De office boy a CEO: A trajetóriaoque é cassinobrasileiros até o topooque é cassinomultinacionais e o que mudaram ao chegar lá:oque é cassino

Ricardo Leptich
Legenda da foto, Diretor executivo da Osram, uma das maiores empresasoque é cassinoiluminação do mundo, começou carreira como office boy | Foto: Divulgação

"A grande ofertaoque é cassinoemprego leva o funcionário a ter mais opções. Mas ficar pouco tempo na empresa é ruim para o profissional porque ele pode nunca se consolidaroque é cassinonenhum lugar", diz Souto à BBC Brasil.

De acordo com o consultor, as trajetóriasoque é cassinoLeptich e Segura contêm ensinamentos que podem ser valiosos não apenas para os subordinados deles, mas para funcionários e gestores Brasil afora.

"O primeiro é ter uma visãooque é cassinofuturooque é cassinobuscaoque é cassinoascensão profissional. O segundo ponto é permanecer um bom tempo na empresa para construir uma trajetória consistente para ganhar confiança da empresa e do mercado", recomenda.

"Também é necessário ter habilidade política eoque é cassinonetworking para fazer boas leiturasoque é cassinoquem são os influenciadores na empresa e aprender a navegar e como costurar com essas pessoas. É o marketing pessoal, que é diferenteoque é cassinoser 'puxa-saco'."

Meritocracia: um discurso vazio?

Para o CEO da Osram, que nasceuoque é cassinouma famíliaoque é cassinoclasse média, o discursooque é cassinomeritocracia - que prega que o esforço pessoal basta para o sucesso profissional e é mantraoque é cassinomuitos executivos - é vazio se as empresas não oferecerem políticas e condições que incentivem o funcionário a evoluir. Apenas a cobrança,oque é cassinoacordo com seu raciocínio, levará o empregado a buscar outro trabalho no médio prazo.

"As companhias devem ofertar ferramentas para que o funcionário cresça e tenha vontadeoque é cassinocontinuar nelas. O escritório do Mercado Livreoque é cassinoOsasco (Grande São Paulo), por exemplo, tem salãooque é cassinobeleza e academia. Isso é investir no funcionário para que ele se sinta feliz e faça carreira na empresa, e não a use apenas como trampolim", diz Leptich.

Seguindo essa linhaoque é cassinopensamento, o executivo criou um ambiente que chamaoque é cassino"salaoque é cassinodescompressão". Ali há TV, sofá e videogame à disposiçãooque é cassinoseus funcionários. O executivo ainda diz ter se aproximado deles, apostandooque é cassinobolões e até participandooque é cassinoum grupooque é cassinoWhatsApp da equipe.

Ricardo Leptich
Legenda da foto, Para CEO da Osram, empresas precisam oferecer mais benefícios ao invésoque é cassinoapenas cobrar dos funcionários | Foto: Divulgação

O comportamento destoaria do estilo dos três presidentes que o antecederam. Segundo ele, os três executivos mantinham uma relaçãooque é cassinoafastamento com os funcionários, com "nariz empinado, sem cumprimentar" para demonstrar que ocupavam um posto mais alto.

"Eu acho que o fatooque é cassinoviroque é cassinobaixo me dá uma base completamente diferente. Eu conheço todo mundo. É uma relaçãooque é cassinoamizade eoque é cassinorespeito mútuo", diz Leptich.

Para facilitar o relacionamento com os funcionários, ele agora mantém a portaoque é cassinosua sala aberta e afirma estar sempre à disposição para conversar. "Antes, eu precisava marcar horário para conversar com meus diretores. Achava um absurdo."

Como manter seus funcionários por mais tempo na empresa por mais tempo é o principal desejo do CEO,oque é cassinoempresa mantém um formatooque é cassinoprevidência privada que premia os subordinados mais longevos: quem completa dez anosoque é cassinoOsram ganhaoque é cassinodobro o valor que depositar. Quem tem maisoque é cassino20 anosoque é cassinocasa, recebe 200% a mais e quem completa 25 anos, 250% extra e uma festa para cem convidadosoque é cassinoum bufê.

Sem privilégios entre os cargos

Para o CEO do Banco do Brasil Américas, privilégios dentro da companhia não são saudáveis. Segura afirma tentar criar uma relaçãooque é cassinomais igualdade entre seus funcionários. A história familiar o ajudou a ter essa visão: a irmãoque é cassinoSegura é diarista, o irmão, motoristaoque é cassinocaminhão.

"Essas são as pessoas com quem eu convivo e esse é o meu mundo. Essa é a minha origem e é por isso que eu conheço todas as faxineiras do banco pelo nome. E é fundamental que todos os funcionários se respeitem porque cada um temoque é cassinohistória. E quem movimenta o banco é o escriturário, a secretária e os caixas", afirmou.

Assim que assumiu a cadeira mais importante da empresa, ele acabou com as salasoque é cassinovice-presidente e implantou o mesmo planooque é cassinosaúde para todos os funcionários - desde os faxineiros e seguranças até o dele próprio.

"Hoje, nenhum funcionário tem vaga melhoroque é cassinoestacionamento ou coisa do tipo. Ninguém deve ter privilégios, a não ser nossos clientes. Esses sim pagam nossos salários e merecem mais conforto", diz.

A política é parecida com algumas das estratégias adotadas por grandes companhias, como o Facebook, para melhorar o ambienteoque é cassinotrabalho. O criador da rede social, Mark Zuckerberg, costuma se sentar no escritório californianooque é cassinomeio a todos os demais funcionários.

Metas curtas e alcançáveis

Leptich lembra que, alémoque é cassinocabelos compridos, tinha dois sonhos quando entrou na Osram aos 16 anos: fazer sucesso comoque é cassinobandaoque é cassinoheavy metal e se tornar um executivo.

A cabeleira não agradava seu chefe alemão na época, que só passou a respeitá-lo anos depois, quando foi ao cabeleireiro e passou a tesoura. "Agora sim você parece um homemoque é cassinomarketing", afirmou o então CEO.

Leptich logo abandonou seu sonhooque é cassinoser um astro do rock e diz que seu segredo foi estabelecer metas curtas e "forçar" promoções para atingiroque é cassinometa no mundo dos negócios. A estratégia foi apontar deficiências na empresa e sugerir soluções.

"Essa foi a minha estratégia e até hoje valorizo gente que traz problemas junto com soluções. Pode não ser a melhor, mas pelo menos isso mostra que ele está tentando refletir e trazer algo a mais do que simplesmente uma queixa. Mas também é muito importante levar resultados para ganhar credibilidade e implantar suas ações na empresa. Sempre tentei entregar muito mais do que me pediram", afirma.

O executivo revela que já vê algunsoque é cassinoseus funcionáriosoque é cassinocondiçõesoque é cassinoassumir cargos importantes na empresa nos próximos anos.

Evoluçãooque é cassinoRicardo Leptich na Osram
Legenda da foto, CEO da Osram fez gráfico para mostraroque é cassinoevolução na empresa ao longo dos anos; suas maiores promoções vieram acompanhadasoque é cassinofilhos | Foto: Arquivo pessoal

Sua dica para os mais jovens é traçar um plano para subir degraus aos poucos. Também é importante, no seu pontooque é cassinovista, observar qual a formação das pessoas que ocupam os cargos que almeja e o que elas fizeram para chegar lá.

O homem das metas a curto prazo, porém, precisouoque é cassinotempo para pensar ao ser questionado pela reportagem da BBC Brasil sobre seu próximo objetivo profissional.

"Nos próximos dois ou três anos eu não vislumbro outra função, mas é obvio que ter oportunidades na companhia fora (do país) é um desejo. Mas por enquanto ainda tenho uma sérieoque é cassinocoisas a desenvolver por aqui."

Visão sistêmica da empresa

Caçulaoque é cassinoquatro irmãos e filhooque é cassinolavradores, Antonio Cássio Segura,oque é cassino49 anos, jamais pensou que fosse sair da fazenda onde morava com a família na infância no interioroque é cassinoSão Paulo. Muito menos cruzar o oceano e morar nos Estados Unidos.

Ele tinha nove anos quando foi obrigado a deixar a vida na roça ondeoque é cassinofamília trabalhava como lavradoraoque é cassinocafé após uma geada devastar a plantação. Seu pai passou a atuar como motorista levando boias-friasoque é cassinocaminhão para a zona rural, e seu irmão mais velho virou tratorista. Alémoque é cassinoestudar, ainda criança o caçula passou a entregar jornal, leite e pão para ajudar na renda familiar.

Antonio Cássio Segura com os filhos e a esposa nos Estados Unidos
Legenda da foto, Com 14 anos, filhaoque é cassinoCEO do Banco do Brasil Américas já precisou mudaroque é cassinoescola oito vezes | Foto: Arquivo pessoal

Com 14 anos, começou a trabalhar como frentista e dois anos depois virou office boyoque é cassinoum escritóriooque é cassinocontabilidade, onde começou a traçaroque é cassinocarreira. Aos 17, aceitou o conviteoque é cassinoum amigo e foi para Rondônia trabalharoque é cassinouma agência do Itaú. Em 1988 entrou no Banco do Brasil, onde continua até hoje.

Na avaliação do consultoroque é cassinocarreiras Rafael Souto, quem faz carreira na mesma empresa tem mais facilidadeoque é cassinoentender as dificuldades e olhar a corporaçãooque é cassinouma forma mais prática do que quem foi contratado diretamente para cargos mais altos. "Ele passou por tudo, viu como funciona e colocou a mão na massa. É uma característica positiva e que o valoriza dentro da empresa", diz o especialista.

Na experiênciaoque é cassinoLeptich, nem sempre os mais jovens valorizam a experiênciaoque é cassinopassar por vários cargos e entender bem como a empresa funciona no todo.

"Eles fazem o serviço correto na área deles, mas não têm uma visão sistêmica e isso, muitas vezes, gera um retrabalho. É uma situação individualistaoque é cassinoolhar o seu trabalho sem se preocupar como isso influencia as outras áreas. Ele pensa que está fazendo o melhor, por exemplo, ao fechar uma grande venda sem considerar o impacto dessas iniciativas na áreasoque é cassinologística eoque é cassinoprodução, o que pode ser desastroso."

O CEO da Osram afirma que o mundo ideal é ter funcionários com conhecimento técnico, mas que conheçam a fundo a empresa, como ele conseguiu após ficar anos no mesmo emprego. Por isso, a empresa adotou um programa para contratar adolescentesoque é cassino15 ou 16 anos, dar experiência e ajudar nos estudos para que eles se formem e cresçam internamente.

Paciência: as promoções podem demorar

O presidente do Banco do Brasil Américas afirma que hoje se considera uma pessoa realizada, mas que já se sentiu frustrado e até pensouoque é cassinosair da empresa ao ficar quatro anos sem receber uma promoção.

"Eu era promovido a cada dois anos. Chegou uma hora que afunilou e eu fiquei revoltado porque não subia maisoque é cassinocargo", conta.

Antonio Cássio Segura
Legenda da foto, CEO do Banco do Brasil Américas é filhooque é cassinolavradores e foi promovido dezenasoque é cassinovezes | Foto: Divulgação

Para Segura, chegar a um cargo tão alto é consequênciaoque é cassinoum trabalho constante.

"Sempre digooque é cassinomeus discursos o conselho que o personagem do filme 'Carros' recebeuoque é cassinoum ex-corredor antesoque é cassinouma competição importante: 'Ache aoque é cassinovelocidadeoque é cassinoconforto e a mantenha. Ela te fará vencer'. Esse é o meu lema. Não adianta ter afobação, o ideal é ter regularidade."