Por que ‘não fazer nada’ pode te ajudar a ser mais produtivo no trabalho:bet nacional é boa

Mulher com a mão na cabeça

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Legenda da foto, Trabalhar menos horas não significa necessariamente render menos no trabalho

Mas não é bem assim. Os mesmos amigos que vão para casabet nacional é boamotocicleta para um almoço mais prolongado, constantemente voltam ao escritório para trabalhar até tarde da noite.

Ainda assim, a aparente crençabet nacional é boaequilibrar o trabalho duro com o il dolce fare niente (a doçurabet nacional é boanão fazer nada,bet nacional é boatradução livre), sempre me chamou a atenção. Afinal, "não fazer nada" parece ser o opostobet nacional é boaser produtivo. E a produtividade - seja criativa, intelectual ou industrial - é o aproveitamento máximo do nosso tempo.

Mas, enquanto preenchemos nossos dias com mais e mais afazeres, muitosbet nacional é boanós já percebemos que a atividade ininterrupta não é o ápice da produtividade. Mas, sim,bet nacional é boaadversária.

Duas pessoas comendo

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Legenda da foto, Será que os italianos sabem algo que não sabemos?

Especialistas sugerem que o trabalho produzido ao fimbet nacional é boauma jornadabet nacional é boa14 horas ébet nacional é boapior qualidade do que quando estamos descansados. Além disso, esse padrãobet nacional é boatrabalho também prejudica nossa criatividade e cognição.

Com o tempo, pode fazer com que o trabalhador se sinta fisicamente doente e, ironicamente, como se não tivesse um propósito.

"Pense no trabalho mental como fazer flexões", comenta Josh Davis, autor do livro Two Awesome Hours (Duas Horas Incríveis,bet nacional é boatradução livre).

Digamos que você queira fazer 10 mil flexões. A maneira mais 'eficiente' seria realizá-las sem pausa. Mas seria impossível.

Por outro lado, se fizéssemos apenas uma série por vez, intercalando as "flexões" com outras atividades e distribuindo-as ao longo das semanas, seria muito mais viável alcançar a meta.

"O cérebro é muito parecido com um músculo neste sentido", escreve Davis.

"Estabelecer as condições inadequadas por meio do trabalho constante nos faz ter pouco sucesso. Já se estabelecermos as condições apropriadas, há pouco que não poderíamos fazer."

Fazer ou morrer

Muita gente tende a pensar, no entanto, que o cérebro não é um músculo, mas, sim, um computador: uma máquina capazbet nacional é boarealizar trabalho constante. E, segundo especialistas, o atobet nacional é boanos pressionarmos a trabalhar durante horas sem descanso pode ser prejudicial.

"A ideiabet nacional é boaque é possível esticar indefinidamente os temposbet nacional é boaconcentração e produtividade a esses limites arbitrários é muito ruim. É contraproducente", diz o cientista Andrew Smart, autorbet nacional é boaAuto-pilot: the Art and Science of Doing Nothing (Piloto automático: a arte e a ciênciabet nacional é boanão fazer nada,bet nacional é boatradução livre).

Japoneses dormindobet nacional é boabancos na rua durante o dia

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Legenda da foto, O trabalho excessivo é tão comum no Japão que as famíliasbet nacional é boavítimas recebem indenização do governo

Um análise combinadabet nacional é boadiferentes estudos no mesmo assunto identificou que trabalhar por muitas horas aumenta o riscobet nacional é boadesenvolver doenças coronarianasbet nacional é boa40%, quase tanto quanto ser fumante (50%).

Outro estudo mostrou que as pessoas com longas jornadasbet nacional é boatrabalho têm um risco significativamente maiorbet nacional é boaenfartar, enquanto aquelas que trabalham maisbet nacional é boa11 horas por dia são quase 2,5 vezes mais propensas a desenvolver um quadrobet nacional é boadepressão,bet nacional é boacomparação com quem tem uma jornadabet nacional é boasete a oito horas.

No Japão, esse hábito tem resultadobet nacional é boauma tendência perturbadora, chamada karoshi ou morte por excessobet nacional é boatrabalho.

Se você está se perguntando se isso significa que deveria tirar suas férias atrasadas, a resposta pode ser sim.

Um estudo realizado com executivosbet nacional é boaHelsinki, na Finlândia, mostrou que durante maisbet nacional é boa26 anos, os gerentes e empresários que tiraram menos férias sofreram mortes precoces e apresentaram uma saúde pior na velhice.

Homem descansa encostado na neve
Legenda da foto, A Suécia experimentou recentemente jornadasbet nacional é boatrabalhobet nacional é boaseis horas, o que resultoubet nacional é boafuncionários mais produtivos e saudáveis | Foto: Alamy

Eficiência: algo novo?

É fácil pensar que a eficiência e a produtividade são obsessões novas. Mas o filósofo britânico Bertrand Russell discordaria.

"Vão dizer que embora um poucobet nacional é boaócio seja agradável, os homens não saberiam preencher seus dias se só trabalhassem quatro das 24 horas", escreveu Russellbet nacional é boa1932.

Da mesma maneira, algumas das pessoas mais criativas e produtivas do mundo se deram conta da importânciabet nacional é boafazer menos. Sempre com uma éticabet nacional é boatrabalho forte, mas também períodosbet nacional é boatempo dedicados ao descanso e ao ócio.

O filósofo Bertrand Russell

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Legenda da foto, 'Os norte-americanos necessitambet nacional é boadescanso, mas eles não sabem disso', escreveu o filósofo Bertrand Russell

"Trabalhebet nacional é boauma coisa só até terminá-la", escreveu o artista e escritor Henry Millerbet nacional é boaseus 11 mandamentos da escrita.

"Pare no horário marcado! Mantenha-se humano! Vá a lugares, veja pessoas, beba se isso te atrai".

Até mesmo Benjamin Franklin, um dos 'pais fundadores' dos Estados Unidos, dedicava grande partebet nacional é boaseu tempo ao ócio. Todos os dias, descansava duas horas após o almoço, deixava as noites livres e tinha uma noite inteira para dormir.

Em vezbet nacional é boatrabalhar sem parar como impressor, atividade que pagava suas contas, ele passava "muitas horas" socializando e entretido com passatempos.

"Na realidade, os mesmos interesses que o afastarambet nacional é boasua profissão inicial levaram-no a muitas coisas maravilhosas pelas quais é conhecido, como ter inventado o para-raios", diz Davis.

Ilustraçãobet nacional é boaBenjamin Franklin

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Legenda da foto, Benjamin Franklin inventou o para-raio ao fazer experimento usando fiobet nacional é boametal para empinar pipa

Mesmobet nacional é boauma escala global, não há uma clara correlação entre produtividadebet nacional é boaum país e a médiabet nacional é boahoras trabalhadas. Com uma médiabet nacional é boa38,6 horas por semana, por exemplo, o empregado norte-americano trabalhabet nacional é boamédia 4,6 horas a mais na semana do que um norueguês.

No entanto, os trabalhadores noruegueses contribuem com U$ 78,70 por hora para o Produto Interno Bruto (PIB), enquanto os norte-americanos contribuem com U$ 69,60.

No caso da Itália, berço do il dolce far niente, com uma média semanalbet nacional é boa35,5 horasbet nacional é boatrabalho, o país produz quase 40% a mais por hora do que a Turquia, onde as pessoas trabalhambet nacional é boamédia 47,9 horas por semana.

Parece então que todos os intervalos para tomar café não são tão ruins.

Entre cochilos e pequenas pausas

A razão pela qual temos jornadasbet nacional é boatrabalhobet nacional é boaoito horas, por exemplo, se deve ao fatobet nacional é boaas empresas terem descoberto que reduzir as horas dos empregados gerava um efeito contrário ao que esperavam: aumentava a produtividade.

Durante a revolução industrial, jornadasbet nacional é boa10 a 16 horas eram normais. A Ford, fabricantebet nacional é boaautomóveis, foi a primeira companhia a testar turnos com oito horas - e percebeu que seus empregados eram mais produtivos não só a cada hora, masbet nacional é boaum modo geral. Em dois anos, os ganhos da empresa dobraram.

Se as jornadasbet nacional é boatrabalhobet nacional é boaoito horas são melhores do que asbet nacional é boadez, quer dizer que turnos com menos horas seriam ainda melhores? Talvez.

Uma pesquisa mostrou que para pessoas com maisbet nacional é boa40 anos, uma carga horária semanalbet nacional é boa25 horas pode ser ótimo para a cognição. A Suécia, por exemplo, experimentou recentemente jornadasbet nacional é boaseis horas diárias e constatou que a produtividade dos empregados melhorou, assim como a saúde deles.

Jovem

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Legenda da foto, A palavra 'descanso' não é necessariamente o melhor termo para descrever o que estamos fazendo quando não fazemos nada, dizem alguns especialistas

A forma como as pessoas se comportam durante um diabet nacional é boatrabalho parece confirmar essa teoria.

Uma pesquisa realizada com quase 2 mil empregadosbet nacional é boatempo integral, na Inglaterra, sugere que as pessoas só eram produtivas durante duas horas e 53 minutosbet nacional é boauma jornadabet nacional é boaoito horas.

Durante o resto do tempo, checavam suas redes sociais, liam notícias, conversavam com colegasbet nacional é boatrabalho, comiam e até mesmo buscavam outros empregos.

Podemos nos concentrar por um períodobet nacional é boatempo ainda mais curto quando estamos nos forçando ao limitebet nacional é boanossas capacidades.

De acordo com o psicólogo K. Anders Ericsson, da Universidadebet nacional é boaEstocolmo, na Suécia, ao começar um tipobet nacional é boa"prática deliberada" necessária para dominar qualquer atividade, é preciso mais pausas do que pensamos.

A maior parte das pessoas pode trabalhar somente uma hora sem necessidadebet nacional é boapausa. Existem músicos profissionais, autores e atletas que não dedicam maisbet nacional é boacinco horas diárias ao seu ofício.

Outro hábito que eles têmbet nacional é boacomum? A "tendênciabet nacional é boatirar cochilos para se recuperar", afirma Ericsson. Uma maneirabet nacional é boadescansar tanto o cérebro quanto o corpo.

Descanso ativo

Mas a palavra "descanso", como alguns pesquisadores ressaltam, não é necessariamente o melhor termo para descrever o que estamos fazendo quando não fazemos nada.

A parte do cérebro que é ativada quando não fazemos nada, conhecida como rede neuronalbet nacional é boamodo padrão (DMN, na siglabet nacional é boainglês), desempenha um papel fundamental na consolidação da memória e na visão do futuro.

É também a zona do cérebro que ativamos quando observamos outros indivíduos, pensamos sobre nós mesmos, fazemos julgamento moral ou processamos as emoçõesbet nacional é boaoutras pessoas.

Em outras palavras, se esta rede se apagar, podemos ter dificuldadebet nacional é boamemória,bet nacional é boaantecipar consequências, compreender as interações sociais, entender a nós mesmos, agirbet nacional é boaforma ética ou ter empatia com os demais. Ou seja, tudo que nos torna não apenas funcionais no ambientebet nacional é boatrabalho, como também na vida.

Homem dorme na grama

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Legenda da foto, Talvez a lição seja: se não dedicarmos um tempo para dirigir nossa atenção para dentro, perderemos um elemento crucial da felicidade

"Esse tempobet nacional é boaócio te ajuda a reconhecer a importância mais profunda das situações. Ajuda a entender o significado das coisas. Quando você não está dando significado para as coisas, está apenas reagindo e agindo no momento, e você estará sujeito a muitos tiposbet nacional é boacomportamentos e crenças cognitivas e emocionais não apropriadas para o ambiente", afirma Mary Helen Immordino-Yang, neurocientista e pesquisadora do Instituto do Cérebro e da Criatividade da Universidade do Sul da Califórnia, nos Estados Unidos.

Da mesma maneira, não teríamos a capacidadebet nacional é boapensarbet nacional é boanovas ideias e conexões. A DMN é acionada quando fazemos associações entre assuntos que parecem não estar relacionados ou quando propomos ideias originais.

Também é o lugar onde afloram momentosbet nacional é boainspiração, o que significa que, assim como Arquimedes, você pode ter uma ideia brilhante quando está passeando ou tomando banho. E deveria agradecer à biologia por isso.

Talvez o mais importantebet nacional é boatudo seja: se não reservarmos um tempo para dirigir nossa atenção para dentro, perderemos um elemento crucial da felicidade.

"Estamos fazendo coisas sem dar significado para elas durante uma grande parte do tempo", ressalta Immordino-Yang.

"Quando você não tem a habilidadebet nacional é boainserir suas açõesbet nacional é boauma causa mais ampla, elas ficam sem sentido com o tempo, vazias e não conectadas com o seu sentido geral. E sabemos que não ter um propósito com o tempo se associa a não ter uma boa saúde emocional e psicológica".

Tricotar e meditar?

As pessoas que meditam sabem muito bem que fazer nada pode ser surpreendentemente difícil. Após 30 segundosbet nacional é boadescanso, quem não sente necessidadebet nacional é boachecar o celular?

De fato, fazer nada é tão incômodo que muitas vezes optamos até por nos prejudicar. Literalmente. Em 11 estudos científicos diferentes, pesquisadores mostraram que os participantes preferiam qualquer coisa, incluindo receber choques elétricos, ao invésbet nacional é boafazer nada. Mesmo sabendo que não precisavam ficar sentados por muito tempo - os experimentos variavam entre seis e 15 minutos.

A boa notícia é que você não precisa se dedicar a fazer absolutamente nada para ter benefícios. É verdade que o descanso é importante. Porém, na reflexão ativa também é possível tirar grande proveito, seja digerindo um problema que você tem ou formulando uma ideia.

Mulher tricota no metrô
Legenda da foto, Qualquer outra tarefa que não exija 100%bet nacional é boaconcentração também pode ajudar, como tricotar ou desenhar | Foto: Alamy

De fato, tudo que requer a visualizaçãobet nacional é boaresultados hipotéticos ou cenários imaginários, como debater um problema com amigos, ou se perder lendo um bom livro, também ajuda, segundo Immordino-Yang.

E se você tem um propósito, é até mesmo possível ativarbet nacional é boarede neuronalbet nacional é boamodo padrão ao acessar as redes sociais.

"Se você simplesmente está olhando uma foto bonita, a rede neuronal (DMN) estará desativada. Mas, se você faz pausas e tenta analisar a imagembet nacional é boauma forma mais ampla, tentando entender por que a pessoa da foto está se comportando daquela maneira, elaborando uma narrativa ao seu redor, então, nesse caso, é muito possível que esteja ativando essas redes", explica a pesquisadora.

A meditação é outro método eficaz. Com uma semanabet nacional é boaprática para os iniciantes, ou apenas uma sessão para os mais experientes, é possível melhorar a criatividade, o humor, a memória e a concentração.

Qualquer outra tarefa que não exija 100%bet nacional é boaconcentração também pode ajudar, como tricotar ou rabiscar. Como escreveu Virginia Woolfbet nacional é boaUm Teto Todo Seu (1929): "Desenhar croquis era um modo preguiçosobet nacional é boacumprir o trabalho inútil da manhã. É, porém, no ócio, nos sonhos, que a verdade submersa geralmente vem à tona".

bet nacional é boa Leia a versão original bet nacional é boa desta reportagem (em inglês) no site BBC Capital bet nacional é boa .