A épica história do mapa que deu nome à América:vaidebet app
O mapa, impressovaidebet app1507, mede cercavaidebet app1,4 m por 2,4 m - tamanho que corresponde à grande ambiçãovaidebet appretratar o mundo emvaidebet apptotalidade.
Durante séculos, os europeus acreditavam que o mundo era formado por três massasvaidebet appterra: Ásia, África e Europa, com Jerusalém no centro.
É por isso que o navegador e explorador italiano Cristóvão Colombo, que liderou a primeira expedição espanhola que chegou à Américavaidebet app1492, foi para o leitovaidebet appmorte,vaidebet app1506, acreditando que havia desembarcadovaidebet appoutra parte da Ásia, e não na América.
O mapa inédito representou pela primeira vez o mundo divididovaidebet appquatro partes. À esquerda da Europa, mostrava uma versão longa e fina da América do Sul, com uma pequena América do Norte acima dela. O novo continente era cercado por água e, na parte que hoje é conhecida como o Brasil, os cartógrafos colocaram um nome: América.
Esse marco na cartografia é conhecido como o mapa Waldseemüller,vaidebet apphomenagem ao humanista alemão que o desenhou. Mas Martin Waldseemüller era apenas um dos integrantesvaidebet appum grupovaidebet appacadêmicos que Walter Lud, cânone da igrejavaidebet appSaint-Dié-des-Vosges, reuniu na cidade.
Lud estava particularmente interessadovaidebet appcosmografia - o estudo da Terra e seu lugar no Universo - e queria criar uma imagem do mundo que combinasse o conhecimento antigo com os novos relatórios que chegavam das expedições marítimas realizadas na época.
Para isso, conseguiu financiamentovaidebet appRené 2º, duquevaidebet appLorraine, para adquirir uma impressora chamada Gymnasium Vosagense e montar uma equipe, que incluía Waldseemüller e outro humanista alemão, Matthias Ringmann.
De acordo com Toby Lester, autorvaidebet appThe Fourth Part of the World: The Race to the Ends of the Earth, and the Epic Story of the Map that Gave America its Name (em tradução literal, A quarta parte do mundo: a corrida ao fim do mundo e a épica história do mapa que deu nome à América), Ringmann tomou a iniciativavaidebet appescrever o livro que foi impresso junto com o mapa - e muito provavelmente cunhou o nome América.
O fatovaidebet appdois alemães se reuniremvaidebet appSaint-Dié-des-Vosges para desenvolver o projeto não tem a ver apenas com a questão financeira. A localização da cidade também colaborou para isso.
"Havia exploradores partindo da costa do Atlântico da Espanha evaidebet appPortugal, que levavam todas as informaçõesvaidebet appvolta para lá, e os italianos que estavam financiando e participando dessas expedições, revirando muitas informações, e os alemães no meio, fazendo um trabalho forte e pioneiro com a impressão", explica Toby Lester.
Saint-Dié-des-Vosges, pertovaidebet appEstrasburgo, Basileia e Freiburg, era, assim como outros locais que fabricavam impressoras, um pontovaidebet appconvergência onde a informação conseguia transitar facilmente.
Hoje, apenas alguns indícios rementem à história medieval da cidade francesa, que foi reconstruída após a Segunda Guerra Mundial.
Há um esboço do continente americano desenhadovaidebet apparenito rosa na calçada da catedral, uma gárgulavaidebet appum indígena pode ser vistavaidebet appseu monastério e todos os anos a cidade organiza um festival internacionalvaidebet appgeografia, onde especialistas e entusiastas se reúnem para trocar ideias.
Talvez seja por isso que a maioria dos turistas que visita a cidade não sabe sobre seu passadovaidebet appcartografia, ou que é possível conferir alguns mapas remanescentes marcando um horário na moderna e iluminada biblioteca local.
A reportagem da BBC foi uma das poucas visitantesvaidebet appSaint-Dié-des-Vosges a percorrer as escadarias da biblioteca, passando pelas coloridas pinturas infantis que decoravam as paredes da Salle du Trésor ("Sala do Tesouro",vaidebet apptradução livre).
No ano passado, apenas 664 pessoas estiveram ali, sendo que 18 mil passaram pelo escritóriovaidebet appturismo.
É uma sala pequena e estreita, com prateleirasvaidebet appmadeira que contrastam com o estilo contemporâneo da biblioteca. Entre outros livros antigos e raros expostos, está a versão original do livro que foi impresso junto com o mapavaidebet appWaldseemüllervaidebet app1507: Cosmographiae Introductio (Introducao à Cosmografia,vaidebet apptradução livre).
A publicação, escrita inteiramentevaidebet applatim, declara claramente seu propósito: uma "introdução ao mundo que retratamosvaidebet appum globo evaidebet appuma superfície plana".
A "superfície plana" se refere ao mapavaidebet appWaldseemüller, que foi impressovaidebet app12 folhas separadasvaidebet apppapel para ser montadovaidebet appuma superfície plana.
Já o "globo" é uma versão menor do mapa que foi projetada para ser recortada e coladavaidebet appuma esfera - tornando-se o primeiro globo comercialmente impresso da história. E mostra, ao contrário da crença popular, que os europeus medievais sabiam perfeitamente que o mundo era redondo, e não plano.
O texto também explica a razão por trás do nome escolhido para o continente, que afirma ter sido descoberto pelo explorador italiano Américo Vespúcio.
Como os outros nomesvaidebet appcontinentes eram femininosvaidebet applatim - Europa, África, Ásia - o autor argumentou que o nome do novo território deveria seguir a mesma premissa - ou seja, "a América,vaidebet apphomenagem a seu descobridor".
Essas palavras foram motivovaidebet appdiscórdia nos séculos seguintes. O frade espanhol Bartolomévaidebet appla Casas disse, na primeira metade do século 16, que foi uma "injúria e injustiça" a Colombo, cujas viagens à América antecederam asvaidebet appVespúcio.
O escritor americano Washington Irving escreveuvaidebet app1809 sobre os "astutos artifícios" usados pelos florentinos para roubar a glóriavaidebet appColombo, que era naturalvaidebet appGênova.
Embora as quatro viagensvaidebet appColombo pelo Oceano Atlântico tenham começadovaidebet app1492, entretanto, quando finalmente encontrou as ilhas do Caribe ele só teria tocadovaidebet appsolo continentalvaidebet app1498, durantevaidebet appterceira viagem.
De acordo com uma carta escrita por Vespúcio ao duque Renè, datadavaidebet app1504, ele chegou ao continente um ano antesvaidebet appColombo. Na carta, reproduzida na Introdução à Cosmografia, o explorador descreve suas quatro viagens -vaidebet app1497 a 1504.
Alguns historiadores colocaramvaidebet appxeque a autenticidade do documento, mas Waldseemüller e Ringmann decidiram levá-lovaidebet appconsideração - e se basearamvaidebet appseu conteúdo para nomear o novo continente.
O nome do continente não foi a única polêmicavaidebet apptorno do mapa. Questionaram ainda o fatovaidebet appele aparecer cercado por água.
Como os cartógrafos que estavamvaidebet appSaint-Dié-des-Vosges sabiam,vaidebet app1507, que havia água do outro lado da terra que Colombo e Vespúcio haviam encontrado?
De acordo com os registros históricos, o primeiro europeu a ver o Oceano Pacífico foi o explorador espanhol Vasco Núñezvaidebet appBalboa, que o avistou do topovaidebet appuma montanha no Panamá, seis anos depois,vaidebet app1513.
Foi mera adivinhação ou os cartógrafos tiveram acesso a informaçõesvaidebet apppossíveis viagens portuguesas para o outro lado do continente, mantidasvaidebet appsegredo porque atravessaram as águas espanholas? Nessa época, a parte sul do continente já havia sido dividida entre as duas nações ibéricas - o Tratadovaidebet appTordesilhas évaidebet app1494.
Outro mistério dizia respeito à própria existência do mapavaidebet appWaldseemüller. Embora mil cópias tenham sido impressasvaidebet app1507, todas logo desapareceram.
Ao contrário do livro, que foi preservadovaidebet appbibliotecas, os mapas foram destinados a instituiçõesvaidebet appensino e não duraram tanto tempo.
Especialistas passaram séculos procurando e tentando reconstruir o mapavaidebet appWaldseemüller com base nas descrições da Introdução à Cosmografia.
Finalmente, um exemplar remanescente foi descobertovaidebet app1901 pelo padre Joseph Fischer, professorvaidebet apphistória e geografia, no Castelovaidebet appWolfegg, na Alemanha. O mapa, também conhecido como "certidãovaidebet appnascimento da América", foi compradovaidebet app2003 pela Biblioteca do Congresso dos EUA por US$ 10 milhões.
Mas o valor do mapavaidebet appWaldseemüller vai além da representação e nomeação da América.
"O mapa é como um verbete da Wikipedia, que reuniu e editou informaçõesvaidebet apppessoas diferentes. Sim, é um mapa geográfico, mas não é apenas sobre espaço, é sobre tempo", diz Lester.
Essa ideia é representada pelas duas imagens no topo do mapa: uma do geógrafo grego Ptolomeu, que representava a velha maneiravaidebet appver o mundo e todo um arcabouço antigovaidebet appconhecimento, e a outravaidebet appVespúcio, que simbolizava uma nova perspectivavaidebet appolhar o mundo, alimentada pelos aprendizados e descobertas modernos.
A justaposição dessas duas eras diferentes pode ser observada na própria cartografia - por exemplo, o modo como a Europa é descrita não é tecnicamente preciso - não porque Waldseemüller não tivesse uma ideia mais refinada da geografia da Europa, mas porque, como escreve Lester, ele decidiu "descrever o mundo conhecido exatamente como Ptolomeu mapeou maisvaidebet appmil anos antes."
Além disso, mostrar dois homens no topo do mapa,vaidebet appvezvaidebet appDeus, como era comum, também transmitia uma mensagem poderosa:
"Anteriormente, era apenas Deus quem podia olharvaidebet appcima para o mundo, mas agora podemos mostrar tudovaidebet appuma vez. E isso leva à ideiavaidebet appimpério, porque se podemos mapear e possuir o mundo inteiro, podemos presidir o mundo inteiro", diz Lester.
Em última análise, o mapavaidebet appWaldseemüller nos faz lembrar que todos os mapas são políticos. Ao colocar o norte no topo do mapa, enquanto pela convenção anterior o leste ficava no topo, e posicionar a Europa no meio, o mapa se torna literalmente eurocêntrico.
A decisão dos cartógrafosvaidebet appnomear um continente habitado, depois que um europeu pisouvaidebet appsuas terras, privilegia a perspectiva europeia, o que reflete a atitude e ambição da época.
É uma perspectiva que indica a maneira pela qual os europeus continuariam a tomar possevaidebet appterras, recursos e pessoas, dizimando culturas e matando milhões.
Como Lester resumevaidebet appseu livro, "é uma certidãovaidebet appnascimento para o mundo que surgiuvaidebet app1492 - e uma sentençavaidebet appmorte para os que estavam lá antes."
- vaidebet app Leia a versão original vaidebet app desta reportagem (em inglês) no site BBC Travel vaidebet app .