A mensagem racista escondidabaixar blaze apostasuma obrabaixar blaze apostasarte famosa:baixar blaze apostas
Associado superficialmente com o luto, o macabro e com a maldade, o preto tembaixar blaze apostassi um paradoxo inesperadobaixar blaze apostasotimismo. Toda história sobre origens, da Gênesis ao Big Bang, começa com uma escuridão como a base para o brilhobaixar blaze apostasluz que vembaixar blaze apostasseguida.
O preto não é simplesmente onde começamos, é também o antesbaixar blaze apostascomeçarmos. Sem o preto, nem as estrelas nem a alma teriam como se destacar.
A história da palavrabaixar blaze apostassi diz muito e pode ser rastreada ao seu antepassado proto-indo-europeu bhleg, que significa "raio", "brilho" e "iluminação". Ainda que, visualmente, possa denotar a completa absorçãobaixar blaze apostasluz,baixar blaze apostasum nível artístico mais profundo, o preto é sinônimobaixar blaze apostasesplendor.
Onde quer que encontremos o preto na arte, devemos olhar além do que é triste, soturno ou sinistro na superfície para ver o esplendor brilhando por dentro.
Os egípcios antigamente estavam acostumados com essas sutilezasbaixar blaze apostaspensamento, o que fica evidente no rostobaixar blaze apostasAnúbis, o deus responsável por levar as almas dos mortos à vida após a morte.
Embalsamador da carne e julgador das almasbaixar blaze apostaspartida, Anúbis era ele mesmo um ser híbrido — uma mistura curiosabaixar blaze apostashomem e chacal. Sua cabeça canina era invariavelmente retratada por artistas da mesma cor horripilante que a carne humana adquire durante o processobaixar blaze apostasmumificação, que era supervisionado por Anúbis.
Como qualquer nativo do vale do Nilo saberia, porém, o preto intenso é também o tom do mais fértil e rico sedimento. O semblante pretobaixar blaze apostasAnúbis tinha uma aparênciabaixar blaze apostasduas direções — à fragilidadebaixar blaze apostasnossa pele e à fecundidade da alma.
Saltemos a Caravaggio. A incansável escuridão a partir da qual suas duas versões da Ceiabaixar blaze apostasEmaús (1.601 e 1.606) são escavadas demonstram uma sensibilidade aguçada às qualidades místicas da cor preta.
Ambas as telas imaginam o instante quando o Cristo ressuscitado, viajando incógnito, revela-se para doisbaixar blaze apostasseus desatentos discípulos, antesbaixar blaze apostasdesaparecer dramaticamentebaixar blaze apostasvista.
Em ambos os trabalhos, o branco determina a temperatura espiritual da cena extraordinária e se funde misteriosamente ao véu semipermeável entre mundos que Cristo sozinho atravessa.
Na imaginaçãobaixar blaze apostasCaravaggio, quanto mais profunda é a iluminação espiritual, mais escura ébaixar blaze apostaschama - um truque que ele pode ter aprendido com outro expoente da Renascença italiana, Michelangelo Buonarroti.
Considere, por exemplo, os afrescos do teto da Capela Sistina, cujo efeito inspirador não depende tanto da incorporação do pigmento preto com o reboco úmido, mas sim com as outras escuridões do espaço no qual se observam esses afrescos.
De volta ao preto
Desenhados para cintilarbaixar blaze apostasforma sincronizada com as velas consumidas lentamente durante os serviços da semanabaixar blaze apostasPáscoa, os afrescosbaixar blaze apostasMichelangelo (o primeiro que, didaticamente, mostra a "separação da luz a partir da escuridão") são dotadosbaixar blaze apostasuma vibração contra a qual uma escuridão quase palpável pulsava.
O rebaixamento e a elevação sobre os fiéis era tão parte do poder da obra quanto a grande festabaixar blaze apostasmúsculos que Michelangelo desenhou sobre eles.
Apesarbaixar blaze apostasMichelangelo e Caravaggio terem determinado o tom para a miríadebaixar blaze apostasmajestades da escuridão que os seguiu na História da arte ocidental (desde o tom das sombras do olhar penetrantebaixar blaze apostasRembrandt embaixar blaze apostassériebaixar blaze apostasautorretratos até o grotesco das pinturas escurasbaixar blaze apostasGoya), é importante lembrar que nem todo buraco negro é profundo.
Alguns podem achar difícil olhar diretamente no olho do pintor americano James McNeill Whistler com seu icônico retratobaixar blaze apostassua mãe sentada (pintadobaixar blaze apostas1871) sabendo, como sabemos, da propensão do artista para fazer comentários racistas e seu gosto por dar tapas na cara dos abolicionistas.
O artista, é claro, não chega ao mesmo nívelbaixar blaze apostasseu irmão, que usou o uniforme cinza da Confederaçãobaixar blaze apostasseus esforços inúteisbaixar blaze apostasperpetuar a escravidão, mas o fato traz um certo contexto.
A própria mãebaixar blaze apostasWhistler, que uma vez tentou impedir a esposa negrabaixar blaze apostasseu tio e seus filhosbaixar blaze apostasadquirirem terras da família, torna-se um tema irônico para uma pintura cujo título oficial, olhandobaixar blaze apostasretrospectiva, parece mais do que um pouco carregado racialmente: Arranjobaixar blaze apostasCinza e Preto.
Mas é a pinturabaixar blaze apostasuma geração subsequentebaixar blaze apostasartistas, o Quadrado Negro (1915) do supremacista russo Kazimir Malevich - que muitas vezes é creditado como o primeiro trabalho abstrato pintado -, que revela quão facilmente a cor pode coalhar da luminosidade cheiabaixar blaze apostasalma para algo mais sombrio. Em 2015, uma análise nova do celebrado trabalho (que Malevich disse que significava onde "o verdadeiro movimento da existência começa") encontrou os traçosbaixar blaze apostasum gracejo fanático que o artista escondeu por baixo do verniz.
Acredita-se que as palavras escondidas "batalha dos negros", covardes demais para se mostrarem completamente, seriam uma alusão a uma frase racista - "negros lutando à noite" - usada por um humorista francêsbaixar blaze apostasum quadrinho com um quadrado negrobaixar blaze apostas1987. Com essa descoberta decepcionante, que levou a uma recontextualização do trabalho como obra pioneira para uma desventura terrível, a luz internabaixar blaze apostasuma pintura que por décadas foi a fontebaixar blaze apostasmeditações cheiasbaixar blaze apostassignificadosbaixar blaze apostasrepente desvaneceu.
Mais recentemente, o caminho escuro iluminado pela luz negrabaixar blaze apostasAnúbis e Caravaggio, Michelangelo e Rembrandt tem sido mantido aceso pela genialidade da maestra multimídia americana Kara Walker e do artista britânico Mark Alexander. Desde os anos 1990 e com seu hipnotizante mural Idos, Um Romance Histórico da Guerra Civil como Ocorreu entre as Coisas Sombriasbaixar blaze apostasUma Jovem Negra e Seu Coração (1994), os recortes crusbaixar blaze apostasWalker jogam uma luz penetrante no preconceito e na misoginia quando boa parte do mundo da arte prefere deixá-los no escuro.
A reinvençãobaixar blaze apostasAlexandre do retrato que Vincent Van Gogh fezbaixar blaze apostasseu médico, Dr Gachet (que não foi vistobaixar blaze apostaspúblico desde que seu dono, o empresário japonês Ryoei Saito - mortobaixar blaze apostas1996 - ameaçou ser cremado com a tela pós-Impressionista) é uma aula magna da capacidade duradoura do pretobaixar blaze apostasfazer renascer o espírito da perda física.
O misterioso Gachet Mais Preto (2006) mostra o resgatebaixar blaze apostascada pincelada do original do Van Gogh para esculpir um olhar que brilhabaixar blaze apostasqualquer que seja o reino ainda não descoberto que espera por nós no grande além.
Se Walker e Alexander (assim como contemporâneos como o artista polonês Miroslaw Balka e o escultor indiano Sheela Gowda, que construíram interiores pretos arrojados) são os verdadeiros herdeirosbaixar blaze apostasuma tradição que busca compartilhar o esplendor do preto um artista conseguiubaixar blaze apostasvez disso deixar uma marca pessoal nos mistérios eternos da cor.
Em 2014, o artista britânicobaixar blaze apostasorigem indiana Anish Kapoor começou a fazer experimentos com uma das tonalidades mais escuras do preto - um tom que ele mesmo controla e foi patenteado com a marca 'Vantablack' (a origem do nome remonta ao acrônimobaixar blaze apostas'Vertically Aligned NanoTube Arrays', que descreve a construção química da substânciabaixar blaze apostasinglês). Em termos ópticos, Vantablack é um preto comum mais "bombado" e criabaixar blaze apostassi mesmo um enervante ricochetebaixar blaze apostasluzes que, uma vez encurraladas, acabam gastando-se no calor invisível.
Com a patente do usobaixar blaze apostasVantablack, que foi recentemente usada para escurecer as paredesbaixar blaze apostasum pavilhão dos Jogos Olímpicosbaixar blaze apostasInvernobaixar blaze apostasPyeongChang, Kapoor se tornoubaixar blaze apostasmaneira controversa o guardiãobaixar blaze apostasao menos uma parte da mansão do enigma atemporal do preto, controlando quais objetos e imagens podem entrar ali ou não.
O preto mais profundo transcende os ciúmes das leisbaixar blaze apostaspropriedade intelectual. O preto é a brilhante linhagembaixar blaze apostassangue que corre através da humanidade - a tinta luminosa com a qual rabiscamos as paredes dos céus para nossos descendentes verem: "não me esqueça. Eu estive aqui".
- baixar blaze apostas Leia a versão original desta matéria (em inglês) baixar blaze apostas no site da BBC Culture