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Como um país dividido se uniu10 rodada gratistorno10 rodada gratisuma sopa:10 rodada gratis
"Foi aqui que a Suíça encontrou seu meio-termo. Uma forma10 rodada gratisse concentrar naquilo que tínhamos10 rodada gratiscomum,10 rodada gratisvez10 rodada gratisfocar as nossas diferenças. Parece algo excepcional, mas fizemos isso com um prato10 rodada gratissopa."
O prato10 rodada gratisquestão é o milchsuppe, ou sopa10 rodada gratisleite. Servido há séculos na adega mal iluminada da Abadia10 rodada gratisKappel - primeiro por monges, agora por chefs profissionais, como parte do ressurgimento do convento como um retiro espiritual -, o caldo amarelo-mostarda é sem dúvida uma das iguarias culinárias mais emblemáticas da Suíça. Mas, embora possa ser difícil encontrá-la nos cardápios10 rodada gratismuitos dos restaurantes locais, ele continua enraizado na psique da nação. Tanto quanto o fondue e a raclette ou o bircher muesli (uma mistura10 rodada gratiscereais com frutas), a milchsuppe é a Suíça10 rodada gratisuma tigela.
Simples, mas deliciosa, a sopa era tradicionalmente feita com apenas dois ingredientes: leite e pão. Hoje, leva também sbrinz, um saboroso queijo parmesão, e depois é decorada com um raminho10 rodada gratissalsa.
Antes um prato do dia a dia dos camponeses, a receita foi sendo passada adiante pela História, com10 rodada gratisessência repleta10 rodada gratissignificado - dos ingredientes fornecidos primeiramente pelos cantões10 rodada gratisguerra ao pão que flutua em10 rodada gratissuperfície - e moldada ao longo dos anos para que o sabor possa ser sentido a cada colherada.
Além do sabor, a história por trás da receita também é deliciosa.
Ninguém10 rodada gratisKappel am Albis consegue lembrar exatamente como a sopa surgiu - ou os verdadeiros ingredientes usados quando ela foi feita pela primeira vez no campo perto do mosteiro. Mas há uma história que todos contam: o caldo foi criado por acidente10 rodada gratisjunho10 rodada gratis1529, quando dois exércitos famintos se encontraram10 rodada gratisum campo10 rodada gratisbatalha no que hoje é conhecido como Milchsuppestein, ou "pastagem da sopa10 rodada gratisleite".
E desde então a sopa desempenhou um papel importante na história da Suíça, tornando-se um símbolo moderno10 rodada gratisdiplomacia e reconciliação.
Unindo inimigos
Durante a Reforma Protestante na Suíça, no início do século 16, a Milchsuppestein marcou a fronteira turbulenta entre os territórios10 rodada gratisprotestantes e católicos.
Ao norte ficava o cantão10 rodada gratisZurique, que defendia protestantes, liderado por Ulrich Zwingli, reformador como o alemão Martinho Lutero, que também difundia a Reforma. Ao sul ficavam Zug e os cantões católicos aliados da Antiga Confederação Suíça, que acreditavam que a região deveria permanecer alinhada com o Vaticano e com Roma.
Havia uma grande divisão no país e, com ela, muita desconfiança. No verão10 rodada gratis1529, a diplomacia entre os dois cantões havia fracassado e soldados10 rodada gratisZurique com armaduras e piques (uma arma medieval que lembra um machado) marcharam ao sul para a guerra.
"As negociações continuaram, mas, para espanto10 rodada gratistodos, a infantaria intermediou10 rodada gratisprópria trégua10 rodada gratisuma panela enquanto estava no campo10 rodada gratisbatalha", conta Wey-Korthals, observando o local onde a primeira batalha entre os cantões do país deveria ter provocado derramamento10 rodada gratissangue.
"Naturalmente, eles estavam com fome depois10 rodada gratistanto marchar, e Zurique tinha bastante pão e sal, enquanto Zug tinha um excedente10 rodada gratisleite10 rodada gratissuas fazendas. Daí nasceu a lenda da sopa", fala.
Nada poderia ser tão simples assim, é claro. As tensões permaneceram, levando à Segunda guerra10 rodada gratisKappel dois anos depois, quando os lados adversários mais uma vez tomaram o campo10 rodada gratisbatalha. Mas a mitologia da sopa já estava construída e provou desde então ser uma catalisadora da diplomacia suíça.
"Hoje10 rodada gratisdia, quando políticos ou vereadores têm divergências, esse prato ainda é servido", fala a pastora, enquanto me conduz a um memorial10 rodada gratispedra que marca o local. "A receita até mesmo foi reivindicada pelo partido político10 rodada gratisdireita SVP, que a usa como um símbolo da Suíça que eles defendem. Todos os países aprimoram um pouco10 rodada gratishistória, e fizemos o mesmo - transformamos a sopa10 rodada gratisum ícone nacional."
Para descobrir um pouco mais sobre a sopa, a BBC foi até Zurique, no norte da Suíça, para ver até onde a história da milchsuppe iria.
Nomes como o10 rodada gratisUlrich Zwingli estão ligados à história da cidade e podem ser vistos10 rodada gratisZwingliplatz na Grossmünster, a igreja protestante10 rodada gratisduas torres onde ele trabalhou até10 rodada gratismorte,10 rodada gratis1531. Ali,10 rodada gratis1519, ele se tornaria pastor - e, depois, um dos principais nomes da reforma protestante suíça.
Mas, para quem não se interessa pelas disputas religiosas da Europa, o espírito10 rodada gratisrenascimento10 rodada gratisZurique é suficiente para cativar os visitantes. E o que mais me atraiu ali não foi a Grossmünster ou10 rodada gratisigreja irmã, a Fraumünster, mas algo escondido no interior do templo das artes da cidade, a Kunsthaus.
Grande parte da história10 rodada gratisZurique é exibida10 rodada gratistela nas galerias do museu - e é ali também que a história da milchsuppe é retratada.
"Siga-me", diz o curador Tobias Haupt, enquanto passa por uma série10 rodada gratisportas com códigos que vão do átrio público por um corredor cheio10 rodada gratiscaixas empacotadas para o departamento10 rodada gratisrestauração. "Por meio século essa obra nunca foi emprestada, mas amanhã ela está a caminho do Museu Nacional Suíço para uma exposição. Você está com sorte."
Algumas lâmpadas no teto foram suficientes para iluminar o motivo da minha jornada até ali: o tesouro nacional do pintor suíço Albert Anker, Die Kappeler Milchsuppe (A Sopa10 rodada gratisLeite10 rodada gratisKappel),10 rodada gratis1869.
De perto, o quadro mostra um pedaço10 rodada gratiscampo transformado10 rodada gratisuma cozinha onde vários camponeses trocam suas armas pesadas por pedaços10 rodada gratispão e colheres10 rodada gratispau para tomar a sopa servida10 rodada gratisuma grande panela compartilhada entre a divisória10 rodada gratisinimigos. "Esta é uma obra10 rodada gratisarte tão importante para a Suíça, mas também para mim", diz Haupt, refletindo sobre a pintura mais famosa10 rodada gratisAnker.
"Acredite ou não, mas eu me casei na Abadia10 rodada gratisKappel, com minha família vindo da Alemanha e minha mulher, da Índia. Nenhum10 rodada gratisnós sabia dessa história, mas acabamos comendo a sopa no dia do nosso casamento. Foi tão mágico, e é por isso que eu só a comerei uma vez."
Como uma janela para o passado, tanto o Die Kappeler Milchsuppe quanto o milchsuppestein relembram feridas retratadas que marcam a História do país. Mas como Zurique comemora10 rodada gratis2019 os 500 anos10 rodada gratissua Reforma Protestante, ainda considerado um dos eventos mais influentes da história do país, os suíços fariam bem10 rodada gratisparar e se dar conta do quão longe eles chegaram. Por mais arbitrário que seja esse marco, ele continua sendo uma parte indissociável da História da Suíça. Assim como a sopa.
10 rodada gratis Leia a versão original desta reportagem (em inglês 10 rodada gratis ) no site BBC Travel
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