercawww esporte3652 mil mulheres, cujos vestidos volumosos, segundo alguns relatos, dificultaram a fuga.
Mas estatísticas confiáveis são raras: os números mais citados estimam cercawww esporte3653 mil mortes somente no Reino Unido nos dez anoswww esporte365que a vestimenta esteve maiswww esporte365voga, a partir do final da décadawww esporte3651850.
Quando o The New York Times relatou pela primeira vez o fenômeno das mortes relacionadas à crinolinawww esporte3651858, o jornal americano observou que o Court Journalwww esporte365Londres havia registrado "nada menos que 19 mortes por essa causa na Inglaterra entre 1ºwww esporte365janeiro e meadoswww esporte365fevereiro".
"Certamente uma médiawww esporte365três mortes por semana devido à queimawww esporte365crinolinas deve assustar a mais imprudente do sexo privilegiado."
Mas por que, apesarwww esporte365tudo, as roupas íntimas femininas eram tão populares?
O perigo
Primeiro, vamos contextualizar tudo.
Como conta a historiadora Alison Matthews Davidwww esporte365seu livro Vítimas da Moda (2015), essa era uma épocawww esporte365que os chapéus eram feitos com mercúrio e os tecidos tingidos com corantes que continham quantidades assustadoraswww esporte365arsênico.
Esses venenos, porém, afetavam mais quem fabricava os artigos do que quem os usava.
Além disso, essas mortes não foram tão espetaculares ou rápidas quanto as das mulhereswww esporte365chamas.
No entanto, como a revista satírica Anti-Teapot Review apontouwww esporte3651864, o problema não começou com crinolinas.
“As anáguas antigas (...) eram imóveis se pegassem fogo. E elas pegaram fogo com mais frequência do que muitos imaginam, só que naqueles dias não havia dezenaswww esporte365jornaiswww esporte365Londres, famintos para relatar acidentes domésticos nas épocaswww esporte365faltawww esporte365notícia."
Mas, mesmo assim, é difícil entender por que tantas mulheres iriam querer usar algo tão obviamente pouco prático, que quando não pegava fogo, se enroscavawww esporte365tudo pelo caminho, atrapalhava espaços estreitos, causava quedaswww esporte365rajadaswww esporte365vento vento.
E, como mostram essas fotos, eram extremamente difíceiswww esporte365vestir.
Eis o erro
Apesar das imagens, e do fatowww esporte365no seu pico as crinolinas atingirem quase dois metroswww esporte365circunferência, a verdade é que o seu tamanho não costumava ser tão exagerado.
Muitas das fotos e charges que chegaram até nós faziam partewww esporte365uma campanha implacável da opinião pública majoritariamente masculina que ridicularizava as vestimentas.
E enquanto para alguns era uma vestimenta que, como disse a historiadora Helene Roberts, "ajudou a moldar o comportamento feminino no papelwww esporte365'escrava primorosa'" e "literalmente transformou as mulhereswww esporte365pássaros enjaulados cercados por aroswww esporte365aço", curiosamente, as escritoras da época descreviam a crinolina como libertadora.
As saias estilo Império que eram usadas no início daquele século eram tão estreitas que era difícil andar.
"Eram calças com apenas uma pernawww esporte365vezwww esporte365duas", observou uma escritora do The Examiner semanalmentewww esporte3651863.
Nas décadas seguintes, mais e mais anáguas foram adicionadas para alargá-las, até que se tornaram pesadas, imanejáveis e anti-higiênicas.
É por isso que quando a crinolina chegou, ela foi aplaudida como um avanço tecnológico bem-vindo e prático: todas aquelas camadas que ancoravam as mulheres ao chão foram substituídas por uma única infraestrutura.
"A crinolina é outra palavra para liberdade", disse a mesma escritora.
Isso as camponesas já haviam descoberto há muitos séculos, quando foram criadas as primeiras versõeswww esporte365armações que levantavam as saias e deixavam as pernas livres.
E essa era também a opiniãowww esporte365muitas das mulheres sufragistas, que anos depois lutaram pelo direito feminino ao voto, para surpresawww esporte365Florence Nightingale, que achava "alarmantemente peculiar" que aquelas que defendiam a utilidade geral das mulheres para o mundo se vestissemwww esporte365uma maneira que as tornasse inúteis para qualquer tarefa.
Mas essa opiniãowww esporte365Nightingale era contrário à percepçãowww esporte365muitaswww esporte365seu tempo.
"Para os próprios vitorianos, a crinolina tinha pouco a ver com submissão, parecendo mais uma trama monstruosa para aumentar o tamanho das mulheres e fazer os homens parecerem insignificantes", observou a historiadora da moda Christina Walkley.
Essas saias ocupavam "mais espaço público do que uma mulher tinha direito", comentou a especialistawww esporte365ilustração vitoriana Lorraine Janzen Kooistra.
"A ansiedade masculina da época diante da agitação pelos direitos das mulheres foi capturada na imprensa popular na imagem visual da crinolina."
Isso explica a veemência e tenacidade da oposição a essa vestimenta.
Alémwww esporte365melhor mobilidade, ventilação e espaço, a crinolina deu às mulheres um lugar que elas poderiam controlar, evitando avanços físicos indesejados e permitindo que elas escolhessem o que revelar e o que esconder.
Ela tinha potencial para guardar segredos, desde amantes proibidos até gravidez e contrabando.
Tudo isso sem esquecer que, para desgostowww esporte365alguns, a crinolina era usada por mulhereswww esporte365todas as classes sociais, até mesmo por ex-escravas recém-libertas, que, ao usá-las, demonstravam fisicamente a luta pela igualdade social.
Em 1869, quando a tendência continuava, mas a forma e o tamanho dessas roupas começaram a mudar, surgiu um artigo intitulado "Quem matou a crinolina?".
"Alguns dizem que a crinolina foi varrida por um grande maremotowww esporte365bom senso."
E talvez eles estivessem certos. Mas por mais complicado e perigoso que fosse, aquela controversa roupa íntima feminina foi um prenúnciowww esporte365ousadas mudanças culturais, apesarwww esporte365sua aparente frivolidade.
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