A iguaria portuguesa que salvou a vidabullsbet whatsappjudeus durante a Inquisição:bullsbet whatsapp
Do marzipan e confeitos com águabullsbet whatsapprosa a sopas, cozidos e salsichas, as duas culturas deixaram suas marcas gastronômicas no que se tornaria Lisboa.
"Temos salsicha moura, pratos mouros com peixes e até caldos mouros, como um pratobullsbet whatsappfrutos do mar chamado cataplana", observa Scheffer.
"Mas esses pratos obedeciam às leis religiosas islâmica e judaica, sem ingredientes hoje usados, como crustáceos e porco."
No século 12, quando os cruzados cristãos passaram pela primeira vez por Lisboa, assassinando e violentando muçulmanos, judeus e mesmo irmãosbullsbet whatsappfé, a cidade já tinhabullsbet whatsappcultura culinária: elementos cristãos, como a carnebullsbet whatsappporco, misturaram-se à palhetabullsbet whatsappsabores.
Mais tarde, com as navegações, ingredientes como tomates e pimentas deixariambullsbet whatsappmarca. Historiadores com Scheffer dizem que é difícil separar o que hoje é identificado como comida portuguesabullsbet whatsappsuas raízes árabes e judaicas.
Mesmo depois da expulsão dos mouros pelas Cruzadas, Portugal seguiu como um lugar relativamente tolerante. Mas depois que os reis Ferdinandobullsbet whatsappAragão e Isabelbullsbet whatsappCastilha - sim, o mesmo casal real que financiou a expediçãobullsbet whatsappCristóvão Colombo - expulsaram os árabesbullsbet whatsappseu último emirado na península, Granada, mudou tudo.
Católicos devotos e amigos do Vaticano, Ferdinando e Isabel acreditavam que judeus praticantes poderiam encorajar convertidos ao cristianismo a voltar a adotar a religião original. E criaram uma legiãobullsbet whatsappinterrogadores que saiubullsbet whatsappperseguição dos judeus no que ficou conhecido como a Inquisição Espanhola.
Como resultado, dezenasbullsbet whatsappmilharesbullsbet whatsappjudeus foram expulsos ou fugiram do que hoje é a Espanha, tomando o rumobullsbet whatsappPortugal,bullsbet whatsappespecial Lisboa. Mas a cidade não ficou segura por muito tempo: depoisbullsbet whatsappa superpopulação causar um surtobullsbet whatsapppraga, cristãos portugueses forçaram os judeus a viver do ladobullsbet whatsappfora das muralhas.
E,bullsbet whatsapp1496, Portugal aderiu às conversões forçadasbullsbet whatsappjudeus para o cristianismo. Dez anos mais tarde, o Massacre da Páscoa resultou na perseguição, tortura e mortebullsbet whatsappcentenasbullsbet whatsapppessoas "acusadas"bullsbet whatsappserem judias durante apenas três dias. Iria piorar:bullsbet whatsapp1536, a Inquisição chegoubullsbet whatsappvez a Portugal e não demorou muito para que judeus fossem torturados e queimados na fogueira com a chancela oficial.
Muitos deles optaram por converter-se ao Cristianismo, mas por vezes como "disfarce". Para esconder a fébullsbet whatsappverdade, usavam expedientes como escrever preces hebraicasbullsbet whatsapplivrosbullsbet whatsapporação cristãos ou combinar palavras judaicas a rituais católicos - uma comunidadebullsbet whatsappBelmonte, por exemplo, conseguiu esconderbullsbet whatsappfé por maisbullsbet whatsapp400 anos.
E foi nas montanhasbullsbet whatsappTrás-os-Montes que uma comunidade escondida criou a melhor alheirabullsbet whatsappPortugal: a alheirabullsbet whatsappMirandela.
Era costumebullsbet whatsappTrás-os-Montes que moradores conservassem salsichasbullsbet whatsappporco para consumir nos mesesbullsbet whatsappinverno, penduradasbullsbet whatsappvários pontos da casa. Mas não na casabullsbet whatsappjudeus, que não comem carne suína.
"Masbullsbet whatsappMirandela foi desenvolvida uma salsichabullsbet whatsapppão que poderia enganar informantes e 'dedos-duros' dispostos a denunciar judeus buscando refúgio da Inquisição", diz Scheffer.
Para judeus asquenazes, segundo Scheffer, a alheirabullsbet whatsappMirandela parece muito a kishke, uma salsicha kosher recheada com gordura, farinhabullsbet whatsapptrigo, cebola e temperos, geralmente servida com o tcholent, cozidobullsbet whatsappfeijão servido no shabat (aos sábado).
Os judeusbullsbet whatsappTrás-os-Montes tradicionalmente faziambullsbet whatsappalheira com pão e frango. Hojebullsbet whatsappdia, a iguaria deixou as montanhas e pode até incluir carnebullsbet whatsappporco. É encontradabullsbet whatsappcafés e supermercados, apesarbullsbet whatsappser esnobada por estabelecimentos gourmet. Em locaisbullsbet whatsapporientação culinária mais popular, é consumida com ovos fritos, batatas fritas e arroz.
Portugal também redescobriubullsbet whatsapphistória judaica. Embora os judeus só tenham começado a retornar ao país no século 19 e não houvesse mais do que mil judeusbullsbet whatsappLisboa durante os anosbullsbet whatsappque Hitler esteve no poder na Alemanha, a cidade - o país era neutro - foi refúgio para quem fugiu da perseguição do nazismo.
Desafiando o ditador António Salazar, o diplomata Aristidebullsbet whatsappSousa Mendes, por exemplo, deu documentosbullsbet whatsappviagem para que milharesbullsbet whatsappjudeus cruzarem o Atlântico e escapassem dos horrores do Holocausto.
Mas a alheira hoje deixoubullsbet whatsappser um símbolobullsbet whatsappsobrevivência para se tornar elemento comum na culinária portuguesa. Só que, ao mesmo tempobullsbet whatsappque a palavra "sábado" vem do shabat judeu (o diabullsbet whatsappcessação do trabalho), a salsicha é uma pistabullsbet whatsappum passado cosmopolita. E complexo.
- bullsbet whatsapp Leia a versão original bullsbet whatsapp dessa reportagem (em inglês) no site BBC Travel