A verdade científica por trás da lenda do chupa-cabra:cassino mines
Essa criatura, segundo esses relatos, estaria matando animaiscassino minescriação para corte e chupando seu sangue - daí seu nome popular.
Primeiro relato
Emcassino mineslonga pesquisa, que levou cinco anos e demandou viagens por várias regiões, Radford localizou até mesmo a primeira pessoa a relatar ter visto a criatura: Madelyne Tolentino, da cidadecassino minesCanóvanas, no lestecassino minesPorto Rico. Em 1995, ela disse ter visto uma criatura parecida com um alien da janelacassino minessua casa.
O impressionante da história é a rapidez com que ela se espalhou. Após mais relatoscassino minesgente que disse ter visto a criatura, e a ligação feita na mídia local com animaiscassino minesgado encontrados com o sangue extraído, a viralização foi incontrolável.
Ela primeiro se espalhou por Porto Rico, depois pelo resto da América Latina e o sul dos Estados Unidos. No Brasil, uma reportagem sobre o chupa-cabra no programa Domingo Legal, no SBT,cassino mines1997, levou a uma ondacassino minessupostas aparições da criatura por todo o país.
A lenda se espalhou até mesmo online, nos primórdios da popularização da internet, com a participaçãocassino minesgrupos entusiastascassino minesóvnis e teóricos da conspiração.
Até que no início dos anos 2000 um novo chupa-cabra apareceu, com algumas diferençascassino minesrelação ao original. Desta vez era descrito menos como um alien e mais como um animal parecido com um cachorro, andandocassino minesquatro patas, mas sem pelos.
E além dos relatoscassino minesaparição, alguém também encontrou um corpocassino minesuma dessas criaturas.
Ao ouvir a história, Radford percebeu uma oportunidadecassino minesouro: realizar uma investigação sem precedentes sobre algo cuja fama já se equiparava àcassino minesoutros monstros lendários, como o pé-grande ou o monstro do Lago Ness.
"Quando você tem um corpo, muda tudo", explica. "Você pode colher amostrascassino minesDNA ecassino minesossos, estudar a morfologia", diz.
"No começo estava logicamente céticocassino minesrelação à existência da criatura", comenta. "Mas ao mesmo tempo tinha consciênciacassino minesque é possível encontrar novos animais. Não queria simplesmente menosprezar ou descartar a possibilidade. Se o chupa-cabra é real, queria encontrá-lo."
Examescassino minesDNA
O pontocassino minespartida óbvio eram os corpos dos supostos chupa-cabras. Um totalcassino minesuma dúziacassino minescorpos foram encontrados, principalmente no Texas ecassino minesoutros Estados do sudoeste dos EUA.
Eram realmente horríveis: sem pelos, magros e com a pele com aparência queimada. Mas examescassino minesDNA revelaram uma realidade muito mais mundana: os corpos eram invariavelmentecassino minescoiotes, cachorros ou guaxinins, com exceçãocassino minesum, que na verdade tratava-secassino minesum peixe.
Mas como esses animais foram confundidos com monstros extraterrestres? Segundo Radford, a razão era a perda do pelo por causacassino minessarna sarcóptica, provocada por ácaros, uma doença relativamente comum e capazcassino minesdeixar os animais com o aspecto monstruoso no qual se encontravam.
"Os cachorros sarnentos são quase carecas, com a pele muito grossa e num tom vermelho ou preto escuro", observa Alison Diesel, especialistacassino minesdoençascassino minespelecassino minesanimais na Universidade do Texas.
Se a esse aspecto são acrescidas feridas provocadas pela coceira, está formado o chupa-cabra.
E as vítimas?
Mas isso era só metade da história - ainda faltava resolver o mistério dos animais vítimas dos chupa-cabras.
E a resposta, mais uma vez, foi surpreendentemente simples. Os animais encontrados eram provavelmente vítimascassino minespredadores comuns, como cães ou coiotes. Não é incomum um cachorro selvagem morder um animal no pescoço e depois deixá-lo.
Muitas vezes, o bicho morre com hemorragias internas, sem outras marcas além da mordida.
As marcas no pescoço costumam ser relacionadas com vampiros, graças à lenda do Drácula, mas os animais que se alimentam efetivamente do sanguecassino minesoutros não agem assim, como observa o pesquisador Bill Schutt, do Museucassino minesHistória Naturalcassino minesNova York.
"As espécies que sugam o sangue o procuram perto da superfície da pele, o que não é o caso da veia jugular, por exemplo", observa Schutt.
Assim, se compararmos as característicascassino minesanimais vampiros, como os morcegos, e dos chupa-cabras, há poucas semelhanças.
Os vampiros, segundo Schutt, são pequenos e furtivos, com dentes especializados e um sistema digestivo que lhes permite extrair nutrientes do sangue.
Uma criatura do tamanhocassino minesum cachorro "morreriacassino minesfome rapidamente se alimentandocassino minessangue", segundo ele, por causa da faltacassino minesnutrientes essenciais como a gordura.
Além da presença desses sinaiscassino minesmordidas, Radford acredita que os rancheiros que encontraram os corpos dos animais atacados podiam atribuir a morte deles a um vampiro depoiscassino minesexaminá-los e cortá-los - e ver que o sangue não jorrava.
"Quando um animal morre, o coração paracassino minesbater e não há mais pressão sanguínea", explica. "O sangue se acumula na parte mais baixa do corpo e então coagula e se espessa. Isso se conhece como lividez, e dá a ilusãocassino minesque o sangue foi retirado do corpo."
Culpa do antiamericanismo
Mas se toda a mitologia ao redor dos chupa-cabras cai rapidamente por terra diante da investigação científica, por que a lenda permanece viva até hoje?
Pode parecer estranho, mas Radford aponta para o forte sentimento antiamericanocassino minestoda a América Latina como parte dessa explicação. Isso é particularmente fortecassino minesPorto Rico, protetorado dos EUA.
"Falei com vários portorriquenhos, que sentiam que os Estados Unidos os havia explorado, enganado e ignorado, economicamente ecassino minesoutras formas", diz.
Muitos portorriquenhos acreditam que os chupa-cabras são outra indicação da exploração americana: seriam o resultadocassino minesexperiências científicas ultrassecretas promovidas pelos Estados Unidos na florestacassino minesEl Yunque, não muito longe da cidade onde Madelyne Tolentino fez o primeiro relato sobre a criatura.
Outro fator é a internet. "Eu classifico o chupa-cabra como o primeiro monstro da internet", diz Radford. "Se o primeiro testemunho tivesse ocorridocassino mines1985, algumas pessoas poderiam ouvir falar sobre ele, mas a história não teria viralizado pelo mundo todo."
Radford observa que o mito mudou rapidamente.
"O chupa-cabra original tinha espinhos nas costas e olhos grandes. Mas ao longo dos anos o conceito da criatura foi se expandindo, até o pontocassino mineshoje qualquer cachorro sarnento ser chamadocassino mineschupa-cabra", diz.
"Hoje as pessoas vão ao Google e procuram 'animal misterioso que ataca as coisas'. E o mito se autoperpetua."
E o que explica o primeiro avistamento,cassino mines1995? Foi inventado?
A respostacassino minesRadford é igualmente inesperada. Ele observa que a descrição feita por Madelyne Tolentino era semelhante à do alien do filme A Experiência (Species, no originalcassino minesinglês), que havia sido recém-lançadocassino minesPorto Rico - ela tinha assistido.
A trama do filme envolvia experiências científicas ultrassecretas dos Estados Unidos e foi parcialmente filmadacassino minesPorto Rico.
"Está tudo ali. Ela vê o filme, depois vê algo que confunde com um monstro", diz Radford.
Ele afirma, porém, não acreditar que os relatos sobre o chupa-cabra eram mentira, mas simplesmente o frutocassino minesimaginações extremamente férteis.
"Do meu pontocassino minesvista, não há absolutamente nenhuma razão para acreditar que algo fora do comum esteja envolvido nos ataques ao gado", conclui Radford.
A história toda não passacassino minesuma grande confusão envolvendo confusão científica, identificação erradacassino minesanimais, exagero da mídia, ansiedade cultural e histeria coletiva. Tudo isso como resultado da impressão que um filmecassino minesficção científica deixou sobre uma mulhercassino minesPorto Rico.
Mas as revelaçõescassino minesRadford mostram ainda que, mesmo que a análise rigorosa, todas as pesquisas e toda investigação científica demonstrem que o chupa-cabra não passacassino minesum mito, as pessoas gostamcassino mineshistórias fantásticas e continuarão a contá-las, por mais estranhas ou inverossímeis que pareçam.
- cassino mines Leia a versão original dessa reportagem (em inglês) cassino mines no site BBC Earth.