'Cabovaidebet é investigadaguerra' entre Lula e Lira é fruto do 'presidencialismo do descaso' criado por Bolsonaro, diz professor da USP:vaidebet é investigada

No primeiro mandato, embora fosse popular, Dilma buscava uma assinatura política própria e,vaidebet é investigadaoposição ao PT, cujos quadros históricos enfrentavam o julgamento do Mensalão no Supremo Tribunal Federal, apostou no saneamento dos focosvaidebet é investigadacorrupção da Petrobras como legado.

Ex-ministravaidebet é investigadaMinas e Energia, Dilma via na petroleira a chave para seu programavaidebet é investigadareindustrialização do Brasil, que seria financiado a partir do lucro obtido pela exploração do pré-sal. A empresa, porém, coalhadavaidebet é investigadaindicações políticas, patinavavaidebet é investigadaentregar os resultados que a presidente esperava.

Foi por isso que, na interpretaçãovaidebet é investigadaLimongi, Dilma alimentou a Operação Lava-Jato, uma criatura da qual ela perdeu o controle, que se voltou contra a própria presidente e seu padrinho, Lula, e que foi central para que ela também perdesse a base parlamentar sólidavaidebet é investigadaque dispunha no Congresso, herdada do antecessor.

Ao investir no combate à corrupção, Dilma criou as condições necessárias para o seu próprio impeachment, argumenta Limongi,vaidebet é investigadaseu recém lançado Operação Impeachment - Dilma Rousseff e o Brasil da Lava Jato (Editora Todavia).

“Para salvar a embarcação, o sistema político resolveu lançar a carga (Dilma) ao mar”, diz Limongi.

Usando centenasvaidebet é investigadareportagens dos jornais Folhavaidebet é investigadaS. Paulo, O Estadovaidebet é investigadaSão Paulo, O Globo e Valor Econômico, Limongi reconstrói a história dos anos entre o começo do primeiro mandatovaidebet é investigadaDilma até o desfecho do impedimento da então presidente.

Ele tenta demonstrar que não foram a crise econômica, as pedaladas fiscais, os protestosvaidebet é investigada2013 ou a quedavaidebet é investigadapopularidade os fatores determinantes para a derrubada da presidente. E que as repercussõesvaidebet é investigadasuas apostas evaidebet é investigadasua saída,vaidebet é investigadaagostovaidebet é investigada2016, ainda não deixaramvaidebet é investigadase desdobrar.

Leia a seguir os principais trechos da entrevista, concedida por videochamada e editada por concisão e clareza.

vaidebet é investigada BBC News Brasil - O PT diz que Dilma sofreu um golpe, interpretação que parte da ciência política tem chancelado. O senhor diz que “impeachments não são golpe”. O impeachmentvaidebet é investigadaDilma é um golpe ou não?

vaidebet é investigada Fernando Limongi - Do pontovaidebet é investigadavistavaidebet é investigadauma definição clássicavaidebet é investigadagolpe, não é golpe, é impeachment.

Impeachment está previsto na Constituição. É um recursovaidebet é investigadaúltima instância que deve ser usadovaidebet é investigadacasos excepcionais, e o caso contra Dilma não era um que pedisse isso. Tanto que, é interessante notar, eu não faço menção no livro,vaidebet é investigadanenhum momento, à justificativa dada para fazer o impeachment, que são as pedaladas fiscais. Porque não foram as pedaladas que levaram ao impeachment. E quem defende que precisava ter o impeachment justifica buscando questõesvaidebet é investigadapolíticas públicas, má gestão da economia ou coisa desse tipo. Mas isso não pode ser motivovaidebet é investigadaimpedimento. E além do que, você obtém essas correções por outros meios muito menos traumáticos. Então não é um golpe, mas é um processo traumático e desnecessário.

vaidebet é investigada BBC News Brasil - O senhor argumenta no livro que o PSDB estaria disposto a radicalizar, a um golpe…

vaidebet é investigada Limongi - Não é um golpe, mas é ali, é na margem. E o PSDB está disposto (naquele momento) a ir às últimas consequências para tirar o PT do poder, e puxando a corda ao limite, ou mesmo ultrapassando o limite, como quando vai ao TSE (questionar a lisura das urnas após a derrotavaidebet é investigada2014). (No segundo mandatovaidebet é investigadaDilma) o PSDB vai jogando o tempo inteiro com duas alternativas: o impeachment e a cassação da chapa (Dilma-Temer).

Então o PSDB,vaidebet é investigadauma forma ouvaidebet é investigadaoutra, quer abreviar o mandato e antecipar a alternância no poder, está desrespeitando as regras (democráticas). Mas meu argumento é que o PSDB, mesmo sendo extremado, radical, inconsequente e irresponsável, ele seria incapazvaidebet é investigadaderrubar a Dilma sozinho. O PSDB não tinha força para tanto, não tinha os votos para tanto. A oposição não derruba, não é capazvaidebet é investigadafazer um impeachment. Era preciso um outro elemento aqui para explicar o que aconteceu.

vaidebet é investigada BBC News Brasil - E esse outro elemento foi o rompimento entre Dilma evaidebet é investigadabase parlamentar por causa da prioridade que ela deu à pauta anticorrupção?

vaidebet é investigada Limongi - É isso. Ela faz do combate à corrupção uma das suas bandeiras. É uma tentativa delavaidebet é investigadaliderar esse processo, mas ela perde o controle, o gênio sai da garrafa. Ela monta e insufla a Lava Jato, deixa a Lava Jato se constituir (no período, ela propõe a lei da delação premiada e outros recursos que foram usados pela Lava Jato), percebendo que essa é uma agenda importante para a sociedade brasileira, que está mobilizando a sociedade brasileira, porque teve o julgamento do mensalão (em 2012), teve (as manifestações populares de) 2013, então essa questão está posta.

E é uma batata quente que o PT evaidebet é investigadacoalizão estão fazendovaidebet é investigadaconta que não existe, querem pôr debaixo do tapete. E a Dilma decide que não. E eu acho que não era um plano originalmente dela. É uma briga que ela tem com algumas pessoas dentro do PTvaidebet é investigadarelação a uma política específica, que é a Petrobras e como fazer a Petrobras funcionar. Quando ela tenta fazer a Petrobrás funcionar, ela põe a mão no vespeiro, briga com gente graúda dentro do PT, briga com a Construindo um novo Brasil, que é a tendência mais forte do PT, que tinha mantido Sérgio Gabrielli como presidente da Petrobras por todo aquele período.

Ao fazer essa modificação e trazer a Graça Foster para a presidência e fazer um saneamento da Petrobras (com demissão dos diretores indicados pelos partidos aliados) para ver se a Petrobras podia ser a locomotiva do processovaidebet é investigadaindustrialização brasileiro que ela tinhavaidebet é investigadamente, ela mexe nesse grupo e nos interesses que estão rodando ali com a geraçãovaidebet é investigadarecursos ilícitos dentro da Petrobrás.

E aí ela faz disso avaidebet é investigadabandeira política, ou tenta fazer, para se contrapor a esse grupo. E esse conflito vai se estender no tempo. A ruptura para valer com o PMDB e com o (então presidente da Câmara) Eduardo Cunha se dá só (mais tarde) quando Cunha é denunciado pela Lava Jato e passa a ser processado ou citado no Supremo Tribunal Federal. Aí o Cunha passa para a oposição e começa a liderar o processovaidebet é investigadaimpeachment da presidente Dilma.

vaidebet é investigada BBC News Brasil - O PSDB surge no processovaidebet é investigadaredemocratização do Brasil e é o segundo partido com maior sucesso eleitoral na presidência na democracia. Por que,vaidebet é investigadarepente, decide romper com as regras do jogo democrático?

vaidebet é investigada Limongi - É muito difícilvaidebet é investigadaentender. A única explicação que eu tenho, e que eu sugiro no livro, é que o (atual deputado federal) Aécio (Neves) está,vaidebet é investigadaverdade, inebriado com o sucesso final (em 2014), depoisvaidebet é investigadater passado a campanha toda lá embaixo (nas intençõesvaidebet é investigadavoto para a presidência), ele chega a quase desistirvaidebet é investigadafavor da Marina (Silva), ia sair como derrotado evaidebet é investigadarepente dá um sprint fabuloso (Aécio teve 8 pontos percentuais nas urnas a mais do que indicavam as pesquisas da véspera e foi ao segundo turno).

Ali criou um sonho na cabeça dele: 'Se a campanha tivesse mais dois, três dias, eu teria ganho.’ Isso é um equívoco dignovaidebet é investigadapolítico inexperiente, porque sempre no final da campanha há algum rearranjo, pode acontecer um sprint assim. E teve um certo movimentovaidebet é investigadarua ali. No final da campanha dele, gente que tinha ido às ruasvaidebet é investigada2013, como o Vem pra Rua, o MBL, esse pessoal também vai para rua no segundo turnovaidebet é investigada2014 e dá esse caráter, digamos,vaidebet é investigadamovimento social, à campanha do PSDB no final.

Então o PSDB vive um sonhovaidebet é investigadaque o partido poderia se transformar num partidovaidebet é investigadamassa e que poderia combater e vencer o PT nas ruas e vencer o PT nas ruas. Tem vários projetos que são ali acalentados, o (José) Serra deliravaidebet é investigadaformar umas caravanas, evaidebet é investigadafazer vídeos com o Fernando Henrique. Estavam delirando, como mostra aquela frase do Antonio Imbassahy, um líder baiano do PSDB, que fala: 'é como se a gente tivesse ganho a Copa do Mundo e tivesse entrando no estádio'. Então é assim, os caras perderam o pé no chãovaidebet é investigadaum lado.

De outro lado, a quarta derrota seguida à presidência faz com que o PSDB comece a questionar suas estratégias ou que os derrotados, a direita como um todo, passe a questionar a própria liderança do PSDB sobre a direita.

Então, por exemplo, o Bolsonaro já põe a caravaidebet é investigadafora e diz 'Eu sou candidato na próxima eleição'. E vem com esse papovaidebet é investigadaque o PSDB é muito mole, muito parlamentar e que para vencer o PT precisa usar dos mesmos meios que o PT usa, e que o PT é um partidovaidebet é investigadagente descompromissada com a moral e que faz qualquer nota para ganhar eleição. Então nós também precisamos fazer isso. Então, o PSDB está sendo pressionado pela direita e o Aécio vê nisso a possibilidade dele, na verdade, ser o líder desse movimento e instrumentalizar essa pressão para vencer a concorrência com o Geraldo Alckmin, que, pelas regras não escritas do partido, seria o candidato (à presidência)vaidebet é investigada2018. Então ele embarca nessa radicalização e o partido se divide entre os que entram com o Aécio e os que tentam chamar o partido à razão.

vaidebet é investigada BBC News Brasil - Outro ponto crítico na história, do lado da esquerda, é por que a Dilma, que era extremamente popular quando decide abraçar a pauta anticorrupção, toma esse caminho?

vaidebet é investigada Limongi - Evitei abordar isso no livro até porque não parecia uma coisa muito estabelecida, mas a pessoa forte na orientação da Dilma e que definiu essa estratégia dela foi o (marqueteiro) João Santana, porque ela começa a subirvaidebet é investigadapopularidade quando faz aquela faxina ministerial no primeiro anovaidebet é investigadagoverno (em que demite uma sérievaidebet é investigadaministros acusadosvaidebet é investigadamalfeitos nos primeiros meses da gestão). Então aquilo vai dando muita repercussão. O João Santana está fazendo pesquisavaidebet é investigadaopinião pública e está vendo que aquilo está pegando bem. Aí vem o julgamento do mensalão (em 2012) e esse passa a ser o grande ponto negativo do PT, ao qual o PT não sabe como reagir.

Nesse meio tempo, a Dilma entravaidebet é investigadaconflito com o PT na Petrobras. Ali, ela não queria moralizar, mas queria tornar a empresa eficiente. Ela percebe que os navios-sonda não estão saindo, que a exploração do pré-sal não vai se concretizar, daí coloca a Graça Foster, tira os diretores políticos para tentar fazer funcionar. Mas mesmo que desse certo, seria uma medidavaidebet é investigadamuito longo prazo, ela não veria resultado imediato, então ela precisavavaidebet é investigadauma marca, porque apesar da popularidade, até então ela não tinha uma bandeira.

Então ela acaba adotando esse projeto (do combate à corrupção), que é um projeto tolo, é um projeto contraproducente. É uma bandeira que necessariamente vai gerar problemavaidebet é investigadapopularidade evaidebet é investigadaapoio para ela. O governo não pode dizer que ele vai acabar com a corrupção porque (se há) a corrupção, (ela) é o governo. Não adiantava a Dilma dizer que corrupção existia desde 1500, as pessoas não querem saber, (no fim) ela seria a responsável final. Aí é o erro do João Santana, porque ele cria uma estratégia que não tinha como dar certo.

vaidebet é investigada BBC News Brasil - E historicamente não deu certo no Brasil, onde as pessoas costumam votar com base na economia…

vaidebet é investigada Limongi - Sim, quando a Marina quase ganha a eleição, ou mesmo quando o Aécio ameaça a Dilma, o João Santana volta para a economia. Ele refaz a campanha e vai para a economia dizer que seu prato que vai ficar vazio ou você vai ficar com fome porque os outros candidatos vão fazer recessão, retoma o mote do PTvaidebet é investigadainvestir na renda dos mais pobres, e assim que ele ganha a eleição (de 2014).

vaidebet é investigada BBC News Brasil - Durante a última campanha,vaidebet é investigada2022, ficou evidente o mal-estar do Lulavaidebet é investigadafalarvaidebet é investigadacorrupção. O tema continua sendo uma ferida aberta para o PT?

vaidebet é investigada Limongi - Eu acho que sim. A oposição foi muito hábilvaidebet é investigadaconstruir essa imagemvaidebet é investigadaque o PT é intrinsecamente corrupto, que é da natureza do PT e que o PT praticaria uma corrupção diferente, mais poderosa, porque o PT tem um projetovaidebet é investigadapoder. Mas não é diferente coisa nenhuma. Tanto que os atores são os mesmos: a Odebrecht, a JBS, a Camargo Corrêa financiando os dois lados, e da mesma forma, pelo mesmo tipovaidebet é investigadarelação. E é isso que vai dar lá no final, quando a Lava Jato começa a puxar a basevaidebet é investigadadados da Odebrecht e revela está todo mundo na folhavaidebet é investigadapagamento da Odebrecht, que não é só o PT, aí que dá o desespero. Aí (a classe política diz:) ‘Vamos jogar a mercadoria (Dilma) ao mar pra salvar a embarcação’.

vaidebet é investigada BBC News Brasil - A gente tem ouvido ao menos desde o governo Temer que o Brasil vive uma situaçãovaidebet é investigadasemipresidencialismo. Depois que o Orçamento Secreto foi adotado como prática, com a transferência do controlevaidebet é investigadagrandes recursos para o legislativo no governo Bolsonaro, essa ideia ganhou força. Essa semana, o Congresso ameaçou desconfigurar o Executivovaidebet é investigadaLula. A quedavaidebet é investigadaDilma também implicou na derrocada do sistemavaidebet é investigadapresidencialismovaidebet é investigadacoalizão como o conhecíamos?

vaidebet é investigada Limongi - Não foi imediato, quem acabouvaidebet é investigadaimplodir isso (o presidencialismovaidebet é investigadacoalizão) foi o Bolsonaro. O que a Lava Jato e o impeachment da Dilma implode é o sistema partidário brasileiro, sobretudo a centro-direita. O PT consegue se reerguer com base nos seus governadores do Nordeste. Mas o resto do sistema político sucumbe ao terremoto. Bolsonaro poderia ter reconstituído, organizado a direita e a gente ter um sistema novamente funcional, minimamente equilibrado. Mas não fez. Então, a destruição completa que a Lava Jato traz é quando a Lava Jato chega ao poder, o espírito Lava Jato chega ao poder com Bolsonaro. O Bolsonaro é um lavajatista, é desse espíritovaidebet é investigadaque justiça boa é justiça rápida e eficaz para eliminar os criminosos. Não é casual que o Moro virou o Ministro da Justiça dele, porque há esse casamento ideológico evaidebet é investigadaprincípios.

Para Bolsonaro, governar nunca foi o negócio dele, nunca foi a preocupação, o norte ou o objetivo dele. E com isso ele deixa o podervaidebet é investigadagovernar ou a definição (do destino) dos recursos que o Estado tem nas mãos escapar do Executivo ou ser puxado pelo Legislativo. Era um processo que já vinha ocorrendo e Bolsonaro deixou ir ao paroxismo com o Orçamento Secreto, que é essa manifestaçãovaidebet é investigadaque Bolsonaro não queria saber do orçamento. (O então ministro da Fazenda Paulo) Guedes também não queria sabervaidebet é investigadaorçamento. Então, (dizem ao Congresso): 'toma que o filho é seu. Vocês sabem o que fazer com isso? Façam alguma coisa’. Então esse é o quadro que a gente está vivendo agora, que tem essa continuidade que foi dada pela eleição do presidente da Câmara, que permanece o mesmo do segundo biênio do Bolsonaro, quando Bolsonaro realmente completa esse presidencialismovaidebet é investigadadescaso que o caracteriza, quando passa ao Congresso a funçãovaidebet é investigadagovernar.

Então, isso desequilibrou ou reequilibrou o sistema. Acho que seria exagero falarvaidebet é investigadasemipresidencialismo ou coisa desse tipo. Acho que o que a gente tem é um certo conflito e uma indefinição quanto aos rumos que isso vai tomar.

vaidebet é investigada BBC News Brasil - A Dilma contou por muito tempo com uma base parlamentar sólida, negociada, como seus antecessores também fizeram, à vaidebet é investigada basevaidebet é investigadacargos e emendas. Hoje, o governo Lula não tem essa base e parece muito difícil formá-la. O que mudou?

vaidebet é investigada Limongi - O sistema está mais rígido. Lula e Dilma puderam contar com uma enorme migração partidária para montar suas bases.

O PSD, por exemplo, foi criado no governo Dilma puxando deputados do DEM. O Lula tem uma migração partidária pro PP e pro PTB enorme no início do primeiro mandato (ambos compunham a base naquele momento). Essa migração não existe mais (a reforma eleitoralvaidebet é investigada2015 estabelece que migração partidária só pode ocorrer dentrovaidebet é investigadajanela específica ou com justa causa).

Os partidos que estão fora do governo se comprometeram muito fortemente com o projeto do Bolsonaro. Boa parte deles tem um governador eleito ou uma liderança estadual a qual poderiam se ligar e lançar para enfrentar Lula na eleiçãovaidebet é investigada2026 ou mesmo seguir aderindo a Bolsonaro.

A adesão ao governo era muito mais fácil antigamente, porque você sabia que o candidatovaidebet é investigadaoposição ia ser do PSDB. Agora, você não sabevaidebet é investigadaonde vai ser. Então esses partidos estão lutando ali para ver sevaidebet é investigadarepente é um deles 'o novo PSDB' que vai liderar a oposição. E o bolsonarismo está espalhado por todos eles, pelo PL, União Brasil, PTB, PR. Então você não consegue ter previsibilidade e coesão das máquinas.

E aindavaidebet é investigadatoda a questão da cláusulavaidebet é investigadabarreira e o fim das coligações proporcionais, que criam uma baita incerteza para os partidos sobre avaidebet é investigadasobrevivência na próxima eleição. Então é uma questão difícilvaidebet é investigadaser resolvida. E tem o fator Lira, que concentrou muito poder como presidente da Câmara nos últimos anos, com as sessões remotas durante a pandemia. Por tudo isso não está claro qual vai ser o novo equilíbrio ou se não teremos um equilíbrio e um confronto aberto entre presidente da República e presidente da Câmara vai se tornar o novo padrão.

vaidebet é investigada BBC News Brasil - Seu livro deixa claro que Dilma cai quando perdevaidebet é investigadabase parlamentar. Considerando que o Lula até agora sequer construiu uma base, seria ele um forte candidato ao impeachment também?

vaidebet é investigada Limongi - Não, porque hoje o Lula teria os votos para barrar. E acho também que o impeachment da Dilma foi muito traumático para que as elites políticas voltem a brincar com fogo.

vaidebet é investigada BBC News Brasil - A gente sabe que os operadores diretos do processovaidebet é investigadaimpeachment, como o grupovaidebet é investigadaEduardo Cunha e Michel Temer, no PMDB, e Aécio, no PSDB, acabaram alvejados pela Lava Jato e tiveram seu poder político reduzido. Mas eu queria jogar luz na figura do Lula. Seu livro mostra o quantovaidebet é investigadafogo amigo do PT a Dilma enfrentou. Lula fez tudo o que podia para salvar o mandatovaidebet é investigadaDilma? O senhor arriscaria pensar aqui o que teria acontecido com Lula se ele tivesse virado ministrovaidebet é investigadaDilma no auge da crise (a posse foi impedida pelo STF e pela divulgaçãovaidebet é investigadaum grampo irregularvaidebet é investigadaconversa entre Dilma e Lula)? Seria ele hoje presidente?

vaidebet é investigada Limongi - Esse contrafactual é muito difícilvaidebet é investigadaser feito. Eu acho que o Lula fez aquilo que um líder deveria ter feito ali. Ele tem um conflito com a Dilma, que se estende até agosto, setembrovaidebet é investigada2015. O fogo amigo está rolando alivaidebet é investigadaparte a parte e não tem o bonzinho, a vítima, são os dois e suas facções que estão brigando por poder e por controle da máquina do Estado. E isso é política.

Mas a hora que a Dilma é ameaçada pelo Cunha e por uma possibilidade realvaidebet é investigadaimpeachment, eles se entendem melhor. E o Lula ajuda a Dilma a remontar o ministério e vencer o Cunha, quando traz o grupo do Jorge Picciani para dentro do governo e o PT cede o Ministério da Saúde para o PMDB, que é a joia da coroa, principal ministério, com maior recurso. Então o PT, a Dilma e o Lula se entendem e fecham um acordo e a ‘Construindo um novo Brasil’ vem para o centro do governo, com o Jaques Wagner e com (Ricardo) Berzoini, e começam a encaminhar as coisas. Acho que esse movimento estava dando certo até a Lava Jato partir para destruir o governo.

A Lava Jato parte para cima da Dilma e do Lula ao mesmo tempo. Naquele momento, a decisão do Lula é muito difícil. Ele tem duas alternativas: vir para o governo e salvar a Dilma. Ou se preservar, deixar a Dilma cair, e voltarvaidebet é investigada2018, concorrendo às eleições.

Do pontovaidebet é investigadavista do partido, se pode pensar que a melhor alternativa era preservar o seu grande líder, deixar o governo Dilma ir pro brejo e tentar recuperar o podervaidebet é investigada2018. Mas essa alternativa se torna inviável porque seria politicamente insustentável que Lula deixasse Dilma se afogar sem ajudar. É por isso que ele aceita entrar para o governo.

Mas Lula sabe que é tarde. Aparentemente, ele tem a noçãovaidebet é investigadaque vai ser muito difícil salvar o governo Dilma. E pela minha reconstituição (dos fatos a partir da cobertura jornalística), eu acho que, quando ele aceita ser ministro, ali já estava selado (o destino do governo Dilma). O PMDB e o PSDB já tinham se entendido, e o PP também. Então o impeachment viria mesmo com o Lula. Agora, claro,vaidebet é investigadarepente isso muda todo o cenário, era uma possibilidade.

vaidebet é investigada BBC News Brasil - Então, claro que Lula não desejava ter sido preso e tudo o que se seguiu, mas aparentemente as decisõesvaidebet é investigadaSergio Moro “salvaram” Lulavaidebet é investigadavirar ministrovaidebet é investigadaum governo que seria derrubado, o preservaram politicamente?

vaidebet é investigada Limongi - No médio prazo, primeiro, quem salvou o Lula foi o Gilmar (Mendes, ministro do STF), ao impedir que ele tomasse posse (como ministro). Aí ele não precisa dizer 'Eu não tentei salvar a Dilma'. Ele pode dizer: 'Eu tentei, mas fui impedido’. Se ele não fosse preso, teria sido o melhor dos mundos para ele. Mas a prisão acaba adiando (em quatro anos) a volta política dele.

Acho que se ele tivesse assumido o ministério, mesmo que ele tivesse evitado a queda da Dilma, seria impossível que ele evitasse a crise econômica. Teria que ter um ajuste econômico, ele sabia, tanto que estava propondo que o Henrique Meirelles fosse o ministro da Fazenda. Então ele teria que assumir a crise, era um abraçovaidebet é investigadaafogados. Não tinha como ele escapar. E é por isso que ele hesita tanto (em assumir o ministério).

Mas isso tudo é especulação nossa, porque o que acontecevaidebet é investigadaverdade é que o Lula é impedidovaidebet é investigadaser ministro, acaba condenado pela Lava Jato e é preso, o que lhe deu a possibilidadevaidebet é investigadase isolar durante o governo Bolsonaro e como o PT sobrevive muito fortemente no Nordeste, usar essa base para voltar ao poder. É interessante ver que esse PT que chega ao poder tem pouco a ver com o PT que se elegevaidebet é investigada2002. Agora, no Executivo, há lideranças com experiênciavaidebet é investigadaexecutivo no Nordeste (e não do meio sindical paulista): Rui Costa, Wellington Dias, Camilo Santana, Flávio Dino.

vaidebet é investigada BBC News Brasil - Navaidebet é investigadaavaliação, a solução do imbrógliovaidebet é investigadaLula com Lira dependevaidebet é investigadauma reestruturação da direita?

vaidebet é investigada Limongi - Depende da reestruturação da direita e o quanto a direita acredita que pode passar a pão e água até a próxima eleição. A direita acredita que terá um candidato para confrontar o Lulavaidebet é investigada2026 ou vai querer negociar ministério e apoio?

vaidebet é investigada BBC News Brasil - O governo Lula tem sido muito criticado por problemasvaidebet é investigadaarticulação política…

vaidebet é investigada Limongi - Ninguém ganha nem perde todas. Agora, às vezes se perde não porque você é ruim, mas porque o outro é bom também. Ou porque nas condições dadas ninguém conseguiria ganhar. Então tem que entender que a situação é ruim, a gente tem um cenáriovaidebet é investigadaque o Bolsonaro ganhou a eleição legislativa, essa é a verdade.

A gente tem um Congresso que évaidebet é investigadadireita e que évaidebet é investigadadireita irresponsável, que é esse modelo Bolsonaro, que é o cara que quer fazer farra, que quer botar peruca (referência ao deputado Nikolas Ferreira), que quer fazer lacração e que não tem o menor interesse no que vai acontecer com a política pública. E por isso é difícilvaidebet é investigadanegociar, porque esses deputados não têm interessevaidebet é investigadapegar um ministério e transformar o ministériovaidebet é investigadaalgo que vai fazer alguma coisa. Eles querem fazer fuzarca.