As lições dos casosbetano aposta bbbDaniel Alves e Robinho sobre machismo no futebol:betano aposta bbb
Daniel Alves também foi condenado por um estupro e ficou 14 meses preso na Espanha. Ele foi solto na segunda (25/3), após pagar uma fiançabetano aposta bbb1 milhãobetano aposta bbbeuros (cercabetano aposta bbbR$ 5,45 milhões), e aguardabetano aposta bbbliberdade o julgamento dos recursos.
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Fim do Matérias recomendadas
A justiça determinou que ele não pode se aproximar da vítima e reteve seus passaportes — ele tem nacionalidades brasileira e espanhola —, proibindo-obetano aposta bbbdeixar a Espanha. Ele também terábetano aposta bbbse apresentar uma vez por semana ao tribunal.
Mas o que tudo isso diz sobre machismo no futebol?
A responsabilização pelos crimes é algo que depende da Justiça. Mas, no casobetano aposta bbbRobinho, ela vembetano aposta bbbum momentobetano aposta bbbque há algo novo no esporte: uma cobrança por um posicionamentobetano aposta bbbclubes, entidades e personalidades esportivas, diz Renata Mendonça, comentaristabetano aposta bbbfutebol do canal SporTV e cofundadora do site Dibradoras.
"O que aconteceu por muito tempo é que, por ser um ambiente quase exclusivamente masculino, e os homens não querem constranger uns aos outros, ninguém pedia a opinião das pessoas do futebol", diz Mendonça. "E quando pediam, eles respondiam 'ah, tem que ver' ou 'é uma questão da Justiça'."
"Isso é óbvio. Não cabe a mim ou a eles julgar o Robinho - ele foi julgadobetano aposta bbb3 instâncias na Itália. Não é nosso papel analisar provas. Mas não se pode ignorar que jogadoresbetano aposta bbbrenome estão reproduzindo uma culturabetano aposta bbbviolência contra a mulher", diz a comentarista.
"O posicionamento que queremos não é se eles acham que a pessoa é culpada ou não, não é nem sobre um crime específico, mas sobre uma cultura que diminui e normaliza violência contra a mulher."
O que se cobra, afirma ela, é que os clubes, entidades e personalidades "demonstrem empatia e entendam que é papelbetano aposta bbbtodos combater essa cultura que normaliza o estupro".
Mais pressão
Inicialmente, a única dirigente que havia comentado os casosbetano aposta bbbRobinho e Daniel Alves havia sido Leila Pereira, presidente do Palmeiras e chefe da delegação da seleção brasileira.
Primeira mulher a ocupar o cargo, ela deu fortes declarações à imprensa e cobrou uma punição severabetano aposta bbbcrimes contra as mulheres.
"A pessoa tem que pagar, mas não financeiramente. Condenado tem que ir para a cadeia", afirmou.
Seu posicionamento foi importante para aumentar a pressão sobre outros dirigentes e personalidade, diz a escritora e analista esportiva Milly Lacombe.
Após a falabetano aposta bbbLeila, o técnico da seleção, Dorival Junior, e o capitão do time, Danilo, comentaram os casos.
A pressão por posicionamento também levou a CBF a emitir uma nota sobre os casos na sexta (22), se solidarizando com as vítimas e listando ações da entidade para combater machismo, racismo e homofobia.
"Em um ambientebetano aposta bbbque o machismo impera, nós, homens, precisamos estar na linhabetano aposta bbbfrente para combater não apenas a violência sexual, mas todo tipobetano aposta bbbviolência", diz a nota, assinada pelo presidente Ednaldo Rodrigues.
A própria CBF teve que lidar com um escândalobetano aposta bbb2023, quando a ex-diretora Luísa Rosa acusou o então presidente Rogério Caboclobetano aposta bbbassédio moral, assédio sexual e discriminação.
Renata Mendonça diz que o casobetano aposta bbbRobinho é bastante representativo das mudanças nas posturas das personalidades do esporte, mas também na forma como a mídia e o público se comportam.
O atacante foi condenadobetano aposta bbbtrês instâncias - e cada uma delasbetano aposta bbbuma fase diferente do ambiente esportivo.
"Logo após a primeira condenação,betano aposta bbb2017, ele teve um jogo e simplesmente não foi questionado, ninguém falou absolutamente nada", lembra Mendonça.
A segunda condenação,betano aposta bbb2020, teve maisbetano aposta bbbrepercussão.
"A verdadeira viradabetano aposta bbbchave do caso foi após a publicação naquele ano do GloboEsporte.com das gravaçõesbetano aposta bbbconversasbetano aposta bbbRobinho autorizadas pela justiça italiana", lembra Renata.
Em uma das gravações, o jogador dizia: "Estou rindo, porque não estou nem aí, a mulher estava completamente bêbada, não sabe nem o que aconteceu".
Muito pressionado, o Santos acabou voltando atrás na contratação que havia feito do jogador, mas a CBF, por exemplo, não foi cobrada a se manifestar.
"Em 2022, quando ele foi condenadobetano aposta bbbúltima instância, e agorabetano aposta bbb2024, quando ele começa a cumprir a pena no Brasil, você percebe uma cobrança muito maior, uma mudançabetano aposta bbbpostura até da mídia", afirma Mendonça.
A grande resposta pública à solturabetano aposta bbbDaniel Alves para aguardar o julgamentobetano aposta bbbliberdade também é um sinal dessa mudança, dizem as analistas.
Atraso
As pessoas finalmente estão entendendo que o futebol não é algo à parte da sociedade, diz Leda Maria da Costa, professora da Universidade do Estado do Riobetano aposta bbbJaneiro (UERJ) e pesquisadora do Leme, o laboratóriobetano aposta bbbmídia esportes da universidade.
"Sempre houve no futebol uma tentativabetano aposta bbbdiferenciar,betano aposta bbbcriar uma barreira entre a atitude do jogador dentro e fora do campo", diz Costa, lembrando que essa postura é ainda mais fortebetano aposta bbbcasobetano aposta bbbídolos do esporte.
Isso gera uma cultura que é permissivabetano aposta bbbrelação aos ídolos cometerem crimes, afirma a pesquisadora, o que transformou o futebolbetano aposta bbbum "palanque para a legitimação da inferiorização da mulher".
"Mas o futebol não é algo à parte, se esse ídolo criou fama, dinheiro, fortunas, foi a partir do futebol. O Robinho estava na Itália (onde cometeu o crime) por causa do futebol", afirma.
Costa diz ainda que o futebol vai muito além dos talentos individuais.
"O futebol é um bem social, um patrimônio social, e ele precisa ter um diálogo com as demandas da sociedade", afirma Costa. "Ele precisa abraçar essa causa importante que é a luta contra a violência contra a mulher."
Segundo Costa, a reação à solturabetano aposta bbbDaniel Alves, a prisãobetano aposta bbbRobinho e a cobrançabetano aposta bbbuma postura dos dirigentes mostram que esse cenário está mudando - mas ainda a um ritmo muito lento.
Renata Mendonça concorda. "A sociedade já evoluiu no debate há mais tempo do que o futebol", diz ela.
A comentarista lembra que os clubes têm um papel muito forte - e portanto uma grande responsabilidade - na formação dos jogadores desde pequenos.
"Esse jogador vai pro clube com 13, 14, 15 anos, viverbetano aposta bbbum mundo só do clube, só do futebol, convivendo 100% do tempobetano aposta bbbum ambiente masculino e sem referências femininas", afirma.
"É muito difícil um garoto criar empatiabetano aposta bbbum cenáriobetano aposta bbbque o sucesso para um jogador são títulos, fama, carros e mulheres - como um troféu. Eles acham que se conquistarem títulos, podem pegar a mulher que quiserem, que ninguém vai dizer não para eles."
Para mudar esse cenário, os clubes precisam investir pesadobetano aposta bbbeducação, para formar não só jogadores, mas homens conscientes, diz Milly Lacombe.
"Por mais importante que seja, por mais que dê uma sensaçãobetano aposta bbbJustiça, a gente não vai mudar o mundo prendendo um estuprador por vez. Só a educação, a formação e conscientização das pessoas vai combater verdadeiramente o machismo", afirma.
A presençabetano aposta bbbmais dirigentes mulheres ebetano aposta bbbmais mulheres no mundo do futebol é essencial, diz Mendonça.
"Agora, se um jovem vê, como temos agora, uma mulher como chefe da delegação, ele vai pensar duas vezes, não vai se sentir tão confortável para reproduzir um comportamento machista. A cultura vai mudando."
Memória
Em fevereiro deste ano, a imagembetano aposta bbbDaniel Alves foi retirada do museu do Bahia, time no qual o lateral jogou entre os 15 e 19 anos.
Isso traz uma discussão importante sobre como lidar com a memória dos clubesbetano aposta bbbcasos como esses, afirma Leda Maria da Costa.
Segundo a pesquisadora, o caminho talvez não seja simplesmente apagar a memória do jogador, mas mencionar sem fazer homenagem e explicando tanto o papel no time quanto o crime cometido.
"É difícil desmistificar a imagem do Robinho para quem o viu dar aquele drible contra o Corinthians (em um jogo contrabetano aposta bbb2015). Muita gente foi levada a torcer para o Santos por causa do Robinho", diz ela.
"Mas chega um pontobetano aposta bbbque a atitude da pessoa não tem mais como se encaixar com o clube. Estuprar alguém grupalmente é algo extremamente grave, e isso tem que ser apontado quando se lembra do jogador."
Ela faz um paralelo com a derrubadabetano aposta bbbestátuasbetano aposta bbbpessoas que cometeram genocídios, que fizeram parte do processobetano aposta bbbescravização.
"Às vezes você pode derrubar a estátua, mas não necessariamente. Você pode manter, desde que faça esse indicativo, para que uma memória seja construídabetano aposta bbbforma educativa."
Milly Lacombe diz que os clubes precisam desses espaçosbetano aposta bbbmemória para que as pessoas se eduquem.
"Não sei se tirar a foto, como se a pessoa não tivesse existido... O Daniel Alves foi um jogador importante, um grande lateral, mas fora do campo cometeu esse crime e isso tem que ser dito. Até para educar sobre o problema da violência. Apagar totalmente a pessoa também pode ser uma formabetano aposta bbbfingir que a violência não existe", diz ela.