Os mitos e verdades sobre as origens do vibrador:grupo do telegram de apostas
Apesar da gigantesca popularidade e consagração do livro - incluindo o Prêmio Herbert Feis, da Associaçãogrupo do telegram de apostasHistória Americana,grupo do telegram de apostas1999 -, a teoria que aborda tem bases questionáveis,grupo do telegram de apostasacordo com um novo artigo publicado no Journal of Positive Sexuality. O estudo conduzido por historiadores é o mais recente a refutar as alegações do livro - e isso vale tanto para a história da sexualidade quanto para a imaginação popular.
"Até onde sabemos sobre a história da sexualidade, parece improvável que médicos fizessem isso (masturbar as pacientes como formagrupo do telegram de apostastratamento)", diz Hallie Lieberman, historiadora da tecnologia no Institutogrupo do telegram de apostasTecnologia da Geórgia e uma das autoras do artigo. "Depoisgrupo do telegram de apostasverificar as fontes (do livro), foi quando eu realmente pensei, OK, tem algo estranho aqui."
Lieberman propõe uma visão alternativa. Sim, dispositivos mecânicos conhecidos como "vibradores" - e anunciados como massageadoresgrupo do telegram de apostascostas ou pescoço - estavam sendo usados por mulheres para a masturbação já nas décadasgrupo do telegram de apostas1900 e 1910. Mas não há evidênciasgrupo do telegram de apostasque isso tenha ocorrido antesgrupo do telegram de apostas1900, quando os vibradores eram comercializados para médicos, e não diretamente aos consumidores.
E, portanto, não teria havido situaçõesgrupo do telegram de apostasque médicos, sem compreensão do que era o orgasmo feminino, usassem esses dispositivos para curar mulheresgrupo do telegram de apostashisteria.
Mitogrupo do telegram de apostasorigem
Ao longo do século 19, vibradores elétricos eram comercializadosgrupo do telegram de apostasrevistas, periódicos, literatura médica e jornais.
Em um anúncio divulgado no início do século seguinte, por voltagrupo do telegram de apostas1904, uma mulher senta-se relaxada, com a cabeça ligeiramente para o lado. Um médico vestindo um jaleco branco está atrás dela, tocando seu pescoço. Em umagrupo do telegram de apostassuas mãos está um dispositivogrupo do telegram de apostasmetal com um grosso cabo preto: um vibrador elétrico, projetado para aliviar a tensãogrupo do telegram de apostasmassagear os pacientes. Mas não há sinais na imagemgrupo do telegram de apostasque o dispositivo fosse usadogrupo do telegram de apostasoutro lugar além do pescoço da paciente.
Por esse método, "50% da fadiga dos massagistas é evitada", diz o panfleto. "Resultados infinitamente melhores no tratamento são obtidos."
Em outro folheto, o tratamento é administrado não por um médico, mas pela própria paciente. Com a formagrupo do telegram de apostasum secadorgrupo do telegram de apostascabelo, o vibrador Sanofix,grupo do telegram de apostas1913, vinhagrupo do telegram de apostasuma pequena caixagrupo do telegram de apostasmadeira, com diversos acessórios diferentes. Em uma sériegrupo do telegram de apostasfotografias, uma mulhergrupo do telegram de apostassemblante sério, com um vestido brancogrupo do telegram de apostasbabados, segura o vibrador na testa, no queixo, na garganta e no peito.
Quando Rachel Maines, autora do livro A Tecnologia do Orgasmo, se deparou com esses anúncios, eles a intrigaram. "Passei os 19 anos seguintes fazendo pesquisasgrupo do telegram de apostasbibliotecas nos EUA e na Europa, tentando descobrir mais sobre a história dos vibradores", relata. "Não havia muito material nem nas fontes primárias. Por isso levou 19 anos, e acabei escrevendo um livro."
O livro descreve como os vibradores passaram a ser usados como dispositivos para poupar força no tratamento da histeria orgásmica. O procedimento era realizado por médicos dedicados a tratar o maior número possívelgrupo do telegram de apostaspacientes. Maines escreveu que os médicos usavam a masturbação para tratar a histeriagrupo do telegram de apostasmulheres desde o período romano.
Os médicos aliviavam a condição provocando "paroxismos" nas mulheres por meio da masturbação. Mas por causa da pouca compreensão da sexualidade feminina, os médicos não estavam cientesgrupo do telegram de apostasque os paroxismos que seus pacientes vivenciavam eram na verdade uma resposta sexual.
Sexualidade feminina
A sexualidade feminina pode não ter recebido tanta atenção quanto a sexualidade masculina historicamente, mas a ideiagrupo do telegram de apostasque os médicos da era vitoriana teriam feito isso por completa faltagrupo do telegram de apostasconhecimento parece um tanto improvável para Hallie Lieberman.
"Ela apresenta a teoria como se ninguém soubesse o que é um orgasmo", diz Lieberman. "Mas já havia uma consciência do clitóris e da sexualidade das mulheres na época".
Há evidênciasgrupo do telegram de apostasque, nos séculos 19 e 20, por exemplo, médicos dos EUA e do Reino Unido teorizaram sobre quais tiposgrupo do telegram de apostascomportamento sexualgrupo do telegram de apostasmulheres eram saudáveis e quais não eram, e que havia um entendimento geral sobre o orgasmo feminino.
Além disso, há problemas com os exemplos históricos citados no livrogrupo do telegram de apostasMaines. Cinco fontes são usadas no início do livro para respaldargrupo do telegram de apostasalegaçãogrupo do telegram de apostasque os médicos usavam vibradores "especialmente na massagem ginecológica". Mas várias dessas fontes não confirmam essa afirmação.
Não se menciona vibradores, histeria ou massagem ginecológica - na verdade, a passagem referida é sobre o tratamentogrupo do telegram de apostasdores menstruais com correntes elétricas. O autor salienta que, para pacientes com dores menstruais, "a completa ausênciagrupo do telegram de apostasexcitação sexual é da maior importância".
A segunda fonte não menciona histeria, massagem ou vibradores. A terceira tampouco faz menção à massagem ginecológica, apenas à massagem tradicional, e o termo "vibrador" não aparecegrupo do telegram de apostasnenhum lugar do livro. Lieberman encontrou essas inconsistências ao longogrupo do telegram de apostastodo o livrogrupo do telegram de apostasMaines.
Maines se posicionou acolhendo as críticasgrupo do telegram de apostasLieberman, embora elas não tenham mudadogrupo do telegram de apostasvisão. "É perfeitamente apropriado que um jovem acadêmico desafie o trabalhogrupo do telegram de apostasespecialistas mais velhos", diz.
"Em A Tecnologia do Orgasmo, o que estou propondo é uma hipótese. Eles [Lieberman e seu coautor] não acham minha hipótese muito convincente - OK. Nós não vamos concordar nisso", acrescentou a pesquisadora.
Boas vibrações
O que se sabe é que os vibradores foram usados no corpo como uma panaceia para quase todas as doenças. Panfletos proclamaramgrupo do telegram de apostaseficácia contra a insônia, paralisia, neuralgia, epilepsia, consumo, ciática, lombalgia, gota, surdez, vômitos, constipação, hemorroidas e doresgrupo do telegram de apostasgarganta. Era bom para o fígado e até mesmo para problemasgrupo do telegram de apostassaúdegrupo do telegram de apostascrianças, apontou a literatura.
A histeria também estava na listagrupo do telegram de apostascondições tratadas pelo vibrador. Mas para essas pacientes o vibrador era provavelmente mais usado para uma massagem relaxante nas costas ou no pescoço do que para qualquer tipogrupo do telegram de apostasuso erótico, afirma Lieberman.
"Com relação a massagear mulheres até o orgasmo, não há evidênciasgrupo do telegram de apostasque isso tenha acontecido no consultório médico", ressalta.
Pode até ter havido "médicos duvidosos", acrescenta ela, que assediavam pacientes. Mas não há evidênciasgrupo do telegram de apostasque o usogrupo do telegram de apostasvibradores para masturbação tenha sido um tratamento médico aceito.
O artigogrupo do telegram de apostasLieberman não é o primeiro a desafiar a teoriagrupo do telegram de apostasMaines. Outros pesquisadores, incluindo Helen King, historiadora da Universidade Aberta,grupo do telegram de apostasLondres, desafiaram as afirmaçõesgrupo do telegram de apostasMainesgrupo do telegram de apostasque essa prática remonta aos períodos grego e romano.
"Maines queria uma linha histórica que remontasse ao períodogrupo do telegram de apostasHipócrates, então ela estava decidida a encontrar médicos massageando suas pacientes até o orgasmo nas primeiras fontes escritas", diz King.
Mas não era uma prática comum nas civilizações antigas permitir que médicos chegassem perto das mulheres da casa, explica ela. Outro problema foi que Maines não distinguiu a escrita satírica da literatura médica autêntica da época.
"Uma sátira romana, exibindo 'devotos'grupo do telegram de apostasbanhos masturbando uma mulher até ela chegar ao orgasmo, é muito diferentegrupo do telegram de apostasdizer que os médicos realmente fizeram isso", diz King. "É uma sátira - é para ser escandalosa."
Enquanto isto, textos médicos antigos que descreviam médicos massageando lombar, joelhos ou cabeça foram interpretadosgrupo do telegram de apostasmodo errôneo por Maines como um tipo um tanto diferentegrupo do telegram de apostasmassagem,grupo do telegram de apostasacordo com King. Além disso, Maines teria contornado as evidências, deliberadamente escolhendo frases e fontes para reforçargrupo do telegram de apostashipótese: "Por exemplo, uma descrição sobre o que acontece quando o útero é friccionado durante o ato sexual transforma-segrupo do telegram de apostasmasturbação por um médico".
A realidade
Mas se não foram os médicos, quem afinal inventou o vibrador como brinquedo sexual?
A resposta chega a alguns dos anúncios que Maines encontrou - mesmo que alguns acadêmicos hoje acreditem que suas interpretações sejam enganosas.
Quando os médicos começaram a perceber, por volta do início do século 20, que os vibradores não eram o santo remédio que se pensava, os fabricantes dos aparelhos se depararam com um problema. Havia toda uma indústria dedicada a fabricar esses dispositivos: havia a versão com manivela, que evoluiu para modelos movidos a vapor, que porgrupo do telegram de apostasvez evoluiu para um dispositivo acionado eletricamente. Mas agora havia menos médicos dispostos a comprá-los.
Uma empresa adotou uma estratégia ousadagrupo do telegram de apostas1903, quando lançou um anúncio do aparelho sexual Hygeia tanto para homens quanto para mulheres.
"Parecia um cinto com eletricidade e vibração", diz Lieberman.
Esta foi a primeira fontegrupo do telegram de apostasum vibrador associado ao sexo que Lieberman descobriu emgrupo do telegram de apostaspesquisa. Mas vender abertamente um vibrador como aparelho sexual era raro, até porque isso era considerado obsceno. Nos EUA, no Reino Unido egrupo do telegram de apostasoutros lugares, as leisgrupo do telegram de apostasobscenidade por muitos anos impediram as empresasgrupo do telegram de apostasanunciarem dispositivos para o prazer sexual.
A mudança para a estratégiagrupo do telegram de apostasvender vibradores diretamente aos consumidores foi fortalecidagrupo do telegram de apostas1915, quando a Associação Médica Americana fez uma declaração classificando os vibradores para uso médico como "um delírio e uma armadilha". Qualquer efeito que eles tivessem nas pacientes era psicológico, e não médico. A associação classificou os vibradores como uma fraude e começou a combatê-los, conta Lieberman.
Em vezgrupo do telegram de apostasmatar a indústria dos vibradores, os fabricantes simplesmente mudaram o focogrupo do telegram de apostasmédicos para consumidores.
"Viam-se anúncios no New York Times, no Chicago Tribune egrupo do telegram de apostastodo o Reino Unido", diz Lieberman. "Eles foram vistos como um aparelhogrupo do telegram de apostaslazer para mulheres."
Com o passar do tempo, esses anúncios foram sendo, sutilmente, sexualizados. Homens sem camisa e mulheresgrupo do telegram de apostasblusas decotadas eram mostrados exibindo alegremente os vibradores. Devido à reservagrupo do telegram de apostasanunciar explicitamente os vibradores como brinquedos sexuais, é difícil definir quando eles passaram a ser amplamente usados pra fins sexuais.
"O tipogrupo do telegram de apostasvibrador que conhecemos hoje começou a aparecer nos anos 1950 e se tornou mais comum e abertamente vendido nos anos 1960", diz Lieberman. "Mas ele ainda era polêmico".
A controvérsia levou muito tempo para se dissipar. Em alguns lugares, ainda há polêmica. No Estado americano do Alabama, por exemplo, as leisgrupo do telegram de apostasobscenidade ainda proíbem a publicidade e a vendagrupo do telegram de apostasvibradores.
Apesargrupo do telegram de apostasa história ser fortemente contestada, Maines continua defendendogrupo do telegram de apostasteoria. "Acredito que minha hipótese está correta. Muitos pensam da mesma forma", diz Maines.
Lieberman admite quegrupo do telegram de apostasnova teoria é menos atraente do que a hipótesegrupo do telegram de apostasque várias geraçõesgrupo do telegram de apostasmédicos usavam o vibrador na masturbação para acalmar mulheres histéricas.
"[Essa história] atrai as pessoas", acrescenta King. "É como uma cenagrupo do telegram de apostasfilme pornôgrupo do telegram de apostasque o médico 'resolve' o problema, se é que você me entende."
Foi esse apelo que impulsionou a popularização da teoria da masturbação médica. Por quase 20 anos, ensinaram-nagrupo do telegram de apostasuniversidades, tomando-a como um dado na literatura acadêmica, apresentando-o como fato na mídia e popularizando-o nos palcos e nas telas. E, como observa Lieberman, quando as pessoas querem que uma história seja verdadeira, até acadêmicos raramente se incomodamgrupo do telegram de apostasverificar os fatos.
- grupo do telegram de apostas Leia a versão original desta reportagem (em inglês grupo do telegram de apostas ) no site da BBC Future grupo do telegram de apostas .
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