A polêmica militarização dos presídiosbwin ronaldoHonduras após massacrebwin ronaldodetentas:bwin ronaldo
"Nossa missão é derrotar o crime organizado que está nas prisões”, disse ele por meiobwin ronaldosua conta no Twitter.
Autoridades apreenderam armas, telefones via satélite, granadas e drogas, entre outras coisas, das celas dos presos. O plano é que as Forças Armadas tenham o controle dos presídios por um ano.
A ação militar ocorre dias depoisbwin ronaldo46 detentas terem sido queimadas e mortas a tirosbwin ronaldouma rebelião entre supostas integrantes das gangues rivais Barrio 18 e Mara Salvatrucha,bwin ronaldoum presídio pertobwin ronaldoTegucigalpa, capital hondurenha.
Castro descreveu o motim como um "assassinato monstruosobwin ronaldomulheres", demitiu o ministro da Segurança e nomeou um conselho prisional.
A intervenção ocorre também após um fimbwin ronaldosemana particularmente violento: só no sábado, 21 pessoas foram mortas.
Treze delas foram vítimasbwin ronaldoum massacre dentrobwin ronaldoum salãobwin ronaldobilhar no municípiobwin ronaldoCholoma, no norte do país.
Após esses episódios dramáticos, o presidente prometeu tomar "medidas severas".
Toquebwin ronaldorecolher
A violência é um dos desafios mais complexos para o governobwin ronaldoXiomara Castro.
Sob forte pressão dos cidadãos que exigem mais segurança, a presidente tenta controlar o crime organizado por meiobwin ronaldovárias medidas.
Além da intervenção militar nas prisões, seu governo decretou toquebwin ronaldorecolher no domingo, das 21h às 4h, para as cidadesbwin ronaldoCholoma e San Pedro Sula (uma das maiores do país), que foram fortemente afetadas pela violência.
Essa restrição foi imposta por 15 dias, período que pode ser prorrogado.
Grande parte do país encontra-se tambémbwin ronaldoestadobwin ronaldoemergência, medida que vigora desde 6bwin ronaldodezembro do ano passado e que foi prorrogada três vezes (a últimabwin ronaldo21bwin ronaldomaio, quando foi estendida por mais 45 dias ).
A presidente também realiza uma operação policial, chamada "Candado Vallebwin ronaldoSula", que visa controlar a violência no norte do país e recuperar áreas ocupadas por gangues.
A ofensiva inclui recompensas para quem facilitar a capturabwin ronaldoautores dos crimes.
Questionamentos
As medidas foram criticadas por algumas organizaçõesbwin ronaldodireitos humanos.
Em conversa com a BBC News Mundo, serviçobwin ronaldoespanhol da BBC, Evelyn Escoto, comissária do Centro Nacional para a Prevenção da Tortura, Tratamento Cruel, Desumano ou Degradantebwin ronaldoHonduras, afirmou que a militarização das prisões é uma "regressão do pontobwin ronaldovista dos direitos humanos".
"Preocupa-nos porque não somos um país insular, temos muitas obrigações e compromissosbwin ronaldomatériabwin ronaldodireitos internacionais e somos obrigados a garantir esses direitos nas prisões" afirmou.
Cesar Muñoz, diretor adjunto para as Américas da Human Rights Watch, concorda que a medida é um retrocesso.
"É fundamental reduzir a superlotação, já que os guardas não conseguem controlar os presídios superlotados, bem como reduzir o uso da prisão preventiva, quebwin ronaldoHonduras cobre quase a metade da população carcerária, e garantir condições dignas e oportunidadesbwin ronaldoemprego e educação para os internos", disse Muñoz.
Porbwin ronaldovez, a diretora da Anistia Internacional para as Américas, Erika Guevara, destacou que o governo Castro, "em plena demonstraçãobwin ronaldopopulismo punitivobwin ronaldoBukele", estava replicando "políticasbwin ronaldosegurança fracassadas que só aprofundam um contextobwin ronaldocrisebwin ronaldodireitos humanos".
"O falso dilema entre segurança e direitos tem cobrado muitobwin ronaldonós na região", acrescentou embwin ronaldoconta no Twitter.
No entanto, Carlos Javier Estrada, subsecretáriobwin ronaldoimprensa do gabinete presidencial hondurenho, disse à BBC que é uma "intervenção curta, com respeito aos padrões internacionais" para evitar o riscobwin ronaldoviolações dos direitos humanos.
"Assumir o controle dos centros (onde os criminosos operam) não necessariamente leva à tortura ou manipulação imprópria (dos internos)", disse Estrada.
Em relação ao toquebwin ronaldorecolher e ao estadobwin ronaldoexceção, Evelyn Escoto acredita que as medidas não estão resolvendo a "questãobwin ronaldofundo".
"Isso deve ser resolvido com políticas. Temos problemas com narcotráfico, extorsão, quadrilhas... e cada crime tem suas articulações e deve ser atacadobwin ronaldouma forma diferente", afirmou.
O comissário alertou quebwin ronaldoalgumas áreas as prisões estão sendo feitas "por mera suspeita".
"Existe uma estigmatizaçãobwin ronaldorelação às pessoas", disse ele.
No entanto,bwin ronaldoacordo com as autoridades hondurenhas, o estadobwin ronaldoemergência permitiu identificar e capturar membrosbwin ronaldogangues que lucram com outros crimes, como tráficobwin ronaldoarmas e drogas, roubobwin ronaldoveículos, feminicídios e lavagembwin ronaldodinheiro.
'Efeito Bukele'
Tudo acontece no contexto da guerra contra as gangues conduzida pelo presidentebwin ronaldoEl Salvador, Nayib Bukele, cujo país faz fronteira com Honduras.
Historicamente, El Salvador e Honduras já tiveram algumas das taxasbwin ronaldohomicídio mais altas do mundo. Seus habitantes sofreram anosbwin ronaldoinsegurança.
El Salvador estábwin ronaldoum regimebwin ronaldoemergência há maisbwin ronaldoum ano, que é questionado por organizaçõesbwin ronaldodireitos humanos, mas aplaudido pela maioria dos salvadorenhos por reduzir a criminalidade e os homicídios, segundo dados do governo.
A popularidadebwin ronaldoBukele também atinge amplos setores hondurenhos que veem com bons olhos como o presidente vizinho está conduzindo a guerra contra as gangues.
"Bukele é muito valorizado na sociedade hondurenha e há amplos setores da população que clamam por uma liderança como abwin ronaldoBukele no país. Que pôs ordem, que se impôs, que os criminosos o temem", disse à BBC Eugenio Sosa, sociólogo do Instituto Nacionalbwin ronaldoEstatísticabwin ronaldoHonduras.
Para Sosa, a intervenção militar nas prisões (e a posterior distribuição das imagens pelo governo) faz parte do "efeito Bukele" na região.
"O que está sendo feitobwin ronaldoEl Salvador pressiona os governantes hondurenhos que, vendo que algumas coisas estão funcionando no país vizinho, têm motivação para desenvolver aspectos semelhantes ao modelobwin ronaldoBukele", diz o sociólogo.
No entanto, o porta-voz do governo, Carlos Javier Estrada, descartou que a políticabwin ronaldoCastro "copie literalmente" a estratégiabwin ronaldoBukele.
"Não podemos nos comparar diretamente com o país vizinho", disse.
"Simplesmente adotamos alguns elementos, mas queremos que esta intervenção não seja a norma, mas uma exceção", acrescentou.
Embora Bukele tenha reduzido drasticamente a criminalidade, diminuindo o númerobwin ronaldohomicídios, ele foi criticado pela ausênciabwin ronaldoum plano para o futuro, alémbwin ronaldomedidas emergenciais.
Assim, analistas ouvidos pela BBC garantem que o grande desafiobwin ronaldoHonduras é atacar o crime pela raiz.
Para tanto, medidas como o toquebwin ronaldorecolher ou o estadobwin ronaldoexceção só funcionarão se forem implementadas juntamente com políticas mais profundas, como o combate à corrupção, a redução da desigualdade e da pobreza e a recomposição das instituições.