As bombas nucleares perdidas que ninguém consegue encontrar:1xgames 1xbet
Em questão1xgames 1xbetsegundos, a pacata e idílica comunidade rural foi atingida. Casas balançaram. Estilhaços cobriram o chão. Partes1xgames 1xbetestruturas desabaram.
Algumas semanas depois, Philip Meyers recebeu uma mensagem por telex - uma espécie1xgames 1xbetmáquina1xgames 1xbetescrever elétrica que podia enviar e receber mensagens, antecessora do fax. Na época, ele trabalhava como especialista1xgames 1xbetdesativação1xgames 1xbetbombas da Unidade Aeronaval1xgames 1xbetSigonella, no leste da Sicília (Itália).
Ele foi informado sobre uma emergência ultrassecreta na Espanha e que deveria seguir para lá1xgames 1xbetquestão1xgames 1xbetdias.
Mas a missão não foi tão confidencial como os militares esperavam. "Não fiquei surpreso1xgames 1xbetser chamado", relembra Meyers. Até a população já sabia o que estava acontecendo.
Ele foi a um jantar naquela noite e anunciou1xgames 1xbetmisteriosa viagem — e a esperada confidencialidade virou uma espécie1xgames 1xbetbrincadeira. "Foi meio embaraçoso", ele conta. "Deveria ser um segredo, mas meus amigos me contaram por que eu estava viajando."
Por semanas, jornais1xgames 1xbettodo o mundo noticiaram rumores1xgames 1xbetum terrível acidente — dois aviões militares americanos haviam colidido1xgames 1xbetpleno ar, liberando quatro bombas termonucleares B281xgames 1xbetPalomares.
Três dessas bombas foram rapidamente recuperadas1xgames 1xbetterra, mas uma delas desapareceu nas ondas a sudeste e se perdeu no fundo daquela faixa azul do mar Mediterrâneo.
Agora a busca era para encontrá-la — junto com a1xgames 1xbetogiva com poder explosivo equivalente a 1,1 milhão1xgames 1xbettoneladas1xgames 1xbetTNT.
Número desconhecido
Na verdade, o incidente1xgames 1xbetPalomares não foi o único que causou a perda1xgames 1xbetarmas nucleares. Houve pelo menos 32 acidentes conhecidos como "flechas partidas", envolvendo essas armas1xgames 1xbetdestruição arrasadoras, desde 1950.
Em muitos casos, as armas foram lançadas por engano ou ejetadas1xgames 1xbetsituações1xgames 1xbetemergência, tendo sido recuperadas posteriormente. Mas três bombas americanas foram completamente perdidas — elas estão por aí até hoje, escondidas1xgames 1xbetpântanos, campos e oceanos pelo planeta.
"Nós sabemos principalmente sobre os casos americanos", afirma Jeffrey Lewis, diretor do Programa1xgames 1xbetNão Proliferação do Leste Asiático do Centro James Martin1xgames 1xbetEstudos1xgames 1xbetNão Proliferação na Califórnia, nos Estados Unidos. Ele explica que a lista completa só ficou conhecida quando um resumo preparado pelo Departamento1xgames 1xbetDefesa dos Estados Unidos veio a público nos anos 1980.
Muitos desses casos ocorreram durante a Guerra Fria, quando os Estados Unidos tentavam se equilibrar frente ao precipício da Destruição Mútua Assegurada (MAD, na sigla1xgames 1xbetinglês) com a União Soviética. Para isso, entre 1960 e 1968, eles mantinham no céu aviões equipados com armas nucleares a todo momento, na chamada Operação Chrome Dome.
"Não sabemos muito sobre os outros países. Nós realmente não sabemos nada sobre o Reino Unido, a França, a Rússia ou a China", afirma Lewis. "Por isso, acho que estamos longe1xgames 1xbetter as informações completas."
O passado nuclear da União Soviética é particularmente obscuro. Em 1986, o país havia acumulado um estoque1xgames 1xbet45 mil armas nucleares. Sabe-se1xgames 1xbetcasos1xgames 1xbetque a URSS perdeu bombas nucleares que nunca foram recuperadas — mas, ao contrário dos incidentes americanos, todos eles ocorreram1xgames 1xbetsubmarinos e suas localizações são conhecidas, ainda que sejam inacessíveis.
Um desses casos ocorreu1xgames 1xbet81xgames 1xbetabril1xgames 1xbet1970, quando um incêndio começou a espalhar-se pelo sistema1xgames 1xbetar-condicionado1xgames 1xbetum submarino nuclear K-8 soviético enquanto mergulhava na baía1xgames 1xbetBiscaia, uma traiçoeira faixa1xgames 1xbetágua no nordeste do Oceano Atlântico, junto ao litoral da Espanha e da França, conhecida pelas suas violentas tempestades e muitos naufrágios.
O submarino carregava quatro torpedos nucleares a bordo. Ele afundou rapidamente, levando junto1xgames 1xbetcarga radioativa.
Mas essas embarcações perdidas nem sempre ficaram no local do naufrágio. Em 1974, um submarino K-129 soviético afundou misteriosamente no Oceano Pacífico, levando três mísseis nucleares.
Os Estados Unidos logo descobriram e decidiram montar uma tentativa secreta1xgames 1xbetrecuperar esse "presente" nuclear, "o que, por si só, já era realmente uma história bem maluca", segundo Lewis.
O excêntrico bilionário americano Howard Hughes, famoso por seu amplo leque1xgames 1xbetatividades (incluindo como piloto e diretor1xgames 1xbetcinema), fingiu estar interessado1xgames 1xbetmineração1xgames 1xbetáguas profundas.
"Mas, na verdade, não se tratava1xgames 1xbetmineração1xgames 1xbetáguas profundas. Era um esforço para construir uma garra gigante que pudesse descer até o leito do oceano, pegar o submarino e trazê-lo1xgames 1xbetvolta para cima", afirma Lewis. Era o Projeto Açoriano, que não funcionou. O submarino se partiu enquanto estava sendo erguido.
"E essas armas nucleares teriam caído1xgames 1xbetvolta no leito do oceano", explica Lewis. As armas permanecem lá até hoje, presas no seu túmulo enferrujado. Ou pelo menos algumas pessoas acreditam que as armas ainda estejam lá — outros acham que elas foram recuperadas1xgames 1xbetalgum momento.
De vez1xgames 1xbetquando, surgem notícias1xgames 1xbetque foi encontrada alguma bomba nuclear perdida pelos Estados Unidos. Em 1998, um militar aposentado e1xgames 1xbetesposa foram acometidos1xgames 1xbetuma súbita determinação1xgames 1xbetdescobrir uma bomba lançada perto da ilha1xgames 1xbetTybee, na Geórgia (Estados Unidos),1xgames 1xbet1958.
Eles entrevistaram o piloto que havia perdido a bomba 40 anos antes e as pessoas que haviam procurado pelo artefato na época — e restringiram as buscas para Wassaw Sound, uma baía próxima no Oceano Atlântico.
A dupla aventureira passou anos vasculhando a região1xgames 1xbetbarco, levando um contador Geiger para detectar qualquer pico1xgames 1xbetradiação revelador.
Até que, um dia, no ponto exato que o piloto havia descrito, eles encontraram um trecho com níveis1xgames 1xbetradiação 10 vezes maiores que nas áreas vizinhas. E o governo rapidamente despachou uma equipe para investigar.
Mas, infelizmente, não era a bomba nuclear. A anomalia era causada por uma fonte1xgames 1xbetradiação natural, proveniente1xgames 1xbetminérios no leito do oceano.
Por isso, até hoje, as três bombas1xgames 1xbethidrogênio americanas perdidas — além de, pelo menos, uma série1xgames 1xbettorpedos soviéticos — permanecem no oceano, preservadas como monumentos aos riscos da guerra nuclear, embora1xgames 1xbetgrande parte esquecidas.
Por que ainda não encontramos todas essas armas traiçoeiras? Existe o risco1xgames 1xbetque elas possam explodir? E será que, algum dia, nós conseguiremos resgatá-las?
Objetivos encobertos
Quando Meyers finalmente chegou a Palomares1xgames 1xbet1966, as autoridades ainda procuravam a bomba nuclear perdida.
Todas as noites,1xgames 1xbetequipe dormia1xgames 1xbettendas na aldeia, com tempo úmido e frio congelante. "Parecia um inverno inglês", ele conta. Durante o dia, eles trabalhavam muito pouco — o segredo era esperar.
"É um padrão militar, 'apresse-se e espere'", afirma Meyers. "Precisamos correr para lá e não fizemos nada por duas semanas. Até que a exploração submarina ficou muito avançada."
A equipe1xgames 1xbetbusca contou com o auxílio1xgames 1xbetduas invenções geniais.
A primeira foi um obscuro teorema do século 18, inventado por Thomas Bayes, um pastor presbiteriano que também era matemático amador e ajudava as pessoas a usar informações sobre fatos ocorridos no passado para calcular a probabilidade1xgames 1xbetque eles acontecessem1xgames 1xbetnovo.
A equipe usou a técnica conhecida como "inferência bayesiana" para decidir onde buscar a bomba, procurando da forma mais eficiente possível e maximizando suas chances1xgames 1xbetencontrá-la.
A segunda invenção foi Alvin, um submarino1xgames 1xbetáguas profundas1xgames 1xbetalta tecnologia, capaz1xgames 1xbetmergulhar até profundidades sem precedentes na época. Como um tubarão branco rechonchudo, todos os dias ele descia até as profundas águas azuis do Mediterrâneo com uma equipe humana dentro dele, para uma caçada visual.
Até que, no dia 1º1xgames 1xbetmarço1xgames 1xbet1966, o pequeno submarino finalmente avistou algo: um rastro deixado pela bomba quando ela atingiu o leito do oceano.
Imagens posteriores revelaram uma cena misteriosa: a ponta arredondada da ogiva nuclear perdida, coberta por um manto fantasmagórico — o seu paraquedas branco, que havia se aberto parcialmente durante a queda, enrolando-se com a1xgames 1xbetpreciosa carga. De alguma forma, o tubo metálico mortal acabou parecido com uma pessoa vestida com um lençol para o Halloween.
Mas a luta não havia terminado. Agora, o trabalho1xgames 1xbetMeyers era descobrir como tirar aquela bomba do leito do oceano, a 869 metros1xgames 1xbetprofundidade.
Eles improvisaram uma espécie1xgames 1xbetlinha1xgames 1xbetpesca com algumas centenas1xgames 1xbetmetros1xgames 1xbetfio1xgames 1xbetnylon resistente e um gancho metálico. A ideia era travar o dispositivo e puxá-lo até que ficasse a uma distância suficiente da superfície para que um mergulhador pudesse descer e prendê-lo com mais cuidado.
"Este era o plano. Não funcionou", relembra Meyers. "Tudo foi feito1xgames 1xbetforma muito planejada, com cuidado e lentamente. E apenas ficamos esperando... estávamos ansiosos, querendo ver o que faríamos depois, quando ela subisse."
Eles conseguiram enganchar a bomba nuclear e começaram a içá-la para fora da água. Eles haviam erguido a bomba do fundo quando ocorreu o desastre.
O paraquedas, despertado do seu sono sobre o leito do oceano, subitamente começou a fazer o que sabia fazer melhor — reduzir a velocidade da1xgames 1xbetcarga, dificultando a movimentação.
"Você sabia que o paraquedas funciona na água tão bem quanto no ar?", relembra Meyers. Em dado momento, o paraquedas estava puxando a corda e o gancho com tanta força que simplesmente a linha se rompeu, mandando a bomba nuclear lentamente1xgames 1xbetvolta para o fundo do mar.
E, desta vez, ela caiu1xgames 1xbetum ponto ainda mais profundo do que antes. O pequeno Alvin, com1xgames 1xbetequipe humana, conseguiu apenas evitar que fosse enroscado e acabasse no fundo com a bomba.
Meyers ficou arrasado. "Foi uma enorme decepção", ele conta. Com a bomba agora menos acessível do que antes,1xgames 1xbetcorda improvisada não teria comprimento suficiente para pegá-la,1xgames 1xbetforma que a tarefa foi transferida para outra equipe,1xgames 1xbetoutro barco.
Um mês depois, eles usaram um tipo diferente1xgames 1xbetsubmarino robótico — um veículo subaquático controlado à distância — para pegar a bomba diretamente pelo paraquedas e erguê-la.
A bomba havia se movido no seu invólucro e não podia ser desarmada da forma habitual, por uma porta especial na lateral. A equipe precisou cortar a bomba nuclear, o que foi assustador.
"Era uma enorme tensão perfurar um buraco1xgames 1xbetuma bomba1xgames 1xbethidrogênio", segundo Meyers. "Mas eles fizeram. Eles estavam preparados para aquilo."
Mistério na lama
Infelizmente, as três bombas que ainda estão perdidas não tiveram os mesmos esforços1xgames 1xbetrecuperação. Mas acredita-se que o risco1xgames 1xbetque elas causem uma explosão nuclear seja baixo.
Para entender o motivo, é preciso examinar como funcionam as bombas nucleares.
Em setembro1xgames 1xbet1905, Albert Einstein pegou a caneta e escreveu, sobre as páginas do seu estudo científico, uma ideia que se tornaria a equação mais famosa do mundo: E = mc2 — ou seja, a energia é igual à massa1xgames 1xbetum objeto multiplicada pela velocidade da luz ao quadrado.
Isso significa que cada átomo que compõe o mundo pode ser substituído por energia e vice-versa. E, se você descobrir como fazer, a energia liberada é muito explosiva — é o que alimenta o Sol.
Trinta e quatro anos mais tarde, Einstein escreveu para o presidente dos Estados Unidos, Franklin Roosevelt, para alertá-lo que os nazistas estavam trabalhando para transformar essa teoria1xgames 1xbetuma arma — e o resto é história. Foi rapidamente formado o Projeto Manhattan e,1xgames 1xbet1945, os Estados Unidos lançaram1xgames 1xbetprimeira bomba nuclear.
As bombas lançadas sobre as cidades japonesas1xgames 1xbetHiroshima e Nagasaki, no Japão, foram do tipo atômico original. Átomos1xgames 1xbetelementos radioativos foram esmagados uns contra os outros, para causar1xgames 1xbetdivisão e criar elementos diferentes.
Essa reação1xgames 1xbet"fissão" libera muita energia, fazendo com que outros átomos se dividam até que você tenha uma reação massiva e descontrolada. Na primeira vez1xgames 1xbetque ela foi testada, os cientistas não tinham certeza se a reação acabaria — eles consideraram a possibilidade real1xgames 1xbetque o mundo poderia ser destruído.
Para atingir a fissão nuclear, as bombas atômicas normalmente envolviam um mecanismo similar a uma arma que disparava uma "bola" oca1xgames 1xbetátomos radioativos, como urânio-235, sobre ainda mais urânio-235, ou usavam explosivos convencionais para comprimir átomos1xgames 1xbetplutônio-239, até que eles começassem a dividir-se.
Em Hiroshima e Nagasaki, essas primeiras armas arrasaram a terra por quilômetros, matando centenas1xgames 1xbetmilhares1xgames 1xbetpessoas. Algumas delas foram vaporizadas na zona1xgames 1xbetimpacto, enquanto outras morreram devido a queimaduras causadas pela radiação ou doenças nos dias, meses e anos que se seguiram.
A geração seguinte1xgames 1xbetbombas — o tipo usado nos anos 1950 e 1960, quando ocorreu o extravio da maioria das bombas nucleares perdidas do mundo — era milhares1xgames 1xbetvezes mais potente. Eram bombas termonucleares, ou bombas1xgames 1xbethidrogênio, que envolviam uma segunda reação nuclear.
Primeiro havia a etapa comum1xgames 1xbetfissão, como ocorre com as bombas atômicas, para liberar quantidades impressionantes1xgames 1xbetenergia. Isso causa a ignição1xgames 1xbetum segundo núcleo, que contém isótopos1xgames 1xbethidrogênio — deutério (hidrogênio pesado) e trítio (hidrogênio radioativo) — que se esmagam e liberam ainda mais energia quando entram1xgames 1xbetfusão para formar hélio e um nêutron livre.
Esse sistema trouxe a possibilidade1xgames 1xbetuma série1xgames 1xbetdispositivos1xgames 1xbetsegurança. Um exemplo é a bomba perdida na ilha1xgames 1xbetTybee, que ainda se encontra1xgames 1xbetalgum lugar no lodo1xgames 1xbetWassaw Sound.
Em 51xgames 1xbetfevereiro1xgames 1xbet1958, essa bomba termonuclear Mark 51xgames 1xbet3.400 kg foi carregada1xgames 1xbetum bombardeiro B-47, que iria reunir-se com outro B-471xgames 1xbetuma longa missão1xgames 1xbettreinamento. A ideia era simular um ataque à União Soviética, substituindo Moscou pela cidade americana1xgames 1xbetRadford, na Virgínia.
Os pilotos decolaram da Flórida e cruzaram os céus até o seu destino, para testar1xgames 1xbetcapacidade1xgames 1xbetvoar com as armas pesadas a bordo por horas a fio.
Tudo corria bem até que, na volta para a base, os aviões encontraram outra missão1xgames 1xbettreinamento na Carolina do Sul. O plano daquele grupo era interceptar um dos B-47s. Mas houve um engano e eles não localizaram o segundo avião, que estava carregando a bomba nuclear. E, na colisão que se seguiu, o B-47 que carregava a bomba nuclear foi atingido.
O piloto decidiu lançar a bomba nuclear na água e fazer um pouso1xgames 1xbetemergência. A bomba caiu a 9.144 metros1xgames 1xbetprofundidade, nas águas do litoral da ilha1xgames 1xbetTybee — e mesmo esse impacto não a detonou.
De fato, é surpreendente que nenhum dos 32 acidentes com as "flechas partidas" tenha chegado a causar a detonação1xgames 1xbetcomponentes nucleares. Apenas dois deles contaminaram uma ampla área com material radioativo.
Um possível fator para esses desfechos1xgames 1xbetsorte é o sistema que mantém o material nuclear necessário para a reação1xgames 1xbetfissão separado da arma propriamente dita.
A cápsula ou "ponta" — que, neste caso, consistia1xgames 1xbetplutônio — podia ser acrescentada à arma no último minuto, quando fosse necessária. Isso significa que, mesmo se os explosivos convencionais da arma fossem detonados ainda a bordo, o material radioativo não ficaria quente o suficiente para dividir os átomos do material.
Lewis também indica que, apesar do longo trajeto da bomba1xgames 1xbetTybee do céu até o oceano, o mar teria amortecido o choque. É a mesma razão pela qual as cápsulas espaciais normalmente pousam na água e não1xgames 1xbetterra.
As bombas mais recentes também incluíram funções como a "segurança1xgames 1xbetuma etapa" — uma forma1xgames 1xbetgarantir que os dispositivos nucleares não fossem detonados sem a1xgames 1xbetativação. Nessas armas, os explosivos convencionais da bomba podem ser disparados, mas eles não detonam o material radioativo porque ele é extraído antes1xgames 1xbetpoder ser comprimido.
"Se o explosivo for disparado, você quer que ele saia1xgames 1xbetforma irregular, se não for o seu objetivo (a detonação) — você quer que o plutônio meio que seja esguichado para fora", explica Lewis.
Quando isso acontece, é altamente necessário ter várias funções1xgames 1xbetsegurança — principalmente porque elas nem sempre funcionam. Houve um caso,1xgames 1xbet1961,1xgames 1xbetque um B-52 se partiu enquanto voava sobre Goldsboro, na Carolina do Norte (Estados Unidos), deixando cair duas armas nucleares no solo.
Uma delas sofreu relativamente poucos danos porque seu paraquedas se abriu com sucesso, mas um exame posterior revelou que três das suas quatro proteções haviam falhado.
Em um documento1xgames 1xbet1963 que veio a público posteriormente, o então secretário1xgames 1xbetDefesa dos Estados Unidos resumiu o incidente como um caso1xgames 1xbetque, "pela menor margem1xgames 1xbeterro, literalmente a falha1xgames 1xbetcontato entre dois fios, evitou-se uma explosão nuclear".
A outra bomba nuclear caiu livre no chão, onde se partiu e acabou enterrada1xgames 1xbetum campo. A maioria das partes foi recuperada, mas uma delas, contendo urânio, permanece presa a mais1xgames 1xbet15 m1xgames 1xbetprofundidade na lama. A Força Aérea americana comprou a terra ao seu redor para impedir que as pessoas cavassem no local.
Alguns incidentes são tão desconcertantes que quase parecem ter sido inventados. Talvez um dos eventos mais extraordinários tenha ocorrido quando um exercício1xgames 1xbettreinamento no navio USS Ticonderoga teve um péssimo desfecho1xgames 1xbet1965.
Um avião Skyhawk A4E, carregado com uma bomba nuclear B-43, estava sendo levado para um elevador1xgames 1xbetaviões quando ocorreu um desastre1xgames 1xbetcâmera lenta. A tripulação no convés percebeu rapidamente que o avião iria cair e acenou para que o piloto acionasse os freios.
Mas ele tragicamente não viu os acenos e o avião, a arma e o jovem tenente afundaram no mar das Filipinas. Eles estão lá até hoje, a 4.900 metros1xgames 1xbetprofundidade, perto do Japão.
Quadro confuso
Depois1xgames 1xbetcerca1xgames 1xbet10 semanas1xgames 1xbetbuscas, a bomba da ilha1xgames 1xbetTybee foi declarada irrecuperavelmente perdida no dia 161xgames 1xbetabril1xgames 1xbet1958.
Segundo uma nota redigida pelo piloto que a lançou, a arma não continha a cápsula, que não foi acrescentada antes do exercício1xgames 1xbettreinamento. Mas algumas pessoas receiam que esta informação possa ser incorreta.
Em 1966, o então assistente do secretário1xgames 1xbetDefesa escreveu uma carta descrevendo a bomba como "completa", ou seja, com o seu núcleo1xgames 1xbetplutônio. Se isso for verdade, ela ainda pode ser capaz1xgames 1xbetcausar uma explosão termonuclear.
Acredita-se que a bomba hoje esteja assentada sob 1,5 a 4,6 metros1xgames 1xbetlodo sobre o leito do oceano. Em um relatório final sobre a arma, publicado1xgames 1xbet2001, a Agência1xgames 1xbetNão Proliferação e Armas Nucleares da Força Aérea dos Estados Unidos concluiu que, se os explosivos convencionais ainda estiverem intactos, ela pode representar um "sério risco1xgames 1xbetexplosão" para as pessoas e para o meio ambiente — e, portanto, é melhor não mexer nela, nem mesmo para tentar recuperá-la.
Mas uma bomba nuclear pode explodir debaixo d'água?
Sim, pode! Em 251xgames 1xbetjulho1xgames 1xbet1946, os Estados Unidos detonaram uma bomba atômica no atol1xgames 1xbetBikini — um arquipélago paradisíaco rodeado por recifes1xgames 1xbetcoral azul-turquesa e pelo azul profundo do Oceano Pacífico.
O dispositivo ficou suspenso a 27 metros abaixo1xgames 1xbetum conjunto1xgames 1xbetnavios cheios1xgames 1xbetporcos e ratos e foi detonado. Diversos navios afundaram instantaneamente e a grande maioria dos animais morreu, seja com a explosão inicial ou posteriormente, envenenados pela radiação.
Uma imagem marcante daquele dia mostra a enorme nuvem branca1xgames 1xbetforma1xgames 1xbetcogumelo elevando-se como uma formação meteorológica1xgames 1xbetoutro planeta,1xgames 1xbetfrente a uma praia cheia1xgames 1xbetpalmeiras.
Como resultado deste e1xgames 1xbetoutros testes, o arquipélago ficou tão radioativo que seu plâncton brilhava sobre placas fotográficas. E ele ainda está contaminado até hoje — as pessoas que viviam ali nunca mais puderam retornar, mesmo que o arquipélago tenha se tornado um oásis da vida selvagem, como Chernobyl, na Ucrânia.
Prejuízo permanente
Lewis acredita que é improvável que encontremos as três bombas nucleares que faltam. Isso se deve,1xgames 1xbetparte, às mesmas razões pelas quais elas não foram encontradas na época do seu desaparecimento.
Um dos motivos é porque elas normalmente são localizadas por meio1xgames 1xbetbusca visual, o que é extremamente difícil.
Quando os aviões caem no oceano, a caixa preta normalmente é encontrada dias ou semanas depois pelas pessoas que tentam descobrir o que aconteceu. Isso pode dar a impressão1xgames 1xbetque é fácil encontrar objetos nessas amplas áreas marítimas com tecnologia moderna.
Mas as caixas pretas têm um segredo que ajuda neste processo, um "farol1xgames 1xbetlocalização subaquático", que orienta as equipes1xgames 1xbetbusca rumo a elas com um pulso eletrônico continuamente repetido.
Já as armas nucleares perdidas não têm esse equipamento. Por isso, as equipes precisam restringir uma área1xgames 1xbetbusca e rastrear pouco a pouco o oceano — um processo tedioso e ineficiente, que exige submarinos ou mergulhadores humanos.
Uma alternativa seria buscar picos1xgames 1xbetradiação, como fez o militar aposentado Derek Duke na1xgames 1xbetpesquisa pela bomba1xgames 1xbetTybee. Mas isso também é extremamente complicado —1xgames 1xbetparte, porque as bombas nucleares, na verdade, não são particularmente radioativas.
"Elas são projetadas para que não sejam uma ameaça radioativa para as pessoas que as manuseiam", afirma Lewis. "Por isso, elas têm uma assinatura radioativa, mas não é muito significativa. Você precisa estar razoavelmente próximo."
Em 1989, outro submarino nuclear soviético, o Komsomolets K-278, afundou no mar1xgames 1xbetBarents, perto do litoral da Noruega.
Como o K-8, ele também era movido a energia nuclear e estava carregando dois torpedos nucleares. Por décadas, seu convés ficou a 1,7 km1xgames 1xbetprofundidade nas águas do Ártico.
Até que,1xgames 1xbet2019, cientistas visitaram a embarcação — e descobriram que amostras1xgames 1xbetágua retiradas do seu cano1xgames 1xbetventilação apresentavam níveis1xgames 1xbetradiação até 100 mil vezes mais altos que o normal na água do mar.
Mas isso é incomum. Acredita-se que elementos radioativos do seu reator nuclear (e não dos torpedos) estejam vazando por essa ventilação, talvez devido a uma ruptura no momento do acidente. A apenas meio metro1xgames 1xbetdistância do cano, os isótopos eram tão diluídos que os níveis1xgames 1xbetradiação eram normais.
Para Lewis, a fascinação com armas nucleares perdidas não são os riscos potenciais que elas oferecem agora, mas sim o que elas representam: a fragilidade dos nossos sistemas aparentemente sofisticados1xgames 1xbetmanuseio com segurança1xgames 1xbetinvenções perigosas.
"Acho que temos essa fantasia1xgames 1xbetque as pessoas que lidam com armas nucleares,1xgames 1xbetalguma forma, são diferentes1xgames 1xbettodos os outros tipos1xgames 1xbetpessoas que conhecemos, cometem menos erros ou são mais inteligentes1xgames 1xbetalguma forma", afirma Lewis. "Mas a realidade é que as organizações que temos para lidar com armas nucleares são como qualquer outro tipo1xgames 1xbetorganização humana. Elas cometem erros. Elas são imperfeitas."
Mesmo1xgames 1xbetPalomares, onde todas as bombas nucleares que caíram acabaram sendo recuperadas, a terra ainda está contaminada com radiação1xgames 1xbetdois artefatos que foram detonados com explosivos convencionais.
Alguns dos militares americanos que ajudaram nos esforços1xgames 1xbetlimpeza iniciais (incluindo a escavação da superfície do solo para colocação1xgames 1xbetbarris) desenvolveram misteriosos tipos1xgames 1xbetcâncer que se acredita estarem relacionados com aquela atividade.
Em 2020, diversos sobreviventes entraram com uma ação conjunta contra a Secretaria1xgames 1xbetAssuntos dos Veteranos dos Estados Unidos, embora muitos dos requerentes estejam atualmente na casa dos 70 ou 80 anos1xgames 1xbetidade.
Enquanto isso, a comunidade local vem defendendo uma limpeza mais completa há décadas. Palomares foi apelidada1xgames 1xbet"a cidade mais radioativa da Europa" e ambientalistas locais atualmente protestam contra os planos1xgames 1xbetuma companhia britânica1xgames 1xbetconstruir um resort1xgames 1xbetférias na região.
Lewis acredita que perdas como as que ocorreram durante a Guerra Fria provavelmente não acontecerão novamente, principalmente porque a operação Chrome Dome terminou1xgames 1xbet1968 e os aviões não voam mais carregando bombas nucleares durante exercícios regulares1xgames 1xbettreinamento.
"Os alertas aéreos terminaram por razões que devem ser óbvias para nós", afirma ele. "Por fim, decidiu-se que era perigoso demais."
A exceção deste progresso, é claro, são os submarinos nucleares. E, até hoje, por pouco não há acidentes. Os Estados Unidos têm atualmente 14 submarinos com mísseis balísticos (SSBNs, na sigla1xgames 1xbetinglês)1xgames 1xbetoperação. A França e o Reino Unido têm quatro cada um.
Para funcionar como dissuasão nuclear, esses submarinos precisam permanecer sem serem detectados durante as operações no mar, o que significa que eles não podem enviar sinais para a superfície para que se descubra onde eles estão.
Os submarinos desse tipo precisam navegar principalmente por inércia — essencialmente, a tripulação depende1xgames 1xbetmáquinas equipadas com giroscópios para calcular onde está o submarino a qualquer dado momento com base na1xgames 1xbetúltima posição, para qual direção ele se movimentava e a rapidez com que ele viajava.
Este sistema potencialmente impreciso resultou1xgames 1xbetuma série1xgames 1xbetincidentes, incluindo um SSBN britânico que quase colidiu com uma balsa1xgames 1xbet2018.
Por isso, é possível que a era das armas nucleares perdidas ainda não tenha acabado.
* Zaria Gorvett é jornalista sênior da BBC Future. Sua conta no Twitter é @ZariaGorvett.
Leia a versão original desta reportagem (em inglês) no site BBC Future.
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