Como prisões da América Latina se tornaram centrosesporte mais apostascomando para as principais facçõesesporte mais apostastráficoesporte mais apostasdrogas:esporte mais apostas

“Esses presídios da região se tornaram motores da violência: você constrói um presídioesporte mais apostasum lugar e o índiceesporte mais apostascriminalidade naquela área aumenta”, acrescenta Fondevilaesporte mais apostasentrevista à BBC Mundo, o serviçoesporte mais apostasnotíciasesporte mais apostasespanhol da BBC.

“É um Estado paralelo dentro das prisões."

Brasil, um caso emblemático

O desafio prisional para os países latino-americanos cresceu à medida que celas superlotavam nas últimas décadas, sem políticas efetivas para acompanhar essa tendência e ressocializar os presos.

A população carcerária nas Américas, excluindo os Estados Unidos, mais do que dobrou desde 2000,esporte mais apostasacordo com o World Prison Brief, um relatório globalesporte mais apostasdados prisionais publicadoesporte mais apostas2021 pelo Institute for Crime and Justice Policy Research (ICPR, poresporte mais apostassiglaesporte mais apostasinglês).

Esse aumento no númeroesporte mais apostaspresos chegou a 200% na América do Sul, segundo o estudo, e a 77% na América Central.

No Brasil, onde a população carcerária multiplicou por 3,5 desde o início deste século, um grupo surgido na décadaesporte mais apostas1990 dentroesporte mais apostasum presídio paulista passou a ser considerado nas últimas décadas a maior organização criminosa do país e talvez da América do Sul: o Primeiro Comando da Capital (PCC).

Inicialmente concebido como um sindicatoesporte mais apostasproteção aos presos, com estatuto próprio, o PCC se fortaleceu dentro dos presídios até queesporte mais apostas2006 mostrouesporte mais apostascapacidadeesporte mais apostasatuar nas ruas. Na época, uma sérieesporte mais apostasataques violentos banharamesporte mais apostassangue e paralisaram a maior cidade da América Latina.

"O crime fortalece o crime" é um dos lemas do PCC.

O grupo se expandiu quando as autoridades enviaram seus líderes para prisõesesporte mais apostasoutros Estados brasileiros onde recrutou mais membros, até chegar a cercaesporte mais apostas30 mil integrantes dentro e fora das prisões, indicam estudos.

Sob a liderançaesporte mais apostasMarcos Herbas Camacho, conhecido como Marcola, preso desde 1999, o PCC expandiu suas operaçõesesporte mais apostastráficoesporte mais apostasdrogas controlando rotas internacionais do Paraguai, Bolívia e outros países da região.

Paralelamente, a facção ampliou seus ganhos com outros crimes, como assaltos a bancos e vendaesporte mais apostastelefones roubados.

Neste ano, um relatório da ONU citou relatosesporte mais apostasinfiltraçãoesporte mais apostasoperações ilegaisesporte mais apostasmineraçãoesporte mais apostasouro na Amazônia pelo PCC e Comando Vermelho, outra poderosa facção brasileira nascidaesporte mais apostasuma prisão do Rioesporte mais apostasJaneiro.

“Mesmo dentro da prisão, grupos como o PCC não interromperam completamenteesporte mais apostascomunicação com o que está acontecendo nas ruas. Quando falamosesporte mais apostaspresos com maior poder e centralidade na organização, com certeza eles têm a possibilidadeesporte mais apostasmanter a influência, os lucros e a organização do negócio”, diz Betina Barros, socióloga e pesquisadora do Fórum Brasileiroesporte mais apostasSegurança Pública, para a BBC Mundo.

Na prática, o PCC é um caso emblemático do que está acontecendo numa escala menoresporte mais apostasoutras partes da região.

“O efeito é paradoxal”

Em vezesporte mais apostascontrolar o interior da prisãoesporte mais apostasTocorón, no centro-norte da Venezuela, autoridades transferiram a responsabilidade para os próprios presos.

Assim, junto a uma boate, um cassino e um zoológico, outra transnacional latino-americana do crime, o Trenesporte mais apostasAragua, surgiuesporte mais apostas2014 nessa penitenciária venezuelana.

Alémesporte mais apostasnarcotráfico, a quadrilha, que conta com cercaesporte mais apostas3.000 membros, é acusadaesporte mais apostasuma ampla gamaesporte mais apostascrimes:esporte mais apostasextorsão e sequestro a tráficoesporte mais apostaspessoas e pistolagem —alémesporte mais apostasgarimpo ilegal como o PCC, com o qual estabeleceu laços segundo autoridades brasileiras.

Figura mais visível do Trenesporte mais apostasAragua, Héctor Rusthenford "Niño" Guerrero, "está protegido dentroesporte mais apostasTocorón e controla toda a operaçãoesporte mais apostaslá", disse Ronna Rísquez, jornalista venezuelana e autoraesporte mais apostasum livro sobre a quadrilha,esporte mais apostasentrevistaesporte mais apostasmaio.

A faltaesporte mais apostascontrole dos presídios superlotados também ficou evidente no Equador, onde o governo declarou na semana passada estadoesporte mais apostasemergência. O sistema prisional do país foi palcoesporte mais apostasuma sérieesporte mais apostasmassacres com maisesporte mais apostas450 mortos desde o anoesporte mais apostas2020.

Por trás da violência nas prisões equatorianas, os especialistas veem uma guerraesporte mais apostasgangues que também se espalhou pelas ruas, palcoesporte mais apostashomicídios, tiroteios e ataques enquanto o país se tornava um centro regionalesporte mais apostasdistribuiçãoesporte mais apostasdrogas.

“Eu diria que o Equador é um narcoestado governadoesporte mais apostasdentro das prisões pelo crime organizado”, disse Carla Álvarez, professora e pesquisadoraesporte mais apostassegurança.

Sem chegar a esses extremos, outros países da região viram crescer o desafio do narcotráfico atrás das grades.

Na Argentina, várias pessoas foram presas acusadasesporte mais apostastransportar quilosesporte mais apostascocaína sob o comandoesporte mais apostaslíderes presos do "Los Monos", uma quadrilha do narcotráfico da cidadeesporte mais apostasRosário. Recentemente, revelaram que um ex-pilotoesporte mais apostasaviação que já forneceu drogas ao grupo dirigia uma rede ativaesporte mais apostasdistribuiçãoesporte mais apostasentorpecentes e lavagemesporte mais apostasdinheiro a partir do presídioesporte mais apostasEzeiza.

No México, onde traficantes como Joaquín “El Chapo” Guzmán mantinham seus gigantescos negócios ilícitosesporte mais apostasprisõesesporte mais apostassegurança máxima, estima-se que milhõesesporte mais apostastelefonemasesporte mais apostasextorsão sejam feitos a partir das prisões todos os anos.

Alguns governantes latino-americanos admitiram abertamente que as facções dominam suas prisões.

“Iniciamos atividades para que as prisões deixemesporte mais apostasser escolas do crime e quebrem o ciclo com as facções”, disse José Manuel Zelaya, secretárioesporte mais apostasEstadoesporte mais apostasDefesa Nacionalesporte mais apostasHonduras, semanas atrás.

Alémesporte mais apostasplanejar a construçãoesporte mais apostasuma prisão para cercaesporte mais apostas2.000 líderesesporte mais apostasfacçõesesporte mais apostasum arquipélago caribenho, o governo hondurenho adotou medidas extremas para combater o crime, como toqueesporte mais apostasrecolher, estadoesporte mais apostasemergênciaesporte mais apostasgrande parte do país e a militarizaçãoesporte mais apostaspresídios superlotados após vários massacres .

Essa estratégiaesporte mais apostas"mão forte" parece ser cópia da usada pelo presidente salvadorenho Nayib Bukele para reduzir o enorme poder que as facções tinham dentro e fora das prisõesesporte mais apostasseu país, incluindo a inauguraçãoesporte mais apostasuma megaprisão para supostos membrosesporte mais apostasgangues neste ano.

Com a taxaesporte mais apostashomicídios despencandoesporte mais apostasEl Salvador, Bukele gozaesporte mais apostasgrande popularidadeesporte mais apostasnível doméstico e é considerado por alguns políticos da região um exemplo a ser seguido.

Mas alguns alertam que o país está pagando um preço muito alto para restaurar a segurança pública, com erosão das liberdades civis, abusos das forçasesporte mais apostassegurança e concentraçãoesporte mais apostaspoder no presidente.

Outros lembram que as apostas apenas para punir muitas vezes se tornam um bumerangue na América Latina.

“Em contextos com muitas vítimas, as pessoas querem uma mão forte. Dá para entender perfeitamente: elas querem sair na rua sem medo”, diz Fondevila.

“Mas a respostaesporte mais apostasprender todo mundo por qualquer coisa na região deu muito errado e o efeito é paradoxal: colocamos pessoas na prisão para ficar tranquilo e essas pessoas voltam para a sociedade com crimes cada vez mais graves e complexos”.