Os insetos que também podem sentir felicidade e depressão:
Ninguém questionaria o cômico momento escolhido pela barata - que foi impecável, ainda que acidental. Mas o incidente é engraçado,parte, porque pensamos nos insetos como animais robóticos, com pouco mais profundidade emocional que pedaçospedra. Afinal, uma barata com sensohumor seria um total absurdo - mas será que é mesmo?
Na verdade, existem cada vez mais evidênciasque os insetos podem experimentar uma grande variedadesentimentos. Eles podem literalmente zumbirprazer com surpresas agradáveis ou cairdepressão com eventos ruins fora do seu controle. Eles podem ser otimistas ou céticos, assustar-se e reagir a dores, da mesma forma que qualquer mamífero.
E, embora ninguém tenha ainda identificado um mosquito nostálgico, uma formiga angustiada ou uma barata sarcástica, a aparente complexidade dos seus sentimentos cresce a cada ano.
Quando Scott Waddel, professorneurobiologia da UniversidadeOxford, no Reino Unido, começou a estudar as emoções da mosca-das-frutas, ele criou uma brincadeira favorita: "sabe, não era minha intenção estudar a ambição".
Mas, atualmente, o conceitoinsetos competitivos não é tão absurdo quanto era no passado. Waddell indica que pesquisas concluíram que a mosca-das-frutas presta atenção ao que os seus parceiros estão fazendo e é capazaprender com eles.
Paralelamente, o governo britânico reconheceu recentemente que alguns primos próximos das moscas na evolução - os caranguejos e as lagostas - são seres sencientes e propôs leis para proibir as pessoasfervê-los vivos.
Mas, então, como detectar emoções nos insetos? Como podemos dizer que eles não estão apenas reagindo automaticamente? E, se eles realmente são criaturas sencientes, devemos tratá-losforma diferente?
Exigência da evolução
A classe dos insetos é um emaranhadocriaturas invertebradas com seis patas e corpos segmentados. Existe maisum milhãotipos diferentes, que incluem as libélulas, mariposas, gorgulhos, abelhas, grilos, traças, gafanhotos, borboletas e até os piolhos humanos.
Os primeiros insetos surgiram pelo menos 400 milhõesanos atrás - muitos anos antes que os dinossauros ensaiassem seus primeiros passos. Acredita-se que o seu último ancestral comum com os seres humanos tenha sido uma criaturaformalesma que viveu cerca200 milhõesanos antes do surgimento dos insetos e que eles vêm se diversificando desde então.
Inicialmente, eles reinavam sobre a terra como gigantes - algumas libélulas tinham o tamanhogaviões, com envergaduraasa70 cm - e evoluíram até tornar-se a extraordinária variedadeartrópodes existente hojedia, que varia desde moscas com falsas caudasescorpião até mariposas felpudas que mais parecem poodles com asas.
Como resultado, eles são surpreendentemente similares a outros animais, mas ainda mantêm nítidas diferenças. Os insetos têm muitos órgãos similares aos seres humanos - como coração, cérebro, intestino e ovários ou testículos - mas não possuem pulmões e estômago.
Em vezserem ligados a uma redevasos sanguíneos, os corpos internos dos insetos flutuamuma espécie"sopa", que fornece alimento e retira os resíduos. Todo esse conjunto é rodeado por uma cobertura rígida - o exoesqueleto - feitaquitina, o mesmo material usado pelos fungos para construir seus corpos.
A arquitetura do cérebro dos insetos segue padrão similar. Eles não têm exatamente as mesmas regiões cerebrais dos vertebrados, mas possuem áreas que realizam funções similares. Por exemplo, a maior parte do aprendizado e da memória dos insetos reside"corposformacogumelo" - regiões cerebrais arqueadas que já foram comparadas ao córtex, que é a camada externa dobrada responsável,grande parte, pela inteligência humana, incluindo o pensamento e a consciência.
Por sinal, é fascinante pensar que até as larvas dos insetos possuem corposformacogumelo e que alguns dos seus neurônios permanecem no seu interior por toda a vida do animal. Isso sugere que os insetos adultos que passaram por esse estágio poderão ser capazesse lembraracontecimentos ocorridos antes da metamorfose.
Paralelos entre os insetos e os seres humanos
Existem cada vez mais evidênciasque nossas configurações neurais paralelas também alimentam uma sériecapacidades cognitivas comuns aos seres humanos e aos insetos.
As abelhas conseguem contar até quatro. As baratas possuem ricas vidas sociais e formam tribos que permanecem juntas e se comunicam entre si. As formigas podem até elaborar ferramentas - elas conseguem selecionar objetos apropriados no ambiente e aplicá-los às tarefas que estão tentando realizar, como usar esponjas para carregar mel para os seus ninhos.
Mas, embora o cérebro dos insetos tenha evoluído por um caminho muito similar ao nosso, existe uma diferença fundamental. O cérebro humano cresceutal forma que fez com que as mulheres alargassem seus quadris durante a evolução - para permitir a gestaçãocrianças com cérebros maiores. Hoje, o cérebro consome 20% da nossa energia.
Enquanto isso, os insetos compactaraminteligênciainvólucros milhõesvezes menores - o cérebro da mosca-das-frutas, por exemplo, tem o tamanhouma sementepapoula. Como eles conseguiram isso é um mistério científico que perdura até os diashoje.
Por tudo isso, mesmo à primeira vista, aparentemente os insetos teriam capacidade intelectual para sentir emoções. Mas faz sentido que eles tenham evoluído essa capacidade?
As emoções são sensações mentais normalmente relacionadas às circunstâncias do animal. Elas são uma espécieprograma mental que, quando acionado, pode mudar a forma como agimos.
Acredita-se que as diferentes emoções tenham surgidomomentos distintos da história da evolução, mas,forma geral, elas servem para incentivar comportamentos que aumentem nossa capacidadesobreviver ou reproduzir e,última análise, maximizar nossa herança genética.
Geraldine Wright, professoraentomologia da UniversidadeOxford, no Reino Unido, destaca como exemplo a fome, que é um estado mental que nos ajuda a alterar nossa tomadadecisõesforma apropriada, como priorizar o comportamentobuscaalimento. Outras emoções podem ser igualmente motivadoras - ataquescólera podem concentrar nossos esforços para corrigir injustiças e a busca constantealegria e contentamento nos leva a alcançar feitos que nos mantêm vivos.
Tudo isso também poderá aplicar-se aos insetos. Uma tesourinha que fique feliz ao encontrar uma fenda úmida e repletavegetação se decompondo - que, para ela, é deliciosa - terá menos possibilidadese desidratar ou morrerfome. Da mesma forma, outra que entrepânico e finja-semorta quando molestada tem mais possibilidadeescapar das garras dos predadores.
"Digamos que você seja uma abelha que caiuuma teia e a aranha vem vindo rapidamente nadireção", propõe Lars Chittka, líderum grupopesquisa que estuda a cognição das abelhas na Universidade Queen Mary,Londres. "Não é impossível que todas as reaçõesfuga sejam acionadas sem nenhum tipoemoção. Mas, por outro lado, acho difícil acreditar que isso pudesse acontecer sem alguma formamedo", afirma ele.
Ideia herética
Quando Scott Waddell formou seu grupopesquisa,2001, tinha um objetivo bastante simplesmente.
Ele queria descobrir se as moscas relembravam melhor onde encontrar comida depoisalgum tempo sem alimentação - ou seja, quando elas poderiam, se pudessem experimentar humores subjetivos, estar sentindo "fome". E Waddle concluiu que sim, elas podem sentir.
Para começar, Waddell teve o cuidadooptar pela palavra "motivação",vez"fome", para descrever o estadoespírito das moscas, sugerindo que elas ficavam mais motivadas para encontrar comida após um períodojejum. "E as pessoas acharam isso um tanto problemático", relembra Waddell.
Outros cientistas acharam que isso tudo era antropomórfico demais e preferiram a expressão "estados internos". "Por isso, muitas vezes eu recebia questionamentos que, para mim, eram essencialmente sem sentido, porque as pessoas estavam simplesmente brincando com as palavras", ele conta.
Mas,questãoanos, o estudo da inteligência dos insetos ficou muito maisvoga - e, repentinamente, o termo "motivação" foi abandonado, com pesquisadores defendendo que os insetos possuem "emoções primitivas", segundo Waddell. Em outras palavras, eles sentem o que aparentemente se suspeita serem emoções.
"Eu sempre havia imaginado as mudanças fisiológicas que ocorrem quando os animais se encontramestadoprivação - privadosalimento ousexo - como sensações subjetivas'fome' e 'desejo sexual'", afirma Waddell. "Eu realmente nunca me preocupeirotular essas sensações subjetivas como 'emoções',grande parte porque achei que isso iria me trazer problemas. Mas,uma hora para outra, todos pareciam mais confortáveis para usar [essa palavra]."
Agora que a sugestãoque insetos têm sentimentos é um pouco menos escandalosa, a popularidade desse campo explodiu - e esse estranho grupoanimais está se tornando mais atraente a cada dia que passa. Mas provar que os insetos podem experimentar emoções permanece delicado.
Vamos analisar o caso das humildes abelhas.
Os seres humanos que passaram por traumas são muito propensos a esperar o pior - e isso também foi demonstradodiversos outros animais vertebrados, incluindo ratos, carneiros, cães, vacas, peixes e pássaros. Mas ninguém nunca havia pensadoverificar se os insetos também sofriam isso.
Em 2011,conjunto com colegas da UniversidadeNewcastle (onde ela trabalhava na época), Geraldine Wright decidiu examinar a questão. "Quando os psicólogos estudam issoseres humanos... eles podem verificar as expressões [do estado emocional da pessoa] antesperguntar", afirma Wright. Mas discernir emoçõesabelhas exige um pouco maiscriatividade.
Em primeiro lugar, os pesquisadores treinaram um conjuntoabelhas a associar um tipoodor com uma recompensaaçúcar e outro odor com um líquido desagradável enriquecidoquinina, a substância que fornece o sabor amargo da água tônica.
Os cientistas então dividiram as abelhas participantesdois grupos. Um deles foi vigorosamente agitado - uma sensação que as abelhas odeiam, embora não chegue a causar danos - para simular o ataqueum predador. Já o outro grupoabelhas ficou livre para apreciar a bebida açucarada.
Para descobrir se essas experiências haviam afetado o humor das abelhas, Wright as expôs a novos odores ambíguos. As abelhas que haviam tido um ótimo dia normalmente se estendiambuscaoutra porção, o que sugere que elas estavam esperando receber mais. Mas as abelhas que haviam sido incomodadas foram menos propensas a reagir dessa forma - elas haviam se tornado céticas.
Curiosamente, o experimento também indicou que as abelhas não estavam sentindo nenhuma formapessimismo externa e não relacionada, mas sim uma sensação que poderia não ser muito diferente da nossa. Da mesma forma que os seres humanos que se sentem exasperados, os seus cérebros tinham menores níveisdopamina e serotonina. Eles também apresentaram níveis mais baixos do hormônio octopamina, típico dos insetos, que se acredita estar envolvidoprocessosrecompensa.
Wright afirma que muitas das substâncias do nosso cérebro são altamente conservadas - elas foram inventadas centenasmilhõesanos atrás. Por isso, as experiências emocionais dos insetos poderão ser mais familiares que imaginamos. "Desse pontovista, sim, elas [as substâncias do cérebro] podem ser um pouco diferentestermos do que sinalizamqual espécieanimal, mas isso é muito interessante", afirma ela.
A pesquisaWaddell com a mosca-das-frutas, por exemplo, concluiu que o cérebro do inseto usa dopamina da mesma forma que o nosso, para fornecer sensaçõesrecompensa e punição. "Por isso, é muito interessante que essas substâncias tenham evoluídoforma convergente e são meio que similares", afirma Wright. "Isso significa que esta é a melhor formafazê-lo."
Wright explica que o seu experimento com as abelhas não significa, necessariamente, que todos os insetos podem experimentar otimismo ou pessimismo, pois as abelhas são muito sociais - a vida comunitária da colmeia é particularmente exigentetermos cognitivos e, por isso, elas são consideradas inteligentes para os insetos. "Mas outros insetos provavelmente também [sofrem pessimismo]", afirma ela.
Mensagem clara
Mas seria surpreendente se os insetos pudessem sentir emoções sem expressá-lasnenhuma forma. E é fascinante que existam algumas indicações que os insetos podem ser mais expressivos do que imaginamos.
Essa questão foi levantada pela primeira vez por Charles Darwin no final do século 18. Quando não estava refletindo sobre a evolução ou comendo a "estranha carne" da fauna exótica que ele descobriu, Darwin passava grande parte do seu tempo analisando como os animais comunicam seus sentimentos e escreveu suas descobertasum livro pouco conhecido.
Em A expressão das emoções no homem e nos animais, Darwin argumenta que - comoqualquer outra característica - as formasque os seres humanos expressam seus sentimentos dificilmente teriam surgido do nada na nossa espécie.
Ao contrário, as nossas expressões faciais, ações e ruídos provavelmente evoluíramum processo gradual ao longomilênios. Isso significa que provavelmente existe certa continuidade entre os animais,termos das formasque demonstramos o nosso estado emocional para os demais.
Darwin observou, por exemplo, que os animais muitas vezes emitem ruídos altos quando estão animados. Entre as conversasvoz alta das cegonhas e o chocalhar ameaçadoralgumas cobras, ele menciona as "estridulações", ou vibrações altas, que muitos insetos fazem quando estão sexualmente excitados.
Darwin também observou que as abelhas mudam seus zumbidos durante o cruzamento. Tudo isso sugere que você não precisa ter cordas vocais para expressar como está se sentindo.
O besouro-de-ouro, por exemplo, parece uma tartarugaminiatura que foi banhada a ouro. Na verdade, ela não foi realmente revestida com esse elemento, mas consegueaparência glamourosa refletindo a luzranhuras cheiasfluido embutidas nacarapaça.
Mas basta pegar uma dessas joias vivas na mão - ou estressá-laalguma forma - para que ela se transforme na frente dos nossos olhos, adquirindo tom vermelho-rubi até relembrar uma grande e brilhante joaninha.
A maior parte das pesquisas realizadas com o besouro concentrou-se na física utilizada para realizar a mudançacoloração, mas, curiosamente, acredita-se que a reação seja controlada pelo inseto, que pode decidir mudarcor dependendo do que está acontecendo ao seu redor. Não é algo que simplesmente aconteçaforma passiva.
Existe também o caso da abelha melífera asiática. Todos os anos, por voltaoutubro - durante o que é chamado,forma sinistra,"estação do abate" -, entramação as ganguesvespas gigantes decapitadorasabelhas, também adequadamente denominadas "vespas assassinas".
As vespas vivemgrande parte da Ásia, da Índia até o Japão, mas os cientistas suspeitam que elas estejam lentamente invadindo outras regiões, sendo avistadas ocasionalmente até na América do Norte. Acaça às abelhas pode durar horas e varrer colônias inteiras. As vespas primeiro cortam as abelhas trabalhadoraspedaços e depois saembusca das ninhadas.
Mas as abelhas não morremsilêncio. Em uma pesquisa publicada neste ano, cientistas revelaram que elas gritam, usando uma versão amplificada e desenfreada do seu zumbido habitual. E, embora ninguém tenha relacionado conclusivamente os gritos a uma reação emocional das abelhas, os autores do estudo observaram no seu trabalho que esses "zumbidos antipredadores" possuem características acústicas similares aos gritosalarmemuitos outros animais, desde primatas até aves e suricatos, e podem sugerir que elas estão com medo.
Uma verdade desconfortável
O aspecto mais controverso das vidas internas dos insetos deve ser a dor.
"Existem muitas evidênciaslarvasmoscas-das-frutas que elas sentem dor mecânica - se nós as apertamos, elas tentam escapar - e o mesmo também acontece com as moscas adultas", afirma Greg Neely, professorgenômica funcional da UniversidadeSydney, na Austrália.
Como sempre acontece, comprovar que essas experiências desagradáveis são interpretadas como dor emocional é outra questão. "O problema realmente é o aspectoordem superior", afirma Neely.
Mas existem cada vez mais evidênciasque elas podem,fato, sentir dor como a conhecemos - e não apenas isso, elas podem ter dores crônicas, da mesma forma que os seres humanos.
Uma indicação básica disso é o fatoque, se você treinar moscas-das-frutas a associar um certo odor a algo desagradável, elas simplesmente correrão para longe sempre que você apresentar o odor a elas.
"Elas relacionam o contexto sensorial ao estímulo negativo e o rejeitam - por isso, elas fogem", afirma Neely. Quando as moscas-das-frutas são impedidasescapar,algum momento elas desistem e exibem comportamentodesamparo, muito similar à depressão.
Mas talvez os resultados mais surpreendentes tenham surgido da própria pesquisaNeely, que concluiu que moscas-das-frutas feridas podem sentir dores persistentes, muito tempo depois da cura das suas feridas físicas.
"É quase como um estadoansiedade, no qual, após sermos feridos, queremos ter certezaque nadaruim aconteceránovo", afirma Neely. Acredita-se que as reações das moscas-das-frutas espelhem o que pode acontecerseres humanos, quando uma lesão gera dores "neuropáticas" crônicas.
E, embora a dor ainda não tenha sido estudadagrandes variedadesinsetos, Neely acredita que é provável que ela seja similar entre as diversas espécies.
"Se observarmos a arquitetura geral da configuração do cérebro - os receptores, os canais iônicos e os neurotransmissores -, tudo é muito similar", afirma Neely. Ela indica que é possível encontrar exemplosinsetos que não percebem esses sinais sensoriais, como as larvas que estão no meio datransição para a fase adulta, mas isso não é comum.
Questãonúmeros
Todas essas pesquisas possuem implicações perturbadoras.
Atualmente, os insetos estão entre os animais mais perseguidos do planeta e são mortos rotineiramentenúmeros quase incompreensíveis. Esses números incluem 3,5 quatrilhões - 3.500.000.000.000.000 -insetos envenenados anualmente por inseticidas nas áreas agrícolas dos Estados Unidos, mais 2 trilhões esmagados ou atingidos por carros nas estradas holandesas e muitos mais que não são contados.
Embora não existam muitos dados sobre o alcance total dos nossos inseticidas, é amplamente aceito que estamos matandonúmeros tão imensos que estamos vivendo um "Armageddon dos insetos" - uma eraque os insetos estão sendo varridos dos camposvelocidade alarmante. Prova disso é que três quartos dos insetos voadores das reservas naturais da Alemanha desapareceram nos últimos 25 anos e um relatório científico concluiu que 400.000 espécies podem estar à beira da extinção.
A descoberta das emoções dos insetos também apresenta um dilema um tanto desconfortável para os pesquisadores, especialmente aqueles que dedicaram suas carreiras a pesquisá-las.
A mosca-das-frutas é um modeloanimalpesquisa, estudado com tanta intensidade que os pesquisadores sabem mais sobre ela que sobre a maior parte dos outros insetos. Existem atualmente cerca762 mil estudos que mencionam seu nome científico, Drosophila melanogaster, no mecanismobusca Google Acadêmico.
Da mesma forma, a popularidade dos estudos sobre abelhas está crescendo, devido aos conhecimentos que elas podem fornecer para tudo, desde epigenética - o estudo da formaque o ambiente pode influenciar como os nossos genes são expressos - até aprendizado e memória.
Por tudo isso, as abelhas e as moscas-das-frutas já ultrapassaramquota razoávelexperimentação.
"Gostoobservar as abelhas e estudei muito o comportamento delas na minha carreira,forma que já tenho muita empatia por elas", afirma Geraldine Wright, que é vegetariana há décadas.
Mas as quantidades utilizadasestudos são minúsculascomparação com os insetos sacrificadosoutras formas, o que torna mais fácil justificar as pesquisas. "É esse tipodesprezo à vidageral [que Wright considera mais problemático] - sabe, as pessoas gratuitamente tiram, destroem e manipulam a vida...seres humanos e [outros] mamíferos,insetos até plantas", afirma ela.
O usoinsetos para pesquisa ainda é muito controverso, mas a descoberta que eles podem pensar e sentir levanta uma sérieenigmas implacáveis para outros campos.
Já existe um precedente históricoproibiçãopesticidas para proteger certos insetos - como o embargonicotinoides pela União Europeia para proteger as abelhas. Poderá haver motivação para abandonar outros?
E, embora os insetos sejam cada vez mais promovidos como alternativa nobre e ecológica à carnevertebrados, esta seria realmente uma vitória da ética? Afinal, você precisaria matar 975.225 gafanhotos para conseguir o mesmo volumecarneuma única vaca.
Talvez uma razão pela qual nós não costumamos pensarinsetos como seres emotivos é porque isso seria insuportável.
Zaria Gorvett é jornalista sênior da BBC Future
- Leia a íntegra desta reportagem (em inglês) no site BBC Future.
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