'Mataram meu filho enquanto ele brincava': a vidasportsbet apostauma cidade síria sitiada:sportsbet aposta
A clínica para onde Mohamed foi enviado era, na prática, um quarto localizado no porãosportsbet apostauma casa.
Dirigida por Mohammed Darwish, um estudantesportsbet apostaodontologiasportsbet aposta26 anos, e outras duas pessoas, o local era a única instalação médicasportsbet apostaMadaya.
"Tentamos fazer o melhor que podemos, mas não tratamos os pacientes completamente. Não somos especialistas", afirma Darwish.
"Mas temos que continuar (o trabalho). Não temos escolha. É um presentesportsbet apostaDeus tratar essas pessoas", destaca.
Para salvar o garoto, eles teriamsportsbet apostatransferi-lo para outro lugar.
"Foi difícil, um choque, algo como 'O que fazemos agora?', lembra Darwish.
"Ele precisavasportsbet apostauma cirurgia,sportsbet apostaum hospital, estava sangrando. Nós paramos e cuidamos dele", acrescenta.
'Como animais'
Mas Madaya, com seus 40 mil habitantes e a 25 km a noroestesportsbet apostaDamasco, está sitiada desde junhosportsbet aposta2015.
A cidade permanece cercada pelo Exército sírio e por combatentes aliados do grupo libanês Hezbollah, que são apoiados pelo Irã.
A movimentação dentro e fora da cidade é rigorosamente controlada, e os pedidos para a retirada do menino foram ignorados. Dezoito horas depois, ele morreu.
"Fomos deixados aqui como animais", diz o pai.
Dias antes, Darwish conta que Mohamed Almoeel estava forasportsbet apostasua casa quando levou um tiro no abdômen, também por um atirador.
Moradores afirmaram que os snipers estavam a postos, disparando naqueles que se arriscavam a sair. Mesmo as pessoas que participavamsportsbet apostafuneraissportsbet apostaparentes corriam o riscosportsbet apostaser alvejadas.
A equipe da clínica tentou, novamente, tirar o paciente, mas,sportsbet apostaacordo com Darwish, os combatentes aliados ao governo não permitiam que eles saíssem.
A única opção que sobrou foi operá-lo lá.
"Não tínhamos nenhum especialista, nenhum anestésico. Tínhamossportsbet apostafazer aquilo mas não sabíamos como. Então pedimos ajuda aos médicos por Whatsapp", diz ele.
Grupossportsbet apostaWhatsapp e Skype foram criados por especialistas e ONGs dentro e fora da Síria, num esforço para ajudar os médicossportsbet apostaclínicas improvisadas como asportsbet apostaMadaya.
O cirurgião que ajudava Mohammed Darwish pelo Whatsapp estavasportsbet apostaIdlib, uma cidade rebelde no norte da Síria e uma das poucas fortalezas remanescentes da oposição. É para lá que estão sendo levados milharessportsbet apostacivis e combatentes retirados do lestesportsbet apostaAleppo.
Mas a própria Idlib está agora sob imensa pressão, dizem grupossportsbet apostaresgate, incapazessportsbet apostatratar pessoas que sofremsportsbet apostadoenças crônicas e ferimentossportsbet apostaguerra, incluindo membros amputados e ferimentos na cabeça.
Darwish e seus colegas levaram oito horas para operar Almoeel.
"Os médicos nos guiaram. Durante a operação, tiramos fotossportsbet apostaseu abdômen, saímos da salasportsbet apostacirurgia e perguntamos aos médicos o que fazer", conta ele.
"A bala causou muitos danos dentrosportsbet apostaseu corpo. Fizemos tudo o que podíamos. Mas ele precisavasportsbet apostaum especialista. Não conseguimos estancar o sangramento, então fechamos o abdômen e o observamos", acrescenta.
Almoeel morreu ao amanhecer.
Os doentes continuavam chegando, mas,sportsbet apostamuitos casos, Darwish esportsbet apostaequipe nada podiam fazer.
'Morrendosportsbet apostafome'
O cerco a Madaya bloqueou o acesso da cidade à medicina, combustível e comida.
Os moradores não têm para onde ir, pois as estradas estão bloqueadas e as minas terrestres cercam a cidade.
De acordo com o Siege Watch, um grupo que monitora as condiçõessportsbet apostavidasportsbet apostaáreas bloqueadas, moradores permanecem dependentessportsbet apostacomboios humanitários que não chegam.
As Nações Unidas disseram no início deste ano que havia relatossportsbet apostapessoas morrendosportsbet apostafome na região.
Funcionários da ONU foram informadossportsbet apostaque crianças estavam pegando grama para fazer sopa.
A violência continuou e os grupos humanitários receberam acesso à região entre janeiro e abril. Eles retornaram apenassportsbet apostasetembro e relataram que a desnutrição continuava um problema sério.
Em novembro, pelo menos quatro crianças morreramsportsbet apostadoenças associadas à desnutrição, informou o Siege Watch. No final deste mês, a ajuda foi finalmente permitida novamente.
A faltasportsbet apostavitaminas também aumentou o númerosportsbet apostaabortos espontâneos, disse Mirna Yacoub, vice-representante da Unicef na Síria, à BBCsportsbet apostaoutubro.
As cesarianas também se tornaram mais comuns devido à saúde frágil das mulheres. Algumas estavam tão fracas que não podiam passar pelo trabalhosportsbet apostaparto normal.
Moussa ainda estavasportsbet apostaluto pela perdasportsbet apostaseu filho quando, sete dias depois, retornou à clínicasportsbet apostaMohammed Darwish. Desta vez comsportsbet apostaesposa, que estava grávidasportsbet apostaseu segundo filho.
"Ela tinha muita pressão e estava muito fraca. Então, a preparamos para a cirurgia, quando o bebê saiu. Ele estava morto. Ficamos chocados", diz Darwish.
A notícia devastou a família. "Minha mulher é diabética. Ela perdeu parte da visão", afirma Moussa. "Ela só chora e diz: 'Por que eles querem matar nossos filhos?'. Ela sente como se tivesse perdido uma partesportsbet apostaseu corpo.
Quando visitou a clínica, Yacoub ficou surpresa ao ver que as cesarianas estavam sendo realizadas lá.
O númerosportsbet apostacirurgias havia crescidosportsbet apostatão forma que, sem álcool, instrumentos médicos estavam sendo esterilizados com fogo.
Para o ultrassom, por exemplo, um gelsportsbet apostacabelo fazia as vezessportsbet apostacondutor.
"Estamos muito cansados", disse Darwishsportsbet apostaumasportsbet apostamuitas entrevistas desde outubro.
"Os pacientes muitas vezes vêm aqui e não sabemos o que fazer. Não há especialistas, nem remédios, nem alternativa. A única coisa que podemos fazer é ouvi-los. Odeio não poder tratá-los", afirmou na ocasião.
Darwish lembra o casosportsbet apostaAli, que tinha insuficiência renal e não pôde ser submetido à diálise porque não havia equipamento próprio.
Os socorristas disseram que os problemas nos rins tinham aumentado,sportsbet apostaconsequência da má nutrição e da faltasportsbet apostaalimentos.
A Siege Watch informou que dois pacientes com insuficiência renal morreram no mês passado e outras 27 pessoas com problemas semelhantes estavam presas na região.
Havia também pacientes com câncer, infecções urinárias, doenças intestinais, entre outras, diz Darwish.
Um dia, lembra Darwish, Hasan,sportsbet aposta13 anos, foi até a clínica reclamandosportsbet apostauma dor no pé, que tinha alguns pontos escuros.
"Não podíamos dar nada a ele; não havia remédios. Eu não tinha idéia do que tinhasportsbet apostaerrado. Ele precisava ser consultado por um especialista", conta.
"Demos alguns analgésicos a ele. Mas esses não são os remédios mais apropriados. Ele sentia muita dor e estava chorando. Doía tanto que o menino não conseguia andar. Então, chorei com ele", acrescenta.
Diante do agravamento da situação, a clínica foi fechadasportsbet apostanovembro.
"Estávamos tentando fazer o melhor que podíamos", diz Darwish. "Mas, sem suprimentos, não tínhamos condiçõessportsbet apostamantê-la", completa.
Outro problema é o frio. Sem eletricidade ou combustível para ligar os aquecedores, moradores vêm queimando sapatos ou móveis.
A Unicef, o Fundo da ONU para a Infância, advertiu que o clima extremo representa uma "grande ameaça" para as crianças da região.
Madaya e a cidade vizinhasportsbet apostaZabadani, também sob controle rebelde, foram incluídas na última etapa da trégua que permitiu a evacuaçãosportsbet apostaAleppo.
A expectativa, agora, ésportsbet apostaque as pessoas com necessidades médicas sejam retiradassportsbet apostalá.
Moradores sitiados por rebeldessportsbet apostaFoah e Kefraya, na provínciasportsbet apostaIdlib, também serão evacuados.
"Não sabemos o que vai acontecer, não sabemos nada sobre o nosso futuro. Esperamos que o cerco acabe. Só há civis aqui", diz Darwish.
"Mas há esperança", acrescenta.