Como ouro virou 'maldição' para o Sudão e alimentou confrontos com dezenasroleta grátismortos:roleta grátis
O Sudão, um extenso país localizado no leste da África, passou por um fimroleta grátissemana turbulento, que deixou maisroleta grátis100 mortos e cercaroleta grátis1,1 mil feridos.
Segundo diferentes organizações internacionais, as mortes ocorreram como resultadoroleta grátisconfrontos entre membros do exército e das milícias paramilitares conhecidas como Forçasroleta grátisApoio Rápido (RSF, na siglaroleta grátisinglês).
Até agora, a maioria dos ataques entre ambos os lados ocorreu na capital do país, Cartum.
Mas esse confronto é resultadoroleta grátisuma longa cadeiaroleta grátiseventos, tensões, crises e lutas políticas que não permitiram ao país ter estabilidade desde a queda do regimeroleta grátisOmar al Bashirroleta grátisabrilroleta grátis2019.
Entre as razões para a eclosão da violência, está a faltaroleta grátisdiálogo entre os dois principais líderes militares que ficaram à frente do país para conduzir a nação rumo a uma democracia civil: Mohamed Hamdan Dagalo, chefe da RSF e mais conhecido como Hemedti, e Abdel Fattah.al Burhan, chefe do exército e presidente do país.
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Mas entre todos os fatores que contribuem para a tensão interna no Sudão, há um elemento-chave: o país africano possui uma das maiores reservasroleta grátisouro do continente.
Segundo o governo, o Sudão registrou cercaroleta grátisUS$ 2,5 bilhõesroleta grátisexportações sóroleta grátis2022, o que corresponde à vendaroleta grátis41,8 toneladasroleta grátisouro.
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A maior parte das minas mais lucrativas do país é controlada por Hemedti e as milícias do RSF, que financiam suas operações com a venda do metal precioso não só ao governoroleta grátisCartum, como também a outros compradoresroleta grátispaíses vizinhos.
"As minasroleta grátisouro se tornaram a principal fonteroleta grátisrenda para um país com muitas dificuldades econômicas. E, nesses momentosroleta grátistensão, elas se tornam um objetivo estratégico", explica Shewit Woldemichael, especialistaroleta grátisSudão do Crisis Group, à BBC News Mundo , serviçoroleta grátisnotíciasroleta grátisespanhol da BBC.
“E tem sido sobretudo uma das fontesroleta grátisfinanciamento da RSF, e que o exército vê com certa desconfiança”, acrescenta.
Ao mesmo tempo, a extração desenfreada causou uma sérieroleta grátisefeitos devastadores nas áreas ao redor das minas, com um número muito altoroleta grátispessoas mortas não só pelo colapsoroleta grátisminas, como também doentesroleta grátisdecorrência do mercúrio e do arsênio, usados na extração do metal.
Mas como o ouro se tornou esse elemento estratégico nos confrontos que deixaram dezenasroleta grátismortos no Sudão nos últimos dias?
Sudão e a 'maldição do ouro'
Após a independência dos territórios hoje conhecidos como Sudão do domínio britânico,roleta grátis1956, teve início um difícil processoroleta grátisreorganização, repletoroleta grátisaltos e baixos.
Nessa jornada, o país encontrou na produçãoroleta grátispetróleoroleta grátisprincipal formaroleta grátisfinanciamento.
No entanto,roleta grátismeados da décadaroleta grátis1980, começou um processoroleta grátisindependência no sul do país, concluídoroleta grátis2011, após um conflito acirrado, que culminou com a criação da República do Sudão do Sul.
Com isso, o Sudão perdeu dois terços do dinheiro proveniente das exportaçõesroleta grátispetróleo.
A diminuição dos recursos intensificou as tensões internas entre diversas etnias, milícias e grupos armados que convivem no país.
Em 2012, foi revelado que uma área chamada Jebel Amir, no norte do país, poderia conter reservasroleta grátisouro suficientes para aliviar a difícil situação econômica do país.
"Isso foi claramente visto como uma dádivaroleta grátisDeus, considerando o que eles haviam perdido com o Sudão do Sul", explica à BBC Alexroleta grátisWaal, analista especialistaroleta grátisSudão da Universidade Tufts, nos EUA.
"Mas logo se tornou uma maldição porque o que fez foi intensificar a luta pelo controle do território entre vários grupos e deu origem a uma febre do ouro descontrolada", acrescenta.
De acordo com registros locais e o próprio De Waal, dezenasroleta grátismilharesroleta grátisjovens foram para aquela região do país para tentar a sorteroleta grátisminas rasas com equipamentos rudimentares.
Alguns encontraram ouro e ficaram ricos, outros foram soterradosroleta grátisdesmoronamentos ou ficaram doentesroleta grátisdecorrência do envenenamento por mercúrio e arsênio usados para processar as pepitas do metal.
Em 2021, 31 pessoas morreram após o colapsoroleta grátisuma minaroleta grátisouro abandonada na provínciaroleta grátisKordofan Ocidental. E, recentemente, no dia 31roleta grátismarço, outras 14 pessoas morreram quando outra mina desabou no norte do país.
Segundo a Universidaderoleta grátisCiência e Tecnologia do Sudão,roleta grátisanálises realizadasroleta grátisbacias hidrográficas próximas a áreasroleta grátismineraçãoroleta grátis2020, foram encontrados níveisroleta grátisconcentraçãoroleta grátismercúrioroleta grátis2004 partes por milhão (ppm) eroleta grátisarsênioroleta grátis14,23 ppm.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), os níveis permitidos sãoroleta grátis1 ppm para mercúrio e 10 ppm para arsênio na água.
"O usoroleta grátiscianeto e mercúrio definitivamente levará a um desastre ambiental no país", afirmou El Jeili Hamouda Saleh, professorroleta grátisdireito ambiental da Universidade Bahri,roleta grátisCartum, a uma rádio local.
"Há maisroleta grátis40 mil locaisroleta grátisextraçãoroleta grátisouro no país. Cercaroleta grátis60 empresasroleta grátisprocessamentoroleta grátisouro operamroleta grátis13 estados do país, 15 delasroleta grátisKordofan do Sul. Isso não vai acabar bem, porque elas não cumprem os requisitos ambientais", observou.
Mas não foi a única coisa que aconteceu. Um líder tribal conhecido como Musa Halil, leal a Al Bashir, assumiu o controle do território após uma limpeza étnica que custou a vidaroleta grátismaisroleta grátis800 pessoas que residiam na área.
Halil começou a explorar o ouro e vendê-lo, não apenas para o governoroleta grátisCartum, mas também para outros compradores.
No entanto,roleta grátis2017 — depois que Halil, acusadoroleta grátiscrimes contra a humanidade, foi entregue às autoridades internacionais —, Hemedti, líder da RSF e que havia se armado para defender Al Bashirroleta grátisqualquer ameaça militar, assumiu o controle da exploração das minas.
Naquela época, as receitas da vendaroleta grátisouro representavam cercaroleta grátis40% das exportações do país. Literalmente, uma minaroleta grátisouro.
"Esse ouro fezroleta grátisHemedti o principal comerciante do metal no país e, com isso, ele também obteve o controle da fronteira com o Chade e a Líbia", diz De Waal.
Um caminho para a democracia
O fato é que, após a quedaroleta grátisOmar al Bashirroleta grátis2019 devido a um golperoleta grátisEstado dos militares, o país ficou nas mãos dos dois homens que controlavam os grupos armados: Hemedti e Al Burhan.
"Graças, entre outros fatores, ao controle da produçãoroleta grátisouro, com 70 mil homens e maisroleta grátis10 mil caminhonetes armadas, a RSF se tornou a infantariaroleta grátisfato do Sudão, a única força capazroleta grátiscontrolar as ruas da capital, Cartum, e outras cidades", conta De Waal.
Em 2021, os dois líderes se comprometeram —roleta grátisuma tímida aliança — a iniciar um processo que culminariaroleta grátisum governo civil e democrático para o Sudão.
"Nessa aliança, ratificadaroleta grátisdezembro passado, ficou claro que a produçãoroleta grátisouro seria entregue ao governo civil eleito. Mas, evidentemente, o poder crescenteroleta grátisHemedti fez com que as pessoas ao redorroleta grátisAl Burhan pedissem para controlar as ações da RSF", explica Woldemichael.
Ele esclarece, no entanto, que há muitas forças que também querem participar do controle do ouro no norte do Sudão.
"Por essa razão, o exército controlado por Al Burham tentou usar as negociações da reforma do setorroleta grátissegurança [como parteroleta grátisnegociações mais amplas para a transição política] para controlar a RSF, sob condições que Hemedti não aceitaria", explica.
Esse foi um dos vários fatores responsáveis pela escalada da tensão até os violentos confrontos do fimroleta grátissemana. Mas ainda há outros fatores que podem acabar desestabilizando o país.
"À medida que os combates na Líbia se acalmam, espera-se que muito mais combatentesroleta grátisDarfur que estavam lutando lá acabem regressando, o que aumentará a luta pelos recursos, incluindo as minasroleta grátisouro", acrescenta.
Para os analistas, a verdade é que a paz vai depender sobretudo dos efeitos da condenação internacional ao uso da violência no país.
"Não é certo que nenhum dos grupos obtenha vitória total, então, à medida que infelizmente aumentem as baixasroleta grátisambos os lados e, portanto, aumente a condenação interna e internacional, acho que eles vão decidir negociar", conclui.