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Por que a geração Z bebe menos que as anteriores:c12 roleta
"Não sou contra a bebida — eu simplesmente não gostoc12 roletame embriagar ou me sentir mal na manhã seguinte", afirma ela. "Gostoc12 roletair para casa com segurança e me lembrar das pessoas que conheci. Por isso, as noites sóbrias funcionam bem para mim."
Lola não é um caso isolado entre seus amigos. Ela conta que todos estão bebendo menos desde o início da pandemia e que ela não enfrenta julgamento dos colegas quando não bebe.
"Os amigos que não reduziram a bebida tanto quanto eu acham bom quando as pessoas saem e não bebem", ela conta. "A mentalidade é 'cada um faz o que quiser' e as pessoas respeitam suas escolhas, seja para protegerc12 roletasaúde mental ou simplesmente porque você não gosta."
Experimentar o álcool e beberc12 roletaexcesso eram considerados, há muito tempo, um ritoc12 roletapassagem para a idade adulta, pelo menos na cultura ocidental.
Desde muito cedo, muitas vezes antes da idade legal, o álcool é considerado um "lubrificante social" — uma formac12 roletase divertir, fazer amigos e escapar da realidade do dia a dia. Poucos eventos sociais deixavamc12 roletaincluir alguma formac12 roletaálcool.
Mas os jovens da geração Z (nascidos entre 1995 e 2010) estão mais cuidadosos à medida que entram na idade adulta, seja não bebendo ou bebendo com muito menos frequência ec12 roletamenor quantidade que as gerações anteriores.
O maior estudo recente sobre o comportamentoc12 roletabebida no Reino Unido concluiu que,c12 roleta2019, a geração com 16 a 25 anosc12 roletaidade era a mais abstêmia — 26% deles não bebiam,c12 roletacomparação com 15% entre a geração que mais bebia (55 a 74 anosc12 roletaidade).
Entre os americanos adultos, o instituto Gallup concluiu que pessoas com 35 a 54 anosc12 roletaidade são as mais dispostas a beber álcool (70%), à frente da geração Z (60%) e dos baby boomers (52%).
Já um estudoc12 roleta2020 indicou que a parcelac12 roletajovens americanos abstêmiosc12 roletaidade universitária aumentouc12 roleta20% para 28%c12 roletauma década.
Entre as pessoas que bebem, a maior parte dos jovens europeus (definidos como entre a idade legal e 39 anos) bebe uma vez por mês (27%). Nos Estados Unidos, o maior grupo bebe uma vez por semana (25%).
Especialistas indicam que a redução do consumoc12 roletaálcool pelos jovens é significativa e está espalhada pela maior parte dos países europeusc12 roletarenda mais alta, além dos Estados Unidos, Austrália e Nova Zelândia.
Durante o lockdown, os australianos da geração Z mostraram-se mais dispostos a reduzir o seu consumo — 44% informaram que estavam bebendo menos, o que é mais que o dobro do percentualc12 roletaqualquer outra geração.
E, na Nova Zelândia, a incidênciac12 roletaconsumo excessivoc12 roletaálcool entre os jovens também caiuc12 roletamais da metade entre 2001 e 2012 — e continua a cair até hoje.
Mas atribuir essa queda a um único fator é impossível.
Os jovens da geração Z estão crescendoc12 roletaum cenário social único. Sobrecarregados com preocupações sociais e financeiras, eles são mais avessos ao risco. E eles têm uma compreensão maiorc12 roletacomo a bebida prejudica a saúde deles e das pessoas àc12 roletavolta.
Com isso, está florescendo uma culturac12 roletajuventudec12 roletaque beber deixouc12 roletaser o normal, e essa mudança está se fazendo presente. O comércio e o setorc12 roletahotéis e restaurantes estão se movendo com rapidez para adaptar-se enquanto a geração Z redefine o conceitoc12 roleta"balada" e socializa muitas vezes sem beber.
Bem informados e avessos ao risco
O declínio do consumoc12 roletabebida ocorre,c12 roletaparte, porque a geração Z aparentemente é mais cautelosa que as anteriores, tantoc12 roletatermosc12 roletasaúde quanto da percepçãoc12 roletasi próprios pelos colegas.
"[A redução do consumoc12 roletabebidas alcoólicas] certamente não está acontecendo devido às políticas contra o álcool, porque todas as práticasc12 roletarisco estão diminuindo — usoc12 roletadrogas, sexo sem proteção e comportamentos arriscados [como o fumo, crime e direção perigosa]. Os jovensc12 roletageral são mais avessos ao risco", afirma Amy Pennay, pesquisadora sênior do Centroc12 roletaPesquisac12 roletaPolíticas sobre o Álcool da Universidade La Trobe,c12 roletaMelbourne, na Austrália.
Um fator para essa mudança é o fatoc12 roletaque os jovens hojec12 roletadia sabem muito mais sobre os perigos associados a esse tipoc12 roletacomportamento. E, com maior disponibilidadec12 roletapesquisas e com a discussão aberta, o seu conhecimento é cada vez mais multifacetado, segundo Pennay.
Atualmente, é mais fácil do que nunca aprender mais sobre os riscos da bebida, seja com uma rápida pesquisa no Google, visitando comunidades no TikTok (como #SoberTok,c12 roletainglês) ou conversando com amigos e familiares.
A preocupação com a perda do controle e o desenvolvimentoc12 roletadependência da bebida, por exemplo, é sensivelmente mais alta entre os jovens.
Uma pesquisa do Googlec12 roleta2019 concluiu que 41% dos jovens da geração Z associam o álcool a "vulnerabilidade", "ansiedade" e até "abuso". E, no Reino Unido, 60% dos jovens da geração Z associam beber à perdac12 roletacontrole — quase o dobro dos que não fazem essa associação.
Ondasc12 roletacasosc12 roletaque pessoas sofrem o golpe do "boa noite, Cinderela"c12 roletabares e baladas também pode dissuadir as pessoasc12 roletabeber, especialmente as mulheres.
E, com as atividades dos jovens podendo ser exibidasc12 roletatempo real nas redes sociais para os amigos, familiares e até empregadores, perder o controle traz uma cargac12 roletarisco.
A mesma pesquisa do Google indica que 49% dos jovens da geração Z afirmam quec12 roletaimagem online está sempre na mente quando eles saem para beber e socializar.
Por isso, não é surpresa que 76% deles acreditam ser importante estar no controlec12 roletatodos os aspectos dac12 roletavida, todo o tempo.
John Holmes, professorc12 roletapolíticas sobre álcool da Universidadec12 roletaSheffield, no Reino Unido, acrescenta que também houve uma acentuada mudançac12 roletacomportamento. A geração Z não só tem consciência mais profunda dos riscos à saúde, mas também rejeita ativamente a noçãoc12 roletaembriaguez.
"Em meados até o final dos anos 2000, beber demais e ficar embriagado era uma maneirac12 roletaformar e solidificar amizades. Até experimentar juntos os efeitos negativos [da bebida] era uma parte fundamental da formação e manutençãoc12 roletaamigos na adolescência e no início da idade adulta", afirma ele. "Mas a geração Z costuma considerar a embriaguez desagradável, inconveniente ou desinteressante."
Lola, por exemplo, fica desconfortável quando vê alguém muito bêbado. "Conheço poucas pessoas que bebem muito e ficam bem", afirma ela. "Ainda bem que a narrativa está mudando e as pessoas reconhecem que beber demais é ruim para elas."
Descontrairc12 roletameio a pressões financeiras
Mas não só a aversão ao risco está reduzindo o consumoc12 roletaálcool. A forma como as pessoas encaram o lazer também mudou.
Especialistas afirmam que isso,c12 roletagrande parte, está ligado aos desafios que os jovens percebem que os aguardam no futuro, bem como à formac12 roletaque eles querem levar as suas vidas.
O uso da tecnologia e o consumoc12 roletaconteúdo a todo momento fazem com que o lazer muitas vezes assuma a formac12 roletafuga, ouc12 roletaintervalo da extroversão das redes sociais.
Durante pesquisas no início dos anos 2000,c12 roletameio a uma erac12 roletaalto consumoc12 roletaálcool e drogasc12 roletarecreação, Pennay lembra-sec12 roletaver jovens discutindo o abandono hedonístico e seu desejoc12 roletadesligar-se "ficando obliterados e aproveitando o momento".
Agora, acontece o oposto. Para Pennay, os jovens da geração Z normalmente preferem recarregar suas baterias no tempoc12 roletadescanso do trabalho ou aperfeiçoando seus estudos ou desenvolvimento pessoal.
Mas, embora o crescimento profissional seja prioridade entre os jovens, conseguir ganhar a vida já é suficientemente difícil.
Em 2022, a empresac12 roletaserviços profissionais Deloitte perguntou a quase 15 mil jovens da geração Zc12 roletatodo o mundo qual ac12 roletaprincipal preocupação. Eles mencionaram o custoc12 roletavidac12 roletaprimeiro lugar (29%), acima das mudanças climáticas, do desemprego, da saúde mental e do assédio sexual.
Quase a metade deles (46%) afirmou que vive um mêsc12 roletacada vez, preocupando-se com o pagamento das suas despesas. E, para fechar suas contas, 43% têm um segundo trabalhoc12 roletatempo parcial ou integral além do seu emprego principal — 10% a mais do que os millennials (os nascidos entre 1981 e 1995).
"A forma como a geração Z mantém seu orçamento e suas economias é muito diferente das gerações anteriores, pois eles não podem entrar no mercado habitacional", afirma Pennay. "Por isso, alguns veem o álcool como um produto caro demais, que ofusca o quadro mais amplo."
Protegerc12 roletasaúde mental é o principal motivador da curiosidadec12 roletaLola sobre permanecer sóbria, mas o custo do álcool também representa um papel importante.
No início do ano, ela morouc12 roletaParis, na França, e lá ela bebia mais porque era muito mais barato. "Eu conseguia gastar 20 euros (cercac12 roletaR$ 102) e beber com frequência, mas,c12 roletaLondres, esse dinheiro não chega", ela conta. "Mesmo se eu realmente quisesse me embriagar, eu não teria dinheiro para isso."
O efeito cascata das 'experiênciasc12 roletaqualidade'
Sejam quais forem as causas, mais jovens se afastando do álcool trazem um ambiente que facilita e até incorpora a sobriedade.
Jason, que tem 24 anos e morac12 roletaNova York, nos Estados Unidos, parouc12 roletabeber há três anos. Desde então, ele fez amizade com muitos outros jovens que não bebem.
"Beber é uma parte importante da culturac12 roletaNova York e eu esperava enfrentar atritos, mas as pessoas com a minha idade e mais jovens são muito gentis e atenciosas sobre a minha decisão", ele conta.
Holmes acredita que as atitudes e o comportamento moderadoc12 roletarelação ao álcool da geração Z são um progresso natural.
"O consumoc12 roletaálcool cresceu ao longo da segunda metade do século 20, mas o hedonismo e o excessoc12 roletabebida do final dos anos 1990 e início dos anos 2000 foram um pico irracional", afirma ele. "As tendênciasc12 roletaconsumo vêmc12 roletalongas ondas que sobem e descem - esperava-se que a bebida diminuíssec12 roletaalgum momento e era provável que as gerações mais jovens fizessem essa mudança."
Naturalmente, a geração Z perdeu uma sériec12 roletaritosc12 roletapassagem para a idade adulta durante a pandemia e ainda não está claro se o intervaloc12 roletadois anos irá mudar a forma como os jovens veem a socialização no futuro.
Mas,c12 roletaforma geral, Pennay não prevê um grande retorno ao consumo excessivoc12 roletabebida após a pandemia. Se for normal não beber com 17 anosc12 roletaidade, será ainda mais normal com 18, 19 e assim por diante.
A geração Z agora representa um terço da população mundial e a indústria do álcool está se adaptando às novas preferências dos jovens.
Emma Hutchison, fundadora da agência globalc12 roletabebidas Sweet & Chilli e proprietáriac12 roletatrês baresc12 roletaLondres, observou uma mudança entre os jovens, que agora priorizam a qualidade e não a quantidade. Em vezc12 roletabeber diversos coolers, eles podem agora preferir um coquetel, com ou sem álcool, que dure toda a noite.
De fato, um estudo do finalc12 roleta2021 concluiu que pessoas com maisc12 roleta21 anosc12 roletaidade nos Estados Unidos preferem bebidas fortes como destilados ou refrigerantes alcoólicos, champanhe e bebidas com pouco ou sem álcool, no lugarc12 roletavinho e cerveja.
"Eles estão procurando experiênciasc12 roletaqualidade que enriqueçam suas vidas", afirma Hutchison. "Os jovens da geração Z querem marcas que estejamc12 roletaacordo com suas próprias mentalidades e estão tomando decisões mais conscientes sobre o que eles consomem."
Da mesma forma, a rápida expansão do setorc12 roletabebidas não alcoólicas e a inovação que ela traz enviou uma mensagem para os consumidores que não bebem ou que estão curiosos sobre a abstinência: os bares têm algo a oferecer para todos.
"Antigamente, você podia sentir-se excluído no localc12 roletaalimentação se não quisesse beber", afirma Hutchison. "Mas é muito estimulante ver bebidas não alcoólicas receberem a mesma publicidade, consideração e qualidade dos ingredientes das suas versões alcoólicas."
A maior diversidadec12 roletaopções também está trazendo dividendos. Ao contrário do álcool, a categoria sem ou com pouco álcool vem crescendo consistentemente e a empresa líder na análise do mercadoc12 roletabebidas IWSR prevê que, até 2024, o volume totalc12 roletaconsumo crescerác12 roletamaisc12 roleta31% no Brasil, Austrália, Canadá, França, Alemanha, Japão, África do Sul, Espanha, no Reino Unido e nos EUA.
Após a pandemia, os bares e restaurantes também aumentaramc12 roletaofertac12 roletaexperiências para atrair todas as gerações, especialmente a geração Z. Eles acrescentaram mesasc12 roletapingue-pongue ec12 roletashuffleboard, por exemplo.
"Existe enorme desejoc12 roletasocializar-sec12 roletaespaços que tenham sido e ainda são associados a 'sair para beber'", segundo Hutchison. "Mas, com a indústria patrocinando alternativas, será mais um espaço seguro para que a geração Z se socialize, conecte-se e aproveite ricas experiênciasc12 roletacomidas e bebidas."
Como ocorre com a maioria dos jovens com 24 anosc12 roletaidade, Jason tem uma vida social concentradac12 roletacafeterias, restaurantes, partidas esportivas e noites com amigos. Ele gostac12 roletaexperimentar atividades alternativas que não envolvam bebida.
"Vou a festas sem bebida e a festas onde as pessoas bebem. Eu gostoc12 roletaser ativo e sair", ele conta. "Tem sido revelador para mim perceber que você pode ser jovem e abstêmio e ter amizades muito intensas."
Os sobrenomesc12 roletaLola e Jason foram omitidos para manterc12 roletaprivacidade pessoal e profissional.
c12 roleta Leia a versão original desta reportagem c12 roleta (em inglês) no site BBC Worklife c12 roleta .
- Este texto foi publicadoc12 roletahttp://bbc.co.ukhttp://vesser.net/vert-cap-63315138
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