A proliferação recordebet345 livealgas no Atlântico que intriga os cientistas:bet345 live
E é um problema que parece estar piorando no Atlântico. Depoisbet345 liveanalisar 19 anosbet345 livedadosbet345 livesatélite, pesquisadores da University of South Florida, nos EUA, descobriram que desde 2011 a floraçãobet345 livesargaço acontece anualmente e está crescendobet345 livetamanho.
"2011 foi um pontobet345 liveinflexão. Antes, não víamos muito sargaço. Depois disso, estamos vendo floraçõesbet345 livesargaço enormes e recorrentes na região central do Atlântico", diz Mengqiu Wang, da University of South Florida, uma das integrantes da equipe que descobriu a proliferaçãobet345 livealgas no Atlânticobet345 live2018. As florações são maioresbet345 livejunho e julho, segundo ela.
Outros pesquisadores, como Elizabeth Johns, da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA, concordam que 2011 foi um pontobet345 livevirada para o sargaço no Atlântico, sugerindo que as florações futuras serão provavelmente ainda maiores.
De fato, um naviobet345 livepesquisa no Caribe registrou concentraçõesbet345 livesargaço 10 vezes maiores no outonobet345 live2014 do que no episódiobet345 live2011 — e 300 vezes maiores do que qualquer outro outono nos últimos 20 anos,bet345 liveacordo com uma pesquisa realizada pela cientista marinha Amy Siuda e seus colegas da Sea Education Association (SEA), da instituição Woods Hole Oceanographic,bet345 liveMassachusetts, nos EUA.
Embora as causas exatas da proliferação ainda não tenham sido descobertas, a equipebet345 liveWang acredita que uma sériebet345 livefatores ambientais estão contribuindo para a explosãobet345 livesargaço. Entre eles, correntes marítimas e padrõesbet345 livevento anormais ligados às mudanças climáticas.
Acredita-se que a destruição da floresta Amazônica também tenha alimentado o crescimento do sargaço. À medida que grandes áreas da floresta tropical são desmatadas, são substituídas por terras agrícolas altamente fertilizadas.
O fertilizante acaba no rio Amazonas e por fim no Atlântico, onde inunda o oceano com nutrientes como nitrogênio. Registros mostram que durante a grande floraçãobet345 live2018, houve níveis mais elevadosbet345 livenutrientes na região central do Atlântico onde o sargaço cresce,bet345 livecomparação com 2010, acrescenta Wang.
Quando se dispersabet345 liveáguas abertas, o sargaço — às vezes chamadobet345 live"floresta tropical dourada flutuante" — serve como um importante viveiro para filhotesbet345 livetartaruga e um refúgio para centenasbet345 liveespéciesbet345 livepeixes.
O problema surge quando o sargaço chega às praias e começa a apodrecer, emitindo sulfetobet345 livehidrogênio — um gás que cheira a ovo podre.
"É uma boa vegetação no oceano, na praia se transformabet345 livealgo ruim", explica Wang.
O cheiro forte e a aparência desagradável estão afastando os turistas dos resorts à beira-mar no Caribe e na penínsulabet345 liveYucatan, no México — um duro golpe para a economia da região, que depende muito do turismo.
Em 2018, Laura Beristain Navarrete, prefeita da cidade costeirabet345 livePlaya del Carmen, no México, disse a um jornal local que o númerobet345 liveturistas na região havia caídobet345 liveaté 35% devido ao sargaço.
Remover as algas das praias é um processo caro e demorado. Em 2019, o presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, estimou o custo da limpezabet345 livetodo o sargaço naquele anobet345 liveUS$ 2,7 milhões — e convocou a Marinha do país para ajudar.
Além do impacto catastrófico no turismo, o sargaço também é um problemabet345 livesaúde pública, segundo Wang. Quando se decompõe, ele atrai insetos que podem causar irritação na pele; e a exposição ao sulfetobet345 livehidrogênio tem sido associada a sintomas neurológicos, digestivos e respiratórios.
As algas encalhadas também representam uma séria ameaça à vida marinha selvagem. As enormes pilhasbet345 livesargaço impedem que as tartarugas façam ninhos e prendem golfinhos e peixes nos recifesbet345 livecoral.
"O sargaço pode sufocar recifesbet345 livecoral ao cobri-los e dizimar viveirosbet345 livetartarugas", afirma Mike Allen, cientista marinho da Universidadebet345 liveExeter, no Reino Unido, que desenvolveu uma maneira baratabet345 liveconverter sargaçobet345 livebiocombustíveis e fertilizantes sustentáveis.
Allen e uma equipebet345 livepesquisadores das universidadesbet345 liveExeter e Bath, também no Reino Unido, desenvolveram um processo chamado liquefação hidrotérmica (HTL, na siglabet345 liveinglês), que usa alta pressão e temperatura para dividir a biomassa úmidabet345 livequatro componentes.
São eles: um bio-óleo que pode ser transformadobet345 livebiodiesel; compostos orgânicos solúveisbet345 liveágua usados para produzir fertilizantes; dióxidobet345 livecarbono (que os pesquisadores dizem que pretendem capturarbet345 livevezbet345 liveliberar na atmosfera); e carvão, um material sólido que contém todos os metais presentes nas algas, que a equipe também planeja recuperarbet345 liveuma futura etapa.
"Eu comparo isso com 'geologiabet345 liveuma lata'", diz Allen.
"Como as pressões e temperaturas são muito altas, podemos colocar praticamente qualquer coisa lá. Podemos converter plástico junto com a biomassa [de sargaço] no mesmo processo", acrescenta. Ou seja, as redesbet345 livepescabet345 livenylon emaranhadas nos recifesbet345 livecoral também são transformadasbet345 livefertilizantes.
No entanto, há algumas desvantagens. O processo consome muita energia e funciona com combustíveis fósseis, diz Allen, embora o calor do processo possa ser recuperado e reutilizado para melhorar a eficiência.
O projeto ainda estábet345 livefasebet345 livepesquisa, e os pesquisadores converteram 100kgbet345 livesargaço até agora — mas Allen espera ampliá-lo e fazer parcerias com empresas e governos para resolver o problema. O objetivo é encontrar uma solução para a questão do sargaço que seja economicamente viável e apoie a comunidade local.
"O que estamos tentando fazer é tornar a limpeza das áreas contaminadas rentável, para que haja um incentivo para fazer isso, melhorar a qualidadebet345 livevida e proteger o meio ambiente", explica Allen.
Em partes do México e do Caribe, moradores da região estão resolvendo a questão com as próprias mãos e encontrando maneiras inovadorasbet345 livetransformar o desastre ambientalbet345 livesuas costasbet345 liveuma oportunidade econômica sustentável.
Alguns estão transformando o sargaçobet345 livepapel, outrosbet345 livematerialbet345 liveconstrução. Em Playa del Carmen, por exemplo, um dos destinos turísticos mais populares do México, um grupo comunitário está enfrentando a invasão do sargaço transformando-obet345 livesabão.
A Biomaya Initiative, organização criada para lidar com o excessobet345 livesargaço, contrata moradores para coletar as algas malcheirosas das praias e,bet345 liveseguida, limpá-las para remover metais e plásticos.
Na sequência, mulheres que vivembet345 livevilas próximas, que datam do período Maia, misturam o sargaço processado com glicerina e mel para fazer sabonete — e vendem a barra por US$ 2 para hotéis, hospitais e lojas da região.
"Como uma comunidade, decidimos fazer isso para proteger o planeta e cuidar das nossas praias", afirma Gonzalo Balderas, fundador da Biomaya Initiative.
Segundo ele, nos últimos três anos, o númerobet345 liveturistas despencou devido ao sargaçobet345 livePlaya del Carmen.
"É para ser uma praia dos sonhos."
Enquanto isso,bet345 liveSt Catherine's, uma comunidade costeira no sudeste da Jamaica, Daveian Morrison está usando sargaço para produzir ração para animais. Morrison fundou a Awganic Inputsbet345 live2018 depoisbet345 liveouvir relatosbet345 livesargaços empilhados a 4,6 mbet345 livealtura nas praias.
"Afeta o turismo local, as atividadesbet345 livelazer e sufoca peixes e filhotesbet345 livetartaruga", diz Morrison.
"Achei que era horabet345 liveagir."
Morrison queria resolver dois grandes problemas na Jamaica: o sargaço e a faltabet345 liveforragem a preços acessíveis para cabras, uma iguaria local. O país importa atualmente US$ 15 milhõesbet345 livecarnebet345 livecarneiro e cabra a cada ano.
"Nossas cabras parecem muito magras, pois não consomem minerais suficientes. O sargaço tem muitos nutrientes, minerais e sal", explica.
A Awganic Inputs compra sargaçobet345 livecatadores locais e seca, limpa e tritura as algas enquanto ainda estão frescas, antesbet345 livemisturá-las com subproduto da colheita para produzir forragem para cabras. Já o sargaço mais podre, é transformadobet345 livecarvão e vendido para usobet345 livecosméticos. Ela realizou recentemente um projeto piloto, convertendo 544kgbet345 livesargaçobet345 liveração para cabras e vendendo a agricultores por US$ 0,26 o quilo. A resposta foi muito positiva, segundo Morrison.
Embora a pandemiabet345 livecoronavírus tenha paralisado a fabricação por enquanto, ele espera aumentarbet345 liveescalabet345 liveprodução e começar a vender ração baratabet345 livesargaçobet345 livetoda a Jamaica no próximo ano.
"Muitas pessoas veem o sargaço como um incômodo", diz ele. "E estão felizes que algo esteja sendo feito com isso."
Esses esforços para combater o excessobet345 livesargaço são, sem dúvida, pequenosbet345 livecomparação com os gigantescos montesbet345 livedecomposição nas praias do Atlântico.
Ração para cabras, sabonete e biocombustíveis não farão muita diferença nessas pilhas tão cedo, mas são um sinal da resiliência costeira — ebet345 liveeconomias locais se adaptando para transformar um cenáriobet345 liveputrefaçãobet345 livealgo útil, seja o que for que os oceanos lancem nas praias.
bet345 live Leia a versão original bet345 live desta reportagem (em inglês) no site BBC Future bet345 live .
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